Tudo indica que o Presidente
guineense poderá nomear já esta terça-feira o novo chefe do Governo, o sexto no
espaço de três anos. José Mário Vaz vai auscultar os partidos políticos e
reunir-se com o Conselho de Estado.
O chefe de Estado guineense
vai auscultar esta terça-feira (30.01) os partidos políticos com assento
parlamentar, logo nas primeiras horas do dia, e à tarde, pelas 16:00, reúne-se
com o Conselho de Estado, avançou à DW África fonte da presidência
da República.
A reunião do Conselho de Estado -
órgão de consulta do Presidente da República, cujo parecer não é vinculativo -
contará com a presença de titulares dos órgãos de soberania, líderes de
partidos com assento parlamentar e representantes das bancadas no Parlamento.
Têm ainda assento no órgão alguns conselheiros indicados pelo chefe de
Estado.
Acabado de regressar da Etiópia,
onde participou em reuniões da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO) e da União Africana (UA), José Mário Vaz prometeu anunciar
esta semana o nome do novo chefe de Governo, que terá como missão organizar
eleições legislativas dentro do calendário eleitoral.
O Presidente guineense afirmou
que terão de ser feitos, nos próximos dias, "esforços tremendos"
para que o país possa ter um primeiro-ministro que irá formar o seu governo e
depois marcar a data das eleições legislativas.
"Nós temos dois problemas na
Guiné-Bissau, infelizmente temos que ultrapassá-los, porque faz parte da
soberania da nossa terra. Conseguimos vencer o primeiro que é pagar os salários
com os nossos recursos próprios", afirmou José Mário Vaz.
O chefe de Estado disse
ainda que recebeu uma missão do Fundo Monétário Internacional (FMI) que
o informou que o seu país é considerado, no conselho de administração do
FMI, "um caso de sucesso na gestão de finanças públicas", sublinhando
que "não é por falta do dinheiro que podia nos impedir de realizar
eleições na data prevista".
José Mário Vaz diz que não há
entendimento entre os atores políticos sobre a figura que deve ser nomeada
primeiro-ministro, no âmbito do Acordo de Conacri. Por isso, como chefe de
Estado, vê-se "na obrigação de indicar um nome". Segundo o Presidente,
a própria CEDEAO concordou que não existe consenso e pediu aos guineenses
que o acompanhem na nomeação que irá fazer.
Congresso do PAIGC
O chefe de Estado reúne-se com os
partidos políticos exatamente no dia em que começa o nono congresso do Partido
Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
O Tribunal Regional do Norte da
Guiné-Bissau já autorizou a realização, a partir desta terça-feira (30.01), do
congresso do PAIGC, o principal partido no Parlamento guineense. Ficam, assim,
suspensos os efeitos da providência cautelar intentada na semana passada por um
grupo de militantes do PAIGC, disseram à agência Lusa fontes judiciais.
À DW África, Domingos Simões
Pereira, presidente do partido, já tinha garantido que o congresso teria lugar
na terça-feira (30.01). "As nossas estruturas judiciais estão a acompanhar
todas as situações, eventualmente pendentes, e estamos tranquilos em fornecer
os dados necessários. Portanto, o congresso terá lugar na data prevista",
disse Domingos Simões Pereira.
Partido em crise
O PAIGC vive momentos de crise
interna com militantes e dirigentes divididos - uns apoiam a direção, outros
estão alinhados com os 15 deputados expulsos do partido em 2015, acusados de
indisciplina partidária.
Os 15 deputados já deixaram claro
que não vão participar no Congresso até que todos os militantes suspensos sejam
reintegrados no partido. Foi o que disse o coordenador do grupo, Braima Camara,
em conferência de imprensa.
Braima Camara explicou que
o problema não é dos 15 deputados, mas sim dos dirigentes, quadros
e militantes. "A decisão requer um amplo consenso. Estamos disponíveis a
reintegrar com todos os camaradas perseguidos e marginalizados pela
direção", afirmou o deputado.
O congresso do PAIGC, que tem
sido um dos palcos de tensão política no país, decorre até ao próximo domingo
(04.02).
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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