quinta-feira, 15 de março de 2018

SÍRIA | "O que Assad fez, ninguém faria melhor. O sangue que derramámos era preciso"


7 ANOS DE GUERRA NA SÍRIA

Em 2016, quando a TSF falou com Moammar Omran, ele estava a recuperar dos ferimentos sofridos em Alepo. Este apoiante de Bashar Al Assad esteve dois anos no exército, mas agora só quer paz.

Moamma Omran diz que o que aconteceu na Síria em 2011 não foi uma revolução para derrubar o presidente, porque se as circunstâncias tivessem sido outras talvez ele também se juntasse aos manifestantes.

Admite que o país precisava de alguns mudanças, mas não de liberdade, "nós tínhamos liberdade antes de 2011, depois é que deixámos de ter. Não podemos ir a lado nenhum, não podemos fazer nada do que queremos. Eu trabalhava em Raqqa mas depois de 2011 não pude regressar ao emprego. O meu trabalho em Raqqa acabou".

Este engenheiro refere que os protestos pacíficos em Homs só duraram dois dias, depois os manifestantes pegaram em armas e dispararam contra a polícia. Garante ainda que os manifestantes eram extremistas islâmicos que queriam expulsar do país todos os que não concordassem com a visão que têm do Islão.

Em 2014, e sem trabalho, Moammar Omran juntou-se ao exército. Ele diz que na altura só lhe deram três opções, "a primeira era ficar a assistir sem fazer nada, apenas ver o que se passava. A segunda era sair do país e a terceira era juntar-me ao exército. Eu não podia ficar a ver o meu país a arder, por isso só podia tornar-me soldado. Servi em Alepo, combati com o Daesh e fui ferido com três balas no peito. Deixei de poder servir o exército".

De regresso a Homs, onde sempre viveu, Moammar faz uma avaliação positiva da ação de Bashar Al Assad nestes sete anos de guerra. "Durante esta crise o que o meu presidente fez, ninguém faria melhor. O sangue que derramámos era preciso para ficarmos livres dos ataques externos, e eu perdi amigos mesmo à minha frente. Acho que nestes últimos sete anos ele foi excelente e não podia ter sido melhor".

Em 2011 o presidente não podia ter convocado eleições livres e justas porque o país não estava preparado, defende.

Margarida Serra | TSF | Foto: Reuters

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