Ministro Pedro Sebastião frisa
que não houve qualquer tipo de violência no repatriamento dos cidadãos da RDC e
acusou o governo do país vizinho de "aproveitamento político". 380
mil migrantes já deixaram Angola.
O governo angolano entende que há
um certo aproveitamento político da parte da República Democrática do Congo
(RDC) em relação ao processo de repatriamento de cidadãos congoleses ilegais em
Angola, envolvidos na exploração ilegal de diamantes. Um processo que tem sido
conduzido no âmbito da Operação
Transparência, levada a cabo pelo executivo angolano desde o dia 25 de
setembro e que conduziu já à saída de cerca de 380.000 migrantes do país, a
maioria da RDC.
Ao reagir às informações de que
as autoridades congolesas pretendem também expulsar os angolanos ilegais
naquele país, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente
da República, general Pedro Sebastião afirmou que "se há angolanos a
residir na RDC de forma ilegal, o governo congolês tem todo o direito de mandar
de volta esses nossos angolanos, da mesma forma que o governo angolano e todo o
governo que se preze, tem o direito de retirar todos aqueles que estejam a
viver ilegalmente no seu território".
Pedro Sebastião está a coordenar
a Operação Transparência e falava à imprensa, este sábado (20.10), durante uma
visita a Dundo, no norte de Angola, fronteira com a RDCongo, e onde alguns
congoleses se manifestavam à frente da Embaixada de Angola.
Aproveitamento político
O ministro angolano disse ainda
considerar que as "informações tendenciosas postas a circular a nível
internacional" relativas ao repatriamento de milhares de congoleses, estão
a "por em causa a imagem da República de Angola e podem prejudicar as
relações de amizade e fraternidade que o Estado angolano pretende manter com os
países vizinhos no seu todo, e em particular, a irmã RDC”, na qual partilha uma
fronteira comum de mais de 200 quilómetros .
Aos jornalistas, Pedro Sebastião
disse ainda que, para além das consequências que proveem da imigração ilegal, o
que mais prejudica o território angolano é o garimpo de diamantes. Portanto, e
de acordo com esta realidade, acrescentou, o governo tem estado a agir nestas
duas realidades concretas. "Evidentemente que, em situações como estas há
sempre algum aproveitamento político. Sabemos que dentro de muito pouco tempo,
aqui ao lado, o país vai realizar eleições gerais e nós não gostaríamos muito
sinceramente de ser envolvidos nas querelas internas do país. Ao que parece há
um aproveitamento político em relação ao momento que se está a viver lá",
frisou o governante.
A Operação Transparência, disse o
governante, "não tem por base qualquer motivação ou sentimento xenófobo
contra cidadãos de países vizinhos ou e qualquer outra nacionalidade".
Visa apenas combater o tráfico de diamantes e imigração ilegal no país. Com esta
operação, continua Pedro Sebastião, Angola "pretende somente repor a
legalidade no que respeita a exploração e à comercialização de diamantes como
uma das principais fontes de receitas do país".
Nos últimos dias, muitos
congoleses acusaram as autoridades angolanas de brutalidade nas expulsões de
Angola e o Governo da RDCongo manifestou "toda a indignação e o
vivo protesto" ao Executivo angolano, não só pela violência como pela
"perda de vidas humanas". Este sábado (20.10), Pedro Sebastião voltou
a reiterar aos meios de comunicação nacionais e internacionais presentes que
são "completamente
falsas" as informações sobre alegados atos de violação dos direitos
humanos e assassinatos de cidadãos da República Democrática do Congo
que estão a ser repatriados do território angolano por não estarem legalizados.
Imagens descontextualizadas
"Não foram praticados
quaisquer atos de violências por parte das autoridades policiais ou militares,
suscetíveis de serem classificadas de violação dos direitos humanos contra os
cidadãos da República Democrática do Congo, que têm vindo abandonar o
território nacional ace às medidas tomadas, que levaram ao encerramento de mais
231 casas de compra e venda de diamantes, de 90 cooperativas, de mais de 380
mil cidadãos estrangeiros que abandonaram voluntariamente nosso
território", explicou.
Quanto às imagens de violência
contra supostos estrangeiros que estão a circular nas redes sociais, Pedro
Sebastião esclarece que "tais imagens são descontextualizadas e não
correspondem a realidades dos factos relacionados com esta Operação
Transparência que eu coordeno. Não houve cidadãos estrangeiros ou nacionais
molestados nem existiu qualquer apreensão de haveres pessoais”, afirmou o
governante angolano, sublinhando que "são completamente falsas as
afirmações referentes à massacres, sevícias ou violações praticadas pelas
autoridades ou populares angolanos", concluiu o general.
Borralho Ndomba (Lunda-Norte) |
Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário