sexta-feira, 2 de junho de 2017

BRASIL | NA FRONTEIRA DA GENEALIDADE E DA LOUCURA: LIMA BARRETO (1881 – 1922)


Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil  

“Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.” (Lima Barreto)

     Há 136 anos, numa sexta-feira, em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro, nascia Afonso Henriques Lima Barreto. Filho de descendentes de escravos, seu pai João Henriques de Lima Barreto era tipógrafo da Imprensa Nacional e sua mãe Amália Augusta, professora primária. O casal teve quatro filhos. Ao completar sete anos de idade, o futuro escritor e jornalista ficou órfão da figura materna, que o introduziu no universo das primeiras letras. Lima Barreto iniciou os seus estudos no Liceu Popular de Niterói.

Ao perder o emprego, o pai passou a trabalhar como almoxarife numa colônia de alienados na Ilha do Governador (RJ). A nova atividade fez com que a família se mudasse para uma casa que se localizava dentro da área do hospício, onde lá permaneceu por quase dez anos.  

Seu pai, diante das dificuldades econômicas, contou com o apoio de Afonso Celso de Assis Figueiredo (1836-1912) - visconde de Ouro Pedro - que era padrinho de Lima Barreto. Este viabilizou, com o seu prestígio político, o ingresso do menino no Ginásio Nacional (Pedro II). No ano de 1897, Lima Barreto passou a frequentar o curso de Engenharia da Escola Politécnica, que não foi concluído. Nesta escola, ele era o único aluno negro.
  
O funcionário público

A vida seguia seu curso normal, quando, em 1902, Lima Barreto se deparou com o inesperado: a loucura de seu pai e a responsabilidade de assumir o sustento da família.  Embora os problemas enfrentados, ele estreou, naquele ano, na imprensa estudantil, escrevendo artigos na revista universitária A Lanterna, não poupando os vaidosos professores.  Ainda neste período, mudou-se com sua família para o subúrbio do Rio de Janeiro. Na capital do Império, candidatou-se, em 1903, a uma única vaga na Secretária de Guerra num concurso público, obtendo 2ª lugar. Devido à desistência do candidato concorrente, assumiu o cargo de escrevente, aos 22 anos de idade, recebendo, como escrevente, um modesto honorário.

Surge o romancista

Empregado, ele se mudou para o bairro Todos os Santos no Rio de Janeiro. Em sua nova residência, em 1904, começou a escrever a primeira versão do seu romance “Clara dos Anjos”, tratando, com preciosismo, questões socioeconômicas ligadas à escravidão no Brasil. Fato curioso é que Lima Barreto nasceu, no dia 13 de maio, sete anos antes da Abolição da Escravatura (1888), cuja data tornar-se-ia uma efeméride alusiva à assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel.
     
O livro “Clara dos Anjos” foi concluído entre os anos de 1920 e 1922.  Lima Barreto não chegou a vê-lo publicado, pois foi editado somente em 1948. A obra, na realidade, diferencia-se do seu esboço original.  O próprio autor assim declarou: “Saiu coisa bem diferente, se bem que o fundo seja o mesmo”. Em suas duas versões, a protagonista Clara é vítima da sua condição de mulher negra e pobre.  Na realidade, o cerne da trama permaneceu inalterado: trata-se da estória de uma jovem mulata que se envolve, amorosamente, com um rapaz branco e de condição socioeconômica superior, que se recusa a contrair matrimônio, para consertar o “malfeito”.

IMENSAS RAZÕES PARA OS IMENSOS RESGATES QUE HÁ QUE REALIZAR!...


Martinho Júnior | Luanda

As vitórias da ocupação portuguesa "além-Cunene" e do Sudoeste Africano pelos sul-africanos sob comando do general boer Louis Botha (durante a segunda década do século XX), são também rescaldo destes acontecimentos, evocados no trabalho do camarada António Jorge e publicado na sua página no Facebook, de que o poder colonial na altura tirou todo o proveito!...

Na minha infância foi um mundo perverso que encontrei desde que fui abrindo os olhos e, logo que atingi a maioridade e a consciência histórica e antropológica do que se passava, só podia ter um caminho: integrar as fileiras do Movimento de Libertação em África, com o coração ardente, a cabeça fria e as mãos limpas, dando a minha modesta contribuição aos imensos resgates que há que realizar!

