Prontinho desde pouco depois das
9 da manhã está o Curto que habitualmente aqui trazemos. Se não o leu no
Expresso aproveite agora para o fazer. Já sabe que o Sporting é tema nacional
em Portugal. Mas este Curto não trata só disso. Tem o que ler com interesse,
nacional e estrangeiro. Já nem pedimos desculpa por sermos retardatários mas
aqui importa explicar este nosso atraso de hoje. Ora leia a nossa explicação e
compreenderá porque nos rodeamos de cuidados. É que isso e caldos de galinha
nunca fizeram mal ao pessoal, à mole imensa e descuidada que se põe a jeito.
Decerto sabem que o presidente
armado em maluco do Sporting processou o presidente da Assembleia da República,
Ferro Rodrigues. Mas não só esse. Processou uma catrefa de gente. Por acaso Marcelo
Rebelo de Sousa escapou mas mereceu criticas do grande maluco faz-de-conta Bruno (tive um cão
Serra da Estrela com esse nome… mas era muito ajuizado). Adiante. Como Bruno
está nessa de processar judicialmente tudo e todos que opinam sobre Bruno (não
o tal cão) considerámos por bem contactar Bruno e pedir-lhe autorização para
abordarmos aqui no PG mais uma vez o Caso Sporting da sua (dele) presidência. E
telefonámos-lhe. E ele não atendeu… Andámos até para além do meio-dia a tentar,
a tentar. E nada. Há pouco voltámos a tentar, eram já 3 da tarde. Atenderam. Aleluia!
Pois…
Pois. Pois. Era uma voz feminina
que mal percebíamos o que dizia lá no outro lado. Ouvíamos melhor os urros de
fundo que a senhora. E berros, e uma voz alterada a afirmar repetidamente “eu
sou presidente e eu é que mando nisto tudo…” Oh diabo, pensámos. O Bruno está
em Alvalade a discutir com tudo e todos… “E eu não quero essa camisa!” Ouvimos
gritar esse tal que dizia que era presidente segundos antes… Enfim, uma grande
balbúrdia sonora. Mais que uma cacofonia. “Dá-lhe, a injeção, dá-lhe a injeção,
dá-lhe a injeção.” Gritava repetidamente uma voz meio esganiçada e ofegante do
outro lado da agitada chamada telefónica…
“Está lá? Pergunta a voz feminina
por entre aquele barulho produzido por várias vozes alteradas. “Sim”,
respondemos. “Queríamos falar com o presidente Bruno”, esclarecemos. “Bruno? Ah,
não pode atender. E daqui não pode sair.” Respondeu. Achámos estranho. “Mas de
onde fala, não é de Alvalade?”, perguntámos. “Sim, é de Alvalade. Respondeu. “Fala
da Av. do Brasil, 53.” Informou a voz feminina por entre um desassossego sonoro
estranho. “Mas isso aí não é o Estádio José Alvalade.” Dissemos. “Não, não. É o
Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos. O Bruno está a vestir a camisa de forças
contrariado. Mas tem de ser. E agora não pode atender telefonemas. E daqui não
pode sair.”
“Oh porra! Então o Bruno não
estava armado em maluco. Ele é mesmo maluco!” Exclamámos e desligámos.
Estamos pesarosos. Pobre Bruno (não
o cão). Por isso ele processa tudo e todos. Até o Trump vai levar com um
processo em cima se falar dele (mal ou bem). E nós aqui no PG provavelmente
também não escapamos. Pois.
Bem, o melhor é vestirem-lhe a
camisa que ele assim fica sem poder assinar os processos e além disso devido à
doença talvez não haja juiz que lhes dê seguimento.
Bruno continua em Alvalade, na
Av. do Brasil. A vida dá com cada “volta” às pessoas.
As melhoras Bruno. Boa estada e
muitas felicidades nesse “Palácio” de Alvalade. Um grande abraço!
MM | PG
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
Esforço, dedicação, devoção e
glória. Eis o Sporting?
