terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

BRASIL | Contra o neoliberalismo, radicalizar a democracia!

Em regra, um regime autoritário procura suprimir o poder popular amparando-se em um argumento apresentado como “técnico”. A concentração do poder em poucas mãos não se deve, segundo esse argumento, ao impedimento da democracia, mas sim a uma necessidade

Alexandre Ganan de Brites Figueiredo* – de São Paulo | Correio do Brasil | opinião

Como se não houvesse outro caminho… “Pouca política e muita administração” foi o lema da longa ditadura de Porfírio Díaz, no México (curiosamente, esse mesmo lema foi utilizado por um ex-prefeito de minha cidade natal, José Bonifácio-SP, no começo dos anos 90, com o mesmo ataque ao que seria o caráter pernicioso da política). Atualmente, esse é o mote, aqui no Brasil, dos que se apresentam como “gestores” em oposição aos “políticos”.

Trata-se de um discurso sedutor à primeira vista, especialmente em momentos de crise, pois ele apresenta a solução de conflitos e o processo de tomada de decisões como meras questões matemáticas. Bastaria, deixam deduzir, que um bom solucionador de equações fizesse suas contas, chegasse à única solução possível e tudo estaria resolvido. A política democrática – entendida como espaço da liberdade e do poder popular – seria assim um empecilho ao adequado exercício da “gestão”. Afinal, o povo não é “técnico”.

Esse pensamento subjaz ao modelo de Estado pregado pelo neoliberalismo. Seus defensores sustentam a necessidade da redução dos espaços do poder público; privatização de serviços, desregulamentação da economia; dentre outros, alegando exatamente que os entes privados seriam mais “racionais” e “técnicos” que os espaços da política.

Discurso

Tal discurso indica, muito falsamente, a impossibilidade de um caminho diverso. Ele decreta o fim da democracia e da esperança; a submissão do povo aos ditames de uma casta pretensamente iluminada e mais preparada para decidir do que a maioria.
Uma frase que voltou a circular por colunas de jornais, aulas de faculdades; análises de comentaristas de TV, discursos em sociedades empresariais e eventos promovidos por baqueiros; além de teses acadêmicas, ilustra esse pensamento (e sua hipocrisia): “a Constituição brasileira não cabe no PIB do Brasil”. Ou seja, os recursos à disposição seriam escassos e insuficientes para garantir a realização dos direitos constitucionais do povo.

“Recursos escassos”

Porém, não se trata de um dado da realidade, mas apenas de uma opinião. Para ressaltar isso, basta discutir onde esses “recursos escassos” estão alocados e por quê? Ou então, indagar quanto às razões de os mais ricos gozarem de benefícios tributários; enquanto a massa empobrecida custeia o Estado.

Por muito que digam os “técnicos” e “especialistas”, o problema da garantia dos direitos constitucionais não é uma questão de insuficiência dos recursos; mas sim de apropriacao da riqueza por uma minoria. É o fato de essa minoria ser; em geral, o berço de acadêmicos e funcionários do Estado que leva a defesa de privilégios a ser apresentada como “técnica” e invariável.

Portanto, há uma dupla falsidade nesse discurso.

Luta

Primeiro, nenhuma técnica é neutra: seja qual for, está sempre ancorada no mundo da vida e da luta, expressando as contradições desse mundo. Há muitas soluções “técnicas” diferentes e a escolha cabe à política. Um dia, há pouco tempo, a escravidão foi uma solução perfeitamente técnica defendida por muitos “especialistas” de então. Hoje, a reforma da Previdência que o governo Temer pretende emplacar é vendida como uma necessidade técnica invariável. Contudo, a CPI do Senado Federal concluiu o contrário, usando também uma linguagem técnica…

Em segundo lugar, a seleção dos “especialistas” de cada turno tampouco é neutra: ela é produto da luta de classes e de todas as tensões e desigualdades da sociedade. Para citar um exemplo importante nosa dias de hoje, basta questionar quantos dos magistrados brasileiros são negros para perceber a existência de disparidades e privilégios gritantes.

E quantas são mulheres? Dados do Censo Judiciário elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça demonstram o predomínio de homens brancos na magistratura, enquanto tanto os homens como os brancos são minoria na população do país.

Anti-democrático

Um governo de “técnicos” será necessariamente anti-democrático tanto porque suas decisões são apresentadas como o único caminho possível como porque a escolha de quem serão esses “técnicos” está de saída maculada pela desigualdade social.