Fui instrutor no campo secreto da Funda, quer do People Liberation Army of Namibia, quer do Umkhonto we Sizwe, os braços armados da SWAPO e do ANC… e estava disposto a ir com meus instruendos para as frentes, há precisamente 40 anos, às ordens do então Ministro da defesa, Iko Carreira e do Comandante N’Zagi, este último assassinado no dia como o de hoje, há 40 anos…

Só não fui por que recebi ordens para outras missões, entre elas a formação do primeiro Batalhão de Forças Especiais do Bié, as forças que mesmo já desmobilizadas defenderam com heroísmo durante meses de combate a cidade do Kuito, muitos deles hoje membros da Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR, onde sou actualmente Secretário-Geral em final de mandato.

Mesmo sendo por vezes tão incompreendido, mesmo enfrentando obstáculos e sacrifícios de toda a ordem, esse tem sido o caminho da minha trajectória e hoje, já com os cabelos brancos, é um tesouro que guardo como uma pequena chama, até ao fim da minha efémera passagem em vida pela Terra!

DEMOCRACIA SUSPENSA | Guiné proíbe manifestações previstas para sábado e domingo em Bissau


O Governo da Guiné-Bissau proibiu hoje as manifestações previstas para sábado e domingo em Bissau, capital do país, justificando que podem colocar em "perigo a ordem e tranquilidade pública".

As manifestações dos movimentos Cidadão e Cidadãos Conscientes e Inconformados "coincidem temporalmente e geograficamente", o que pode "perigar a ordem e tranquilidade pública", refere o Governo, em comunicado.

"A Secretaria de Estado da Ordem Pública manifesta a sua objeção para a sua realização", salienta.

O movimento "Cidadão" tinha previsto realizar um protesto no sábado e o Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados outro no domingo.

No passado sábado, uma manifestação do Movimento dos Cidadãos Inconscientes e Inconformados culminou com confrontos com as forças de segurança, provocando ferimentos a dezenas de pessoas, entre os quais sete polícias.

Lusa | Notícias ao Minuto

DIA DE ÁFRICA! MAS PARA QUANDO O DIA DA UNIÃO DOS AFRICANOS?



Como gostava que não fosse mais um Dia mas tão-somente o “Dia”.

O Dia onde se celebrava o fim da Pobreza em África; O Dia onde de festejava a Igualdade e a Paz entre todos os africanos;

O Dia que exaltava a quase erradicação – também não quero ser mais papista que o Papa – da maioria das Doenças endémicas e potencialmente perigosas;

O Dia em que se celebrasse que os conflitos e guerras intestinas, a maioria por razões políticas e religiosas ou de divisões territoriais, há muito que não aconteciam;

O Dia onde se louvava o nascimento das Crianças africanas sem que os seus pais sintam qualquer temor de os ver poder morrer antes do ano ou dos 5 anos;

O Dia em que se enaltece uma África mais Desenvolvida, Industrializada, ou seja, mais Rica;

Como gostaria que este fosse o Dia onde todos os africanos pudessem glorificar o facto de só terem Dirigentes probos, honestos, justos e unicamente virados para o engrandecimento do seu Povo e do seu País.

Até lá, vou esperando que o Dia de África possa um dia ser não mais só um Dia, porque como Martin Luther King, também eu tenho um sonho de um dia ver a Raça Humana, em África, sejam negros, brancos, mestiços, asiáticos ou bosquímanos conviverem em sã e fraterna amizade.

Deixem-me continuar a sonhar como no poema que escrevi há uns anos…

EM DIREÇÃO A UMA “PRIMAVERA LATINA”?


Thierry Meyssan*

A inquietação cresce na América Latina : os Estados Unidos e o Reino Unido preparam aí uma «Primavera», decalcada no modelo das «Primaveras Árabes». É claro, não se tratará desta vez de espalhar a guerra dividindo para isso as populações na base de uma linha religiosa —os Latinos são quase todos cristãos—, mas, antes de utilizar elementos de identidades locais distintivas. O objectivo seria no entanto o mesmo: não o de substituir uns governos por outros, mas, sim destruir os Estados para erradicar a mínima possibilidade de resistência ao imperialismo.

