Díli, 22 out (Lusa) - Professores
portugueses, bem como docentes e funcionários timorenses destacados nas escolas
de referência em Timor-Leste estão sem receber, respetivamente, os complementos
salariais e os salários desde pelo menos julho, disseram à Lusa vários
docentes.
O atraso de pagamentos abrange um
período em que os salários e componentes salariais, como as restantes despesas
do Estado timorense, estavam em regime de duodécimos, o que obrigaria ao seu
pagamento mensal.
Este novo atraso foi confirmado
num email que a coordenadora portuguesa do projeto Centros de Aprendizagem e
Formação Escolar (CAFE), Lina Vicente, enviou na semana passada aos docentes
portugueses e a que Lusa teve acesso, onde manifesta preocupação pelo atraso.
"Temos envidado esforços no
sentido de informar os responsáveis máximos do Ministério da Educação,
Juventude e Desporto sobre os transtornos pessoais que esta situação
causa", escreveu.
"A justificação obtida é que
os constrangimentos são de ordem burocrática, o sistema de pagamento está
fechado", refere ainda.
Lina Vicente explica que todos os
pagamentos, "de julho a outubro foram processados, tendo sido cumpridos
todos os prazos" no que concerne ao projeto, e que a coordenação continua
a recorrer a vias "formais e informais de comunicação" para que o
"problema seja resolvido o mais brevemente possível".
A justificação de
"constrangimentos de ordem burocrática" e que o "sistema de pagamento
está fechado" é a mais recente para um problema que se arrasta há vários
anos, com os professores e funcionários dos CAFE a esperarem sempre vários
meses pelos salários e componentes salariais.
O email justifica o atraso, neste
caso, com o suposto fecho do sistema de pagamentos do Ministério das Finanças.
Uma referência a problemas de reconciliação na introdução dos dados do
Orçamento Geral do Estado de 2018 e que este mês condicionaram alguns dos
pagamentos.
Presente nas capitais dos 13
municípios timorenses, envolvendo cerca de 80 docentes estagiários de
Timor-Leste, 130 professores portugueses e mais de sete mil alunos, o projeto
das escolas de referência (CAFE) é o elemento mais importante do programa de
apoio ao ensino do português em Timor-Leste.
O chefe da Unidade do Sistema
Integrado de Informação e Gestão Financeira (USIIGF) do Ministério das
Finanças, Joanico Pinto, explicou à Lusa que o problema - que hoje ficou
completamente resolvido - teve que ver com a reconciliação que foi necessária aplicar
entre os dados referentes ao Orçamento Geral do Estado de 2018, que só começou
a vigorar a partir deste mês e os dados de receitas e despesas aplicados, sob o
regime duodecimal, desde 01 de janeiro a 30 de setembro.
Ainda que essa justificação possa
aplicar-se no caso do mês de outubro - sendo que os salários e componentes
salariais só seriam processados normalmente no final do mês - a mesma não
justifica os atrasos nos pagamentos entre junho e setembro.
Especialmente, como notaram
vários docentes ouvidos pela Lusa, pelo facto de se aplicar desde o início do
ano o regime duodecimal o que obriga, necessariamente, os Ministérios a
processar todas as despesas mensalmente.
O projeto tem sido afetado todos
os anos por vários problemas, tendo as aulas começado mais tarde, tanto este
ano, como no ano passado, também por atrasos de Portugal no envio dos
professores.
Recorde-se que protocolo com base
no qual os professores são enviados para Timor-Leste prevê que além do salário pago
por Portugal, cada um dos professores receba do Governo timorense 1.000 dólares
por mês como ajudas de custo, a que se somam mais 100 dólares por cada ano
trabalhado no país.
Professores em Díli recebem um
complemento adicional de 600 dólares para casa e os que estão nos distritos
estão em casas disponibilizadas pelas autoridades timorenses.
ASP // MIM
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