Cristina Figueiredo | Expresso
A telenovela mexicana em que se
transformou a vida do Sporting Clube de Portugal continua a pintar de
verde as capas dos jornais, mesmo a do habitualmente azul "O jogo",
que com duas palavrinhas apenas resume o que se passa em Alvalade: "Caos
total". O tema tornou praticamente monocolores os noticiários de ontem (e
já de anteontem) e, por enquanto pelo menos, continua a ser impossível
escapar-lhe (até porque os detidos começam hoje a ser ouvidos em tribunal).
Já passava da meia noite quando soubemos pela Tribuna Expresso que o assunto passara a ser de Estado, pois é disso mesmo que se trata a partir do momento em que Marcelo Rebelo de Sousa e Ferro Rodrigues avaliam as condições de segurança para se apresentarem no Estádio Nacional no próximo domingo, na final da Taça de Portugal. Com esta nada despicienda frase, atribuída a "fonte que está a acompanhar o processo": "Imagine o que seria se adeptos sportinguistas começassem a mandar objetos para a bancada de honra em protesto contra o presidente do clube. As duas figuras cimeiras do Estado (que estariam na mesma galeria que Bruno de Carvalho) não podem sujeitar-se a isso". Uma formulação diplomática que não quer senão sugerir ao presidente do clube que contrarie o famoso cântico de Alvalade e, domingo, "fique em casa". O Diário de Notícias di-lo mesmo com todas as letras: Marcelo recusa Bruno de Carvalho a seu lado no Jamor. Bruno de Carvalho soube-se agora mesmo vai processar Ferro e critica Marcelo.
Se Marcelo considera que "não podemos banalizar" os acontecimentos graves de Alcochete e Ferro (numa veementíssima declaração) pede medidas "doa a quem doer", António Costa (noutras matérias avesso a que se resolvam os problemas com mais legislação) sugere que se crie rapidamente uma Autoridade Nacional contra a Violência no Desporto. Mas o Público descobriu que o Governo tem parada há um ano uma lei precisamente sobre este assunto, confirmando que, na boa tradição portuguesa, "depois de casa roubada...".
Antes de convocar para a próxima segunda-feira - antecipando-se aos crescentes críticos da direção - uma assembleia geral extraordinária, o presidente da Assembleia Geral do Sporting, Jaime Marta Soares, deu uma entrevista à Tribuna Expresso onde pede que se apure "a origem moral" dos acontecimentos de Alcochete (na terça-feira). Não leve a mal que pergunte: mas ainda há dúvidas? O Público avança que os orgãos sociais sportinguistas estão dispostos a demitir-se para pressionar Bruno de Carvalho a sair, numa altura em que Rogério Alves e José Maria Ricciardi já admitem poder vir a candidatar-se à sucessão.
E, depois, há o resto. Que não é pouco: as suspeitas de corrupção que começaram no andebol (só para anunciantes) e podem alastrar não se sabe ainda muito bem até onde dentro de Alvalade. Há pelo menos 62 escutas sobre o Sporting que estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária, no âmbito da Operação Cashball.
Já passava da meia noite quando soubemos pela Tribuna Expresso que o assunto passara a ser de Estado, pois é disso mesmo que se trata a partir do momento em que Marcelo Rebelo de Sousa e Ferro Rodrigues avaliam as condições de segurança para se apresentarem no Estádio Nacional no próximo domingo, na final da Taça de Portugal. Com esta nada despicienda frase, atribuída a "fonte que está a acompanhar o processo": "Imagine o que seria se adeptos sportinguistas começassem a mandar objetos para a bancada de honra em protesto contra o presidente do clube. As duas figuras cimeiras do Estado (que estariam na mesma galeria que Bruno de Carvalho) não podem sujeitar-se a isso". Uma formulação diplomática que não quer senão sugerir ao presidente do clube que contrarie o famoso cântico de Alvalade e, domingo, "fique em casa". O Diário de Notícias di-lo mesmo com todas as letras: Marcelo recusa Bruno de Carvalho a seu lado no Jamor. Bruno de Carvalho soube-se agora mesmo vai processar Ferro e critica Marcelo.
