Kevin Kühnert tem 28 anos e
lidera a ala jovem social-democrata. Sua rejeição a uma repetição da grande
coalizão na Alemanha pode levar a novas eleições, à queda do presidente da
legenda e ao fim da era Merkel.
Aos 28 anos, o líder da ala jovem
do Partido Social-Democrata (SPD) talvez seja uma figura improvável para
liderar uma revolução política. Mas apesar das pressões, de dentro e de fora de
seu partido, para que desista de fazer oposição à formação de uma nova grande
coalizão com os conservadores de Angela Merkel, Kevin Kühnert continua
apresentando suas armas.
"Você não consegue achar
ninguém que esteja empolgado com a ideia de fazer parte de outra grande
coalizão”, disse Kühnert nesta quinta-feira (17/01), se referindo ao clima
entre seus correligionários. Ele prometeu continuar encorajando seus
colegas de partido a não aprovarem o pré-acordo de coalizão, na convenção
especial do SPD agendada para este domingo em Bonn.
Os 600 delegados do congresso,
incluindo de 80 a 90 Jusos (como é chamada a ala jovem do SPD), têm
autoridade para aprovar ou rejeitar o início formal de negociações para
coalizão com os conservadores de Merkel. Se os delegados votarem pelo não, provavelmente
isso acarretará, além de novas eleições, a renúncia do presidente do SPD e
ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e, possivelmente, o fim da
era Merkel.
Também pode levar a outro
desastre eleitoral para o SPD, que amarga atualmente 18,5% nas pesquisas de
intenção de voto (queda sensível, se comparada aos 24,6% obtidos nas últimas
eleições, que já representaram um revés).
Kühnert diz estar disposto a
enfrentar todos esses riscos – que não podem ser considerados insignificantes –
para que o SPD volte a ser competitivo e retorne a seus princípios de
esquerda, que ele considera negligenciados na aliança com Merkel.
"O SPD está em uma situação
desagradável", avalia Kühnert. "Não importa o que fazemos, as
pessoas vão se sentir ofendidas."
Ele avalia que o resultado
da convenção social-democrata de domingo, da qual dependem os rumos políticos
da Alemanha, "está completamente em aberto”. Segundo o jovem político,
existe uma chance realista de que ele consiga vencer, impondo uma derrota a
Schulz.
Depois que o SPD obteve o pior
resultado de sua história, nas eleições de setembro passado, o candidato a
chanceler derrotado Martin Schulz anunciou que o partido não renovaria sua
parceria com Merkel e que iria para a oposição.
Mas Schulz mudou o tom no final
de novembro. Depois que os conservadores não conseguiram fechar um pacto com
verdes e liberais, ele aceitou negociar uma grande coalizão.
Kühnert se tornou chefe dos Jusos
(jovens socialistas) em novembro passado, pregando o fim da grande coalizão
desde seus primeiros momentos como líder da ala jovem do SPD. Talvez tenha sido
por isso que ele tenha sido eleito com 75% dos votos chefe do grupo partidário.
Deutsche Welle
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