domingo, 21 de outubro de 2018

Angola | Em saudação à “Operação Transparência”


Em reposição no PG “O Vale do Cuango”, de Martinho Júnior, decano do Página Global, afirma que “recordo esta publicação que fiz em Janeiro de 2011” - que aqui inserimos pela constante importância dos artigos do autor, amigo inolvidável e constante companheiro que “alimenta” sobre Angola, África e resto do mundo a opinião e análise na redação do PG.

O VALE DO CUANGO

Martinho Júnior | Luanda

O riquíssimo vale do Cuango, uma imensa mina a céu aberto, tem sido, praticamente desde que foram definidas as fronteiras de Angola, uma das regiões onde têm acontecido algumas das disputas mais acirradas e críticas em toda a região, interligando-se (senão mesmo afectando simultaneamente) à situação sócio-política e económica quer da RDC, quer de Angola. (1)

As fronteiras de Angola, fronteiras estimuladas sobretudo a partir do quadro da Conferência Colonial de Berlim, de há 50 anos a esta parte e no geral foram sempre disputadas, mas as coisas passaram-se de forma distinta no Cuango devido à existência de diamantes aluviais, ao facto do rio possuir curso internacional, por causa de ser um dos tributários da grande bacia do Congo e ainda por causa do vale propiciar acesso à região central das grandes nascentes em Angola, ou seja, uma conjuntura que tem-se tornado numa prolongada situação de excepção com implicações profundas na vida dos dois países.

O cartel de diamantes, o intrincado “lobby” dos minerais e os poderes ligados às elites e à hegemonia, tiveram sempre o vale do Cuango como uma referência obrigatória, como se ali se espraiassem as “minas de Salomão” e não é por acaso, que depois de tantos jogos africanos instrumentalizados pelas manipulações das potências ocidentais e em particular dos Estados Unidos, surjam num cínico corolário “experts” como Theresa Whelan, (Subscretária da Defesa para África durante a última fase da Administração de George Bush) que chegam à conclusão de que afinal em África existem zonas onde os poderes centrais têm pouca capacidade de intervenção político-administrativa, num vazio que é por vezes aproveitado para, ao mesmo tempo que se promove a deliquescência dos vulneráveis estados africanos, se incentivarem rebeldes, etno nacionalismos, tribalismos… e as explorações mais desenfreadas e vis dos mais diversos minerais, sobretudo diamantes aluviais e coltan. (2)

As estratégias Norte Americanas em África, dirigidas para as regiões de insuficiente cobertura política-administrativa, fazem hoje parte dos conceitos absorvidos pelo AFRICOM e isso é um inquestionável sinal que nos obriga a reflectir sobre esse tipo de fronteiras e sobre a natureza de estados como o Uganda e o Ruanda, dominados por elites de feição subordinadas a esses interesses extra continentais dispostos à manipulação histórica, à opressão, ao desequilíbrio, às “estratégias de tensão” a que se habituaram e até às guerras de rapina.

Os regimes do Uganda (Yoweri Museveni) e do Ruanda (Paul Kagame) têm sido identificados como servis aos propósitos dos Estados Unidos e do AFRICOM, enquanto plataformas de acção em direcção leste (Somália) e oeste (particularmente a RDC, mas também com influência na situação transfronteiriça em Angola).

A revolta da baixa do Cassange ocorreu há 50 anos na parte do curso do Cuango imediatamente a sul do seu sulco se tornar fronteira internacional. (3)

O facto da Cotonang ter escolhido a região para as suas plantações de algodão pode ter sido a fórmula ambígua para alguns capitais com proveniência sintomática da Bélgica e de Portugal também serem aplicados no tráfico de diamantes em plena década de 50, o que poderá ser um dos segredos que foi enterrado pelo Estado Colonial de Salazar e Caetano e garantido com a finitude da PIDE/DGS…