Se Marcelo considera que "não podemos banalizar" os acontecimentos graves de Alcochete e Ferro (numa veementíssima declaração) pede medidas "doa a quem doer", António Costa (noutras matérias avesso a que se resolvam os problemas com mais legislação) sugere que se crie rapidamente uma Autoridade Nacional contra a Violência no Desporto. Mas o Público descobriu que o Governo tem parada há um ano uma lei precisamente sobre este assunto, confirmando que, na boa tradição portuguesa, "depois de casa roubada...".
Antes de convocar para a próxima segunda-feira - antecipando-se aos crescentes críticos da direção - uma assembleia geral extraordinária, o presidente da Assembleia Geral do Sporting, Jaime Marta Soares, deu uma entrevista à Tribuna Expresso onde pede que se apure "a origem moral" dos acontecimentos de Alcochete (na terça-feira). Não leve a mal que pergunte: mas ainda há dúvidas? O Público avança que os orgãos sociais sportinguistas estão dispostos a demitir-se para pressionar Bruno de Carvalho a sair, numa altura em que Rogério Alves e José Maria Ricciardi já admitem poder vir a candidatar-se à sucessão.
E, depois, há o resto. Que não é pouco: as suspeitas de corrupção que começaram no andebol (só para anunciantes) e podem alastrar não se sabe ainda muito bem até onde dentro de Alvalade. Há pelo menos 62 escutas sobre o Sporting que estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária, no âmbito da Operação Cashball.
OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...
Com a atualidade noticiosa dominada pelos tons verde e branco, parece que foi há muito, muito tempo que as atenções nacionais se focavam afincada e calorosamente nos casos de corrupção nos governos de José Sócrates, na recém-professada indignação do PS com os (alegados) comportamentos dos ex-governantes socialistas e na necessidade de alterar as leis no sentido de apertar o controlo, acelerar a investigação, apressar os julgamentos, enfim,(alerta chavão!) "tornar mais eficaz o combate a essa chagaque ameaça a democracia". Mas se parar um minuto vai recordar-se que tamanha discussão aconteceu há apenas uns dias. E ainda produz réplicas, a saber:
1) o histórico socialista João Cravinho foi ontem à RTP3, de certa forma repetir o que já tinha dito há dois dias na TSF: que o combate à corrupção continua "sem rei nem roque", em grande medida porque falta vontade política;
2) o menos histórico mas não menos relevante Sérgio Sousa Pinto dá uma entrevista ao Público e à Renascença onde diz, a propósito do caso Sócrates, que os portugueses continuam "a apreciar uma boa fogueira no Rossio" e onde critica o pacote da transparência dos titulares de cargos públicos que está em discussão no Parlamento: "É um atestado de desconfiança e torna a vida dos deputados num inferno impraticável".;
3) o CDS, que recuperou a ideia de rever a Constituição no capítulo da justiça, é recebido pelo Presidente da República para o sensibilizar a esse respeito. A audiência vai acontecer às 14h00 (é conhecida a "mania" de Marcelo Rebelo de Sousa fazer render o seu tempo, marcando reuniões para o que o comum dos mortais considera "hora de almoço"). Veremos se Assunção Cristas consegue no PR um aliado para a sua causa, quando do líder do PSD já se ouviu que rever a Constituição "para já, não" e os outros partidos (a começar no PS) têm tanta vontade de mexer na Lei Fundamental como de obrigar os deputados a serem reembolsados por despesas de viagem contra a apresentação de faturas (texto só disponível para assinantes) - isto é, pouca ou nenhuma;
4) o BE agendou para as 15h00, na Assembleia da República, a discussão dos seus projetos-lei sobre sigilo bancário e o Governo aproveitou para recuperar a proposta que "estabelece regras para a aplicação do regime de acesso automático a informações financeiras a residentes em território nacional" (que Marcelo vetara em setembro de 2016 invocando como principal razão "a situação particularmente grave vivida então pela banca portuguesa", como fez questão de lembrar em nota publicada na semana passada no site da Presidência ). O tema ganhou foros de inesperado (?) consenso (tanto PSD como CDS concedem ser fundamental que se levante o sigilo bancário no que respeita pelo menos aos grandes devedores dos bancos com ajuda do Estado) e parece certo que algo a este respeito há-de mudar a partir de hoje. Esperemos que não seja para ficar tudo na mesma.