Com o tempo, inúmeros líderes políticos do mundo reinterpretaram as «Primaveras Árabes». Aquilo que aparecia como sendo revoluções espontâneas contra governos autoritários é agora percebido como o que realmente é: um plano anglo-saxónico de desestabilização de toda uma região do mundo para lá colocar no poder os Irmãos Muçulmanos. A memória da «Revolta Árabe de 1916», durante a qual Lawrence da Arábia provocou o levantamento da região contra o Império Otomano fazendo os Povos sonharem com a liberdade para acabar no final por escravizá-los ao Império Britânico, mostra que Londres é perita no assunto.

Parece que os Anglo-Saxões preparam uma nova vaga de pseudo-revoluções na América Latina. Tudo começou com um decreto de Barack Obama, a 9 de Março de 2015, declarando um “estado de emergência” em função da ameaça extraordinária que a situação na Venezuela faria pesar sobre os Estados Unidos. Este documento suscitou uma onda de indignação no continente forçando o Presidente dos EUA a apresentar desculpas aquando de uma cimeira internacional. Mas... o decreto não foi revogado e os preparativos para uma nova guerra continuam.

TERRORISTAS QUE SE PREZAM DEIXAM SEMPRE ASSINATURA…


Documentos de identificação descobertos no rastro de ataques terroristas 

– Manchester, Berlim, Paris, Nice, Londres, Nova York

Michel Chossudovsky

Este artigo faz a revisão do "misterioso" fenómeno dos documentos de identificação e passaportes que são rotineiramente descobertos (muitas vezes no entulho) junto a suspeitos de terrorismo após um ataque terrorista.

Na maior parte dos casos, o alegado suspeito já era conhecido das autoridades.

Segundo os governos e informações dos media, os referidos suspeitos são sem excepção ligados a uma entidade filiada à Al Qaeda.

Nenhum destes suspeitos de terrorismo sobreviveu. Homens mortos não falam.

No caso dos eventos trágicos de Manchester, o cartão bancário do alegado bombista suicida Salman Abedi foi encontrado no seu bolso após a explosão.

Legitimação das narrativas oficiais? O Reino Unido é tanto uma "vítima do terrorismo" como um "Estado patrocinador de terrorismo". Sem excepção, os governos de países ocidentais que são vítimas de ataques terroristas têm apoiado, directa ou indirectamente, o grupo de organizações terroristas Al Qaeda – incluindo o chamado Estado Islâmico (ISIS), o qual é alegadamente responsável por perpetrar estes ataques terroristas. Como está amplamente documentado, a Al Qaeda é uma criação da CIA.

Abaixo está uma revisão das circunstâncias e provas respeitantes aos passaportes e documentos de identificação descobertos após ataques terroristas seleccionados, com links para artigos do Global Research e informações dos media (2001-2017). (Esta lista não é de modo algum exaustiva)

ABSURDO ANTIFUMO | "Tempo demonstrará o absurdo" de se ter alterado lei do tabaco


Penso que o tempo demonstrará o absurdo de se ter aprovado esta proposta de lei que nada faz de bem nem à liberdade individual nem à saúde pública

A entrada no ano 2018 será marcada por uma alteração à lei do tabaco, passando a ser proibido fumar em locais frequentados por menores, mesmo que estes sejam ao ar livre, especificamente em campos de férias e parques infantis.

A socialista Isabel Moreira esteve entre os deputados que votaram contra - a única do Partido Socialista – e explicou a sua decisão na página do Facebook. “Penso que o tempo demonstrará o absurdo de se ter aprovado esta proposta de lei que nada faz de bem nem à liberdade individual nem à saúde pública”, escreveu.

O diploma aprovado por PS, PSD e PAN surgiu por parte do Ministério da Saúde e teve os votos contra dos deputados do CDS João Almeida, Pedro Mota Soares, Ana Rita Bessa, Vânia Dias da Silva, António Carlos Monteiro, Hélder Amaral, Filipe Anacoreta Correia, Cecília Meireles, Álvaro Castelo Branco, Araújo Novo e Patrícia Fonseca e da socialista Isabel Moreira.

