Yanis Varoufakis, economista
rebelde, assegura: os bitcoins são bolha; mas a tecnologia por
trás deles pode ajudar as sociedades a libertarem-se dos banqueiros e corruptos
Entrevista a Tom Upchurch, no Wired |
Tradução Hugo Albuquerque e Marco Guasti | em Outras Palavras
Quando conheci Yanis Varoufakis
em 2014, ele era um economista altamente respeitado, embora relativamente
desconhecido. Naquela época, o preço do Bitcoin flutuava em torno dos US$ 440.
Três anos depois, sua carreira seguiu uma trajetória similar à da valorização
do Bitcoin. Ambos têm experimentado meteóricas ascensões, marcadas por muito
drama e volatilidade. Varoufakis foi empurrado aos holofotes quando tornou-se
ministro das finanças da Grécia. Confrontou o programa de austeridade levado
adiante pela Troika [articulação entre Banco Central Europeu, Fundo Monetário
Internacional e Comissão Europeia, que gerou um organismo informal de
intervenção na União Europeia depois da crise de 2008]. Hoje ambiciona reformar
a União Europeia. Enquanto isso, o preço do Bitcoin ultrapassou, há duas
semanas, US$ 20 mil pela primeira vez.
Varoufakis pode ter sido um dos
primeiros líderes políticos a explorar o uso de pagamentos baseados em
blockchain para uma economia nacional. No auge da crise financeira da Grécia,
ele desenvolveu um plano para criar um sistema de pagamentos paralelo Peer-to-Peer [par
a par, espécie de arquitetura de rede informacional na qual não existe a
hierarquia entre servidor e cliente] baseado no blockchain. Mas ele quer
deixar um ponto claro: “Eu nunca fiquei impressionado pelo Bitcoin em si; no
entanto, desde o começo, estou dizendo que o blockchain é uma bela solução para
problemas que nós nem sequer imaginamos ainda”.
Como o preço do Bitcoin
continua flutuando, a moeda continua sob uma onda de críticas. Varoufakis não é
menos crítico em relação às criptomoedas, mas por outros motivos que os
argumentos expressados geralmente.
Bitcoin é uma “bolha perfeita”
Citando a bolha financeira holandesa do século XVII, causada pelas tulipas, Varoufakis vê a valorização do Bitcoin como “uma perfeita bolha-tulipa”. Sua explicação é simples: “Apenas olhe os dois gráficos. O gráfico um traz a evolução do preço em dólares do Bitcoin, que tem crescido exponencialmente. O gráfico dois expressa o número de transações e a quantidade de bens e serviços vendidos e comprados por Bitcoins”. A justaposição entre os dois gráficos sugere que o preço do Bitcoin está muito inflado em relação ao seu uso real. Isso leva Varoufakis à conclusão que, “sem uma sombra de dúvida, a valorização consiste em uma bolha perfeita.”
O que está direcionando a crença
no bitcoin? Algumas pessoas alegam que ele é um porto seguro
comparado às instáveis moedas nacionais, particularmente as que têm sido
infladas por meio deQuantitative Easing [ou QE, algo como “flexibilização
quantitativa”, um sistema de criação automática de dinheiro novo gerado por
meio de uma ordem de um autoridade monetária]. Mas Varoufakis é rápido em
rejeitar essa narrativa. O fato é que outros ativos seguros, como o ouro e o
dólar, não estão acompanhando a selvagem valorização do bitcoin. Para
Varoufakis, isso é uma clara indicação de que os investidores não estão
correndo para investir em ativos fixos. Ele argumenta: “Se houvesse uma
correlação entre os preços do ouro e do bitcoin, então seria clara a
existência, por parte dos investidores, de um movimento de fuga, de moedas
variáveis para ativos fixos. Mas isso não está acontecendo.”
Na visão de Varoufakis, o que
está realmente acontecendo é a formação de uma clássica bolha auto-alimentada.
Isso pode ser explicado por meio do pensamento de uma das influências
intelectuais primárias de Varoufakis, o economista britânico John Maynard Keynes.
