@Verdade | Editorial
Já é sabido – por experiência
feita – que a forma como é conduzido o processo eleitoral em Moçambique é
intrinsecamente uma trapaça, uma vez que não se vislumbra o pleno exercício da
cidadania e democracia. Como sempre, este ano voltámos a brincar às eleições e
no próximo ano também voltar-se-á a brincar às eleições, pois ainda prevalece
um grande défice democrático no país provocado por instituições como o STAE, a
CNE e o Conselho Constitucional.
É preciso que se compreenda que a
diversidade é um factor que enriquece uma sociedade, uma nação ou país. E os
que pensam de modo diferente não são, de modo algum, inimigos. Porém,
infelizmente indivíduos ligados ao partido Frelimo ainda não compreenderam
isso. Não deveria haver dúvidas que as posições que assumimos são parte
fundamental do esforço colectivo de edificação desta pátria. Todos queremos uma
nação justa e próspera. Uma nação em que ninguém tenha de ficar preocupado se a
Justiça ou a Polícia vira defendê-lo ou condená-lo com base nas suas cores
políticas.
Este comportamento, digamos
demente, encontra fundamento na seguinte situação: grande parte dos
moçambicanos cresceu ou foi criado debaixo da árvore do monopartidarismo; desde
a infância, centenas de milhares de moçambicanos nutriram-se de discursos demagógicos
segundo os quais quem tiver ideias diferentes é inimigo, está contra o
desenvolvimento, não pode ser patriota e deve ser veemente combatido. Ontologicamente, por razões históricas, os moçambicanos acreditam que apenas um
partido tem o direito legítimo de conduzir a nau desta nação. É dentro dessa
realidade que assistimos impávidos à partidarização do Aparelho do Estado, da
sociedade moçambicana e, consequentemente, resulta na intolerância política.
O Acórdão Conselho
Constitucional, que valida e proclama os resultados das eleições autárquicas de
10 de Outubro passado, em 52 municípios, e manda repetir a votação em oito das
39 mesas na autarquia da vila de Marromeu, em Sofala, é prova inequivoca da
podridão do processo eleitoral em Moçambique. A Comissão
Nacional de Eleições (CNE) continua deliberadamente a atribuir vitória à
Frelimo, contra a vontade do povo moçambicano.
Mas somente os jovens, podem
impedir a esses necrófagos, que se nutrem de sangue e suor dos moçambicanos, de
continuarem a conduzir a nau desta nossa “Terra Gloriosa” para o abismo.
Independentemente das nossas simpatias partidárias, sem dúvidas, há um
consenso: necessitamos de mudança genuína urgentemente. Portanto, para a
almejada mudança, os jovens devem ser o motor. Precisa-se um Moçambique
democrático, próspero e, acima de tudo, livre e justo para todos os
moçambicanos independentemente da sua cútis, sexo, partido, religião e classe
social.
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