… Talvez no arquivo da Torre do Tombo se possam recolher algumas notícias em relação a isso… mas o cartel sabe-o na perfeição e se porventura não o divulga, é por que se mantém fiel a que “o segredo continue a ser a alma do negócio”: o Cuango continua a ser uma inesgotável fonte de diamantes aluviais, num tom amarelo-limão reconhecível em qualquer parte do mundo dedicado a esse tipo de enredos, particularmente nas bolsas de diamantes de Antuérpia, Amsterdão, Nova York, Londres e Tel Aviv…

O cartel de diamantes durante a IIª Guerra Mundial era de tal maneira poderoso que negociava com os dois lados do “front” e era ao Congo e a Angola (vale do Cuango incluído), que ia buscar alguns dos diamantes indispensáveis à indústria do armamento das potências do Eixo, com destino especial à manufactura dos canhões.

… O melhor aço alemão só podia ter estrias vincadas por diamantes e os Oppenheimer tinham de pagar tributo às suas origens, em conformidade aliás com a experiência financeira dos Rothschild…

O conhecimento desses factos segundo a investigadora e antropóloga Janine Farrell-Roberts, é uma pedrada no charco da propaganda mil vezes difundida pelo cartel, não só quando propaga o aliciante slogan (aliciante para as elites) que “os diamantes são eternos”, mas quando mentem ao procurar difundir que os diamantes são elementos que nada têm a ver com o sangue e em tudo têm a ver com a paz, com o amor e com uma certa fidelidade que chega ao ponto de, pela via do casamento, ser abençoada até por Deus… (4)

A Cotonang chegou ao vale do Cuango disposta a assumir as mesmas experiências coloniais que haviam sido assumidas no Congo com o Rei Leopoldo, experiências que eram transferidas para os colonialistas portugueses com quem não havia sido difícil esse tipo de aprendizagem e comunicação.

O vale do Cuango era um excelente “vaso comunicante”, tanto do ponto de vista do exercício do impacto dos poderes coloniais belgas e portugueses como do ponto de vista natural, climático e físico-geográfico, um elemento comum de referência e de identidade própria entre o Congo e a Angola colonizados e por isso, a revolta dos camponeses em Cassange há 50 anos, bebeu também da influência da independência do Congo e da interpretação popular (interpretação filtrada pelo messianismo redentor de então e disseminada como mensagem para as massas de iletrados e oprimidos) das ideias revolucionárias de Patrice Lummba.

Foi sintomático que em Angola, a corrente de revolta contra o colonialismo tivesse chegado primeiro à baixa do Cassange do que ao resto do país, em especial Luanda e norte (actuais Províncias do Bengo, Zaire e Uíge).

Foi também sintomático que essa revolta que culminou em massacre tenha vindo a inspirar aqueles que se propuseram à luta de libertação, tanto pela via do movimento, como pela via dos etno nacionalismos de feição neo colonial.

Essa lição aprendeu-a como é lógico o poder dominante exercido pelos Estados Unidos arrastando os seus “parceiros” com implicações na região (Bélgica, Portugal, o regime de Mobutu, o regime do “apartheid”… o cartel, os traficantes, as bolsas de diamantes… ).

Para esse poder imenso, sempre houveram discretas práticas de conspiração e os obstáculos foram sendo varridos sempre que se desenhavam nos horizontes sócio-políticos, em manipulações selectivas por vezes sangrentas, traumatizantes e evidentes desde a independência do Congo há 50 anos…

Patrice Lumumba foi rapidamente eliminado, Pierre Mulele seria um pouco mais difícil de atrair, mas por fim acabou também por ser eliminado e, para que tudo corresse de acordo com as conveniências, lá estavam Tshombé, Kasavubu, Adoula e Mobutu, sobretudo Mobutu, ele próprio sob influência directa dum dos elementos operacionais mais fortes do cartel e da CIA: Maurice Tempelsman. (5)

Aristocracia financeira mundial, diamantes e elites locais sempre foram tendo em África seus pontos comuns de “entendimento e ligação”, interiorizados por décadas de neo colonialismo, à imagem e semelhança do que vem acontecendo de há 200 anos a esta parte no outro lado do Atlântico, na América Latina…

