domingo, 11 de março de 2018

Moçambique | VOTAR OU CUMPRIR UM RITUAL?


@Verdade | Editorial

Tendo em conta os últimos acontecimentos políticos, anunciados com pompa e circunstância pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tudo indica que o município de Nampula que, no próximo dia 14 do mês em curso vai às urnas, em segunda volta, para a eleição do presidente do Conselho Municipal, poderá ser o último local no país onde, na história das municipalizações, vai ser eleito de forma directa e pessoal um autarca. No entanto, sem nenhuma réstia de entusiasmo e, muito menos, novidade, a campanha eleitoral decorre como se de um funeral se tratasse.

Nesta segunda volta da eleição intercalar do presidente do Município de Nampula, apenas Amisse Cololo António, apoiado pela Frelimo, e Paulo Vahanle, da Renamo, disputam a liderança da maior autarquia do norte de Moçambique para os próximos cinco meses. Porém, chama muita atenção o desânimo de todos intervenientes. É quase público e notório que os munícipes de Nampula, sobretudo os membros e simpatizantes dos partidos que acompanham as caravanas, estão desmoralizados. Nem as capulanas, tampouco as camisetas e, muito menos, o combustível que receberam são argumentos para transformar a campanha eleitoral numa festa.

Na verdade, há razões mais do que suficientes para esse comportamento ou sentimento. Um dos primeiros e principais aspectos tem a ver com as promessas vazias e irrealizáveis (olhando para o tempo de governação) apresentadas pelos candidatos. A título de exemplo, Vahanle, prometeu electrificar o mercado central como forma de honrar os contribuintes dos cofres municipais e melhorar as ruas da cidade através de uma reabilitação de raiz. Por sua vez, Cololo prometeu melhorar o actual ambiente higiénico da urbe, criando comités de lixo e a melhoria das condições em que se encontram as áreas com impacto social, sobretudo infra-estruturas.

O segundo aspecto é relacionado com a falta de um plano concreto para os próximos cinco meses por parte dos candidatos, o que mostra a escassez de ideias. Felizmente, os “nampuleses” já se deram conta de que tudo não passa de conversa para boi dormir ou mais um engodo que vai criar rombo nas contas públicas, enquanto a cidade de Nampula debate-se com problemas relacionados com saneamento do meio, transportes e vias de acesso em estado lastimável.

Obviamente, cada moçambicano é livre de exercer o seu direito de voto, segundo a sua consciência e redemoinho das necessidades. Entretanto, é hipocrisia crassa acreditar que a ida às urnas irá trazer mudanças para urbe nos próximos meses. Portanto, no dia 14 de Março, alguns “nampuleses” não vão fazer mais do que cumprir um ridículo ritual.

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