terça-feira, 18 de julho de 2017

UMA OBRA DOS MERCENÁRIOS DA TERAPIA NEOLIBERAL EM ANGOLA!...



António Jorge *, Luanda

A terapia neoliberal, parida a partir de Bicesse, trouxe para Angola, entre outras coisas, os processos expeditos da assimilação que os actuais dirigentes do Ministério da Educação do governo angolano estão a "homologar" sem que voz alguma, à excepção das nossas (do camarada António Jorge, em jeito pedagógico e da minha, neste tom crítico e agreste) se levantem face às imensas cargas de alienação que esse tipo de procedimentos comporta!...

A corrupção de facto, nunca será combatida por um só homem, nem nunca compreendida pelo povo, como se vê.

Entre outras razões porque também a comunicação é manipulada, não esclarece... aliena e embrutece.

O combate à corrupção só é possível dentro de um Estado com outra ideologia em que a verdade e a moral, não sejam elementos transacionáveis pelo poder do dinheiro e da política representante dos interesses das classes dominantes e que transformam pela natureza do poder e do dinheiro, a corrupção obtida pela especulação organizada escondida, transformando a realidade e que parece ser, mas não é, e que apesar de se viver num Estado de Direito, é de economia capitalista e neoliberal.

Não é por ser um Estado de Direito, que ele é justo e livre para julgar, mais ainda quando a corrupção é de muitos milhões e que só não sabe quem não procura saber a verdade e acha que tudo isto se processa e acontece desde há muitos anos a esta parte em Portugal, por ser normal, assim ser.

Conheço a origem de como tudo isto se fez, a técnica utilizada, foi copiada a da propaganda médica e funciona.

Não é corrupção, são estímulos...

E O CAPITALISMO MORRERÁ DE OVERDOSE?





Para Wolfgang Streeck, um dos grandes sociólogos contemporâneos, sistema tornou-se frágil ao eliminar adversários que o obrigavam a se reformar. Mas não há, ainda, projeto alternativo — por isso, virão tempos tensos…

Entrevista para Giuliano Battiston | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

O diagnóstico de Wolfgang Streeck, diretor do Instituto Max-Planck de Colônia, é implacável: “A crise atual não é um fenômeno acidental, mas o auge de uma longa série de desordens políticas e econômicas que indicam a dissolução daquela formação social que designamos capitalismo democrático”.

“O capitalismo está morrendo de overdose de si mesmo.” Esta é a tese do sociólogo Wolfgang Streeck, diretor do Instituto Max-Planck de Colônia, um dos centros de pesquisa mais importantes da Europa. Em seu último livro, Como Acabará o Capitalismo? Ensaios sobre um Sistema Fracassado, Streeck conduz um diagnóstico impiedoso sobre a patologia do capitalismo democrático, aquela formação social particular que, no pós-guerra, havia alinhado democracia e capitalismo em torno de um pacto social que lhe conferia legitimidade. Por volta dos anos 1970, com o fim do crescimento econômico, e depois, com o avanço da revolução neoliberal, aquele pacto social começa a acabar. O capital avança, a democracia recua. Ele atropela as limitações políticas e institucionais que haviam contido o “espírito animal” do capitalismo. Que vence — mas vence demais… Hoje, a revolução cumprida, o capitalismo está em ruínas porque teve muito sucesso, diz Wolfgang Streeck.

RACISMO PROFUNDO | O Governo esquece as vítimas da Amadora?



Mariana Mortágua | Jornal de Notícias | opinião

"Porque lhes bateram? O que é que eles fizeram?" serão provavelmente as primeiras perguntas de quem não conhece os pormenores da agressão policial contra seis jovens da Cova da Moura, na Amadora. A questão reflete, ela própria, o olhar enviesado da sociedade sobre o fenómeno da atuação da Polícia nos bairros ditos "problemáticos". A resposta é simples: independentemente da situação em concreto, nada justifica nunca o abuso da força, a agressão ou a tortura.

O real motivo da violência está nos polícias, agressores, e não nos jovens da Cova da Moura, vítimas. Os testemunhos são claros: "Os polícias disseram que nós, africanos, temos de morrer. Chamavam pretos, macacos, que iam exterminar a nossa raça". Ficam então a nu os motivos: racismo e xenofobia, agravados pelo absoluto sentimento de impunidade por parte dos agentes.

Foquemo-nos na impunidade. Estes jovens não foram agredidos por um polícia racista em concreto. O testemunho de Flávio Almada, uma das vítimas, é claro: "de tudo o que nos fizeram o que mais me assustou foi perceber que não havia um único agente de confiança que nos pudesse ajudar. Houve troca de turnos até. Nunca nos deixaram fazer um telefonema para a família". Falamos portanto de uma esquadra inteira, participante ou cúmplice de tortura motivada por ódio racial.

