Há 28 anos que os chanceleres
chineses fazem a primeira viagem do ano à África. Durante a última missão
diplomática, o atual, Wang Yi, afirmou que Pequim planeja realizar em 2018 um
fórum "histórico" para cooperação sino-africana. Analista diz que o
fórum será uma séria reivindicação do papel de líder da China na África.
Desta vez, o chanceler chinês
começou o ano diplomático com a visita a Ruanda. Durante o encontro com o
presidente do país, Paul Kagame, Wang Yi sublinhou que a tradição anual da
chancelaria chinesa mostra para a comunidade internacional que a África é uma
prioridade constante da política externa da China, que "continua sendo o
amigo e parceiro mais confiável dos países do continente".
Além da cooperação na economia e
investimentos, nas últimas visitas a África o chanceler chinês se focou no
fortalecimento de contatos políticos para realizar com sucesso a cúpula com
participação de dirigentes dos 51 países africanos com os quais a China tem
relações diplomáticas.
A cúpula, que deve ser realizada
em Pequim, promete ser mesmo "histórica", tanto pelo número de
participantes como pelo valor dos investimentos — a China destinou cerca
de 300 bilhões de dólares para apoio à parceria econômica e de investimentos
com os países africanos nos próximos anos.
O especialista do Centro de
Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia, Nikolai Scherbakov,
comentou em entrevista à Sputnik
China que hoje em dia o gigante asiático talvez seja quem tem
as relações mais próximas com os Estados africanos.
"Está em curso uma luta pela
África, mas em muitos aspetos a China já a ganhou. A cooperação com a China
está substituindo as relações tradicionais dos países africanos com suas
antigas metrópoles e os EUA. A China está dominando na África […] A declaração
de Wang Yi sobre os planos de realizar uma cúpula histórica China-África é uma
reivindicação política séria da sua liderança na África", afirmou.
Um dos países que o chanceler
chinês visitou no âmbito da sua turnê africana foi uma ex-colônia de Portugal,
São Tomé e Príncipe. Esta foi a primeira visita de um alto dirigente da China a
este país africano desde que os dois países estabeleceram relações diplomáticas
em dezembro de 2016. Um pouco antes disso, São Tomé e Príncipe rompeu
as relações diplomáticas com Taiwan, cuja independência a China não reconhece.
Wang Yi lembrou que ainda há
"certos" países da África que não podem estabelecer relações plenas e
a cooperação com a China devido a terem "relações diplomáticas" com
Taiwan, referindo-se, nomeadamente, à Suazilândia e Burkina Faso.
Na opinião do analista chinês
Chen Xiaoxiao, a tendência de rompimento das relações diplomáticas com Taiwan
vai aumentar.
"Estamos vendo que a
situação em torno de Taiwan está mudando, mesmo que as autoridades de
Taiwan sigam a política de Uma Só China e independentemente de sua política
externa. Além disso, a China já se tornou o maior parceiro comercial da África,
superando os EUA e as ex-metrópoles", opinou o especialista.
Após se tornar o motor da
economia asiática, a China pretende aumentar o florescimento dos países africanos,
acredita.
Espera-se que antes da cúpula
China-África Pequim faça propostas para ampliar a cooperação à Suazilândia e
Burkina Faso no caso de eles estabelecerem relações com a China. Se
for assim, a diplomacia chinesa terá mais uma vitória.
Sputnik
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