A luta de libertação em Angola aliada ao internacionalismo revolucionário cubano que o próprio Che se encarregou de fazer chegar a África em 1965 saiu vitoriosa e, no rescaldo da independência de Angola dez anos mais tarde, outro acontecimento marcou pela positiva a vida no vale do Cuango: os militares do ELNA, que haviam experimentado a manipulação de Kissinger e da CIA bem como a derrota de Quifangondo, estavam dispostos a, pela via do COMIRA, vir a integrar um a um as fileiras das FAPLA, num fluxo inverso ao seguido anos antes por Daniel Chipenda, que culminara na constituição do Batalhão Búfalo das SADF. (6)

Foi a partir de suas bases em Tembo Aluma e Kassango Lunda, no lado do Congo e na margem direita do Cuango internacional, que os contactos foram feitos com os oficiais da DISA e estimulada a integração.

Pela primeira vez no longo percurso em busca da paz pela via da ausência de tiros, Angola experimentou êxito e deu o primeiro passo.

A vida no vale do Cuango continuou a ser entretanto uma vida de fronteira, à disposição dos interesses que surgiam com fluência na região.

O comércio de fronteira foi estimulado a partir de Kinshasa, com traficantes israelitas, portugueses, belgas, zairenses e até angolanos que afluíam no engodo dos diamantes aluviais do Cuango.

No processo 105/83 alguns desses traficantes foram sendo identificados, entre eles o já falecido José Basílio Alves Pereira, angolano nascido em Malange que tinha residência na cidade do Porto, em Portugal e entre outras coisas fazia do Zaire sua plataforma de actividades.

Ele havia sido um comerciante interessado na logística da FNLA e depois da integração duma parte do efectivo do ELNA nas FAPLA, havia continuado com os “negócios de fronteira”…

O próprio círculo de poder de Mobutu, tirando partido de gente como João Nunes Seti Yale, um luso-zairense disponível que fazia parte da elite no poder em Kinshasa, manteve preponderância sobre o tráfico na direcção do Cuango internacional. (7)

A guerra no sul do Continente evoluiu e o movimento de libertação, a partir da histórica batalha de Cuito Cuanavale, conseguiu que a luta contra o “apartheid” saísse vitoriosa.

Savimbi, que havia estruturado a sua organização com o apoio do regime do “apartheid” pela via das Operações Silwer e Disa junto à fronteira sul encostado à faixa do Carpivi e ao norte do Botswana, ficava sem retaguarda, mas a CIA e o cartel de diamantes, influenciando Mobutu, atraíram-no à montagem dum novo dispositivo, desta vez utilizando o território do Zaire, explorando aliás o “êxito deep inside” que fora a relativa neutralização daqueles que no quadro de Segurança do Estado em Angola, eram dos elementos mais conhecedores do enredo internacional e das estratégias dos diamantes de fronteira, incluindo as que eram montadas na via do Cuango internacional.

Foi muito importante esse esforço das grandes manipulações para a causa do império e do cartel e a sincronização de esforços com a utilização de Mobutu e de Savimbi contava com o curriculum histórico deste último:

- No momento de combater o colonialismo, Savimbi atirou-se para os braços dos portugueses no âmbito da Operação Madeira…

- No momento de combater o “apartheid”, Savimbi aliou-se a ele, (Operações Silwer e Disa), com o fito possível de tornar Angola num “bantustão” da periferia norte sul africana… à imagem e semelhança do que era o regime de Mobutu…

- No momento propício à paz, Savimbi partia para uma nova guerra com os olhos no poder em Luanda, uma guerra que pela natureza das suas acções, se identificava com a rapina a que estava sujeito o continente de há várias centenas de anos a esta parte…