Mas não ficamos por aqui. O Ministério Público, que agora acusa 18 polícias dos crimes de tortura, sequestro, injúria e ofensa à integridade física qualificada, também afirma que os relatórios e autos de notícia e testemunho foram falsificados para proteger os agressores. O INEM, tendo registado, segundo as últimas notícias, a verdadeira causa dos ferimentos, também não deu sequência ao caso (segundo se sabe). A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) arquivou o inquérito à conduta policial.

Nós sabemos que este caso não é único, é prato do dia em muitos bairros. E é isso mesmo que estes factos agora comprovam. Da agressão pela Polícia à cumplicidade de todas as intuições envolvidas nas várias fases do processo, o Estado falhou em grande. Viola direitos que devia proteger e organiza a ocultação do crime.

Este não é um problema ou um caso localizado. É um problema do Estado. Torna-se por isso bizarro - e inaceitável - que nenhum membro do Governo tenha ainda vindo a público pronunciar-se e dar a estes jovens garantias de segurança durante um inquérito inédito.

Que diríamos perante uma equipa de cirurgiões que voluntariamente infetasse os seus pacientes? Ou de uma cantina pública que substituísse sal por veneno? Seis cidadãos, inocentes, foram brutalmente agredidos por quem deveria garantir a sua segurança. Não é suficiente para termos um caso nacional e garantias do poder político? Ou isso está vedado quando as vítimas são jovens, negros e da Cova da Moura?

* Deputada do BE

"Mário Centeno marcou, na cabeça de Schauble, um golo. E isso é impressionante" - Moscovici



Não foi à Alemanha, mas na cabeça de um alemão, do ministro das finanças, foi um golo e isso é muito relevante. Essa é, pelo menos, a análise de Pierre Moscovici.

Há uma diferença, muito óbvia, nas idades e quanto ao talento futebolístico do Ministro das Finanças português, Pierre Moscovici não arrisca um palpite. O que o Comissário Europeu salienta é que Centeno trabalha muito para conseguir alcançar os objetivos. E se isso levou o ministro alemão das Finanças a compará-lo a Cristiano Ronaldo, então, golo!

O Comissário Europeu da Economia e Finanças está em Portugal e, numa entrevista à TSF, falou da comparação que Wolfgang Schauble fez, em Maio, entre Centeno e Cristiano Ronaldo. "Fico muito feliz que Wolfgang Schauble diga isso agora, não foi bem o que disse há 2 anos. Portanto, isso prova que Mário Centeno marcou um golo, não contra a Alemanha, mas na cabeça de Wolfgang Schauble. O que é, também, impressionante."

Centeno será o ponta de lança de uma equipa que Moscovici vê com um fio de jogo muito bom. O Comissário Europeu da Economia e Finanças diz que está muito otimista em relação a Portugal e diz-se mesmo impressionado.

"A melhoria da economia portuguesa, nas finanças públicas portuguesas, é impressionante. Escolho essa palavra porque a minha mensagem é clara: a economia portuguesa e Portugal são uma economia e um país que se podem confiar, que merecem confiança."

Apesar do otimismo, de afirmar com certeza vincada que "a crise acabou" e de falar numa situação de crescimento estável e muito assinalável, Pierre Moscovici alerta que é precisa alguma cautela, não dar tudo por garantido.

"Temos de ter consciência de que é preciso ter uma estratégia constante e duradoura para consolidar as finanças públicas não uma ou duas vezes, mas por um período longo. E isto tem também a ver com a redução do défice estrutural, não apenas do nominal. Tem de existir uma estratégia que favoreça o crescimento e há, ainda, necessidade de reformas estruturais tendo em vista uma melhoria da qualidade do investimento, para que o mercado de trabalho funcione melhor, particularmente na questão do desemprego de longa duração, que é ainda um problema substancial aqui."

E depois há que ter atenção à situação da banca, diz Pierre Moscovici. Há alguns assuntos por resolver, mas nada de muito preocupante, na opinião do Comissário Europeu.

Ricardo Oliveira Duarte | TSF

BAILA ME, ANDRÉ VENTURA | Um académico armado em parvo




Pedro Tadeu | Diário de Notícias, opinião

Das vezes que vi e ouvi o jurista André Ventura opinar na televisão do Correio da Manhã fiquei impressionado: "Eis aqui um provável belo espécime de parvo", conjeturei. Ontem, o professor auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa obrigou-me a reconhecer que o mero palpite inicial, afinal, tinha sustentação, apesar dos 18 valores com que o próprio publicita na internet, num curriculum vitae "abreviado", a conclusão do ensino secundário no Externato Penafirme, instituição que para este poliglota, com "conhecimento aprofundado" de arábico e hebraico, é designável em português por uma palavra saudosista: "liceu".

Entende o dirigente social-democrata e atual candidato numa coligação PSD-CDS à presidência da Câmara Municipal de Loures que as pessoas de "etnia cigana" (sic) acham "que estão acima das regras do Estado de direito".

