quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Novo estudo climático desmente a teorização aquecimentista



– Mas o "nosso novo documento técnico... provavelmente será ignorado"

Tyler Durden

Não é de surpreender que tantas pessoas acreditem na ideia de que o aquecimento global está a ser causado quase inteiramente pela actividade humana, dado o facto de grande parte dos cientistas parecer acreditar nisso. Mas cientistas deveriam perguntar-se porque ainda há uma grande legião de "negadores", como eles gostam de chamá-los, os quais são categóricos ao afirmarem que a alteração climática antropogénica é uma vigarice.

A razão para isso é que a comunidade científica foi apanhadamuitas vezes a manipular dados climáticos e a fazer afirmações aberrantes . As celebridades e políticos que promovem esta causa em muitas ocasiões também foram apanhados a viverem em mansões palacianas, a voarem por todo o mundo em jactos privados e geralmente a viverem vidas de excesso que produzem muito mais carbono do que a pessoa média. Dados estes factos, como é que alguém poderia tomar com seriedade os argumentos do aquecimento global?

O que tão pouco ajuda a sua causa é cientistas respeitáveis questionarem o dogma da alteração climática. Recentemente, dois cientistas australianos publicaram um documento que explica porque as mudanças na temperatura global que vemos hoje provavelmente são totalmente naturais.

A ESQUERDA SEM IMAGINAÇÃO - Boaventura



Por não ousar novas formas de Democracia, Estado e Economia; e por não enfrentar articuladamente as três faces da dominação, ela tem sido incapaz de deter a ofensiva brutal do sistema

Boaventura de Sousa Santos | Imagem: Edward Hooper, Pessoas ao sol (1963)

A dominação social, política e cultural é sempre o resultado de uma distribuição desigual do poder, nos termos da qual quem não tem poder ou tem menos poder vê as suas expectativas de vida limitadas ou destruídas por quem tem mais poder. Tal limitação ou destruição manifesta-se de várias formas, da discriminação à exclusão, da marginalização à liquidação física, psíquica ou cultural, da demonização à invisibilização. Todas esta formas podem-se reduzir a uma só – opressão. Quanto mais desigual é a distribuição do poder, maior é a opressão.

As sociedades com formas duradouras de poder desigual são sociedades divididas entre opressores e oprimidos. A contradição entre estas duas categorias não é lógica, é antes dialéctica, já que as duas categorias são ambas parte da mesma unidade contraditória. Os fatores que estão na base da dominação variam de época para época. Na época moderna, digamos, desde o século XVI, os três fatores principais têm sido: capitalismo, colonialismo e patriarcado. O primeiro é originário da modernidade ocidental, enquanto os outros dois existiram antes mas foram reconfigurados pelo capitalismo. A dominação capitalista assenta na exploração do trabalho assalariado por via de relações entre seres humanos formalmente iguais. A dominação colonial assenta na relação hierárquica entre grupos humanos por uma razão supostamente natural, seja ela a raça, a casta, a religião ou a etnia. A dominação patriarcal implica outro tipo de relação de poder mas igualmente assente na inferioridade natural de um sexo ou de uma orientação sexual.

As relações entre os três modos de dominação têm variado ao longo do tempo e do espaço, mas o fato de a dominação moderna assentar nos três é uma constante. Ao contrário do que vulgarmente se pensa, a independência política das antigas colônias europeias não significou o fim do colonialismo, significou apenas a substituição de um tipo de colonialismo (o colonialismo de ocupação territorial efetiva por uma potência estrangeira) por outros tipos (colonialismo interno, neocolonialismo, imperialismo, racismo, xenofobia, etc.).Vivemos hoje em sociedades capitalistas, colonialistas e patriarcais. Para ter êxito, a resistência contra a dominação moderna tem de assentar em lutas simultaneamente anticapitalistas, anticoloniais e antipatriarcais. Todas as lutas têm de ter como alvo os três fatores de dominação, e não apenas um, ainda que as conjunturas possam aconselhar que incidam mais num fator que noutro.

FRANÇA | Para Macron, é tudo ou nada



Futuro do presidente depende da aprovação da reforma trabalhista. Se ele não conseguir, vai virar um "pato manco" já no início do mandato, afirma correspondente Barbara Wesel.