Keynes estudou como a irracionalidade e as emoções guiam as decisões de
investidores quando tomados por febre especulativa, ganância e soberba.
Varoufakis acredita que a valorização do bitcoin está assentada pela mesma
exuberância: “Como Keynes argumentou, esse é o tipo de bolha que se forma
quando a opinião média do público está tentando adivinhar qual será
a opinião média do público a respeito de algo”. Esse jogo autorreferente é
o que continua guiando de forma errática o preço do bitcoin. Mas sobre
adivinhar quando essa bolha explodirá, Varoufakis é inflexível: “Em sistemas
dinâmicos não-lineares, a possibilidade de se prever quando uma bolha explodirá
é zero.”
Embora possa ser impossível
prever o seu estouro, Varoufakis não está preocupado com o risco de bolha do
bitcoin desencadear uma crise financeira mais ampla. Apesar da atenção da mídia
e de uma rápida taxa de crescimento, o tamanho do mercado da moeda continua
minúsculo em comparação ao setor financeiro geral. A capitalização do mercado
de bitcoins equivale a aproximadamente 0,25% do mercado de ações global (que é
de US$ 73 trilhões), 0,083% do mercado imobiliário global (de US$ 217 trilhões)
e 0,033% do mercado global de derivativos (de US$ 544 trilhões).
É improvável que o Bitcoin cause
o efeito dominó que as Obrigações de Dívida de Garantia (CDOs) e Swaps de
Incumprimento de Crédito (CDSs) causaram durante a crise financeira de 2008.
Varoufakis sustenta que foi a interconexão de CDOs e CDSs com quase todos os
outros produtos do setor financeiro que causou uma crise financeira
generalizada em 2008. Ainda assim, ele adverte: “Estou preocupado e ouço muitos
ruídos sobre a criação de novos instrumentos financeiros baseados em bitcoin,
incluindo CDOs. Se isso crescer com o ímpeto que vimos em 2007, provavelmente
teremos as mesmas preocupações, mas não acho que isso vá acontecer.”
A Fantasia do Dinheiro Apolítico
Os críticos do Bitcoin tendem a
se ater às limitações técnicas da tecnologia; seu gasto energético, sua
estrutura anárquica, sua velocidade de transação mais lenta e o anonimato do
usuário. Varoufakis concorda que existem inúmeras falhas de design na moeda.
Dentre elas: “O fato que não há controles, nem um sistema democrático de pesos
e contrapesos sobre seu funcionamento, nem nenhuma maneira de salvaguardar
as transações financeiras por meio de algum tipo de apólice de seguros para
aqueles que sejam prejudicados.” Mas sua crítica central gira em torno do que
ele chama de “a fantasia do dinheiro apolítico”.
Para Varoufakis, o dinheiro é
inerentemente político. As decisões sobre emitir dinheiro ou não, sobre quanto
é distribuído e quem o recebe, têm consequências políticas significativas,
beneficiando certos segmentos sociais em detrimento de outros. A característica
central do bitcoin — não ser administrado por um Banco Central ou estar sujeito
a uma autoridade competente — significa que a responsabilidade por sua
distribuição é obscura. Isso pode ter profundas implicações políticas e sociais
em tempos de crise.
Para entender o que Varoufakis quer
dizer por “natureza política do dinheiro”, considere como os governos respondem
às crises financeiras. Quando uma tempestade relevante ocorre, ela é
normalmente causado pela inadimplência de dívidas em massa e interconectadas.
Essas dívidas provocam o colapso da economia, o que faz com que uma grande
parte da oferta de dinheiro desapareça efetivamente. Com o dinheiro
esvaindo-se, os governos têm de escolher se o repõem ou não. Escolher se vão,
ou não, imprimir e injetar mais dinheiro na economia torna-se uma decisão
política com repercussões políticas. Como Varoufakis lembra, “as autoridades
políticas podem escolher transferir o peso de uma crise para os devedores, e
geralmente os devedores mais fracos e mais pobres. Neste caso,
efetivamente, estão redistribuindo poder e riqueza contra os membros mais
fracos da sociedade.”
