quinta-feira, 29 de novembro de 2018

São Tomé | ADI em convulsão – Patrice distancia-se e suspende as suas funções


A partir do estrangeiro onde reside, e comanda toda a actividade da ADI e do seu Governo, Patrice Trovoada, decidiu na quarta feira partir todas as loiças. «Eu decidi suspender as minhas funções como Presidente do ADI», afirmou Patrice Trovoada em declarações a Agência Portuguesa de Notícias a LUSA.

Patrice Trovoada suspende função, deixa ADI sem Presidente, e promete renunciar o seu mandato como deputado a Assembleia Nacional.

Patrice decidiu « recuar e distanciar-se da ADI», por causa de vários factores, mas na entrevista dada a LUSA, destaca o facto que terá constituído a última gota que fez o conflito interno na ADI transbordar para a praça pública. Trata-se segundo Patrice Trovoada da decisão da Comissão Política da ADI em indicar Álvaro Santiago, para chefiar o próximo governo da ADI. Patrice diz que não concorda com a indigitação de Álvaro Santiago.

Já no dia 9 de Dezembro próximo a ADI reúne-se em conselho nacional. Patrice Trovoada, disse esperar que naquela reunião os militantes da ADI « encontrem um colégio que conduza as actividades do partido até ao congresso».

Pela primeira vez, militantes da ADI, sobretudo algumas mentes do partido, estarão a rebelar-se, ou então, a ousar em contradizer a vontade do seu chefe Patrice Trovoada. O momento é de grande expectativa em São Tomé e Príncipe, onde residem os militantes da ADI que pela primeira vez começam a contradizer o seu chefe, residente no estrangeiro.

Olinto Daio, ministro cessante da Educação, foi o primeiro a discordar publicamente da decisão de Patrice Trovoada em indica-lo para ser o próximo primeiro ministro. Os argumentos apresentados por Olinto Daio, na sua comunicação publica, para declinar o convite de Patrice Trovoada, foram contundentes e denunciadores de uma cultura política que alegadamente não combina com os valores da santomensidade. «Os valores que acarinhamos enquanto nação – família, paz, concórdia, hospitalidade, responsabilidade e respeito – são os que tornam São Tomé e Príncipe forte e dão sentido às nossas vidas. E todos eles fariam parte do meu trabalho. Ora tendo analisado e ponderado cheguei a conclusão de que esses valores não estão presentes e contidos nesta proposta de chefiar o governo. Por isso, decidi em não aceitá-la. Acredito, muitos são-tomenses também acreditam, que podemos ser um só povo, alcançando o que é possível, construindo essa união perfeita. Esta é a minha convicção, enraizada na minha fé em Deus e na minha fé no povo são-tomense», referiu Olinto Daio, na sua comunicação aos são-tomenses.

Tentativa de Patrice Trovoada de encontrar um substituto seu, para o cargo de Primeiro Ministro, acaba por convulsionar o partido ADI.

Abel Veiga | Téla Nón


O Téla Nón coloca a disposição do leitor o artigo da Agência Lusa, que relata o momento de Patrice Trovoada e da ADI:  

São Tomé/Eleições: Primeiro-ministro cessante suspende presidência do partido vencedor 

São Tomé, 28 nov (Lusa) – O primeiro-ministro cessante de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, decidiu hoje suspender as suas funções como presidente do partido Ação Democrática Independente (ADI), vencedor das legislativas de outubro, anunciou o próprio à Lusa.

“Eu decidi suspender as minhas funções como presidente do ADI”, disse hoje Patrice Trovoada, numa conversa telefónica, indicando que já comunicou a sua decisão ao Presidente da República são-tomense, Evaristo Carvalho.

A decisão de Trovoada surge após a comissão política do partido ter decidido indicar o ex-governante João Álvaro Santiago para chefiar um executivo, a indigitar pelo chefe de Estado, e que o líder do partido considera não ter o perfil necessário para alcançar um governo de base alargada ou de unidade nacional, como tem defendido. “As pessoas têm de ter a coragem de recuar. Se o líder não consegue fazer passar o seu ponto de vista, também deve ter a coragem de recuar e distanciar-se”, referiu.

Patrice Trovoada revelou também que vai renunciar ao mandato de deputado, para o qual foi eleito nas legislativas de 07 de outubro, por um período “talvez de dois anos”. O ADI vai realizar um conselho nacional no próximo dia 09 de dezembro, acrescentou. “Espero que lá se encontre um colégio que conduza as atividades do partido até ao congresso”, que, na sua opinião, deve decorrer em março ou abril de 2019.

JH // SR Lusa 28.11.18| em Téla Nón

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