@Verdade |Editorial
O Governo da Frelimo não esconde
a sua aversão mórbida aos órgãos de informação independentes. Uma das prova
mais acabadas desse ódio desmedido contra os meios de Comunicação Social
nacionais é o Decreto número 40/2018, aprovado pelo Conselho de Ministros no
passado dia 12 de Junho. O referido decreto que estabelece taxas proibitivas
para o exercício da actividade jornalística no país já entrou em vigor esta
semana, embora o mesmo Governo tenha reconhecido que o documento não foi
precedido por consultas aos principais intervenientes.
Além da criação de (mais) um
órgão regulador da Comunicação Social em Moçambique, o Governo de Filipe Nyusi
aumentou e criou diversas taxas de licenciamento e registo para serviços de
rádio, televisão e imprensa escrita e ainda agravou “astronomicamente” o custo
da acreditação de jornalistas estrangeiros. Trata-se de uma posição absurda,
não somente pelas elevadas taxas, mas pelo facto de a medida violar três
direitos fundamentais, nomeadamente a de liberdade de informação, de expressão
e de imprensa.
É de conhecimento de todos que os
cidadãos têm direito de se informarem e serem informados, para além da
liberdade de expressarem as suas opiniões e inquietações. Os meios de
Comunicação Social, sobretudo os independentes são um dos principais
instrumentos para a materialização desses direitos fundamentais do cidadão. É,
no entanto, repugnante quando um Governo toma decisões com vista a acabar com
esses direitos, por não tolerar críticas.
Ao tomar a tal medida, o Governo
de Nyusi não fez um estudo de mercado do sector de comunicação nacional. Na
verdade, não é necessário um estudo profundo para perceber que os órgãos de
informação independentes não lucram como outros sectores de actividades. Aliás,
não se pode comparar com outras actividades comerciais, que chegam a ter
investidores estrangeiros.
Basta um pequeno olhar para se
aperceber que neste país, por exemplo, todos os jornais independentes juntos
não vendem mais de 10 mil exemplares por semana. Aliado a essa situação, o
mercado de anúncios ou publicidades continuam exíguo. Como consequência disso,
os profissionais da Comunicação Social auferem salários míseros, mas, apesar
disso, não deixam de cumprir o seu papel de informar e formar os cidadãos.
O decreto não passa de um
documento cheio de asneiras produzidas por um bando de insensatos que não têm
noção da realidade do mercado de comunicação no país. Portanto, os órgãos de
informação independentes devem se unir e recusarem veementemente a pagar essas
taxas absurdas e desfocadas da realidade.
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