A
terapia neoliberal, parida a partir de Bicesse, trouxe para Angola, entre
outras coisas, os processos expeditos da assimilação que os actuais dirigentes
do Ministério da Educação do governo angolano estão a "homologar" sem
que voz alguma, à excepção das nossas (do camarada António Jorge, em jeito
pedagógico e da minha, neste tom crítico e agreste) se levantem face às imensas
cargas de alienação que esse tipo de procedimentos comporta!...
A
corrupção de facto, nunca será combatida por um só homem, nem nunca
compreendida pelo povo, como se vê.
Entre outras razões porque também a comunicação é manipulada, não esclarece...
aliena e embrutece.
O
combate à corrupção só é possível dentro de um Estado com outra ideologia em
que a verdade e a moral, não sejam elementos transacionáveis pelo poder do
dinheiro e da política representante dos interesses das classes dominantes e
que transformam pela natureza do poder e do dinheiro, a corrupção obtida pela
especulação organizada escondida, transformando a realidade e que parece ser,
mas não é, e que apesar de se viver num Estado de Direito, é de economia
capitalista e neoliberal.
Não
é por ser um Estado de Direito, que ele é justo e livre para julgar, mais ainda
quando a corrupção é de muitos milhões e que só não sabe quem não procura saber
a verdade e acha que tudo isto se processa e acontece desde há muitos anos a
esta parte em Portugal, por ser normal, assim ser.
Conheço
a origem de como tudo isto se fez, a técnica utilizada, foi copiada a da
propaganda médica e funciona.
Para
Wolfgang Streeck, um dos grandes sociólogos contemporâneos, sistema tornou-se
frágil ao eliminar adversários que o obrigavam a se reformar. Mas não há,
ainda, projeto alternativo — por isso, virão tempos tensos…
Entrevista
para Giuliano Battiston | Outras Palavras | Tradução: Inês
Castilho
O
diagnóstico de Wolfgang Streeck, diretor do Instituto Max-Planck de Colônia, é
implacável: “A crise atual não é um fenômeno acidental, mas o auge de uma longa
série de desordens políticas e econômicas que indicam a dissolução daquela
formação social que designamos capitalismo democrático”.
“O
capitalismo está morrendo de overdose de si mesmo.” Esta é a tese do sociólogo
Wolfgang Streeck, diretor do Instituto Max-Planck de Colônia, um dos centros de
pesquisa mais importantes da Europa. Em seu último livro, Como
Acabará o Capitalismo? Ensaios sobre um Sistema Fracassado, Streeck conduz
um diagnóstico impiedoso sobre a patologia do capitalismo democrático, aquela
formação social particular que, no pós-guerra, havia alinhado democracia e
capitalismo em torno de um pacto social que lhe conferia legitimidade. Por
volta dos anos 1970, com o fim do crescimento econômico, e depois, com o avanço
da revolução neoliberal, aquele pacto social começa a acabar. O capital avança,
a democracia recua. Ele atropela as limitações políticas e institucionais que
haviam contido o “espírito animal” do capitalismo. Que vence — mas vence
demais… Hoje, a revolução cumprida, o capitalismo está em ruínas porque teve
muito sucesso, diz Wolfgang Streeck.
"Porque
lhes bateram? O que é que eles fizeram?" serão provavelmente as primeiras
perguntas de quem não conhece os pormenores da agressão policial contra seis
jovens da Cova da Moura, na Amadora. A questão reflete, ela própria, o olhar
enviesado da sociedade sobre o fenómeno da atuação da Polícia nos bairros ditos
"problemáticos". A resposta é simples: independentemente da situação
em concreto, nada justifica nunca o abuso da força, a agressão ou a tortura.
O
real motivo da violência está nos polícias, agressores, e não nos jovens da
Cova da Moura, vítimas. Os testemunhos são claros: "Os polícias disseram
que nós, africanos, temos de morrer. Chamavam pretos, macacos, que iam
exterminar a nossa raça". Ficam então a nu os motivos: racismo e xenofobia,
agravados pelo absoluto sentimento de impunidade por parte dos agentes.
Foquemo-nos
na impunidade. Estes jovens não foram agredidos por um polícia racista em
concreto. O testemunho de Flávio Almada, uma das vítimas, é claro: "de
tudo o que nos fizeram o que mais me assustou foi perceber que não havia um
único agente de confiança que nos pudesse ajudar. Houve troca de turnos até.
Nunca nos deixaram fazer um telefonema para a família". Falamos portanto
de uma esquadra inteira, participante ou cúmplice de tortura motivada por ódio
racial.