Savimbi aceitara uma vez mais ser instrumentalizado pelos grandes interesses ocidentais extra continentais e pelo cartel dos diamantes e o vale do Cuango ligado estrategicamente ao vale do Cuanza, constituiria o eixo da implantação de sua organização, das estruturas que criou, da disseminação de sua força militar e mineira e da sua vontade de conquista do poder pela via das armas a partir do Andulo, onde instalou seu quartel general em plena região central das grandes nascentes. (8)

No rio Cuango, inclusive no curso internacional, em 1999 era o seguinte o inventário das minas aluviais dos “diamantes de sangue” de Savimbi, antes da preparação da ofensiva das FAA:

“MARROCOS” - Latitude - 06º 01’ 05’’ SUL .
 - Longitude - 16º 35’ 01’’ LESTE .

CUANGO - Latitude - 06º 18’ 41’’ SUL .
 - Longitude - 16º 42’ 18’’ LESTE .

BONGOLO - Latitude - 06º 35’ 54’’ SUL .
 - Longitude - 16º 46’ 03’’ LESTE .

BOTOMUNA ( RDC ) - Latitude - 06º 33’ 54’’ SUL .
 - Longitude - 16º 51’ 56’’ LESTE .

KITANGU  - Latitude - 06º 58’ 57’’ SUL .
 - Longitude - 16º 54’ 54’’ LESTE .

MASSAU - Latitude - 07º 13’ 58’’ SUL .
 - Longitude - 16º 54’ 50’’ LESTE .

“QUIBALA” - Latitude - 07º 18’ 21’’ SUL .
 - Longitude - 17º 01’ 32’’ LESTE .

No Cuanza, imediatamente a sul, eram estas algumas das minas que estavam à disposição de Savimbi (imediatamente antes da Operação Restauro):

CHIMBAMBA - Latitude     - 10º 41 58'' SUL .
- Longitude  - 16º 39' 57'' LESTE .

SONGUE - Latitude     - 10º 44' 54'' SUL .
- Longitude  - 16º 44' 57'' LESTE .

CASSUMA - Latitude - 10º 47’ 56’’ SUL .
- Longitude - 16º 35’ 58’’ LESTE .

“SALVATERRA” - Latitude - 10º 48’ 49’’ SUL .
 - Longitude - 16º 53’ 22’’ LESTE .

“SANTOMA” - Latitude - 10º 51’ 02’’ SUL .
 - Longitude - 17º 10’ 03’’ LESTE .

DANDO - Latitude     - 11º 14' 29'' SUL .
- Longitude  - 17º 25' 12'' LESTE .

TCHOMBO - Latitude - 11º 41’ 49’’ SUL .
- Longitude - 17º 29’ 56’’ LESTE .

GONDE - Latitude     - 12º 02' 37'' SUL .
- Longitude  - 17º 39' 41'' LESTE .

CUÍME - Latitude     - 12º 17' 00'' SUL .
- Longitude  - 17º 46' 47'' LESTE .

CHÍMUE - Latitude     - 13º 15' 22'' SUL .
- Longitude  - 17º 25' 57'' LESTE .

Esse inventário foi muito proveitoso: as unidades militares e a “polícia mineira” de Savimbi, em posições defensivas tinham de estar perto dessas minas e, quando as FAA iniciaram a ofensiva, os objectivos militares estavam em grande parte identificados.

Pelo conhecimento das minas aluviais da “guerra dos diamantes de sangue” em Angola, foram desmantelados os dispositivos militares de Savimbi!...

Com a ascensão de Laurent Kabila ao poder, o cartel de diamantes avisado por Maurice Tempelsman e pela CIA, procurou envolver-se directamente no vale do Cuango e antes de obter resultados manobrou com o Consórcio America Mineral Fields que tinha como figura principal Jean-Raymond Boulle.  (9)

A corporação estava registada na cidade de Hope, Arkansas, a cidade onde o Presidente Bill Clinton havia nascido, um estado que possui diamantes…  até aí chegavam as influências do “lobby” dos minerais e da “Rhodes Scholarship” por dentro dos nervos sensitivos do aparelho dos Democratas dos Estados Unidos…

O vale do Cuango, 50 anos depois do massacre da baixa do Cassange, ainda não tem garantida a tranquilidade, o equilíbrio, a segurança e a justiça social que são factores-chave dos princípios que advêm do sentido de vida próprio do movimento de libertação em África.