Em outras palavras, será sempre o governo dos mais ricos em defesa dos seus interesses, sem que haja espaço institucional possível para o questionamento e a busca por alternativas. É exatamente isso que o neoliberalismo procura impor por meio de golpes de estado e fraudulentas campanhas midiáticas para solapar direitos.
O Estado de Bem-Estar Social e as instituições democráticas foram; em alguma medida, tolerados pelo capital na segunda metade do século XX porque a existência da União Soviética o constrangia a manter uma aparência de liberdade. Uma vez que o oponente desapareceu; vem agora essa ofensiva sobre os direitos dos povos.

A democracia, antes peça central da propaganda “ocidental”; passa a ser vista pelas elites econômicas como o que sempre foi: um entrave a seus interesses. Radicalizado; o neoliberalismo exige que o estado de exceção torne-se regra geral enquanto a tecnocracia assume o poder dizendo a todos que não há outros caminhos.

Brasil

Hoje, no Brasil e pelo mundo, a crise de legitimidade da política, ou melhor, do sistema político-eleitoral, é reflexo desse déficit democrático criado pelo avanço do próprio neoliberalismo. Partidos políticos e instituições do poder são desacreditadas, enquanto se alastra uma propaganda acadêmica e midiática (o capital tem seus servidores “técnicos” bem posicionados) afirmando as maravilhas do setor privado em detrimento do setor público. Quem ganha com isso são os mais ricos.

As instituições públicas e os partidos políticos são essenciais e devem ser fortalecidos; mas é preciso compreender que a luta contra o avanço do estado de exceção neoliberal exige mais que a defesa dos mecanismos da representação política.

É preciso radicalizar também a democracia, seja com a utilização dos instrumentos constitucionais da participação popular direta; plebiscistos e referendos, seja com novas instituições. As experiências das conferências nacionais e a inclusão da sociedade civil em debates tão complexos como a integração regional (com espaços próprios no Mercosul e na Unasul) são referências a se retomar e ampliar.

Os privilegiados

Os privilegiados de todas as épocas sempre vêem como um cataclisma a ameaça a qualquer de seus privilégios e reagem com violência quando um adversário toca, por pouco que seja, na sua posição e na de sua classe.

É isso que vivenciamos atualmente. A defesa radical da democracia e de sua expansão é o caminho; para a preservação da política como espaço do exercício da liberdade. Ela é a chama que pode lançar luzes sobre a escuridão da tecnocracia e do ataque aos direitos.

*Alexandre Ganan de Brites Figueiredo, é advogado, bacharel em História e doutor em Integração da América Latina pelo PROLAM (Program de pós-graduação em Integração da América Latina) da Universidade de São Paulo (USP).

BRASIL | Nada é mais letal para a democracia do que a resignação dos cidadãos


O que parece existir é uma clara intenção de cassar os direitos políticos com o objetivo de neutralizar o adversário, e este adversário se chama Luis da Silva Lula.

Marilza de Melo Foucher* – de Paris | Correio do Brasil

Muitos artigos já foram escritos sobre a condenação de Lula sob o ponto de vista jurídico que atropelaram as regras do processo penal. Como não tenho formação jurídica, restrinjo-me às reflexões de ordem política e ao perigo que representa a volta de um estado de exceção.

Seria redundante repetir o que os mais renomados juristas internacionais e brasileiros já escreveram sobre o julgamento de Lula. Houve uma percepção de que se tratava de interferência política no judiciário com a finalidade de inabilitar a candidatura de Lula, tendo em vista que não há prova para condenação pelo crime de corrupção e não há sequer embasamento jurídico para penalidade de crime de lavagem de dinheiro.

O que parece existir é uma clara intenção de cassar os direitos políticos com o objetivo de neutralizar o adversário, e este adversário se chama Luis da Silva Lula. Isto caracteriza as praticas de regimes autoritários. Sabe-se que uma democracia não pode conviver com juízes que praticam o “lawfare” como ficou evidenciado.

Ruptura dos direitos fundamentais

O judiciário brasileiro ultimamente vem brincando com fogo, ao consolidar uma ruptura dos direitos fundamentais. O ex-prefeito, ex- governador, ex-ministro do governo Lula, Tarso Genro, que é jurista, escreve no seu ultimo artigo: “A exceção se infiltra, politicamente, nos órgãos jurisdicionais, quando estes “partidarizam” as suas posições, ou seja, se tornam “parte” posicionada de forma “aberta”, no contencioso político.