Mas
não ficamos por aqui. O Ministério Público, que agora acusa 18 polícias dos
crimes de tortura, sequestro, injúria e ofensa à integridade física
qualificada, também afirma que os relatórios e autos de notícia e testemunho
foram falsificados para proteger os agressores. O INEM, tendo registado,
segundo as últimas notícias, a verdadeira causa dos ferimentos, também não deu
sequência ao caso (segundo se sabe). A Inspeção-Geral da Administração Interna
(IGAI) arquivou o inquérito à conduta policial.
Nós
sabemos que este caso não é único, é prato do dia em muitos bairros. E é isso
mesmo que estes factos agora comprovam. Da agressão pela Polícia à cumplicidade
de todas as intuições envolvidas nas várias fases do processo, o Estado falhou em
grande. Viola direitos que devia proteger e organiza a ocultação do crime.
Este
não é um problema ou um caso localizado. É um problema do Estado. Torna-se por
isso bizarro - e inaceitável - que nenhum membro do Governo tenha ainda vindo a
público pronunciar-se e dar a estes jovens garantias de segurança durante um
inquérito inédito.
Que
diríamos perante uma equipa de cirurgiões que voluntariamente infetasse os seus
pacientes? Ou de uma cantina pública que substituísse sal por veneno? Seis
cidadãos, inocentes, foram brutalmente agredidos por quem deveria garantir a
sua segurança. Não é suficiente para termos um caso nacional e garantias do
poder político? Ou isso está vedado quando as vítimas são jovens, negros e da
Cova da Moura?
Não
foi à Alemanha, mas na cabeça de um alemão, do ministro das finanças, foi um
golo e isso é muito relevante. Essa é, pelo menos, a análise de Pierre
Moscovici.
Há
uma diferença, muito óbvia, nas idades e quanto ao talento futebolístico do
Ministro das Finanças português, Pierre Moscovici não arrisca um palpite. O que
o Comissário Europeu salienta é que Centeno trabalha muito para conseguir
alcançar os objetivos. E se isso levou o ministro alemão das Finanças a
compará-lo a Cristiano Ronaldo, então, golo!
O
Comissário Europeu da Economia e Finanças está em Portugal e, numa entrevista à
TSF, falou da comparação que Wolfgang Schauble fez, em Maio, entre Centeno e
Cristiano Ronaldo. "Fico muito feliz que Wolfgang Schauble diga isso
agora, não foi bem o que disse há 2 anos. Portanto, isso prova que Mário
Centeno marcou um golo, não contra a Alemanha, mas na cabeça de Wolfgang
Schauble. O que é, também, impressionante."
Centeno
será o ponta de lança de uma equipa que Moscovici vê com um fio de jogo muito
bom. O Comissário Europeu da Economia e Finanças diz que está muito otimista em
relação a Portugal e diz-se mesmo impressionado.
"A
melhoria da economia portuguesa, nas finanças públicas portuguesas, é
impressionante. Escolho essa palavra porque a minha mensagem é clara: a
economia portuguesa e Portugal são uma economia e um país que se podem confiar,
que merecem confiança."
Apesar
do otimismo, de afirmar com certeza vincada que "a crise acabou" e de
falar numa situação de crescimento estável e muito assinalável, Pierre
Moscovici alerta que é precisa alguma cautela, não dar tudo por garantido.
"Temos
de ter consciência de que é preciso ter uma estratégia constante e duradoura
para consolidar as finanças públicas não uma ou duas vezes, mas por um período
longo. E isto tem também a ver com a redução do défice estrutural, não apenas
do nominal. Tem de existir uma estratégia que favoreça o crescimento e há,
ainda, necessidade de reformas estruturais tendo em vista uma melhoria da
qualidade do investimento, para que o mercado de trabalho funcione melhor,
particularmente na questão do desemprego de longa duração, que é ainda um
problema substancial aqui."
E
depois há que ter atenção à situação da banca, diz Pierre Moscovici. Há alguns
assuntos por resolver, mas nada de muito preocupante, na opinião do Comissário
Europeu.
Das
vezes que vi e ouvi o jurista André Ventura opinar na televisão do Correio da
Manhã fiquei impressionado: "Eis aqui um provável belo espécime de
parvo", conjeturei. Ontem, o professor auxiliar da Universidade Autónoma
de Lisboa obrigou-me a reconhecer que o mero palpite inicial, afinal, tinha
sustentação, apesar dos 18 valores com que o próprio publicita na internet, num curriculum vitae "abreviado", a conclusão do
ensino secundário no Externato Penafirme, instituição que para este poliglota,
com "conhecimento aprofundado" de arábico e hebraico, é designável em
português por uma palavra saudosista: "liceu".
Entende
o dirigente social-democrata e atual candidato numa coligação PSD-CDS à
presidência da Câmara Municipal de Loures que as pessoas de "etnia
cigana" (sic) acham "que estão acima das regras do Estado de
direito".
