quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Moçambique | Continuamos a brincar às eleições


@Verdade | Editorial

Já é sabido – por experiência feita – que a forma como é conduzido o processo eleitoral em Moçambique é intrinsecamente uma trapaça, uma vez que não se vislumbra o pleno exercício da cidadania e democracia. Como sempre, este ano voltámos a brincar às eleições e no próximo ano também voltar-se-á a brincar às eleições, pois ainda prevalece um grande défice democrático no país provocado por instituições como o STAE, a CNE e o Conselho Constitucional.

É preciso que se compreenda que a diversidade é um factor que enriquece uma sociedade, uma nação ou país. E os que pensam de modo diferente não são, de modo algum, inimigos. Porém, infelizmente indivíduos ligados ao partido Frelimo ainda não compreenderam isso. Não deveria haver dúvidas que as posições que assumimos são parte fundamental do esforço colectivo de edificação desta pátria. Todos queremos uma nação justa e próspera. Uma nação em que ninguém tenha de ficar preocupado se a Justiça ou a Polícia vira defendê-lo ou condená-lo com base nas suas cores políticas.

Este comportamento, digamos demente, encontra fundamento na seguinte situação: grande parte dos moçambicanos cresceu ou foi criado debaixo da árvore do monopartidarismo; desde a infância, centenas de milhares de moçambicanos nutriram-se de discursos demagógicos segundo os quais quem tiver ideias diferentes é inimigo, está contra o desenvolvimento, não pode ser patriota e deve ser veemente combatido. Ontologicamente, por razões históricas, os moçambicanos acreditam que apenas um partido tem o direito legítimo de conduzir a nau desta nação. É dentro dessa realidade que assistimos impávidos à partidarização do Aparelho do Estado, da sociedade moçambicana e, consequentemente, resulta na intolerância política.

O Acórdão Conselho Constitucional, que valida e proclama os resultados das eleições autárquicas de 10 de Outubro passado, em 52 municípios, e manda repetir a votação em oito das 39 mesas na autarquia da vila de Marromeu, em Sofala, é prova inequivoca da podridão do processo eleitoral em Moçambique. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) continua deliberadamente a atribuir vitória à Frelimo, contra a vontade do povo moçambicano.

Mas somente os jovens, podem impedir a esses necrófagos, que se nutrem de sangue e suor dos moçambicanos, de continuarem a conduzir a nau desta nossa “Terra Gloriosa” para o abismo. Independentemente das nossas simpatias partidárias, sem dúvidas, há um consenso: necessitamos de mudança genuína urgentemente. Portanto, para a almejada mudança, os jovens devem ser o motor. Precisa-se um Moçambique democrático, próspero e, acima de tudo, livre e justo para todos os moçambicanos independentemente da sua cútis, sexo, partido, religião e classe social.

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