O Desembargador Victor Luiz dos Santos Laus proferiu o voto mais consequente e transparente da histórica sessão, quando disse: “aqui não interessa o jurídico”. Segundo Tarso Genro, numa linguagem não-técnica, acessível ao cidadão comum, o desembargador explica as finalidades do poder punitivo do Estado. Reportava-se ele não às provas constantes do processo – o que seria o “jurídico” – mas às informações sobre o caso, que circularam como verdades absolutas na grande mídia. Com o julgamento arbitrário do Presidente Lula, os juízes brasileiros legitimam assim, um conjunto de práticas jurídicas perigosas que criam um estado de exceção próprio de regimes autoritários.

Desde a destituição ilegítima de Dilma Rousself da Presidência da Republica, o juiz Sérgio Moro e sua equipe, com a aprovação da maioria dos membros do STF, passou a tratar o ex-Presidente Lula como um inimigo político, e, não como um cidadão, que tem direito a um conjunto mínimo de direitos, a uma proteção jurídica mínima. Há tempo que os juízes, promotores, procuradores, desembargadores buscam por meio do judicial derrotar politicamente Lula e o PT. Sabe-se que a função jurisdicional e policial não é para ser exercida de modo partidário e nem com paixão, mas com racionalidade.

50 anos do AI 5

O ano de 2018 começa muito mal para a democracia brasileira. Vale ressaltar, que este ano qualquer cidadã ou cidadão brasileiro deveria reler o que foi o Ato Institucional número 5 decretado pela ditadura militar no Brasil. São 50 anos gravados na memória de minha geração. Este ato vai instituir a censura, a tortura, a ilegalidade das reuniões políticas, além de autorizar o fechamento do congresso, suspende o habeas corpus por crime de motivação política dentre outros empecilhos aos direitos de liberdade.

Impossível de não relembrar, que a aplicação deste ato deixou marcas profundas na sociedade brasileira. Foi uma terrível ruptura do processo democrático por um golpe militar, instalava-se no Brasil um “Estado de Exceção” permanente. Daí não se pode cruzar os braços diante do que vem acontecendo hoje no Brasil. Nada é mais letal para a democracia do que a resignação dos cidadãos.

A minha geração têm dever moral de ocupar as ruas, as praças, os botequins, as escolas, os colégios, as universidades para explicar aos jovens o que significou o AI-5, o que representa a perda de liberdades, e o que significa também parcialidade judiciária diante do Poder Judiciário subjugado sob as botas dos militares e hoje sob uma ideologia neoliberal.

30 anos da volta ao estado de direito.
Uma comemoração interrompida por dois golpes: parlamentar e judiciário.

Este ano de 2018 seria também, a ocasião de relembrar os 30 anos da Constituição de 1988 que marcou a transição de um Estado autoritário, intolerante e, muitas vezes violento, para um Estado democrático de direito.

A Constituição de 1988 que seguia sua maturidade institucional, depois de 24 anos de ditadura militar, garantindo o retorno do Estado de direito vai ser interrompida com o golpe contra a presidente Dilma Rousseff e agora golpe contra a soberania popular que impede a candidatura de Lula e cassa seus direitos políticos, em um processo claramente partidarizado. Assim, se encerra o ciclo de estabilidade política criado por esta Constituição. Mais uma vez o estado de exceção vai golpear a democracia brasileira.

A realidade é que mais uma vez constatamos a fragilidade das instituições nacionais e o avanço novamente do estado de exceção. Dessa vez, o Estado de exceção não é posto em pratica pelos tanques militares, mas, pelo poder legislativo com a cumplicidade do poder judiciário. O Brasil desliza em uma espécie de regime autoritário, cuja única intenção é manter privilégios de uma casta ou de uma oligarquia.

Soberania

O que se destaca também neste ano de 2018 é que a comemoração de 70 anos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1948) tem um sabor amargo. Hoje a comunidade cientifica e acadêmica assiste a falência dos centros de pesquisas, das universidades publicas, do setor educacional em geral. O governo golpista e sua base parlamentar inviabilizam o futuro do Brasil quando realiza o corte geral dos investimentos e decreta a interdição, por 20 anos em investimentos públicos.