Barbara Wesel (as) | Deutsche Welle | opinião

O presidente Emmanuel Macron não teve um verão muito feliz. A criação de um cargo oficial de primeira-dama para sua mulher deu errado e foi mal recebida na imprensa, assim como a divulgação dos gastos com a maquiadora que o prepara para aparecer na televisão. A popularidade dele está em queda livre. Na verdade tudo isso é insignificante, mas mostra com que impaciência os franceses acompanham seu novo presidente. A reforma trabalhista é que vai mostrar se ele tem condições de governar e vai decidir sobre a sua sobrevivência política.

Os antecessores de Macron, Nicolas Sarkozy e sobretudo François Hollande, fracassaram retumbantemente na tentativa de reformar as enferrujadas leis trabalhistas. O primeiro não aguentou o ronco das ruas, e o socialista diluiu tanto as reformas que, no fim, não tinha mais apoio em nenhum dos lados.

Os socialistas fracassaram na última eleição, e mereceram. E como também na direita o que predomina é o conflito, com republicanos e Frente Nacional ocupados em brigas internas, Macron tem, politicamente, as mãos livres para agir. Os seus próprios deputados podem até cometer erros e se envolver em escândalos, mas garantem uma maioria parlamentar ampla e estável ao presidente.

Além disso, o poder dos sindicatos diminuiu. O moderado CFDT anunciou, apesar de meses de debates com o governo, sua esperada rejeição às reformas, mas não vai sair às ruas contra elas. Os linhas-duras da CGT, porém, já estão rufando os tambores e querem levar os franceses às barricadas a partir de meados de setembro.

Porém, o que interessa a eles é menos a proteção dos direitos dos trabalhadores, como afirmam suas bandeiras, mas a própria sobrevivência. A esquerdista CGT perde membros e influência. Só 11% dos franceses estão em sindicatos. Os gritos são mais altos do que o número de trabalhadores representados. Ninguém precisa, portanto, se intimidar com um mar de bandeiras vermelhas e uma elevada disposição para o quebra-quebra – os sindicatos radicais falam em nome de uma pequena minoria de franceses.

Porém, eles são reforçados pelos esquerdistas de Jean-Luc Mélenchon. Ele representa a única oposição que funciona e alcançou 17% dos eleitores, um resultado expressivo. Seu furor de tons comunistas e sua disposição para a luta não devem ser subestimados.

Mas, mesmo que em setembro as pedras voltem a voar e o trânsito seja interrompido em Paris, Macron precisa encarar tudo isso. A maioria dos franceses não vai sair às ruas, e muitos querem as reformas, mas o presidente precisa voltar a se comunicar com a população. Sua atitude divina e o celebrado distanciamento o prejudicam. Ele precisa se mostrar destemido, como na campanha, e buscar o contato com os trabalhadores, mesmo que seja vaiado.

O direito trabalhista francês é um monstro. Essas centenas de páginas devem ser jogadas fora. É um milagre que ainda haja postos de trabalho na França. Por isso é correto que Macron, com a sua reforma, mire sobretudo nas pequenas e médias empresas.  Ele precisa tornar a vida delas mais fácil, pois é lá que está o maior potencial de criação de empregos.

Não se trata de acabar com o Estado de bem-estar social e com os direitos dos trabalhadores na França, isso é propaganda. Trata-se da abertura para negociações entre empresas e sindicatos, mais espaço para as pequenas empresas, uma certa flexibilização da proteção contra a demissão. Hoje os trabalhadores na França se dividem em duas classes: aqueles que têm postos de trabalho protegidos e os que têm contratos temporários, sem chance de entrar no sistema. A prova de que isso não funciona é o desemprego, que está em torno de 10% há anos.

Para o presidente, porém, é tudo ou nada. Ele precisa vencer essa primeira rodada da disputa e fazer a reforma dar certo. Do contrário, vai virar um "pato manco" já no primeiro semestre na presidência. Durante uma viagem ao Leste Europeu, ele reclamou que é impossível reformar a França e que os franceses têm muitas expectativas. Ele deveria tomar mais cuidado, pois essas são coisas que se pode pensar, mas não dizer – elas soam arrogantes.