O professor convidado da Universidade Nova (onde se licenciou em Direito, divulga, com nota 19) informa, numa entrevista ao jornal i, que "vários munícipes queixam-se de pessoas de etnia cigana que entram nos transportes, usam os transportes e nunca pagam, e ainda geram desacatos".

O apaixonado defensor do Benfica em frequentes zaragatas televisivas, o paladino da restauração da prisão perpétua, indigna-se por na Quinta da Fonte haver "situações em que são ocupados imóveis ilegalmente" pelas tais "pessoas de etnia cigana".

A melhor definição da palavra "parvo" encontro-a no dicionário de José Pedro Machado: "Aquele que tem mentalidade infantil." Pode ser-se inteligente, culto e continuar a pensar-se como um menino: uma coisa é aprender, outra é crescer. Pode ser-se um académico mas ser-se politicamente parvo. Exemplos ilustrativos não faltam.

Não há problemas de segurança na Quinta da Fonte? Há. Não há problemas de integração e socialização com minorias étnicas em Loures? Há. Algum político responsável deve ignorar essa realidade? Não. Então, onde está o infantilismo de André Ventura?

Tal e qual uma criança ansiosa por aprovação no mundo adulto, o coautor de Justiça, Corrupção e Jornalismo tenta ser visto como um herói e recusa o "medo de dizerem que estamos a ser "fascistas", "racistas", "xenófobos"". André Ventura, putativo herói contra o politicamente correto e o "aproveitamento político, sobretudo do espectro da esquerda", avança "que numa candidatura devemos ter a coragem de dizer aquilo que está mal".

Dizer o que se pensa, porém, nada tem de heroísmo para quem pode contar, sempre, com um microfone apontado à boca. E ainda bem que assim é...

Heroísmo é trabalhar como assistente social na Quinta da Fonte. Heroísmo é ser-se polícia e ir à Quinta da Fonte só para falar com quem lá mora. Heroísmo é formar um grupo de teatro na Quinta da Fonte. Heroísmo é manter um negócio aberto na Quinta da Fonte. Heroísmo é morar na Quinta da Fonte e vencer a segregação, o preconceito e a injustiça. Heroísmo é ser cigana, viver na Quinta da Fonte e insistir em enviar os filhos à escola, em lutar para eles terem um futuro melhor. Heroísmo não é atiçar o ódio da turba para, no fim, receber o apoio do líder neofascista do PNR e, ironicamente, a crítica violenta de um dirigente do CDS.

Ser inteligente, culto, querer lugar na política mas não tentar compreender porque Portugal, país de emigração e de imigração, de penas baixas, de aparente laissez-faire, se mantém um país pacífico numa Europa cada vez mais policiada e cada vez mais violenta é, portanto, infantil. É, inelutavelmente, parvo.

AUTÁRQUICAS | Loures: CDS retira apoio político a André Ventura



Em causa estão as declarações do candidato à autarquia sobre a etnia cigana.

CDS acaba de retirar o apoio político a André Ventura, candidato à presidência da Câmara Municipal de Loures. A demarcação do CDS do candidato às eleições autárquicas deve-se às declarações proferidas por André Ventura em relação à etnia cigana.

"No seguimento das recentes declarações do candidato à Câmara Municipal de Loures, dr. André Ventura, e depois de o CDS ter manifestado no seio da coligação o seu profundo incómodo com as referidas afirmações, decidiu o CDS seguir um caminho próprio no concelho de Loures nestas eleições autárquicas de 2017", anunciou o líder da distrital de Lisboa do partido, João Gonçalves Pereira.

Entretanto, à agência Lusa, fonte da direção garantiu que o PSD mantém o apoio político a André Ventura. "O PSD mantém o apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Loures. Lamentamos que o CDS não mantenha esse apoio, mas respeitamos a posição agora assumida pelo CDS", afirmou a mesma fonte.

Numa entrevista concedida ao Notícias ao Minuto, o candidato à autarquia de Loures admitiu que "há minorias no nosso país que acham que estão acima da lei".

As declarações do candidato pela coligação ‘Primeiro Loures’, composta pelo PSD e CDS, geraram uma onda de críticas e levaram o Bloco de Esquerda a apresentar queixas à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, à Procuradoria-Geral da República e à Ordem dos Advogados.

Francisco Mendes da Silva, antigo deputado do CDS, não tardou em reagir, solicitando "que o partido não fique ligado a tão lamentável personagem". A demarcação acabou por ser decidida pelo partido esta terça-feira.

Do lado do PSD, não é conhecida nenhuma decisão de retirar o apoio ao candidato. Porém, a candidata social-democrata à Câmara Municipal de Lisboa, Teresa Leal Coelho, já veio esclarecer que o partido não se revê "nem em pensamento, nem no discurso de natureza discriminatória" utilizado por André Ventura.

Goreti Pera, com Lusa | Notícias ao Minuto

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