Bloco de Esquerda, PCP e ‘Os Verdes’ abstiveram-se, tal como Wanda Guimarães (PS) e Assunção Cristas, Nuno Magalhães e Isabel Galriça Neto, do CDS.

Inês André de Figueiredo | Notícias ao Minuto

PR NOS AÇORES | Marcelo visita base das Lajes e almoça com idosos na ilha Terceira




O Presidente da República vai dedicar hoje o segundo dia da sua visita aos Açores à ilha Terceira, onde se deslocará à base das Lajes e terá um almoço em que são esperados dois mil idosos.

O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas vai estar pela primeira vez nesta base da Força Aérea Portuguesa, na qual os Estados Unidos mantêm uma presença militar, mas com um gradual desinvestimento, e em relação à qual se discutem também os custos de danos ambientais.

Marcelo Rebelo de Sousa falou por telefone com Donald Trump sobre a base das Lajes, entre outros assuntos, no dia 12 de janeiro, oito dias antes da sua tomada de posse como Presidente dos Estados Unidos, mas não quis adiantar, na altura, o conteúdo dessa conversa.

Em 07 de dezembro, durante uma conferência na presença do embaixador dos Estados Unidos, o Presidente da República defendeu um reforço das relações bilaterais e destacou a importância dos Açores como "primeira porta para a Europa", afirmando que "a geografia não muda".

Marcelo Rebelo de Sousa, que viaja desde a ilha das Flores, deverá chegar pelas 11:30 locais (mais uma hora em Lisboa) à Base Aérea n.º 4, nas Lajes, no concelho da Praia da Vitória, onde ficará cerca de duas horas, antes de almoçar com os idosos da ilha Terceira.

O Presidente da República estará nos Açores até terça-feira, para visitar, em seis dias, as ilhas do Corvo, Flores, Terceira, Pico, Graciosa, Faial e São Jorge, por esta ordem, e todos os seus doze concelhos - embora evitando cerimónias formais nos municípios, por causa das eleições autárquicas deste ano.

Hoje, ao início da tarde de hoje, o chefe de Estado vai receber, em representação de todos os autarcas açorianos, o presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores, Roberto Monteiro, que é também presidente da Câmara da Praia da Vitória, mas impossibilitado de se recandidatar devido à limitação de mandatos.

Depois, Marcelo Rebelo de Sousa irá ao Porto Oceânico da Praia da Vitória, seguindo de lá para Angra do Heroísmo, para um jantar oferecido pelo Representante da República para os Açores, Pedro Catarino, no Solar da Madre de Deus, a sua residência oficial, e um espetáculo musical na Praça Velha.

De fora desta sua visita de seis dias aos Açores ficaram as ilhas do grupo oriental, São Miguel e Santa Maria, mas o Presidente da República já prometeu que voltará ao arquipélago em outubro, para novo périplo.

Lusa | Notícias ao Minuto

AÇORES | 6 DE JUNHO - SEMPRE


José Soares | AICL* |  opinião

Como não acredito em coincidências e a idade já não permite crer no pai natal, há muito que entrei no santuário da dissidência.

A vinda de Marcelo ao território açoriano trás água no bico. Tanto mais que além de cobrir o Dia do Espírito Santo, festa nacional dos Açores, toca próximo do 6 de junho, data da grande manifestação para a independência dos Açores.

E sempre foi assim através dos tempos. Só que antes, Américo Tomás tinha mais colónias a tocar com pés sagrados. Até me lembro de Craveiro Lopes, simpático general com o qual Salazar teve alguns atritos de sofá. Mas todos vinham naquela visita de soba aos nativos. E estes, de estômago vazio, aqueciam as mãos de palmas. Pelo menos já não são obrigados a vestirem batas e alinharem à beira dos caminhos por onde passavam os senhores da casta suprema.

Hoje, vai quem quer. Mas como Marcelo foi uma estrela televisiva (tal como Trump) muitos querem vê-lo.

O Professor Catedrático e homem de letras, senhor de uma cultura geral considerável, sabe e conhece muito bem a importância das datas e não veio ao calhas por aí abaixo de qualquer maneira nem à sorte! Veio sabendo (e sendo informado) que o Dia do Espírito Santo unifica e dá corpo, identidade e força moral ao Povo Açoriano – o mesmo Povo Açoriano que o seu antecessor afirmava com rigidez cadavérica, não existir, pormenor este que os Açores sempre ignoraram.