Alguns dos que combateram Savimbi, com o acesso ao conhecimento que adquiriram durante a “guerra dos diamantes de sangue”, constituíram consórcios que operam na área dos diamantes aluviais do Cuango onde passaram a ser preponderantes e onde exercem até a repressão privada, num universo humano em constante mutação, cuja fluidez mexe até à região central das grandes nascentes.

O Cuango continua a ser uma via porosa para o tráfico de diamantes, como ainda, no rescaldo da finitude dos dispositivos de Savimbi, uma via porosa para as migrações clandestinas que penetram em Angola a partir de outros pontos do continente africano e da República Democrática do Congo.

Milhões de aventureiros de todas as origens, mas acima de tudo provenientes de África enquanto continente marginalizado, desprotegido e miserável, concorrem para chegar a Angola e às “minas de Salomão” como as do Cuango.

É necessário que os estados implicados na Região e muito particularmente Angola e a RDC, promovam conhecimentos e iniciativas comuns em relação a essa jóia emblemática que constitui o vale do Cuango, tributário como o Cassai do 2º pulmão do planeta, a extensa bacia do Congo, o Amazonas de África.

Em África o Congo tornar-se-á ainda mais importante e decisivo do que é ao longo deste século, pois os desertos quentes imensos que cobrem uma parte colossal do continente estão em fase de aumentar a sua superfície.

Por outro lado os países da África Austral esgotaram potencialidades de energia eléctrica e em alguns casos de água, pelo que será à barragem de Inga que irão buscar uma parte das carências e a água, poussui-a em abundância a imensa bacia do Congo.

Este é um dos enormes desafios para a independência dos dois países, Congo e Angola e para a vontade expressa de desenvolvimento sustentável nas Regiões Central e Austral do continente, desafios que devem passar por necessárias capacidades de equilíbrio e integração, ao contrário do que bastas vezes tem acontecido, inclusive após a assinatura do Acordo de Luena, no seguimento da morte de Savimbi, (conforme exposições e relatos muito críticos e com bastante fundamentação de activistas de direitos humanos, entre eles Rafael Marques). (10)

A libertação da pátria angolana obriga a tirar-se partido da ausência de tiros para realizar todas as legítimas ambições do movimento de libertação em prol de todo o Povo Angolano e dos Povos das duas Regiões: lógica de equilíbrio e de harmonia social, justiça social, desenvolvimento sustentável, educação, saúde, democracia cidadã participativa, socialismo e paz!

Até que ponto os seguidores de Patrice Lumumba, de Pierre Mulele, de Laurent Kabila, do Che, de Agostinho Neto, de Oliver Tambo serão capazes de se inspirarem no movimento de libertação e no internacionalismo revolucionário de Cuba para se conseguir resgatar decididamente África, pela via duma cultura de paz, do subdesenvolvimento crónico a que ainda está sujeita?

Aventureiros como Jaime Nogueira Pinto, (um órfão do fascismo ao serviço da CIA e sempre tocado pelo carbono puro e o marfim), são capazes de tudo para contrariar a perseguição dos objectivos maiores da Pátria Angolana, até de serem “vira casacas” (sê-lo-ão?) para satisfazerem cobiças antigas que provavelmente lhes “estão no sangue”… e não deixam de ter Angola na mira, pois sabem que aqui estão as “minas de Salomão” e o que não conseguiram pela força das armas, talvez consigam com a força dos negócios, especialmente aqueles conformes a todo o tipo de “Jogos Africanos”… (11)

Há que forjar capacidade de contrariar o destino que o capitalismo herdeiro da Revolução Industrial tem determinado para África: o destino dum corpo inerte onde cada abutre tem vindo depenicar o seu pedaço!

