Chemnitz, cidade no leste da
Alemanha palco de recentes protestos anti-imigração, recebe instalação "Os
lobos estão de volta", que inclui estátuas que fazem saudação nazista.
Objetivo é questionar onda de radicalismo.
Dez lobos de bronze, alguns deles
fazendo a saudação nazista, foram expostos nesta quinta-feira (13/09) na cidade
de Chemnitz como parte de uma instalação artística contra a crescente onda
de radicalismo na Alemanha.
Com até dois metros de altura e
até três metros e meio de largura, as figuras possuem cabeças, garras e
caudas de lobos, mas tronco e braços humanos. Cinco delas fazem a saudação de
Hitler, enquanto outras parecem preparadas para atacar. Há ainda criaturas que
trazem os olhos vendados e usam coleiras.
A instalação "Os lobos estão
de volta", do artista Rainer Opolka, é uma reação aos recentes protestos
de extrema direita em Chemnitz, no estado da Saxônia, no leste do país.
"Precisamos de meios contra
o medo e a febre que tomou conta de nosso país, e de soluções contra o ódio e a
violência", disse Opolka a respeito da obra. Para ele, os acontecimentos
recentes em Chemnitz são sintoma de um fenômeno que provoca "medo e
amargura em todo o nosso planeta, dividindo a sociedade".
Placas em torno da instalação
acusam o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), o
movimento Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a
islamização do Ocidente") e neonazistas de instrumentalizarem as
preocupações de cidadãos alemães.
A coleção de lobos de Opolka já
foi exibida em Berlim, Dresden e Potsdam desde 2016. A obra faz referência
ao dito romano de mais de 2.200 anos "O homem é o lobo do homem",
corroborado sucessivamente por pensadores como Erasmo de Roterdã, Thomas
Hobbes, Sigmund Freud.
A instalação também se baseia no
fato de neonaziszas e extremistas de direita, com frequência, descreverem a si
mesmos como lobos.
Posicionada em frente a uma
icônica estátua de Karl Marx em Chemnitz, a instalação poderá ser visitada até
a noite desta quinta-feira.
Protestos de extrema direita
Recentes
protestos contra estrangeiros atraíram milhares de pessoas, sendo
grande parte apoiadores do Pegida e da AfD, a Chemnitz após um cidadão
alemão ter sido morto durante uma briga na cidade. Três requerentes de refúgio
são suspeitos do crime.
O fato de suspeitos pelo
crime serem estrangeiros acirrou os ânimos na cidade e teriam levado
extremistas a perseguirem e atacarem pessoas que aparentavam ser estrangeiras
durante os protestos.
No início de setembro, milhares
de pessoas compareceram a uma série de shows em Chemnitz, em resposta às
manifestações anti-imigração na cidade e em protesto contra a xenofobia e
o racismo.
Na cidade de Köthen, também no
leste alemão, manifestantes
entoaram cânticos e palavras de ordem nazistas no üultimo domingo,
durante uma marcha de luto pela morte de um homem após uma briga com imigrantes
afegãos.
A chanceler alemã, Angela Merkel,
lamentou as mortes em Chemnitz e em Köthen e afirmou
que os responsáveis devem ser punidos. Ela disse compreender que muitas
pessoas estejam com raiva de supostos crimes cometidos por imigrantes, mas
condenou expressões nazistas e ataques a estrangeiros que teriam ocorrido nos recentes
protestos.
"Não há desculpa para uso de
violência e de palavras de ordem nazistas ou para atacar pessoas com aparência
diferente", disse a chanceler federal, ressaltando ser necessário haver um
consenso sobre valores básicos da sociedade alemã.
Deutsche Welle
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