Fraca afluência nas mesas de
votação e problemas de cadernos repetiram-se na segunda volta das intercalares
em Nampula. Os órgãos da administração eleitoral reconhecem os problemas, mas
minimizam-nos.
A votação da segunda volta para a
eleição do edil de Nampula, a terceira maior cidade moçambicana, terminou por
volta das 18 horas locais, altura que iniciou a contagem de votos. Mas, a
semelhança da primeira volta a 24 de janeiro passado, alguns problemas
prevaleceram. Um deles foi a falta de fluência e problemas de nomes nos
cadernos eleitorais.
Segundo o cidadão Santos
Felisberto, "faltou o aconselhamento [educação cívica], fora da campanha
eleitoral. O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) deveria
criar alguns mecanismos de como sensibilizar as pessoas a irem votar. Para
evitar que esteja alguém no poder que não era do nosso desejo é melhor ir
votar."
Edumundo Manuel, outro eleitor,
votou na Escola Primária de Namuatho B, próximo da sua residência, sem
problemas, mas lamentou a fraca participação: "Como estamos a falar dessa
área de Namuatho [nas proximidades de campo agrícolas] alguns munícipes talvez tenham
ido as machambas."
Ilícitos mancham processo
Também a Sala da Paz, grupo
de organizações da sociedade civil que observou a votação, confirma estes
problemas. O grupo suspeita que as abstenções possam ter sido mais elevadas,
ultrapassando os 75% da primeira volta.
"Tivemos alguns ilícitos
eleitorais que, de alguma forma, mancham o processo eleitoral, como é o caso da
detenção de dois jovens que estavam a fazer campanha a favor do candidato da
RENAMO, e ainda um caso de ilícito duma senhora que, supostamente, estava a
fazer a entrega de uma lista de 24 pessoas estranhas ao presidente de
mesa", relata Juma Aiuba, o porta-voz da organização.
"A única coisa que nos
preocupa neste momento são os níveis de abstenções. Estamos com receios de
que os níveis de abstenção ultrapassem os 75% da primeira volta", diz.
Avaliação positiva da Polícia e
da CNE
O porta-voz da Polícia da
República de Moçambique (PRM) em Nampula, Zacarias Nacute, minimiza os
ilícitos eleitorais. "Está tudo controlado até ao momento e não tivemos
nenhum caso de sobressalto. E penso que os munícipes comportaram-se de forma
ordeira e o processo decorreu sem sobressalto", afirmou.
Os órgãos da administração
eleitoral reconhecem igualmente os problemas, mas minimizam-nos, garantindo que
foram resolvidos.
"[Os problemas] podem ter
sido por questões organizacionais, mas não propositada. Neste momento avalio
que o processo decorreu de forma tranquila", diz Martinho Marcelino,
presidente da Comissão Distrital de Eleições de Nampula.
Foram inscritos para votar tanto
nesta segunda volta, quanto na primeira, um total de 296.590 eleitores
distribuídos em 401 assembleias de votos.
Sitoi Lutxeque (Nampula) |
Deutsche Welle
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