Se a decisão for a de
restabelecer a oferta monetária, como em 2008 através de QE, a maneira
pela qual esse dinheiro será canalizado através da economia também influenciará
a economia política. Na opinião de Varoufakis, o QE foi projetado para
beneficiar as grandes corporações. Se o projeto fosse auxiliar as opções
alternativas — como a criação de um novo banco de público, dedicado financiar
investimentos em Educação, Saúde ou Infra-estrutura –, as decisões teriam
repercussões políticas muito diferentes. Para Varoufakis, “essas decisões são
fundamentalmente políticas e alteram a economia política e a distribuição de
renda de uma sociedade. Você acaba tomando decisões políticas, querendo ou não,
mesmo quando opta por não fazer nada – o que também é uma decisão política”.
Para Varoufakis, no momento em
que você adota a filosofia fundamental do bitcoin, que define a quantidade de
dinheiro de forma separada ao ciclo econômico, da economia e do processo
político, você “torna a moeda exógena a qualquer coisa que tenha a ver com o
nosso sistema de tomada de decisões coletivas. Você está tomando uma decisão
política na qual, em tempos de crise, a sociedade opta por direcionar poder e
riqueza para os criadores [desse dinheiro] e para os membros mais ricos da
sociedade”. Assim, ao remover a criação de dinheiro dos sistemas de tomada de
decisões humanas, o algoritmo do bitcoin corre o risco de congelar, e até mesmo
acentuar, as desigualdades atuais de riqueza.
Como um economista inspirado nas
teorias de Karl Marx e John Maynard Keynes, Varoufakis preocupa-se
principalmente com a distribuição de riqueza e o impacto que isso tem sobre as
relações entre credores e devedores. E se alguém projetasse um algoritmo que
não só controlasse a produção de moeda (como o bitcoin), mas também a
distribuição de dinheiro? Se um algoritmo pudesse ser projetado para
redistribuir a riqueza de forma mais equitativa, isso aliviaria as preocupações
de Varoufakis com sistemas técnicos que operam fora dos processos humanos de
tomada de decisão?
Mesmo que tal algoritmo pudesse
ser projetado, Varoufakis insiste que “a democracia e o processo democrático,
na minha opinião, são insubstituíveis”. Isso ocorre porque os humanos nunca estabeleceram
uma noção precisa e definida de justiça, razoabilidade ou igualdade. Mesmo no
caso da redistribuição da riqueza, existem várias teorias concorrentes de como
fazê-lo. Em consequência, as sociedades nunca concordarão perfeitamente com um
processo apolítico, algorítmico e técnico, para redistribuir a riqueza. Como
Varoufakis advertiu: “Não podemos terceirizar as discussões sobre o que é
adequado, o que é justo, o que é razoável, o que é certo, para algum algoritmo,
para qualquer algoritmo — nem mesmo para o algoritmo mais fascinantemente
brilhante. Estes sempre serão o resultado do debate, do diálogo, da ‘Ágora’ na
antiga tradição grega. De sentar-se e discutir até o sexo dos anjos — não há
escapatória disso”.
Apesar das críticas de Varoufakis
ao bitcoin, as criptomoedas estão ganhando força. Os países que enfrentam
crises, como a Venezuela, estão começando a recorrer a elas, como um substituto
das suas moedas nacionais em dificuldades. Varoufakis acredita que o bitcoin
pode substituir as moedas nacionais flutuantes no futuro próximo? “É
perfeitamente viável que uma pequena nação possa adotar uma moeda cuja oferta
monetária não possa ser manipulada ou controlada. Mas a verdadeira questão é se
isso é desejável. Quanto a esta questão, eu sou categoricamente contra”.
No caso da Venezuela, Varoufakis
aconselha: “A Venezuela deve resolver seus intermináveis assuntos políticos
antes de começar a pensar em bitcoin”. A aproximação entre o governo e a
oposição deve vir primeiro, pois sem ela a polarização na sociedade venezuelana
torna impossível qualquer sistema monetário. Mais uma vez, Varoufakis enfatiza
o primado da política e as limitações das soluções técnicas para os problemas
políticos. “Não esqueçamos que nossas economias de mercado exigem um grau de
consenso político e legitimidade para funcionar. E, sem isso, não há solução
técnica que possa enfrentar em uma crise como essa na Venezuela”, pensa o
economista.