A falta de deliberação de recursos compromete o incentivo à pesquisa e o funcionamento de centros e laboratórios. Sem contar a redução do quadro de bolsas, sucateamento de laboratórios e até mesmo projetos já aprovados estão tendo seus orçamentos reduzidos. Os programas estratégicos, conduzidos nos institutos nacionais de pesquisa e em universidades, correm sério risco. Dos 252 existentes, apenas 101 têm sido contemplados, segundo Lldeu de Castro Moreira, Presidente da SBPC.

Impossível não fazer um paralelo com o ato institucional n°.5 da ditadura militar que interrompeu durante duas décadas a expansão do pensamento cientifico e amordaçou a criatividade intelectual, cultural, política e artística no Brasil.

Fraternidade

Hoje muitos cientistas estão deixando o país em busca de condições de trabalho propícias, e esta fuga de cérebros é uma ameaça à soberania nacional.

O que esta em jogo hoje é uma mudança radical de um projeto de sociedade que a esquerda timidamente tentou construir há mais de uma década.

Desde que Lula foi eleito que os meios de comunicação no Brasil tentam interromper o projeto de sociedade baseado em desenvolvimento inclusivo. Os representantes da Casa Grande nunca quiseram a abolição da Senzala. Hoje eles estão a serviço dos neoconservadores do judiciário para impedir que Lula seja eleito e retome o desenvolvimento inclusivo.

Somente Lula com sua experiência e consciente de seus erros e acertos pode devolver aos brasileiros a esperança em dias melhores.

Dignidade humana

O Brasil hoje tem uma direita e extrema direita organicamente articuladas para impor não só um modelo econômico neoliberal ao Brasil, mas de executar sua ideologia. Ou seja, existe uma idéia normativa que associa um projeto socioeconômico a regras e valores. Temos que defender o que nos resta de um estado de direito e de um projeto de sociedade baseada na fraternidade.

Onde um território tão vasto como é o Brasil, possa ter um desenvolvimento territorial equitativo, dentro de uma visão holística, integrada e articulada com todos os setores, levando em conta sua diversidade cultural e sua biodiversidade.

O combate pela reconquista dos direitos fundamentais passa também pela apropriação de uma concepção de desenvolvimento isenta da ideologia neoliberal. Se não conseguirmos impedir a evolução ditatorial do capitalismo financeiro e sua ideologia neoliberal, torna-se impossível pensar em emancipação humana, na dignidade humana, na justiça social e uma sociedade mais fraterna.

*Marilza de Melo Foucher é economista, jornalista e correspondente do Correio do Brasil, em Paris.

PORTUGAL | Dr. Rui Rio, a coisa vai ser mesmo muito difícil


Ana Sá Lopes | editorial do jornal i

Rui Rio cometeu um erro estratégico quase desde o primeiro dia: assumiu demasiado rapidamente a vitória do PS nas próximas legislativas e recolheu o PSD a um lugar impossível, o de candidato a parceiro de Costa, em substituição do PCP e do Bloco de Esquerda. Se a visão de Rui Rio e dos seus apoiantes sobre as possibilidades do PSD ganhar as próximas eleições é realista – as sondagens continuam a colocar Costa muitos pontos à frente, às vezes demasiado perto da maioria absoluta – a preparação psicológica para a derrota que tem estado a ser feita por parte dos vencedores das diretas corre o risco de contribuir para agravar ainda mais essa derrota.

Falta muito pouco tempo para as legislativas, um ano e tal passam a correr – e até António Costa, que foi levado aos ombros pelo PS e pelo eleitorado socialista no fenómeno das primárias, conseguiu ficar nas eleições atrás da coligação que tinha protagonizado uma governação que a maioria dos portugueses abjurava. E, ao contrário de Rio, António Costa não contou com oposição interna praticamente nenhuma: o segurismo desapareceu no dia seguinte à derrota de António José Seguro. Discutiram-se lugares a atribuir a alguns dos seus apoiantes e foi só.

Seguro, como a maioria dos líderes derrotados, ficou sozinho no dia seguinte às primárias. Costa teve o PS unido e mesmo assim, contra a governação da troika, ainda conseguiu não ser o partido mais votado. Rui Rio não vai ter o partido unido. A carta de Miguel Pinto Luz, ex-presidente da distrital de Lisboa do PSD e número dois da Câmara de Cascais, coloca questões absolutamente delicadas e “limites” a uma liderança que ainda nem sequer começou. Claro que as coisas podem mudar e o diabo aparecer sob alguma forma e levar Costa para o inferno.

