Empresária Isabel dos Santos
acusa atual presidente da Sonangol de fazer "acusações graves" contra
a "honra" e o "trabalho sério" da sua equipa, enquanto
esteve à frente da petrolífera. Ameaça agora com queixa-crime.
A ex-presidente do conselho de
administração da Sonangol, Isabel dos Santos, considerou as acusações da atual
administração como "uma campanha generalizada e politizada" e que
demonstram um regresso "dos interesses das pessoas que enriqueceram"
à custa da petrolífera angolana.
A empresária angolana, que foi
presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal entre junho de
2016 e novembro de 2017, respondeu no domingo (04.03), em comunicado, às
acusações feitas pelo seu sucessor, Carlos Saturnino, numa conferência de
imprensa realizada a 28 de fevereiro.
Saturnino acusou a antiga
administração de ter realizado uma transferência de 38 milhões de dólares já
após ter sido exonerada, denúncia que já
levou a Procuradoria-Geral da República a abrir um inquérito.
"Esta campanha generalizada
e politizada contra mim faz-me acreditar que estão de retorno os interesses das
pessoas que enriqueceram de bilhões à custa da Sonangol. São estes que hoje
fomentam e agitam a opinião pública de forma poder retomar os seus velhos
hábitos", lê-se no comunicado de Isabel dos Santos, distribuído ao fim do
dia de domingo.
A filha do ex-Presidente de
Angola, José Eduardo dos Santos, escreve que foi "com espanto" que
acompanhou as declarações proferidas pelo atual presidente da Sonangol, pelo
que não podia deixar de demonstrar a sua "total indignação, com a forma
como, sob o título de "constatações/factos" foram feitas
"acusações e insinuações graves, algumas das quais caluniosas" contra
a "honra" e o "trabalho sério, profissional e competente"
que a equipa do anterior conselho de Administração desenvolveu ao longo de 18
meses.
Segundo Isabel dos Santos,
"após quatro slides muito genéricos e superficiais sobre a performance da
empresa e do setor petrolífero em Angola, a conferência de imprensa rapidamente
deixou de concentrar naquilo que deveria ser o seu propósito".
Para a empresária, as tentativas
de Carlos Saturnino - que tinha sido anteriormente exonerado de funções na
Sonangol por Isabel dos Santos - de reescrever a história são consequência, no
seu entender, "de um retorno em força da cultura de irresponsabilidade e
desonestidade que afundaram a Sonangol em primeiro lugar".
Queixa-crime
Em entrevista ao jornal português
Negócios, Isabel dos Santos afirmou entretanto que vai apresentar uma
queixa-crime contra o presidente da Sonangol: "Estou neste momento a
trabalhar com advogados nesse sentido e apresentarei essa queixa em função das
afirmações e alegações que foram feitas. São difamatórias. Sem dúvida",
disse.
Na mesma entrevista, a
ex-presidente do conselho de administração da Sonangol afirma ainda que está
"confortável" com o inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República
de Angola.
"Estou completamente
confortável com o procedimento em si. Acho que é bem-vindo. Agora, foi com
muito espanto que acompanhei as declarações feitas na conferência de imprensa.
As palavras do presidente do conselho de administração atual, Carlos Saturnino,
para mim, foram chocantes. Faltaram imenso à verdade", salientou.
"Uma das afirmações era a de
que poderiam existir instruções que teriam ocorrido após a minha cessão de
funções como presidente da Sonangol. Isso é falso", disse.
Gastos exorbitantes?
Na conferência de imprensa da
semana passada, Carlos Saturnino acusou também a gestão de Isabel dos Santos de
gastos exorbitantes em serviços de consultoria, em remunerações salariais dos
administradores, bem como a falta de transparência no processamento salarial.
Sobre estas e outras acusações,
Isabel dos Santos respondeu, em comunicado, que o investimento realizado em
consultoria foi o mais baixo até à data e traduziu-se em valor acrescentado e
com impacto concreto da rentabilidade da Sonangol.
Este impacto, referiu, levou à
identificação de mais de 400 iniciativas de redução de custos e mais de 50
iniciativas de aumento de receitas, as quais, conjuntamente, afirmou,
permitiram melhorar os resultados em 2.200 milhões de dólares.
Agência Lusa, gcs | Deutsche
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