E arrogância é um dos grandes riscos do presidente. Ele precisa arregaçar as mangas e botar a mão na massa, mesmo que se considere fino demais para o corpo a corpo político. Aqui o líder francês tem algo a aprender com a chanceler federal Angela Merkel: não deixe o poder subir à cabeça e mantenha os pés no chão. Do contrário, ele poderá fracassar já no primeiro mandato.

BLÁ BLÁ | Cavaco e a realidade, uma relação difícil


Antigo Presidente da República regressa para repetir argumentos de sempre

Cavaco Silva regressou aos palcos do PSD para repetir a velha teoria das inevitabilidades. A «aula» desta quarta-feira devia ter sido dedicada aos «jovens e a política», mas o antigo primeiro-ministro e Presidente não se desviou da sua mais antiga tese.

homem que, entre 1985 e 2016, esteve durante 20 anos na chefia do governo (1985-1995) e na Presidência da República (2006-2016) foi o convidado desta manhã da «Universidade de Verão» do PSD, para falar sobre «os jovens e a política: quando a realidade tira o tapete à ideologia».

Cavaco Silva aproveitou o regresso ao palco de uma iniciativa do seu partido para retomar o discurso revanchista que foi repetindo, particularmente, nos últimos meses do seu mandato como Presidente da República. «A realidade acaba sempre por derrotar a ideologia», sustentou, para concluir que não há outro rumo que não seja a submissão à União Europeia e às suas imposições.

O espectro da «revolução socialista»

Referindo-se ao que caracteriza como «alguns devaneios revolucionários», o antigo presidente do PSD contrapôs o cumprimento das «regras europeias de disciplina orçamental» como caminho único perante a sua percepção da realidade.

Uma percepção que, ao longo do discurso, se revela substancialmente distorcida pela lente com que o distinto executor das «regras europeias» observa a realidade. Cavaco Silva chega a falar «dos que, no governo, querem realizar a revolução socialista», após elencar dois dos «três casos» na União Europeia: a Grécia, onde o Syriza governa, e a França, onde o PS governou até Maio deste ano – ostensivamente, não nomeou o terceiro «caso».

Se o Partido Socialista francês é insuspeito em matéria de cumprimento das «regras europeias» – tal como o PS que ocupa o Governo português –, o Syriza grego pode ter iludido sectores à esquerda, mesmo fora da Grécia, mas que rapidamente deixaram de posar ao lado de Tsipras.

As saudades do «arco da governação»

Cavaco Silva foi um dos mais ferozes opositores – e dos que mais fizeram para evitar – a actual solução política portuguesa, saída das posições conjuntas subscritas pelo PS com o BE, o PCP e PEV após as eleições de 4 de Outubro de 2015. No seu canto do cisne, empossou Passos Coelho para formar um novo governo de coligação entre o PSD e o CDS-PP, que acabou derrotado na Assembleia da República, depois da derrota nas urnas.

A mensagem que o anterior Presidente da República deixou para os jovens foi de conformismo – o cumprimento das imposições do directório que dirige a União Europeia é, para Cavaco, um dogma, doa o que doer. Regressando ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, usou a sua resposta, numa entrevista recente ao The Guardian, sobre uma eventual saída do euro, para a classificar como «ir para outra galáxia», ou «o delírio e a ignorância».

O poder como coutada dos fiéis ao euro

A passagem de Cavaco Silva pela iniciativa do seu partido serviu, essencialmente, para recuperar a sua comunicação ao País, após as eleições de 2015, em que argumentou contra a actual solução política. Na altura, colocou os «compromissos internacionais» no quadro da União Europeia e da NATO acima dos interesses nacionais e dos resultados eleitorais.

Quase dois anos depois, o ex-Presidente continua zangado com o travão imposto à política de cortes nos direitos e rendimentos protagonizado pelos anteriores governos, e recupera os mesmos argumentos com que, enquanto governante, animou as privatizações e colocou o País na rota da moeda única.

AbrilAbril | editorial | Foto: Nuno Veiga / Agência Lusa

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