@Verdade | Editorial
Tendo em conta os últimos
acontecimentos políticos, anunciados com pompa e circunstância pelo Presidente
da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tudo indica
que o município de Nampula que, no próximo dia 14 do mês em curso vai às urnas,
em segunda volta, para a eleição do presidente do Conselho Municipal, poderá
ser o último local no país onde, na história das municipalizações, vai ser
eleito de forma directa e pessoal um autarca. No entanto, sem nenhuma réstia de
entusiasmo e, muito menos, novidade, a campanha eleitoral decorre como se de um
funeral se tratasse.
Nesta segunda volta da eleição
intercalar do presidente do Município de Nampula, apenas Amisse Cololo António,
apoiado pela Frelimo, e Paulo Vahanle, da Renamo, disputam a liderança da maior
autarquia do norte de Moçambique para os próximos cinco meses. Porém, chama
muita atenção o desânimo de todos intervenientes. É quase público e notório que
os munícipes de Nampula, sobretudo os membros e simpatizantes dos partidos que acompanham
as caravanas, estão desmoralizados. Nem as capulanas, tampouco as camisetas e,
muito menos, o combustível que receberam são argumentos para transformar a
campanha eleitoral numa festa.
Na verdade, há razões mais do que
suficientes para esse comportamento ou sentimento. Um dos primeiros e
principais aspectos tem a ver com as promessas vazias e irrealizáveis (olhando
para o tempo de governação) apresentadas pelos candidatos. A título de exemplo,
Vahanle, prometeu electrificar o mercado central como forma de honrar os
contribuintes dos cofres municipais e melhorar as ruas da cidade através de uma
reabilitação de raiz. Por sua vez, Cololo prometeu melhorar o actual ambiente
higiénico da urbe, criando comités de lixo e a melhoria das condições em que se
encontram as áreas com impacto social, sobretudo infra-estruturas.
O segundo aspecto é relacionado
com a falta de um plano concreto para os próximos cinco meses por parte dos
candidatos, o que mostra a escassez de ideias. Felizmente, os “nampuleses” já
se deram conta de que tudo não passa de conversa para boi dormir ou mais um
engodo que vai criar rombo nas contas públicas, enquanto a cidade de Nampula
debate-se com problemas relacionados com saneamento do meio, transportes e vias
de acesso em estado lastimável.
Obviamente, cada moçambicano é
livre de exercer o seu direito de voto, segundo a sua consciência e redemoinho
das necessidades. Entretanto, é hipocrisia crassa acreditar que a ida às urnas
irá trazer mudanças para urbe nos próximos meses. Portanto, no dia 14 de Março,
alguns “nampuleses” não vão fazer mais do que cumprir um ridículo ritual.
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