Martinho Júnior - 4 de Janeiro de 2011

Notas:
- (1) – Recursos naturais – Embaixada de Angola na Grécia - http://www.angolanembassy.gr/Portugues/RECURSOS.htm ; Ao longo do século XVI, inúmeras vagas de povos irromperam por Angola – http://livrochicoronho.blogspot.com/2010/07/ao-longo-do-seculo-xvi-inumeras-vagas.html ; Sanções contra Savimbi – vale do Cuango – ANGOP – http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2000/3/16/,8b9088dd-8e0f-4386-9cd0-af7129a4c67b.html ; Diamonds in África – Aluvial exploration & Mining – Angola – http://www.minelinks.com/alluvial/diamondGeology59.html
- (2) – Pentagon Africa Policy Chief Whelan Describes U.S. Objectives for Africa Command – http://www.africom.mil/getArticle.asp?art=1663 ; Africa Command: Opportunity for Enhanced Engagement or the Militarization of U.S.-Africa Relations? – http://www.internationalrelations.house.gov/110/whe080207.htm ; Africa’s ungoverned states . a new treat paradigm – https://outerdnn.outer.jhuapl.edu/VIDEOS/121905/121905_WhelanNotes.pdf ; Áreas sem governação em Angola e Moçambique preocupam EUA – ANGONOTÍCIAS – http://angonoticias.com/full_headlines_.php?id=10077 ; A importância do AFRICOM no contexto actual da segurança e defesa africana – http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/AFRICOM.pdf ; A cimeira da NATO em Lisboa honrou o espírito de Kissinger – http://pagina--um.blogspot.com/2010/11/cimeira-da-nato-em-lisboa-honrou-o.html
- (3) – A revolta da Baixa do Cassange – http://cc3413.wordpress.com/2010/01/09/a-revolta-da-baixa-do-cassange/ ; Angola 1961 – da baixa do Cassange a Nambuangongo – António Lopes Pires Nunes – http://petrinus.com.sapo.pt/sublevacao.htm ; http://petrinus.com.sapo.pt/cassange.htm ; Ministro da Administração do Território visita local do futuro memorial dos mártires da Baixa de Cassanje – http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2011/0/1/Ministro-Administracao-Territorio-visita-local-futuro-memorial-dos-martires-Baixa-Cassanje,59022c0e-bf52-4b75-ad5c-daeac9256ff7.html
- (4) – Janine Farrell-Roberts – http://www.sparkle.plus.com/index-frame.html ; http://www.sparkle.plus.com/samples.html ; The desestabilization of África – http://www.rense.com/general10/destabilization.htm ; Basta de matanzas y saqueo en el Congo – http://www.inshuti.org/extracto.htm
- (5) – Tempelsman’s man in Kinshasa emends Lumumba story – Susan Mazur – http://www.suzanmazur.com/?p=131 ; Covert action in Africa: a smoking gun in Washington DC – Congresswoman Cynthia McKinney – http://muhammadfarms.com/covert_action_in_africa.htm ; Proxy wars in central Africa – Keith Harmon Snow – http://www.allthingspass.com/uploads/html-106PROXYWARSCENTRALAFRICA%5BATP%5D.htm : Patrice Lumumba – 50 anos depois do seu assassinato – Página Um – Martinho Júnior – http://pagina--um.blogspot.com/2010/11/patrice-lumumba-50-anos-depois-do-seu.html ; Life and death in the Congo – Thomas M. Callaghy – CFR – http://www.foreignaffairs.com/articles/57250/thomas-m-callaghy/life-and-death-in-the-congo?page=show

