domingo, 4 de novembro de 2018

Patrice Trovoada, o autocrata santomense desfalcado

Patrice Trovoada, desagradado e desfalcado... da maioria
Patrice Trovoada, que venceu as eleições anteriores em São Tomé e Príncipe com maioria perdeu-a nestas últimas eleições, deparando com a oposição unida em torno da reconquista do avanço da democracia e o fim do percurso antidemocrático imposto por Trovoada durante o mandato anterior. Nesse período país e cidadãos foram assediados por métodos intimidatórios e de exclusão compulsiva. O que denunciava os tiques ditatoriais do regime daquele então primeiro-ministro.

Patrice, após a sua passada eleição com maioria encontrou nas eleições presidenciais – que seguidamente se realizaram - um parceiro dócil à sua imagem e semelhança, Evaristo Carvalho. Que apoiou. Do ato eleitoral e resultados de então ficaram imensos resquícios de dúvidas pela sua vitória eleitoral e desse modo com sérias reservas na sua legitimidade para exercer o cargo. Mas então o que fazer, se era Patrice primeiro-ministro recentemente eleito e já dono e senhor do país?

O tempo passou e agora estas novas eleições ditaram o insucesso do aprendiz de ditador Trovoada. Foi-lhe negada a almejada maioria e entregue aos partidos da oposição que já anunciaram acordos de suporte de um governo de oposição à ADI de Patrice. Mas tal solução não é aceite por Patrice Trovoada, nem pelo seu apoiante e PR Evaristo Carvalho – pelo menos tem sido o que esse tem deixado perceber com declarações que não são “carne nem peixe” mas antes processo de prestidigitação e argúcia para “queimar” tempo e surpreender os opositores “distraídos”. Deixando notar que a sua tendência assenta na esperança de levar Patrice novamente a chefe do governo – até mesmo com minoria no Parlamento.

Disso e muito mais, principalmente acerca de Patrice Trovoada, opina a santomense Isabel Santiago no jornal Público de há quatro dias atrás, salientando a visita que Patrice desfalcado faz a Portugal, gemendo, uivando e pedindo conselhos ao PM de Portugal, António Costa – que, ao que se sabe, escutará o que ele disser em velocidade de quem nem quer ouvir. Palavras escutadas a cem por um ouvido e saídas a duzentos pelo outro. (Redação PG)

Trovoada em Lisboa, inverdades para António Costa

O povo põe, o povo tira. O povo santomense saiu à rua numa noite assim e tirou-te do poder

Isabel Santiago | Público | opinião

Patrice Trovoada, primeiro-ministro cessante de São Tomé e Príncipe e que nunca visitou oficialmente Portugal, durante os últimos quatro anos, aguarda esta semana encontro com António Costa. Consta que quer informar o primeiro-ministro português sobre a situação do país, segundo informação da agência Lusa.

Este senhor, considerado em São Tomé e Príncipe como falso democrata, desprezou o povo e perseguiu — exonerando todos os dirigentes no primeiro conselho de ministros e, grave, exonerando todos os juízes do Supremo e do Constitucional, compulsivamente, o que gerou manchetes na imprensa internacional.

Agora que a maioria absoluta foi partida, e pese embora violação das urnas (registado pelos observadores internacionais da CPLP, chefiados pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Zacarias da Costa, em conferência de imprensa dia 9 de Outubro), vem pedir apoio sobre como criar a “afrogeringonça”. A versão africana, não democrática, da “geringonça” que, malgré tout, tem funcionado em Portugal.

Mais trovoadas em Lisboa, não. Na entrevista à Lusa, “tinha previsto para esta sexta-feira um encontro com o primeiro-ministro português, o qual foi adiado para o final da próxima semana, porque António Costa participava em Bruxelas na Cimeira Europa-Ásia”. Na verdade, neste Estado democrático, em que se respeita o povo e os emigrantes legalizados, não acreditamos e não se aceita que Costa “proteja” um homem que persegue os portugueses lá residentes, que tanto têm feito pelos mais desfavorecidos, sendo o exemplo mais flagrante o bispo de São Tomé e Príncipe, D. Manuel António. Um promotor de obra social que protege os mais desfavorecidos: com a grande obra da Cáritas Diocesana e a Casa dos Pequeninos, 100% financiada pelo Governo português, e de embaixadores de boa vontade que protegem as crianças retiradas aos pais e/ou abandonadas. O Estado às escuras: é assim que a cidade continua, às escuras. Sem energia elétrica. O mesmo se aplica à casa das crianças. Nem luz elétrica forneceu à Casa dos Pequeninos santomenses.

O bispo, recentemente, em entrevista, contou à Lusa qual tem sido o seu papel e o da Igreja na ajuda às comunidades mais desfavorecidas. E, por isso, teve mais uma ameaça proveniente do ministro dos Negócios Estrangeiros, recado de Patrice. Pois é: a vida tem destas coisas, outro representante de Patrice (que continua a governar a partir de Lisboa), em declarações a uma TV em São Tomé e Príncipe, diz que a Ação Democrática Independente (ADI) já quer negociar até com a Igreja. Está certo. A isto chamam democracia.

Numa visita oficial a São Tomé e Príncipe, Marcelo Rebelo de Sousa, na Assembleia Nacional, mencionou que “aquela era a casa da democracia e que as ditaduras morrem, sempre, por cima dos seus ditadores”.

Diz Patrice: “Depois regressarei a São Tomé e Príncipe.” Nega que tenha fugido do país, como foi divulgado na imprensa e nas redes sociais são-tomenses. “As pessoas especulam muito. Não podemos estar reféns das redes sociais, das fake news e da especulação.” Com ou sem fake ou news, a censura acabou! Não assusta mais ninguém, senhor das trovoadas, que foge à procura de socorro. Recordo, em declarações aos jornais n’Dependenxa e Téla Nón, santomenses, que um ex-deputado do CDS-PP que o “escoltou” no regresso de 2014 o desmentiu e disse que tinha sido um erro a manipulação.  

O povo põe, o povo tira. O povo santomense saiu à rua numa noite assim e tirou-te do poder.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

* Santomense; directora do jornal n'Dependenxa; professora convidada em Comunicação em Saúde, Medicina Preventiva e Saúde Pública na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

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