Empresa é acusada de sujeitar uma
trabalhadora reintegrada a um «verdadeiro inferno», onde, além do assédio constante, obriga-a a carregar sacos
pesados diariamente debaixo de temperaturas elevadas.
A situação
dentro da Fernando Couto – Cortiças, no concelho de Santa Maria
da Feira, é denunciada numa nota do Sindicato dos Operários
Corticeiros do Norte (SOCN/CGTP-IN), que classifica a repressão vivida
pela trabalhadora como um «verdadeiro inferno».
Segundo o sindicato, desde a
sua reintegração, em Maio, a trabalhadora tem sido sujeita a uma
perseguição constante por parte da entidade patronal.
Depois de ter «convidado os outros trabalhadores a não
falar com ela», a empresa, sabendo que esta sofria de várias
doenças profissionais (tendinites, hérnia discal e lombalgia),
colocou-a a fazer trabalho pesado.
O SOCN denuncia que a
trabalhadora em causa foi isolada pela empresa dos demais
colegas e que, até à presente data, está «a carregar e a
descarregar os mesmos sacos com mais de 15/20 kg para a
mesma palete», num ambiente ao sol que atinge «temperaturas
muitas vezes superiores aos 40/45º graus (com contantes hemorragias
nasais), (...) ao "arrepio" das recomendações» da medicina do
trabalho da empresa.
Além das «constantes
provocações verbais», o SOCN denuncia ainda que a
trabalhadora está proibida de estacionar o seu automóvel dentro
do parque destinado a todos os outros, como também de aceder à casa-de-banho
dos trabalhadores, sendo obrigada a deslocar-se a uma que lhe foi
«atribuída», sem o mínimo de privacidade e que tem de cobrir com
um pano preto que trouxe de casa.
Trabalhadora reintegrada por
Tribunal do Porto
Na nota de imprensa, é explicado que
a funcionária estava na empresa desde 2009, como profissional alimentadora-recebedora,
até que, em Janeiro do ano passado, foi despedida com o argumento de extinção do posto de trabalho, tendo recorrido aos tribunais.
O Tribunal da Relação do Porto acabou
por dar razão à trabalhadora, tendo, em Abril de 2018, considerado
ilegal o despedimento. A empresa foi condenada a pagar uma
indemnização por danos morais, a reintegrá-la na empresa e a
reembolsar as retribuições que a trabalhadora deixou de auferir.
«O comportamento da entidade
patronal vem causando sérios e graves problemas psicológicos à trabalhadora»,
afirma o SOCN, que salienta que, desde então, esta mãe divorciada com um filho
diagnosticado com problemas do foro psiquiátrico tem visto
agravados os seus problemas de saúde e familiares.
Segundo o sindicato, «todos estes
atropelos continuam a ocorrer em desrespeito pela decisão do Tribunal da
Relação do Porto e mesmo após a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT)
efectuar duas acções inspectivas à entidade patronal e elaborado um auto de
notícia por assédio moral».
AbrilAbril | Foto Nuno Veiga/Lusa
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