- (6) – Quifangondo – Página Um – Martinho Júnior – http://pagina--um.blogspot.com/2010/11/quifangondo.html ; O primeiro passo para a Reconciliação Nacional em Angola – Página Um – Martinho Júnior – http://pagina--um.blogspot.com/2010/12/o-primeiro-passo-para-reconciliacao.html ; Buffalo Batlion - http://flecha.co.uk/  ; Operation Savannah – Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Savannah_(Angola) ; 32 battalion – Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/32_Battalion_(South_Africa) ; The silent war – Peter Stiff – http://www.galago.co.za/CAT1_A_b.htm
- (7) – Mobutu’s men live the high life in SA – Business Times – http://www.btimes.co.za/97/0525/news/news1.htm ; Peu à peu, Seti Yale redevient maître de ses biens spoliés à travers le pays – DigitalCongoNet – http://www.digitalcongo.net/article/56848 ; The wite legion: nercenaires in Zaíre – Archive – Jane’s – http://www.janes.com/articles/Janes-Intelligence-Review-97/THE-WHITE-LEGION-MERCENARIES-IN-ZAIRE.html ; Seti Yale, Baramoto Kpama et Kengo wa Dondo désavoués ŕ propos du projet de coup d’Etat – DigitalCongoNet – http://www.digitalcongo.net/article/14657
- (8) – Conflict Diamonds – ONU – http://www.un.org/peace/africa/Diamond.html ; Um whisky que ficou por beber – Escrita em dia – http://blogda-se.blogspot.com/2006/01/um-whisky-que-ficou-por-beber.html ;
- (9) – America Mineral Fields welcomes UN report – Mining Weekly – http://www.miningweekly.com/article/america-mineral-fields-welcomes-un-report-2003-10-31 ; Angola Diamond Mining and War – http://www1.american.edu/ted/ice/angola.htm ; David takes on Golliath of diamonds – http://secure.financialmail.co.za/97/0704/upfront/mine.htm ; Jean-Raymond Boulle – Wikipedia –
- (10) – Revista anual da indústria dos diamantes – 2005 – Paceweb – http://www.pacweb.org/Documents/annual-reviews-diamonds/Angola-AR2005-prot.pdf ; Operação Kissonde - Rafael Marques – http://www.cuango.net/ ; Angola´s deadly diamonds – http://www.wilsoncenter.org/events/docs/ADDMarq.pdf ; Sociedade Mineira do Cuango – http://angola-luanda-pitigrili.com/who%E2%80%99s-who/s/sociedade-mineira-do-cuango ; Lei 16/94 (Legislação Mineira) - http://www.endiama.co.ao/pdfs/Lei16_94.pdf
- (11) – Angola: Jaime Nogueira Pinto autografa último livro em Luanda – Expresso – http://aeiou.expresso.pt/angola-jaime-nogueira-pinto-autografa-ultimo-livro-em-luanda=f517490 ; Jaime Nogueira Pinto no teatro africano da Guerra Fria – Ípsilon – Público – Teresa de Sousa – http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=219199; Portugal – O fascismo – a PIDE e os Tribunais Plenários – http://www.blog.comunidades.net/pide/index.php?op=arquivo&idtopico=157651 ; A estratégia de tensão – O terrorismo não identificado da NATO – Sílvia Catori – Daniele Ganser – http://www.odiario.info/?p=1924

Livros consultados e que recomendo a investigadores:

- Les gemmocraties – Fançois Misser et Olivier Vallée - "Sur le continent africain, les sociétés minières font appel aux mercenaires, les Etats s'associent à des aventuriers et les pauvres cèdent au mirage des pierres précieuses... L'incrustation d'une économie du diamant brut dans ces pays ravagés par la misère, les conflits et la corruption accélère l'irruption d'acteurs qui empruntent aux mafias internationales, aux intérêts géopolitiques, et au recyclage de l'argent sale, leurs marchés, leurs méthodes et leurs ambitions. Un livre qui à travers les guerres secrètes du diamant explore le façonnage de nouveaux pouvoirs africains." - http://www.franceculture.com/oeuvre-les-gemmocraties-l-%C3%A9conomie-politique-du-diamant-africain-de-fran%C3%A7ois-misser-et-olivier-vall%C3%A9

