Jornal de Angola | editorial
Algumas das medidas adoptadas
pelo Executivo e pelos seus órgãos estão a merecer variadas reacções um pouco
por todo o lado.
Desde a Operação Transparência,
que teve como palco mais de cinco províncias e com sucesso esperado, à Operação
Resgate, que começa a seis de Novembro, algumas das posições adoptadas
por certos círculos assumem uma verdadeira antítese e desconcertação. Há na
sociedade um elevado clamor para que nos organizemos mais, para que
erradiquemos determinadas práticas e, curiosamente, quando assim se pretende
proceder não faltam vozes que se levantam contra, numa verdadeira defesa da
ilegalidade.
Além de falsa a ideia segundo a qual as iniciativas governamentais para ordenar o comércio, disciplinar o trânsito automóvel, inibir o cometimento de crimes e combater a criminalidade, apenas para mencionar estas, vão aumentar a pobreza, é exagerada e mesmo perigosa. Seguramente, quem assim pensa, defende que continuemos a assistir à venda de medicamentos e bens perecíveis em hasta pública, que se deixe como está o comércio de produtos contrafeitos, o “garimpo” de água e o comércio de peças de automóveis de proveniência duvidosa, entre outras práticas.
Não é aceitável que se defenda a continuação do estado de coisas que temos vindo a assistir na cidade de Luanda e noutras grandes cidades de Angola, independentemente de essas ilegalidades, aparentemente, assegurarem o ganha-pão de alguns. Toda e qualquer actividade ilegal, bem como todo e qualquer comportamento ou procedimento que lese direitos de outrem, sendo todos eles combinados actos que acabam por afectar o Estado, não podem ser tolerados mesmo quando tais acções garantam o pão de quem neles incorre.
Quem diz que a Operação Resgate vai aumentar a pobreza, no mínimo, é um defensor de ilegalidades, quando o que toda a sociedade aspira é, tão somente, o exercício de todas as actividades e comportamentos baseados em legalidade, organização, disciplina, ordem e tranquilidade. Acreditamos que, com aqueles atributos, o ganha-pão se torna mais digno, honesto, justo e ficam acauteladas as perdas para o Estado.
O mais importante é que, como sociedade, consigamos acautelar que o exercício da acção dos entes administrativos do Estado não se exceda ao ponto de lesar as liberdades, os direitos e as garantias fundamentais dos cidadãos. Na verdade, alguns efeitos já são notáveis nalgumas artérias de Luanda por força da má interpretação sobre a data em que arrancaria a Operação Resgate, que muitos confundiram com o dia um, contrariamente a seis de Novembro. Mesmo que alguns dos efeitos da operação que vai começar na próxima terça-feira, dia seis de Novembro, sejam eventualmente negativos, apenas temos duas opções: deixar andar tudo como está ou reordenar tudo.
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