É tema de conversa no Facebook da
atualidade, a "casa" onde sobrevive uma timorense idosa, desgastada
pelos longos anos de luta pela sobrevivência, na atmosfera que envolve o local
paira a indiferença das elites timorenses, dos empresários gananciosos, dos
políticos do mesmo jaez que aprovam para eles, familiares e amigos mordomias
imorais para além dos atos corruptos que praticam com toda a impunidade -
exceptuando uns quantos que servem de exemplo na punição, para povo ver.
Pela parte da igreja -
aparentemente interventiva socialmente - não toca o sino a rebate perante os
milhentos timorenses que sobrevivem na miséria inconcebível e desumana.
Falam, dizem aqui e ali sobre estas injustiças sociais, sobre o descalabro das
desigualdades que nos saltam à vista, mas não separam o trigo do joio. Nas
melhores oportunidades lá vão dar cobertura às elites que têm devastado
milhares de milhões de dólares já não se sabe exatamente em proveito de quais
benefícios coletivos.
Também não se vê em grandes
reportagens dos orgãos de comunicação social timorenses o enorme descalabro de
injustiças e desigualdades que sirva de denúncia sobre aquela realidade
timorense: a pobreza extrema em grande percentagem causada pelo desvio de
avultadas verbas que deviam e devem ser destinadas à melhoria das condições de
sobrevivência dos timorenses socialmente mais injustiçados pelos poderes
vigentes que se passeiam no fausto, articulando palavras enganosas sempre e não
só durante as campanhas eleitorais. Esses demonstram estar desprovidos do
sentimento de indignação perante as injustiças sociais de que são cúmplices ou
mesmo altamente culpados. São os dirigentes, são as elites, embriagadas por
poderes e por valores que experimentam com garbo, inchados de orgulhos que
afinal são ainda mais causa das tantas injustiças que vimos se soubermos olhar
com olhos de ver e por isso nos indignarmos e não nos calarmos.
Também não se vê por parte de
correspondentes estrangeiros da comunicação social a mostra do que acontece em
Timor-leste relativamente à pobreza extrema existente. Por uma ou outra vez lá
aparece um caso... Para aliviar os pecados da profissão que é erradamente
exercida e nos omite a realidade que deve levar ao conhecimento de todo o
mundo. Mas essa não é só uma formatação exclusiva para Timor-Leste, é vasta e
global. Tanto, sobre isso, que havia para acrescentar...
Certas denúncias surgem, por
exemplo, no Facebook e noutras redes sociais. Têm o peso que têm e é real,
sendo porém aquilatado somente pela relevância que lhe quiserem dar. O que
não acontece neste exemplo que trazemos, basta perceber a indignação, a revolta,
os lamentos, a solidariedade, pelos exemplos e as palavras adendadas...
Perante isto qual será o efeito
causado nas elites timorenses? O que fará Taur Matan Ruak - agora PM - se
acaso tomar conhecimento do triste exemplo aqui expresso? E de todos os outros
que existem em Timor-Leste? O que farão todos os outros nos poderes políticos e
de suas ilhargas? Experimentarão ao menos vergonha? Não tem parecido. Não
parece que possuam esse sentimento. A reação é desmentirem e/ou avançarem com
números e estatísticas ilusórias que lhes convenham e que permitam
prosseguirem na senda dos seus absolutismos e ganâncias.
O povo timorense injustiçado não
merece estes maus tratos, estas indiferenças, estas injustiças, este desprezo
recheado de falsas promessas por parte dos que desencaminham os milhares de
milhões de dólares não se sabe bem para onde nem porquê, quando se constata que
existem prioridades gritantes quando olhamos para a realidade timorense.
Diz-se que a esperança é a última
a morrer e que o rebate de consciências depravadas, às vezes criminosas, causa
reconversões repletas de arrependimentos e de justiça. Fiquemos à espera.
Sentados.
Certo é que existe imensa miséria
gritante em Timor-Leste.
Beatriz Gamboa | Mário Motta =
António Veríssimo
- em Timor Agora
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