Está marcada para as 16h30 uma manifestação, frente à Câmara Municipal de Aljezur, promovida pelo Movimento Algarve Livre de Petróleo. O protesto é obviamente contra a prospeção de petróleo na costa vicentina, um dia depois de se saber que a Agência Portuguesa do Ambiente dispensou de estudo de impacto ambiental a prospeção de petróleo ao largo daquela vila alentejana pelo consórcio Eni/Galp, pesquisa que está prevista iniciar-se já entre setembro e outubro.
A menos de duas semanas da discussão, na Assembleia da República, dos projetos de BE, PAN e PEV sobre eutanásia, oito religiões subscreveram ontem uma tomada de posição conjunta contra a morte assistida. "Cuidar até ao fim com compaixão", intitula-se o documento - que pode ser lido na íntegra aqui -, assinado por D. Manuel Clemente (cardeal patriarca de Lisboa) e pelos responsáveis da Aliança Evangélica Portuguesa, da Comunidade Hindu Portuguesa, da Comunidade Islâmica de Lisboa, da Comunidade Israelita de Lisboa, do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, da União Budista Portuguesa e da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.
Outro tema que não é só atual, mas urgente: hoje à tarde, na fundação Gulbenkian, a pretexto do lançamento de um concurso para atribuição de bolsas para projetos de jornalismo de investigação, discute-se "Democracia e Jornalismo". O debate, moderado pelo diretor adjunto de Informação da RTP António José Teixeira, trava-se entre dois protagonistas que sabem bem do que falam: Francisco Pinto Balsemão e Paulo Portas.
E, por fim, é futebol mas não é Sporting: hoje são conhecidos os 23 jogadores que Fernando Santos decidiu levar em junho até Moscovo, para a disputa do Campeonato do Mundo. A Tribuna Expresso arriscou as suas próprias previsões: confira pelas 20h15 se acertou.
...E LÁ FORA
É futebol, podia ser o Sporting. E, se fosse, como tudo teria sido diferente: o Atlético de Madrid (o adversário que o clube de Alvalade não conseguiu ultrapassar num jogo em Madrid que motivou o primeiro dos posts incendiários de Bruno de Carvalho no Facebook) venceu o Marselha por 3-0 (dois dos golos marcados pelo francês Griezmann) e levou para casa o troféu da Liga Europa (o terceiro em oito anos). O feito dos colchoneros domina as primeiras páginas espanholas, pois claro, mas tem presença bem destacada em todos os sites de informação nacionais e internacionais.
Israel lançou um ataque aéreo sobre várias posições do Hamas ao longo de Gaza. Mesmo depois dos acontecimentos de segunda-feira (de que resultaram 62 mortos e mais de 2500 feridos palestinianos), o regime de Benjamin Nethanyau, (agora ainda mais) respaldado no apoio dos EUA, não desiste de usar a força (desproporcionada, como admite o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres) sobre a Palestina. O papa Francisco lamentou a espiral de violência, lembrando uma evidência: "A violência nunca conduz à paz".
O ataque aconteceu já perto da uma da manhã (23h em Portugal) e os líderes europeus, reunidos em Sófia (Bulgária) no primeiro de dois dias de cimeira, já teriam dispersado. Mas ainda ecoavam as duras palavras do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, contra a Administração Trump, pela saída do acordo nuclear com o Irão e a ameaça de uma guerra comercial transatlântica: "Assistimos hoje a um novo fenómeno: a assertividade caprichosa da administração americana. Olhando para as últimas decisões do presidente Trump, alguns até poderiam pensar: com amigos destes, quem precisa de inimigos?".
