quarta-feira, 29 de agosto de 2018

ONU considera "chocantes" manifestações da extrema-direita na Alemanha


O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos considerou hoje "verdadeiramente chocantes" as manifestações da extrema-direita na Alemanha em que simpatizantes desfilaram fazendo a saudação nazi e instou os políticos "de toda a Europa" a condenarem-nas.

"Penso que é fundamentalmente importante que os responsáveis políticos de toda a Europa denunciem isto", disse Zeid Reid al-Hussein numa conferência de imprensa em Genebra.

O Alto-Comissário respondia a um pedido de reação aos acontecimentos dos últimos dias em Chemnitz, na Saxónia, no leste da Alemanha.

Após a morte por esfaqueamento de um alemão e a detenção pela polícia de dois suspeitos do crime, um iraquiano e um sírio, grupos de extrema-direita lançaram no domingo uma "caça aos estrangeiros" nas ruas de Chemnitz.

Na segunda-feira, uma contramanifestação convocada por movimentos de extrema-esquerda foi recebida por quase 6.000 simpatizantes da extrema-direita, alguns dos quais desfilaram fazendo a saudação nazi. Confrontos entre ambos os grupos fizeram 20 feridos.

Zeid frisou que quem matou o cidadão alemão "deve ser punido", mas disse que "o que se passou na Saxónia nos últimos dias é verdadeiramente chocante".

"Podemos por vezes sentir-nos desencorajados por ver que o avanço contínuo destes partidos de extrema-direita, com uma amnésia aparentemente total e uma falta de orientação a longo prazo, continua apesar do que vemos", disse o Alto-Comissário.

"Não podemos simplesmente ocultar da nossa memória os traumas do passado, porque é assustador ver como os mesmos instrumentos voltam a ser usados", acrescentou.

O Alto-Comissário considerou também "preocupante" que "em vários países europeus, o mesmo crime tem mais cobertura se for cometido por um migrante, do que se for cometido por um não-migrante", dada "uma corrente de preconceitos ligados à extrema-direita que se infiltram nos 'media'".

"É particularmente preocupante ver isto na Europa dado os enormes traumas que a própria Europa testemunhou ao longo do século XX", concluiu.

MDR // EL | Lusa

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