quinta-feira, 29 de novembro de 2018

CPLP e o linguajar dos fachos


… E QUE VIVA O “PORTINHOL”!


… De Argel ao Cabo… Cavalgando com Fidel!… Levando o ardor progressista desde contra o baluarte do colonialismo francês no Norte de África… até contra o bastião mais retrógrado e fascista que existia à face da Terra após a IIª Guerra Mundial, em seu perverso domínio em toda a África Austral… Precisamente no sentido inverso ao projetado pelo império anglo-saxónico sob inspiração de Cecil John Rhodes… do Cabo ao Cairo… Em 55 anos foi de facto um vulcão libertário que sacudiu África e se distendeu, um vulcão libertário cuja energia tem aqui e agora, no berço da humanidade, oportunidade para muito melhor se refletir, se equacionar e inteligentemente aproveitar!... Martinho Júnior – http://paginaglobal.blogspot.com/2016/12/de-argel.html  

A proposta de Cuba para membro da CPLP, ainda que ninguém a tenha feito, é historicamente legítima (por isso sustento-a eu, qualquer que seja a audiência, ou as contrariedades) e premeia a dignidade que assistiu antes à Luta Armada de Libertação em África e assiste nos dias que correm à solidariedade sem fronteiras, ao amor sem limites e à dignidade cubana em todas as humanidades que impulsionam sabiamente a vida!...

Cuba assumiu uma saga que em suas raízes se perde na revolução dos escravos no Haiti e na rebeldia duma Carlota cuja origem entre as brumas dos registos, se perde algures em África, provavelmente em Angola!

Santiago de Cuba, tão próxima da Sierra Maestra, respira a essas raízes tisnadas de verde, entre brumas, entrecruzar de memórias e heroicas lutas e mar!

É nessa “transversalidade” que hoje Cuba consolida seu relacionamento sul-sul, seu Não Alinhamento activo, que já existia antes do período crucial da “Guerra Fria” e lhe sobrevive substantivamente espalhado por todo o mundo, particularmente no incontornável desafio da saúde e da educação!


A sua dignidade, a sua solidariedade e o seu amor, que vocacionam as mais legítimas aspirações de lógica com sentido de vida, há que fortalecer em suas energias e em sua sabedoria, em especial quando são os organismos de especialidade da ONU que reconhecem o esforço civilizacional de Cuba, com suas sublimes convicções, sua ética, sua moral, sua deontologia e com seu carisma exemplar!...

A Cuba não há portanto que a beliscar, por que qualquer belisco é a “transversalidade” contraditória, pré-aviso da barbárie de que a humanidade tanto tarda em ver-se livre e a vai absorvendo passo a passo, em direção ao abismo!

Bolsonaro algum tinha que beliscar alguma vez Cuba, quando há tanto a humildemente aprender com ela!

Arrogância alguma a deve beliscar!

Bloqueio algum, inclusive bloqueio mental, a devem subverter!

Por isso, enquanto advogado solidário a Cuba, não tenho dúvidas que o Brasil de Bolsonaro na CPLP, é uma forma mais que evidente de a banalizar ao garantir a continuidade do argumento preconceituoso que se agarra à exclusividade da"língua de Camões" (não esquecer que Camões glorificou um império e por isso é também útil até hoje, a coberto da excelência do seu verbo) a fim de garantir um recurso para assimilações que para todos os africanos e afrodescendentes no Brasil e na América, são "contra natura"!...

Os combatentes cubanos em África, em particular nos países de expressão lusófona, jamais tiveram dificuldades de comunicação para se fazerem entender, a quente, nos teatros operacionais da Guiné Bissau, como em Angola, embora nas trincheiras comuns, tantos combatentes de origem humilde, de origem camponesa, houvessem, muitos deles, africanos analfabetos?!...

Os médicos cubanos no Brasil jamais tiveram "problemas de língua" para, em tantas longitudes e latitudes, entre rios ignotos da Amazónia, nas perdidas pistas, empoeiradas ou lamacentas do longínquo sertão, ou nos subúrbios mais pobres e decadentes das cidades do nordeste, ir onde nenhum médico brasileiro até hoje chegou!...

Imaginam o que é esse “portinhol” e quanto ele vale?!

Interessa sim que haja uma CPLP que trilhe o caminho propiciado por tal lógica com sentido de vida, não uma CPLP banalizada pelas contingências das alienações em que mergulha este Brasil de Bolsonaro, “por dá cá aquela língua”!

Hoje o povo cubano sabe melhor que qualquer outro, que além do mais há uma espécie em perigo e isso é um manancial insuperável, que adversidade alguma de linguística se pode opor, inclusive por via de qualquer preconceituoso obstáculo institucional!

Em África, ultraperiferia da economia global, é essa a luz de esperança no entardecer avulso do planeta, que nos inunda entre tantas trevas, fome, doenças, miséria e morte!

A sombra de Bolsonaro ao beliscar Cuba, é uma afronta “transversal”, como um corte à traição aos milhões de pobres e sem voz de todo o continente africano, como de todo o subcontinente que é o Brasil… a outra metade de Gondwana!

… e que viva o “portinhol”!

Martinho Júnior | Luanda, 18 de Novembro de 2018

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