Alguns entusiastas do bitcoin
sugeriram que a moeda poderia, um dia, desafiar o sistema global da reserva do dólar,
sobre o qual o poder econômico da Casa Branca se baseia. Mas, novamente,
Varoufakis vê essa visão como pura fantasia. “O bitcoin nunca prejudicaria o
privilégio exorbitante do dólar dos EUA ou de qualquer outra moeda apoiada pela
força”, diz ele. Em sua visão, as moedas são sustentadas não apenas pelo soft
power das instituições, mas também pelo hard power das
estruturas militares geopolíticas. Como ele explicou: “Se você for um rei do
petróleo saudita ou um industrial da China ou da Coréia, desejará aplicar seu
dinheiro em títulos e ativos lastreados na moeda da superpotência que tem o
poder militar e a força geopolítica para sustentar sua própria moeda”.
Blockchain e o Futuro da Europa
Embora Varoufakis reconheça as
limitações do bitcoin e de outras soluções técnicas para problemas políticos,
ele também vê potencial nas tecnologias blockchain. Para ele, “o algoritmo que
opera por trás do bitcoin chamou minha atenção desde o início. Considero que
esta é uma tecnologia excepcional”.
Ainda em 2012, Varoufakis
cogitava usar o blockchain para ajudar a resolver os problemas financeiros da
Europa. Poucos dias após ser nomeado ministro das Finanças da Grécia, em 2014,
seu programa anti-austeridade deparou-se com uma ameaça direta da Troika:
fechar os bancos da Grécia. Sem sistema bancário, o país travaria. Para
combater essa ameaça, Varoufakis desenvolveu um plano audacioso para manter o
sistema financeiro do país funcionando.
Varoufakis propôs a criação de
uma alternativa, um sistema de pagamentos Peer-to-Peer baseado no
blockchain. Isso romperia com a intermediação da Troika e dos mercados
monetários no financiamento da Grécia. No entanto, sem o dinheiro proveniente
da Troika, era preciso criar um sistema de pagamentos paralelo, que alavancasse
os tributos que todos os cidadãos e empresas da Grécia precisam pagar, como uma
nova forma de dinheiro. Ele batizaria isso de “dinheiro fiscal”.
Para entender como o dinheiro
fiscal funciona, imagine que uma empresa farmacêutica na Grécia fosse credora
do Estado. Devido aos constrangimentos da crise, pode ser que demorasse anos
para ser paga em euros normais, provenientes do Banco Central. E se houvesse
uma opção alternativa? E se o Estado grego criasse uma conta de reserva para a
empresa sob seu número de registro tributário, na qual seriam depositados
créditos fiscais de um milhão de euros? Este IOU [”I Owe You”, espécie de
compromisso informal de pagamento de dívida assinado pelo ministro das
finanças] também poderia ser usado pela empresa para pagar outras
organizações e indivíduos dentro do país.
Um dos aspectos mais disruptivos
desse plano, que não foi realizado, seria habilitar o Estado para emprestar
diretamente aos cidadãos e vice-versa [ou seja, dispensando os bancos]. Com
isso, Varoufakis estava tentando usar novas tecnologias digitais, como o
blockchain, para eliminar a intermediação das autoridades de empréstimos
europeias e construir novas relações de empréstimo entre cidadãos, empresas e o
Estado.
O risco que este sistema
enfrentaria seria a ameaça de corrupção e o subsequente declínio da confiança
pública nas autoridades, que Varoufakis admite ser “muito baixa” em um país
como a Grécia. Por exemplo: e se as autoridades gregas abusassem desses
créditos tributários e começassem a distribuir esse novo “dinheiro fiscal” para
aliados e amigos próximos? É ai que Varoufakis viu o potencial do blockchain.
