José Silvano e Emília Cerqueira - deputados |
Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
O erro, o engano, a falta e a
culpa costumam vir acompanhadas pelo arrependimento e, porventura, por pedidos
de desculpa. Nada disso aconteceu no caso da deputada Emília Cerqueira que,
após o visionamento de imagens da Assembleia da República, viu-se obrigada a
vir a terreiro admitir que utilizou “inadvertidamente” a password do deputado
José Silvano – o tal que que aparentava ter o dom da ubiquidade: o dom de estar
em vários sítios ao mesmo tempo.
Podemos caracterizar este caso de
diversas formas, mas dificilmente conseguiremos escapar à arrogância que marca
os protagonistas: desde o próprio deputado José Silvano que sempre agiu como se
não devesse cavaco a quem quer que fosse; passando naturalmente pela deputada
que, depois de apanhada em flagrante delito, admitiu ter utilizado a dita
password, validando subsequentemente as presenças do deputado ausente, mas
sempre num tom de extrema arrogância; passando pelo próprio líder do partido
que, em tom de gozo e num gesto de desrespeito para com os cidadãos, deu
respostas em alemão sobre este caso. O deputado, sobranceiro, deu parcas
explicações como se alguém lhe devesse o quer que seja; a deputada preferiu
recorrer a analogias com virgens, sem qualquer pingo de humildade, insinuando
que a denúncia veio precisamente do interior do partido; o Presidente, Rui Rio,
um arauto dos bons costumes quer na Câmara do Porto, quer na campanha para as
eleições internas do partido, fez agora uma figura triste que não só lhe fica
mal, como é uma manifesta falta de respeito pelos cidadãos.
Por conseguinte, a palhaçada e a
arrogância não só estão perfeitamente instaladas, como fazem escola lá para os
lados da S. Caetano. Mas essa palhaçada e essa arrogância são claros sinais de
um partido dividido, sem rumo e, com parte dos seus membros a sonhar com o
regresso do desejado Pedro Passos Coelho ou coisa similar.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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