- Mercenaires SA - Philippe Chapleau e François Misser - Since the beginning of the decade, there has been a spectacular increase in mercenary operations in all continents. This trend is the result of a sizeable growth in available manpower, following the end of the Cold War and of apartheid. Simultaneously, the collapse of a number of states, in Africa and also elsewhere, has caused a virtual explosion in demand for mercenary expertise, either from political leaders, or from organisations, from corporations, charities or, in some cases, the mafia, which want to work ¬ at any price - in these zones of high instability.
In this insecure world, which is undergoing considerable change, today's soldiers of fortune have little in common with the 'dogs of war' of the 1960s. Private war empires have been built; they hold contracts with states or corporations and act as the spearhead of future multisector empires. Moreover, these security companies sometimes have the blessing of the military establishments of NATO member states. The failure of NATO, and the complicity of some member states, worries UN officials. Who will control these new 'condottiere' and these 'soldiers of the future', for whom individual and collective security is only a business opportunity? This book describes the stakes and the challenges of conflicts in the age of the globalisation - http://www.africa-asia-confidential.com/book-review/id/7/Mercenaires-SA
- The silent war – Peter Stiff - This amazing book tells not only the story of South Africa’s special forces, it has also been described as the most important and frank history of South Africa itself during the apartheid years. It is also the most illuminating book on special forces published anywhere. Not only does Stiff deal with military operations but he also explains the political dynamics that prompted them. It is wide ranging and covers the first counter-insurgency operations in Namibia in 1966, a commando raid on Dare-es-Salaam, the Fox Street Siege, South Africa’s intervention into Angola in 1975 and subsequent pull-out, the rise of insurgency in Moçambique, South Africa’s reentry into Angola, strikes against SWAPO bases in Zambia, the training and assistance to UNITA, the fight against ZANLA and ZIPRA in Rhodesia (now Zimbabwe) and how the Recces staffed Rhodesia’s ‘D’ Squadron SAS, the fall of Rhodesia, how the SAS and Selous Scouts were reformed as Recce units in South Africa, the selection and training of special forces, the raid against the ANC at Matola in Moçambique, South African assistance to RENAMO and Recce operations in Moçambique, Lesotho, Cabinda, Botswana and Zambia. It also deals in detail with the final days of apartheid South Africa and explains how close the country was to a right-wing coup d’etat. - http://www.galago.co.za/CAT1_A_b.htm

- Jogos Africanos – Jaime Nogueira Pinto – Posted by atrida em Sábado, Janeiro 3, 2009 – Não gosto de julgar carácteres, mesmo quando a aparência que se dá é propicia a esse julgamento. Jaime Nogueira Pinto é uma de entre várias pessoas que, neste país, fizeram uma inflexão mais ou menos grande das suas convicções e do seu posicionamento ideológico. Publica agora “Jogos Africanos”, relato das suas experiências no continente negro, desde os tempos da defesa do Império até à actualidade como empresário, passando pela colaboração com a CIA. Em entrevista concedida ao suplemento Ípsilon (19/12) , do jornal Público, é grande o contraste entre os detalhes que dá das suas ligações com a CIA face às respostas telegráficas sobre o período em que estava a defender o Império Português. Mais penoso ainda é, perante a insidiosa pergunta da jornalista – «Foi uma saída [a ida para a África do Sul após o 25 de Abril] completamente aventurosa, como a que muitos da sua geração, e pelas razões contrárias, fizeram para França…» -, a sua resposta: «Era um pouco mais longe.» É como se a fuga ao dever de lutar pela Pátria fosse equiparável à fuga de quem cumpriu o seu dever e tem abandonar o terreno perante a ofensiva abrilina. À questão, essa bem colocada, «Hoje, curiosamente, é um homem bem visto pelo regime de Luanda», JNP afirma: «Tenho amigos mas também tenho inimigos.» Ponto. A parte mais interessante da entrevista é quando JNP afirma que há bons e maus em todos os campos (La Palisse não diria melhor), o que é uma forma como qualquer outra de relativizar tomadas de posição que, no mínimo, carecem de coerência.

Enfim, jogos. Africanos.

Sem comentários:

Mais lidas da semana