Mark Zuckerberg aceitou, finalmente, depor perante o Parlamento Europeu ainda na sequência do escândalo Cambridge Analytics. A notícia foi dada pelo presidente da instituição, Antonio Tajani, e a audiência pode ter lugar já na próxima semana.
O Senado norte-americano confirmou que Vladimir Putin ajudou mesmo Donald Trump a vencer as eleições presidenciais norte-americanas. "O esforço russo foi extenso, sofisticado, e ordenado pelo próprio Presidente Putin com o propósito de ajudar Donald Trump e prejudicar Hillary Clinton”, concluiu a Comissão de Serviços Secretos.
E ainda Trump: o Presidente tornou públicas, finalmente, as suas declarações de rendimentos. Ficou a saber-se que tem bens no valor de 1400 milhões de dólares, mas o mais importante revelado pelos papéis nem é isso mas que Trump transferiu 100 mil dólares para o seu advogado, Michael D. Cohen, em 2017 - informação que omitira anteriormente, assim consolidando as suspeitas de que pagou o silêncio da atriz porno (que alega ter tido um caso com Trump) Stormy Daniels durante a campanha presidencial.
AS MANCHETES DOS JORNAIS
"Bruno pressionado por todos para sair" (Jornal de Notícias)
"Governo tem parada há um ano lei contra violência no desporto" (Público)
"Governo vai reabilitar casas para alojar 50 mil estudantes" (Diário de Notícias)
"Semana negra: corrupção e terrorismo abalam Sporting" (i)
"Ajudante de Bruno corrompe finalista da Taça" (Correio da Manhã)
"Fisco vai avisar empresas em risco" (Jornal de Negócios)
"A história da rica e discreta família Arié" (Visão)
"Donos do dinheiro contra Bruno" (Sábado)
"As mensagens que podem tramar o Sporting" (A Bola)
"Jesus fica se Bruno sair" (Record)
"Caos total" (O Jogo)
O QUE ANDO A OUVIR E A LER
Já uma vez (há cerca de um ano) falei aqui de Alexander Search, a banda que se inspirou nos poemas relativamente desconhecidos do heterónimo de um Fernando Pessoa adolescente. A banda, projeto de Júlio Resende/Augustus Search e Salvador Sobral/Benjamin Cymbra, toca amanhã no Centro Olga Cadaval, em Sintra, no espectáculo que marca oficialmente o regresso de Salvador aos palcos após oito meses de ausência - excepção feita à sua breve participação na final da Eurovisão, no último sábado. A semana passada, em entrevista à Visão, ele confessava alguma ansiedade: "É bom voltar ao palco com Alexander Search, porque me tira um bocadinho de pressão, de responsabilidade. Vai primeiro o tipo de óculos, o Benjamin, ver se o caminho está bom, e depois diz-me se posso ir...". Não tenho dúvidas que pode. E vou lá estar, na plateia, a aplaudir.
Raras vezes as publicações oferecidas pelo Expresso tiveram tanto sentido de oportunidade. No sábado começou a ser distribuído com o semanário o livro de Simon Sebag Montefiore "Jerusalém, a Biografia". O pretexto para a edição foi, naturalmente, o 70º aniversário do estado de Israel (objeto, aliás, de um vasto trabalho na última edição da revista E), mas coincidiu precisamente com a transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, na segunda-feira, e a carga do exército israelita sobre os palestinianos que se manifestavam contra a decisão norte-americana. Tentar perceber o "porquê" deste guerra sem fim é uma boa razão para se abalançar a estas quase 700 páginas (que o Expresso reparte em suaves 7 prestações, ou volumes, o último dos quais chegará às bancas a 23 de junho). O historiador britânico (autor de uma biografia de Estaline, também já distribuída com o Expresso, e de outra dos Romanov) admite que este foi o livro "mais duro e desafiante", mas também "o mais importante", que já escreveu.