O
professor convidado da Universidade Nova (onde se licenciou em Direito, divulga,
com nota 19) informa, numa entrevista ao jornal i, que "vários munícipes
queixam-se de pessoas de etnia cigana que entram nos transportes, usam os
transportes e nunca pagam, e ainda geram desacatos".
O
apaixonado defensor do Benfica em frequentes zaragatas televisivas, o paladino
da restauração da prisão perpétua, indigna-se por na Quinta da Fonte haver
"situações em que são ocupados imóveis ilegalmente" pelas tais
"pessoas de etnia cigana".
A
melhor definição da palavra "parvo" encontro-a no dicionário de José
Pedro Machado: "Aquele que tem mentalidade infantil." Pode ser-se
inteligente, culto e continuar a pensar-se como um menino: uma coisa é
aprender, outra é crescer. Pode ser-se um académico mas ser-se politicamente
parvo. Exemplos ilustrativos não faltam.
Não
há problemas de segurança na Quinta da Fonte? Há. Não há problemas de
integração e socialização com minorias étnicas em Loures? Há. Algum político
responsável deve ignorar essa realidade? Não. Então, onde está o infantilismo
de André Ventura?
Tal
e qual uma criança ansiosa por aprovação no mundo adulto, o coautor de Justiça,
Corrupção e Jornalismo tenta ser visto como um herói e recusa o "medo
de dizerem que estamos a ser "fascistas", "racistas",
"xenófobos"". André Ventura, putativo herói contra o
politicamente correto e o "aproveitamento político, sobretudo do espectro
da esquerda", avança "que numa candidatura devemos ter a coragem de
dizer aquilo que está mal".
Dizer
o que se pensa, porém, nada tem de heroísmo para quem pode contar, sempre, com
um microfone apontado à boca. E ainda bem que assim é...
Heroísmo
é trabalhar como assistente social na Quinta da Fonte. Heroísmo é ser-se
polícia e ir à Quinta da Fonte só para falar com quem lá mora. Heroísmo é
formar um grupo de teatro na Quinta da Fonte. Heroísmo é manter um negócio
aberto na Quinta da Fonte. Heroísmo é morar na Quinta da Fonte e vencer a
segregação, o preconceito e a injustiça. Heroísmo é ser cigana, viver na Quinta
da Fonte e insistir em enviar os filhos à escola, em lutar para eles terem um
futuro melhor. Heroísmo não é atiçar o ódio da turba para, no fim, receber o
apoio do líder neofascista do PNR e, ironicamente, a crítica violenta de um
dirigente do CDS.
Ser
inteligente, culto, querer lugar na política mas não tentar compreender porque
Portugal, país de emigração e de imigração, de penas baixas, de aparente laissez-faire,
se mantém um país pacífico numa Europa cada vez mais policiada e cada vez mais
violenta é, portanto, infantil. É, inelutavelmente, parvo.
Em
causa estão as declarações do candidato à autarquia sobre a etnia cigana.
CDS acaba
de retirar o apoio político a André Ventura, candidato à presidência da Câmara
Municipal de Loures. A demarcação do CDS do candidato às eleições
autárquicas deve-se às declarações proferidas por André Ventura em relação à
etnia cigana.
"No
seguimento das recentes declarações do candidato à Câmara Municipal de
Loures, dr. André Ventura, e depois de o CDS ter manifestado no seio
da coligação o seu profundo incómodo com as referidas afirmações, decidiu
o CDS seguir um caminho próprio no concelho de Loures nestas eleições
autárquicas de 2017", anunciou o líder da distrital de Lisboa do partido,
João Gonçalves Pereira.
Entretanto,
à agência Lusa, fonte da direção garantiu que o PSD mantém o apoio político a André Ventura. "O PSD
mantém o apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Loures. Lamentamos
que o CDS não mantenha esse apoio, mas respeitamos a posição agora assumida
pelo CDS", afirmou a mesma fonte.
Numa
entrevista concedida ao Notícias ao Minuto, o candidato à autarquia de Loures
admitiu que "há minorias no nosso país que acham que estão acima da
lei".
As
declarações do candidato pela coligação ‘Primeiro Loures’, composta pelo PSD e
CDS, geraram uma onda de críticas e levaram o Bloco de Esquerda
a apresentar queixas à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação
Racial, à Procuradoria-Geral da República e à Ordem dos Advogados.
Francisco
Mendes da Silva, antigo deputado do CDS, não tardou em reagir, solicitando
"que o partido não fique ligado a tão lamentável personagem". A
demarcação acabou por ser decidida pelo partido esta terça-feira.
Do
lado do PSD, não é conhecida nenhuma decisão de retirar o apoio ao
candidato. Porém, a candidata social-democrata à Câmara Municipal de
Lisboa, Teresa Leal Coelho, já veio esclarecer que o partido não se revê
"nem em pensamento, nem no discurso de natureza discriminatória" utilizado
por André Ventura.