Mas tudo vai ser muito difícil para Rui Rio daqui até às eleições. Mas a confirmar-se uma derrota do PSD há outro perdedor: Pedro Passos Coelho, que poderia ter percebido mais cedo que a sua relação com os portugueses estava esfrangalhada. Dois anos de depressão passista mais dois anos de pré-depressão a preparar uma derrota correm o risco de anular o PSD. Dr. Rui Rio, a coisa vai ser mesmo muito difícil.

CULTURA | Entrudanças na vila alentejana de Entradas para "Carnaval diferente"


Bailes, concertos, cante alentejano, passeios e oficinas são "ingredientes" do Festival Entrudanças, que quer proporcionar, entre sexta-feira e domingo, "um Carnaval diferente" na vila alentejana de Entradas, no concelho de Castro Verde (Beja).

O evento, que vai decorrer em vários locais da vila, é organizado pela PédeXumbo, uma associação para a promoção de música e dança, em parceria com a Câmara de Castro Verde e a Junta de Freguesia de Entradas.

"O festival responde muito à tradição que já criámos de um Carnaval diferente em Entradas, com oficinas de dança que se misturam com cante alentejano, com passeios pelo campo, provas de vinho, concertos e bailes", resumiu hoje à agência Lusa a coordenadora da PédeXumbo, Marta Guerreiro.

Em Portugal, o Carnaval "é muito diverso", mas, "tirando alguns cortejos mais tradicionais, tem-se apostado muito em versões que não são as nossas, de cortejo muito brasileiro", tendência que o Entrudanças quer contrariar, disse a responsável da organização.

"Neste festival, o que queremos é levar pessoas a dançarem, a conviverem, a estarem em contacto com tradições do mundo", ao mesmo tempo que "vão conhecendo também as pessoas e os costumes de Entradas e de Castro Verde", num Entrudo marcado pelas tradições portuguesas e pelo universo folk, precisou.

Nesta 15.ª edição do certame realizada em Entradas, segundo a PédeXumbo, o tema escolhido para a programação é a "Água", que "é vida e alegria quando abunda, tristeza e preocupação quando escasseia ou inunda".

"Todos os anos queremos reforçar algum tema que faça sentido na comunidade local e, este ano, queremos passar uma mensagem muito forte para o trabalho que fazemos com a comunidade e sobre a falta de água e como é que isso influencia a população", destacou Marta Guerreiro.

É esse tema o ponto de partida do projeto artístico que tem estado a ser desenvolvido, desde o início de janeiro, com a comunidade de Entradas e de Castro Verde, quer crianças, quer idosos, e que vai ser apresentado, no sábado, numa arruada pelas ruas da vila.

O projeto, dinamizado por Ana Silvestre e Marcio Pereira e que junta as artes plásticas e o movimento, conta com mais de 90 participantes, que vão pensar "a sua relação com a água, ou melhor, a sua relação com a escassez de água no Alentejo", indicou a associação.

"Os participantes estão a criar um ser estranho, que nasce dessa ausência da água e que parece que procura a água", revelou Marta Guerreiro.

Ao longo dos três dias do festival, o público vai poder participar em oficinas, nomeadamente de danças europeias, urbanas, brasileiras ou de 'bollywood', entre outras, de gastronomia e de cante, assim como assistir a concertos de artistas "folk" portugueses e estrangeiros.

O programa inclui ainda animação, gastronomia, artesanato, atividades para crianças e famílias ou atuações musicais numa taberna, em cafés e em restaurantes locais.

"As pessoas que vêm ao Entrudanças já chegam com a ideia de se poderem sentar e comer torradas feitas à lareira, como costuma acontecer, de partilharem um copo de vinho com os velhotes que cantam ao balcão da taberna e de, à noite, se concentrarem no centro recreativo para dançar nos bailes", contou a organizadora.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto Stock

F.C. PORTO | Não sofrer? "Vamos é encarar este jogo para ganhar"


Sérgio Conceição fez esta terça-feira a antevisão do jogo com o Sporting, relativo à 1.ª mão da meia-final da Taça de Portugal.

O FC Porto recebe esta quarta-feira (20h15) o Sporting, no estádio do Dragão. O Desporto ao Minuto acompanhou, na íntegra, a conferência do técnico do FC Porto, Sérgio Conceição, que abordou vários temas: lesões, estratégia para defrontar o Sporting, a ausência de videoárbitro ou a possível saída de Tiquinho Soares.