E pronto. Saiba que hoje,17 de maio, é o Dia Mundial da Hipertensão. Uma doença silenciosa que, segundo as estatísticas (dados de 2015) da Organização Mundial de Saúde, afeta 1130 milhões de pessoas em todo o mundo. Só em Portugal, estima-se que 24,4% da população seja hipertensa, o mais certo devido ao consumo excessivo de sal. E se insossa a vida não sabe ao mesmo ("pãozinho sem sal" não tem graça nenhuma), a receita está, como em quase tudo, em saber quando parar. Eu paro aqui mesmo. Para mais salero é continuar a "consumir" o mundo nos sítios que o oferecem na medida certa: no Expresso, na Tribuna, na Blitz, na SIC, para só citar alguns. Tenha um dia bom.
Com a atualidade noticiosa dominada pelos tons verde e branco, parece que foi há muito, muito tempo que as atenções nacionais se focavam afincada e calorosamente nos casos de corrupção nos governos de José Sócrates, na recém-professada indignação do PS com os (alegados) comportamentos dos ex-governantes socialistas e na necessidade de alterar as leis no sentido de apertar o controlo, acelerar a investigação, apressar os julgamentos, enfim,(alerta chavão!) "tornar mais eficaz o combate a essa chagaque ameaça a democracia". Mas se parar um minuto vai recordar-se que tamanha discussão aconteceu há apenas uns dias. E ainda produz réplicas, a saber:
1) o histórico socialista João Cravinho foi ontem à RTP3, de certa forma repetir o que já tinha dito há dois dias na TSF: que o combate à corrupção continua "sem rei nem roque", em grande medida porque falta vontade política;
2) o menos histórico mas não menos relevante Sérgio Sousa Pinto dá uma entrevista ao Público e à Renascença onde diz, a propósito do caso Sócrates, que os portugueses continuam "a apreciar uma boa fogueira no Rossio" e onde critica o pacote da transparência dos titulares de cargos públicos que está em discussão no Parlamento: "É um atestado de desconfiança e torna a vida dos deputados num inferno impraticável".;
3) o CDS, que recuperou a ideia de rever a Constituição no capítulo da justiça, é recebido pelo Presidente da República para o sensibilizar a esse respeito. A audiência vai acontecer às 14h00 (é conhecida a "mania" de Marcelo Rebelo de Sousa fazer render o seu tempo, marcando reuniões para o que o comum dos mortais considera "hora de almoço"). Veremos se Assunção Cristas consegue no PR um aliado para a sua causa, quando do líder do PSD já se ouviu que rever a Constituição "para já, não" e os outros partidos (a começar no PS) têm tanta vontade de mexer na Lei Fundamental como de obrigar os deputados a serem reembolsados por despesas de viagem contra a apresentação de faturas (texto só disponível para assinantes) - isto é, pouca ou nenhuma;
4) o BE agendou para as 15h00, na Assembleia da República, a discussão dos seus projetos-lei sobre sigilo bancário e o Governo aproveitou para recuperar a proposta que "estabelece regras para a aplicação do regime de acesso automático a informações financeiras a residentes em território nacional" (que Marcelo vetara em setembro de 2016 invocando como principal razão "a situação particularmente grave vivida então pela banca portuguesa", como fez questão de lembrar em nota publicada na semana passada no site da Presidência ). O tema ganhou foros de inesperado (?) consenso (tanto PSD como CDS concedem ser fundamental que se levante o sigilo bancário no que respeita pelo menos aos grandes devedores dos bancos com ajuda do Estado) e parece certo que algo a este respeito há-de mudar a partir de hoje. Esperemos que não seja para ficar tudo na mesma.
Está marcada para as 16h30 uma manifestação, frente à Câmara Municipal de Aljezur, promovida pelo Movimento Algarve Livre de Petróleo. O protesto é obviamente contra a prospeção de petróleo na costa vicentina, um dia depois de se saber que a Agência Portuguesa do Ambiente dispensou de estudo de impacto ambiental a prospeção de petróleo ao largo daquela vila alentejana pelo consórcio Eni/Galp, pesquisa que está prevista iniciar-se já entre setembro e outubro.