Nessa ação psicológica de soberano, Marcelo apresenta-se em mais um dos seus inúmeros golpes de relações públicas, com aquele palavreado que já conhecemos. Vasco derrete-se à gargalhada instantânea a seu lado, bem como toda a corte que o segue, acompanha, mimoseia, bajula e sorraba.

Estas visitas de soberania vigiada, bem ao estilo de regime monárquico ou do absolutismo salazarista, estão completamente fora de moda. A deferência para com essas figuras deve ser sempre cordial, mas nunca servil. A nossa condição insular oferece-nos uma superioridade natural, no que respeita à dignidade do trato. Recebemos bem quem nos visita. Sempre foi assim.

Só que a visita do presidente da República portuguesa ao território açoriano é, exclusivamente, uma visita de guarda à união do império, um encoste do ferro quente na perna do boi. O cumprir e fazer cumprir o estipulado na lei imperial.

Por outro lado, o 6 de junho vai de novo realizar-se no Jardim da Zenite (Sena Freitas) em Ponta Delgada. Com discurso, música, copos e boa disposição. Nem o aparato policial que todos os anos é enviado a envolver o jardim, nem isso atemoriza o açorianismo de todos os que lá vão.

Os Marcelos vêm e vão. Os Açores estarão sempre aqui, no meio deste oceano que nos protege e enriquece as ambições do poder.

Prefiro quedar-me no meu exílio atlântico. Continuarei no Santuário da Dissidência.
Precisamos fazer lembrar sempre esta data, segundo a qual ficamos a conhecer os judas, mas também os leais patriotas da causa açoriana.

O Direito Público Internacional está a evoluir e chegará ao ponto de pressionar todos os estados que ainda detenham territórios pela força das armas.


**José Soares, jornalista

TRUMP RETIRA EUA DO ACORDO DE PARIS


Ana Alexandra Gonçalves*

Está confirmado, Donald Trump, o Presidente do carvão, retirou os EUA do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. Recorde-se que Obama tinha assinado o acordo, considerado histórico, mas ainda assim insuficiente. A decisão desta Administração americana não surpreende. Trump, em campanha eleitoral, desacreditou por inúmeras vezes o assunto, chegando mesmo a afirmar que as alterações climáticas eram "invenção dos chineses". Por outro lado, o Presidente americano mostra-se um fervoroso adepto do carvão (sim, é mesmo verdade) e tem retirado apoios às energias renováveis.

Recorde-se também que o Acordo de Paris tem como objectivo reduzir substancialmente a poluição ambiental, com especial foco na emissão de gases com efeito de estufa, considerados os causadores das alterações climáticas. 185 países assinaram, ficando de fora a Síria em guerra e a Nicarágua por considerar que o Acordo não ia suficientemente longe. A estes países junta-se agora os EUA. De resto, a decisão tem como efeito imediato o isolamento inexorável dos EUA, retirando-o da liderança de políticas essenciais, ficando essa tarefa entregue à China, UE ou Rússia.

Este é um verdadeiro retrocesso civilizacional e uma forma de condenar o planeta a níveis de degradação que poderão redundar na completa incapacidade de servir como casa de todos nós. Este é também o resultado de colocar alguém megalómano, mas com um cérebro do tamanho de uma ervilha à frente de um país como os EUA, paradoxalmente, o segundo país que mais polui. Tudo para agradar a alguns republicanos, a alguns Estados americanos e àquela minoria que obtusamente o apoia. 

Colocam-se agora várias questões, das quais assinalo uma em particular: e se outros seguem este exemplo? o que fazer quando um plano que é por muitos especialistas considerado insuficiente tiver agora novos entraves, desde logo a perda de mais tempo? Tempo que já não abunda.

O que dizer da adopção de medidas que contribuem para a nossa extinção? Quão estúpido pode ser alguém? Aparentemente não há de facto limites para a estupidez.

Assistimos pois a uma posição que é um desastre para todos nós e para as gerações vindouras - um supremo acto de egoísmo.

* Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

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