domingo, 28 de janeiro de 2018

China está ganhando luta pelo domínio na África – diz especialista


Há 28 anos que os chanceleres chineses fazem a primeira viagem do ano à África. Durante a última missão diplomática, o atual, Wang Yi, afirmou que Pequim planeja realizar em 2018 um fórum "histórico" para cooperação sino-africana. Analista diz que o fórum será uma séria reivindicação do papel de líder da China na África.

Desta vez, o chanceler chinês começou o ano diplomático com a visita a Ruanda. Durante o encontro com o presidente do país, Paul Kagame, Wang Yi sublinhou que a tradição anual da chancelaria chinesa mostra para a comunidade internacional que a África é uma prioridade constante da política externa da China, que "continua sendo o amigo e parceiro mais confiável dos países do continente".

Além da cooperação na economia e investimentos, nas últimas visitas a África o chanceler chinês se focou no fortalecimento de contatos políticos para realizar com sucesso a cúpula com participação de dirigentes dos 51 países africanos com os quais a China tem relações diplomáticas.

A cúpula, que deve ser realizada em Pequim, promete ser mesmo "histórica", tanto pelo número de participantes como pelo valor dos investimentos — a China destinou cerca de 300 bilhões de dólares para apoio à parceria econômica e de investimentos com os países africanos nos próximos anos.

O especialista do Centro de Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia, Nikolai Scherbakov, comentou em entrevista à Sputnik China que hoje em dia o gigante asiático talvez seja quem tem as relações mais próximas com os Estados africanos.

"Está em curso uma luta pela África, mas em muitos aspetos a China já a ganhou. A cooperação com a China está substituindo as relações tradicionais dos países africanos com suas antigas metrópoles e os EUA. A China está dominando na África […] A declaração de Wang Yi sobre os planos de realizar uma cúpula histórica China-África é uma reivindicação política séria da sua liderança na África", afirmou.

Um dos países que o chanceler chinês visitou no âmbito da sua turnê africana foi uma ex-colônia de Portugal, São Tomé e Príncipe. Esta foi a primeira visita de um alto dirigente da China a este país africano desde que os dois países estabeleceram relações diplomáticas em dezembro de 2016. Um pouco antes disso, São Tomé e Príncipe rompeu as relações diplomáticas com Taiwan, cuja independência a China não reconhece.

Wang Yi lembrou que ainda há "certos" países da África que não podem estabelecer relações plenas e a cooperação com a China devido a terem "relações diplomáticas" com Taiwan, referindo-se, nomeadamente, à Suazilândia e Burkina Faso.

Na opinião do analista chinês Chen Xiaoxiao, a tendência de rompimento das relações diplomáticas com Taiwan vai aumentar.

"Estamos vendo que a situação em torno de Taiwan está mudando, mesmo que as autoridades de Taiwan sigam a política de Uma Só China e independentemente de sua política externa. Além disso, a China já se tornou o maior parceiro comercial da África, superando os EUA e as ex-metrópoles", opinou o especialista.

Após se tornar o motor da economia asiática, a China pretende aumentar o florescimento dos países africanos, acredita.

Espera-se que antes da cúpula China-África Pequim faça propostas para ampliar a cooperação à Suazilândia e Burkina Faso no caso de eles estabelecerem relações com a China. Se for assim, a diplomacia chinesa terá mais uma vitória.

Sputnik

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