A menos de duas semanas da discussão, na Assembleia da República, dos projetos de BE, PAN e PEV sobre eutanásia, oito religiões subscreveram ontem uma tomada de posição conjunta contra a morte assistida. "Cuidar até ao fim com compaixão", intitula-se o documento - que pode ser lido na íntegra aqui -, assinado por D. Manuel Clemente (cardeal patriarca de Lisboa) e pelos responsáveis da Aliança Evangélica Portuguesa, da Comunidade Hindu Portuguesa, da Comunidade Islâmica de Lisboa, da Comunidade Israelita de Lisboa, do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, da União Budista Portuguesa e da União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia.
Outro tema que não é só atual, mas urgente: hoje à tarde, na fundação Gulbenkian, a pretexto do lançamento de um concurso para atribuição de bolsas para projetos de jornalismo de investigação, discute-se "Democracia e Jornalismo". O debate, moderado pelo diretor adjunto de Informação da RTP António José Teixeira, trava-se entre dois protagonistas que sabem bem do que falam: Francisco Pinto Balsemão e Paulo Portas.
E, por fim, é futebol mas não é Sporting: hoje são conhecidos os 23 jogadores que Fernando Santos decidiu levar em junho até Moscovo, para a disputa do Campeonato do Mundo. A Tribuna Expresso arriscou as suas próprias previsões: confira pelas 20h15 se acertou.
...E LÁ FORA
É futebol, podia ser o Sporting. E, se fosse, como tudo teria sido diferente: o Atlético de Madrid (o adversário que o clube de Alvalade não conseguiu ultrapassar num jogo em Madrid que motivou o primeiro dos posts incendiários de Bruno de Carvalho no Facebook) venceu o Marselha por 3-0 (dois dos golos marcados pelo francês Griezmann) e levou para casa o troféu da Liga Europa (o terceiro em oito anos). O feito dos colchoneros domina as primeiras páginas espanholas, pois claro, mas tem presença bem destacada em todos os sites de informação nacionais e internacionais.
Israel lançou um ataque aéreo sobre várias posições do Hamas ao longo de Gaza. Mesmo depois dos acontecimentos de segunda-feira (de que resultaram 62 mortos e mais de 2500 feridos palestinianos), o regime de Benjamin Nethanyau, (agora ainda mais) respaldado no apoio dos EUA, não desiste de usar a força (desproporcionada, como admite o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres) sobre a Palestina. O papa Francisco lamentou a espiral de violência, lembrando uma evidência: "A violência nunca conduz à paz".
O ataque aconteceu já perto da uma da manhã (23h em Portugal) e os líderes europeus, reunidos em Sófia (Bulgária) no primeiro de dois dias de cimeira, já teriam dispersado. Mas ainda ecoavam as duras palavras do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, contra a Administração Trump, pela saída do acordo nuclear com o Irão e a ameaça de uma guerra comercial transatlântica: "Assistimos hoje a um novo fenómeno: a assertividade caprichosa da administração americana. Olhando para as últimas decisões do presidente Trump, alguns até poderiam pensar: com amigos destes, quem precisa de inimigos?".
Mark Zuckerberg aceitou, finalmente, depor perante o Parlamento Europeu ainda na sequência do escândalo Cambridge Analytics. A notícia foi dada pelo presidente da instituição, Antonio Tajani, e a audiência pode ter lugar já na próxima semana.
O Senado norte-americano confirmou que Vladimir Putin ajudou mesmo Donald Trump a vencer as eleições presidenciais norte-americanas. "O esforço russo foi extenso, sofisticado, e ordenado pelo próprio Presidente Putin com o propósito de ajudar Donald Trump e prejudicar Hillary Clinton”, concluiu a Comissão de Serviços Secretos.
