@Verdade | Editorial
Após o bárbaro assassinato de
Mahumudo Amurane, a cidade de Nampula transformou-se num verdadeiro caos. Os
problemas da urbe agudizaram-se de uma forma impressionante, mostrando
claramente que as intervenções que foram feitas reflectiam indubitavelmente o projecto
pessoal de Amurane. Com o seu assassinato, a edilidade do mais importante
centro urbano do norte de Moçambique abandonou as suas responsabilidades,
sobretudo no que diz respeito à remoção de resíduos sólidos, tanto na zona
urbana como suburbana, e melhoramento das vias de acesso.
Um dos aspectos que também saltou
à vista, após o assassinato de Mahumudo Amurane, foi a invasão aos passeios das
artérias de Nampula pelos vendedores ambulantes, situação essa que o então
edil, com muita inteligência e sensibilidade, conseguiu controlar. No entanto,
invocando a necessidade de limpar a cidade e permitir maior mobilidade dos
munícipes, o presidente interino do Conselho Municipal da Cidade de Nampula,
Américo da Costa Iemele, convocou a Imprensa para tornar pública a sua decisão
de retirada pacífica dos vendedores ambulantes dos passeios de Nampula.
Iemele disse, socorrendo-se do
código de postura municipal, que, apartir de 14 de Fevereiro corrente, fica
expressamente proíbido a venda de todo tipo de artigos nas ruas e passeios da
cidade de Nampula, dando, assim, sete dias aos vendedores para abandonarem o
local. O aviso foi também extensivo aos operadores do comércio formal, aos
proprietários das lojas e armazéns. Caso não se respeite esse “ultimato”,
usando os meios municipais a sua disposição, Iemele promete uma execução
coersiva aos que ganham a vida nas ruas do terceiro maior centro urbano do
país.
A decisão de Iemele é, diga-se de
passagem, bem-vinda, pois os munícipes de Nampula já estavam a habituar-se a
viver numa cidade limpa, e a circularem nos passeios sem esbarrar em bancas ou
artigos expostos em plena via pública. Porém, esta decisão do edil interino
peca, primeiro, por ser tardia e, segundo, por se tratar de uma retaliação
contra os eleitores que na última eleição intercalar para a escolha do
presidente do município demonstrou a sua insatisfação em relação ao partido
Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Lembrem-se de que os vendedores
ambulantes voltaram a ocupar os passeios a convite do partido de Américo
Iemele, sobretudo na pessoa de Manuel Tocova.
Portanto, no lugar de desencadear
uma campanha contra os vendedores da rua, o presidente interino da cidade de
Nampula devia aproveitar o pouco tempo que lhe resta na gestão do município
para ocupar-se no melhoramento os mercados, que se transformaram num atentado à
saúde pública, para além de tapar os buracos nas vias e remover o lixo que tem
estado a tirar o sossego dos “nampulenses”.
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