Com erros de circunstância e
polémicas, aí estão as 14 candidatas à Eurovisão. Globalmente, ficou-se aquém
das expectativas. Mas, por favor, não se culpe a fórmula
João Gobern | Diário de Notícias
A grande resposta que se procura
dispensa rodeios: que canção vai ganhar? Depois, estará a Eurovisão disponível
para tolerar e votar um "sucedâneo" de Salvador Sobral, responsável
por um ato de coragem (a interpretação) e de bom gosto (a canção Amar
pelos Dois, de Luísa Sobral) mas nem por isso imune aos imitadores que, mais
declarada ou mais disfarçadamente, lhe "piscam o olho" e acreditam
ver ali as regras da alquimia festivaleira? Por fim, reconhecido o esforço da
RTP, acabará por colocar-se uma questão de médio prazo: quantas - e quais - das
canções hoje finalistas terão engenho e arte para poderem integrar o
"património" popular?
Talvez valha a pena começar por
aqui: esta final de 2018 aparece - porventura pressionada pela missão de
escolher a sucessora de uma canção vencedora - globalmente mais fraca do que a
de 2017. Desde logo por um outro resultado que lhe baixa a média, caso de Patati
Patata (de Paulo Flores, interpretada por Minnie e Rhayra), em que o
arremedo de sambinha é um fracasso, com uma roupagem final que tenta em vão
disfarçar a fraca inspiração e, ainda por cima, desaproveita a oportunidade de
"colar" as duas vozes. O esforço multilingue é, no mínimo, caricato,
exagerando nas concessões globalizantes.
E com Lili em O Voo das
Cegonhas (de Armando Teixeira), em que a cantora não consegue criar
impacto num tema linear e envolvente, que dispõe - como seria de esperar,
conhecendo o estilo do autor - de um arranjo moderno e eficaz, com uma tónica
electropop que sabe bem ouvir num festival, mas que fica a meio caminho de
marcar a diferença.
Ou ainda com David Pessoa em Amor
Veloz (de Francisco Rebelo e Márcio Silva), em que a palavra que acorre é
mesmo banalidade.
Foto acima: A segurança de Anabela em
"Pra Te Dar Abrigo" | Foto cedida pela RTP ao DN
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