E ainda Trump: o Presidente tornou públicas, finalmente, as suas declarações de rendimentos. Ficou a saber-se que tem bens no valor de 1400 milhões de dólares, mas o mais importante revelado pelos papéis nem é isso mas que Trump transferiu 100 mil dólares para o seu advogado, Michael D. Cohen, em 2017 - informação que omitira anteriormente, assim consolidando as suspeitas de que pagou o silêncio da atriz porno (que alega ter tido um caso com Trump) Stormy Daniels durante a campanha presidencial.
AS MANCHETES DOS JORNAIS
"Bruno pressionado por todos para sair" (Jornal de Notícias)
"Governo tem parada há um ano lei contra violência no desporto" (Público)
"Governo vai reabilitar casas para alojar 50 mil estudantes" (Diário de Notícias)
"Semana negra: corrupção e terrorismo abalam Sporting" (i)
"Ajudante de Bruno corrompe finalista da Taça" (Correio da Manhã)
"Fisco vai avisar empresas em risco" (Jornal de Negócios)
"A história da rica e discreta família Arié" (Visão)
"Donos do dinheiro contra Bruno" (Sábado)
"As mensagens que podem tramar o Sporting" (A Bola)
"Jesus fica se Bruno sair" (Record)
"Caos total" (O Jogo)
O QUE ANDO A OUVIR E A LER
Já uma vez (há cerca de um ano) falei aqui de Alexander Search, a banda que se inspirou nos poemas relativamente desconhecidos do heterónimo de um Fernando Pessoa adolescente. A banda, projeto de Júlio Resende/Augustus Search e Salvador Sobral/Benjamin Cymbra, toca amanhã no Centro Olga Cadaval, em Sintra, no espectáculo que marca oficialmente o regresso de Salvador aos palcos após oito meses de ausência - excepção feita à sua breve participação na final da Eurovisão, no último sábado. A semana passada, em entrevista à Visão, ele confessava alguma ansiedade: "É bom voltar ao palco com Alexander Search, porque me tira um bocadinho de pressão, de responsabilidade. Vai primeiro o tipo de óculos, o Benjamin, ver se o caminho está bom, e depois diz-me se posso ir...". Não tenho dúvidas que pode. E vou lá estar, na plateia, a aplaudir.
Raras vezes as publicações oferecidas pelo Expresso tiveram tanto sentido de oportunidade. No sábado começou a ser distribuído com o semanário o livro de Simon Sebag Montefiore "Jerusalém, a Biografia". O pretexto para a edição foi, naturalmente, o 70º aniversário do estado de Israel (objeto, aliás, de um vasto trabalho na última edição da revista E), mas coincidiu precisamente com a transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, na segunda-feira, e a carga do exército israelita sobre os palestinianos que se manifestavam contra a decisão norte-americana. Tentar perceber o "porquê" deste guerra sem fim é uma boa razão para se abalançar a estas quase 700 páginas (que o Expresso reparte em suaves 7 prestações, ou volumes, o último dos quais chegará às bancas a 23 de junho). O historiador britânico (autor de uma biografia de Estaline, também já distribuída com o Expresso, e de outra dos Romanov) admite que este foi o livro "mais duro e desafiante", mas também "o mais importante", que já escreveu.
E pronto. Saiba que hoje,17 de maio, é o Dia Mundial da Hipertensão. Uma doença silenciosa que, segundo as estatísticas (dados de 2015) da Organização Mundial de Saúde, afeta 1130 milhões de pessoas em todo o mundo. Só em Portugal, estima-se que 24,4% da população seja hipertensa, o mais certo devido ao consumo excessivo de sal. E se insossa a vida não sabe ao mesmo ("pãozinho sem sal" não tem graça nenhuma), a receita está, como em quase tudo, em saber quando parar. Eu paro aqui mesmo. Para mais salero é continuar a "consumir" o mundo nos sítios que o oferecem na medida certa: no Expresso, na Tribuna, na Blitz, na SIC, para só citar alguns. Tenha um dia bom.
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