quarta-feira, 14 de março de 2018

CARACAS JAMAIS SERÁ COMO SANTIAGO!


Martinho Júnior | Luanda
  
1- A 11 de Setembro de 1973, em Santiago do Chile, as Forças Armadas do Chile, sob comando do General Augusto Pinochet, produziu o sangrento golpe de estado contra o Presidente eleito Salvador Allende, inaugurando a era dos governos capitalistas neoliberais no mundo.

O choque passou a ser um recurso e, onde quer que o pêndulo se inclinasse a favor do capitalismo neoliberal, o choque esteve sempre presente, inclusive nos próprios Estados Unidos, quando o Presidente Ronald Reagan perfilhou a ementa neoliberal por via duma expansão armamentista e intervencionista no mundo (que levaria ao colapso do socialismo na Europa do Leste e à implosão da URSS), ou na Grã-Bretanha, com Margareth Thatcher, que além da Guerra das Malvinas, esmagou os sindicatos britânicos.

As Revoluções Coloridas e as Primaveras Árabes, foram parte dos recursos do choque e, sempre que isso ocorreu, os governos emanados foram vetores de desintegração interna, de caos e até de terrorismo, para que a terapia neoliberal abrisse as portas aos interesses e cobiças das multinacionais, elas próprias sustentáculos dos “lobbies” que nutrem o poder nos Estados Unidos!

2- Para que a hegemonia unipolar que instrumentaliza os Estados Unidos possa produzir o choque neoliberal na Venezuela, nos termos em que tem orientado as suas experiências, inclusive as experiências “laboratoriais”, necessário se tornaria contar com pelo menos uma fracção das forças armadas do país alvo.

Ao contrário dessas expectativas da hegemonia unipolar contra a Venezuela, são as suas próprias experiências de subversão, alienação e desestabilização que têm encontrado pela frente, entre outros e sempre de modo entrosado e integrado, os dispositivos militares e paramilitares bolivarianos, que têm sabido dosear os seus esforços em função das características de cada uma das ameaças, sejam as de carácter “civil”, sejam as de carácter militar, internas ou externas.

Poupar energias revolucionárias, tal como garantir reservas, é essencial face às ameaças, de forma a nunca surgir de forma arrogante ou desproporcionada para fazer face às ocorrências e colocar sempre capacidade persuasora e dissuasora antes de tudo o mais, acautelando aproveitamentos que se inscrevem na guerra psicológica sempre presente em todos os actos de desestabilização levados a cabo pela oligarquia venezuelana agenciada.

Para tal o comando tem de gerar constantemente culturas de inteligência e criatividade!

Tudo isso só pode ser feito com patriotismo, unidade, coesão, organização, disciplina e estreita identidade com a Constituição e com o povo e é assim que têm sido aferidas e temperadas as Forças Armadas Bolivarianas, assim como toda a juventude e quadros que nelas prestam serviço, desde logo com a emergência telúrica do Comandante Hugo Chavez e agora com a fidelidade e a temperança do Presidente Nicolas Maduro!

 3- Tive a oportunidade de observar e sentir isso em relação às Forças Armadas Bolivarianas, na minha curta deslocação integrando as colunas de Delegados Internacionais que responderam à chamada de “Todos somos Venezuela”, acorrendo de todos os continentes a Caracas nos dias 5, 6, 7 e 8 de Março de 2018.

Ficou patente nos actos mais solenes, como o que presenciei em La Guaira, na magnífica Praça Bolívar-Chavez, assinalando o 5º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez, como no Quartel da Montanha onde o mausoléu do heróico Comandante tem um lugar reservado bem no coração da estrutura, como nos simples actos de escolta dos autocarros dos convidados, ou o asseguramento dos locais onde ocorreram os fóruns, como no Teatro Teresa Carreño, uma instalação vivificante em termos de manifestações culturais e sócio-políticas, ou no próprio hotel onde os convidados ficaram instalados (o Gran Melia de Caracas).

Também foi assim na incursão ao Parque Natural de Ávila durante a manhã e parte da tarde do dia 5 de Março, ali onde alguns dos nós dos poderosos dedos dos Andes mais a norte encontram o Mar das Caraíbas, entre o pequeno mas cosmopolita Estado de Vargas e Caracas.

As caravanas deslocaram-se com asseguramentos ao milímetro, visíveis e invisíveis, inclusive nas estreitas e empinadas estradas de montanha e nos locais das ocorrências verifiquei a existência de dispositivos em estrita conformidade a cada objectivo e acto, para que provocação alguma pudesse chegar aos hóspedes, convidados e participantes, inclusive, como é lógico, os que participaram na reunião internacional da ALBA.

São as respostas aos expedientes de desestabilização que espevitam e temperam as Forças Armadas Bolivarianas e é esse exercício constante, sistemático e amadurecido, que pude verificar, inclusive quando era necessário entrosar forças (no Parque Nacional de Ávila, por exemplo, com a Guarda Florestal).

3- Antes da minha partida para a Venezuela, acompanhei com mais intensidade a evolução da situação do estado crítico de Táchira e verifiquei, entre outras coisas, uma escaramuça duma unidade das Forças Armadas Bolivarianas contra um grupo paramilitar colombiano que foi desbaratado, assim como recolhi dados sobre a filtragem de sabotagens económicas através da fronteira em plenos Andes.

Nos Estados que bordejam as Caraíbas, principalmente em relação a Curaçao, a atenção da Marinha e da Força Aérea Bolivarianas tem sido uma constante e há registos, amiúde, dos logros que vão obtendo…

As Forças Armadas Bolivarianas e as forças paramilitares têm vindo a acompanhar todas as Grandes Missões, Missões e programas desencadeados pelo Governo Bolivariano sob a direcção do Presidente Nicolas Maduro, pois tudo tem de ser feito com rigor e os recursos não se podem desperdiçar…

Por tudo o que tenho verificado virtualmente e o que pude observar a quente na curta passagem pela Venezuela, só recolhi sinais de patriotismo, unidade, coesão, organização, disciplina e estreita identidade com a Constituição e com o povo, sem jamais se esconder, antes pelo contrário, as enormes dificuldades e desafios inerentes à guerra económica e financeira que está a ser movida contra a Venezuela Bolivariana!

Caracas, desse modo e com essa cultura intensa, permanente, por vezes até vibrante, das Forças Armadas Bolivarianas, que vão também participando no enfrentamento ao monstro e às suas monstruosidades, jamais será como Santiago!

Assim está a ser temperado o aço!

Martinho Júnior - Luanda, 12 de Março de 2018

Reportagem fotográfica de Martinho Júnior:
- Praça Bolivar-Chavez, em La Guaira, na manhã de 5 de Março de2018, momentos antes da cerimónia que assinalou o 5º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez;
- Praça Bolivar-Chavez, ante a estátua do Comandante heróico, durante a cerimóna;
- Quartel da Montanha, ao entardecer de 5 de Março de 2018;
- Delegação de Cuba honra o Comandante Hugo Chavez junto ao seu Mausoléu;
- Eu próprio e meus passos peregrinos depois da singela honra que prestei.

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