“Se o sistema de pagamentos fosse baseado no blockchain, isso permitiria a
combinação perfeita do anonimato com a transparência, e uma relação com o valor
total das transações da moeda. O blockchain superaria o problema da confiança
como o conhecemos”.
Para Varoufakis, aqui reside o
grande potencial do blockchain. Não só tem a capacidade de eliminar
intermediários como, também, podemos melhorar a transparência geral dos
sistemas. Não se engane, Varoufakis não acredita que o blockchain irá resolver
completamente o problema da corrupção. Na opinião dele, “todo sistema
financeiro é usado e abusado para propagar a corrupção. A nota de € 500 é
ironicamente chamada de “al-Qaeda” — uma ferramenta “perfeita” para a
máfia e para o terrorismo”. Varoufakis acredita que o que devemos fazer é
tentar melhorar tecnologias que nos permitam limitar a corrupção. Na
opinião dele, “o blockchain tem muitas qualidades e capacidades que podem nos
ajudar a limitar esse abuso.”
Ao projetar futuros sistemas
digitais, como o blockchain, Varoufakis exige “coordenação” e “abertura” entre
tecnólogos, designers e cidadãos. Ele também aconselha que as organizações
“façam o contrário do que o Vale do Silício está tentando fazer, que é
assegurar o fluxo de lucro, tentando criar direitos de propriedade sobre tudo
que fazem”. No entanto, quando se trata do debate sobre se os blockchains
permanecerrão públicos (como o bitcoin e o ethereum) ou privados, ele prevê uma
mistura de sistemas baseados em blockchains públicos, consorciados e privados.
De acordo com Varoufakis, “qualquer ferramenta útil deve ter um uso em todos os
níveis: privado e público”. E ele prevê que o blockchain será usado pelos
Bancos Centrais para criar moedas nacionais; pelos bancos privados e empresas
para agilizar negociações e pelas cooperativas para pagamentos e transações
internas.
Olhando para o futuro, Varoufakis
está engajado na causa de uma União Europeia nova e reformada. Sua organização, DIEM25, tem como objetivo criar um
sistema europeu menos desigual. Na sua opinião, “as estruturas federais são
essenciais — são como os alicerces de um edifício”. Mas atualmente elas atentam
apenas ao comércio, aos padrões industriais, aos padrões ambientais e, claro, à
moeda. Para Varoufakis, a Europa precisa de uma união política, fiscal e
constitucional completa. Caso contrário, “se não tivermos o todo, estaremos sob
constante ameaça de um colapso”.
O blockchain tem certo espaço na
visão de Varoufakis para renovar uma Europa menos desigual. Idealmente, ele
seria usado para criar um sistema monetário de dois níveis. Os Estados membros
individuais avançariam em direção a uma versão blockchain do “dinheiro fiscal”
de Varoufakis. Em cima disso, o Banco Central Europeu (BCE) criaria uma moeda
digital abrangente a nível europeu. “Meu sonho para a reconfiguração monetária
da União Européia, em particular para a zona do euro, é composto por
estados-nações lastreados em blockchain, dinheiro fiscal denominado em euro,
existindo sob o manto de um euro lastreado em um amplo blockchain”, teoriza o
grego economista.
Tecnologias como o blockchain
também podem ajudar a satisfazer a visão de Varoufakis de uma Europa que é simultaneamente
homogeneizada o suficiente para enfrentar os grandes problemas (como o sistema
bancário, a redistribuição fiscal e a pobreza) e descentralizada para as
decisões mais corriqueiras, do dia a dia. Na verdade, a DIEM25 está
convidando os europeus a “imaginar a União Europeia, não como uma união de
governos, mas como uma união de cidades e de regiões, onde o poder é
simultaneamente descentralizado e a resolução de problemas básicos comuns é
feita a nível mais amplo, a nível europeu”.
O blockchain pode desempenhar um
papel na divulgação desta visão, mas como Varoufakis confessou: “Eu tenho que
dizer que não sou muito otimista quanto à capacidade da inovação tecnológica,
por si só, possa mudar o curso da história”. Para Varoufakis, a política e as pessoas
vêm primeiro.
—
Texto publicado originalmente
no blog
da Autonomia Literária
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