Ausência do VAR: "Haver ou não haver, tem sido a mesma coisa para nós. Sinceramente, acho que o Manuel Mota, no jogo entre o Estoril e o Sporting, teve uma atuação fantástica. Aquilo sim, é bom para o futebol. Para nós já tivemos mais de uma dezena de casos que era preciso intervir e não houve VAR. Por isso, já estamos habituados a não ter VAR".

Reforços de inverno: "Não é fácil integrar os jogadores [Em relação ao facto de Waris vir da Sgeunda liga francesa]. Mesmo os que vêm do Tondela, no Portimonense e no V. Setúbal, com todo o respeito, é uma realidade diferente. Vão encontrar novas ideias de jogo, novos colegas, uma nova realidade. A integração demora sempre o seu tempo. Sempre disse que não estou nada de acordo com o mercado de janeiro. A existir, deveria ser mais curto."

Pesadelos com a derrota na Taça?: Não, não. Tenho é pesadelos com muita coisa que vejo no mundo do futebol. Aqui neste momento é uma maravilha. O pouco tempo que durmo, durmo bem.

Derrota na final da Taça ao serviço do Sp. Braga: "Não sei se tivesse ganho, o que seria depois disso. O que me importa é aquilo que eu sou como treinador e onde estou neste momento. Fiz o luto que tinha a fazer dessa final da Taça, mas a partir do momento em que começo uma nova época, esse tipo de derrotas, ajuda-me a ficar mais forte. Não quero derrotas, mas já que aparecem esses erros nas nossas vidas, temos de os aproveitar para nos fortalecer e aprender."

Peso de Danilo e Marcano: "Eu não peso jogadores. Todos os jogadores são fundamentais no FC Porto. Para mim, todos os jogadores são importantes. O que o Jorge Jesus quis enventualmente dizer é que ofensivamente, Bas Dost e Gelson estão ligados a 50% dos golos da equipa. Mas isso nós também temos o Brahimi, o Marega e o Aboubakar. Não estão uns, estão outros. Todos querem aproveitar as oportunidades".

Vencer e não sofrer golos: "Vamos encarar estes 180 minutos para ganhar e não para não sofrer golos. O atacar está associado ao processo defensivo. Não sofrendo, estamos mais perto do resultado que queremos, que é a vitória. Respeitamos muito o Sporting, um grande rival, mas vamos encará-lo como se se fosse qualquer outra equipa do campeonato. Nós queremos muito chegar à final."

Vantagem emocional do FC Porto?: "Nós podemos controlar o nosso estado emocional. Aquilo que o Sporting vai fazer ou não, isso é um problema do Sporting. O que eu posso controlar é a minha equipa."

Saída de Soares: "Sobre o Tiquinho já falei na semana passada. Ele cometeu um erro que não foi escondido por ninguém, até porque foi uma situação que se passou à frente de toda a gente que quis ver. Não gostei desse mau comportamento, mas foi falado e desculpado. Ele está no clube e está na convocatória para amanhã. Ponto final, senão tenho de falar dos outros 19 que também estão convocados."

Ausências de Bas Dost e Gelson: "Têm jogadores de caraterísticas diferentes. O Sporting tem um grande plantel e soluções para todas as posições. Esses dois jogadores foram importantes esta época para o Sporting, principalmente a nível ofensivo. Mas isso não fragiliza a equipa do Sporting. Nós também não temos o Danilo, o Marcano e o André André. Temos de arranjar soluções com os jogadores que temos à disposição".

Derradeira oportunidade de marcar ao Sporting: "Não ligo muito a estatísticas. Estastíticas positivas não é sinónimo de um resultado positivo. Às vezes até é o contrário. Isso é sim, um sinónimo de que fizemos bons jogos frente ao Sporting. Conseguimos impôr a nossa dinâmica, mas não conseguimos ser eficazes como gostaríamos. Na altura, acho que essa foi a maior pecha no nosso jogo. Este jogo vai ser diferente. Esperamos continuar com essa superiordade, mas que desta vez dite um resultado positivo."

Derrota do Sporting com o Estoril: "Nós analisamos o adversário naquilo que é a sua dinâmica nos jogos passados, mas não olhamos para o resultado. O resultado não interfere no jogo de amanhã. Cada jogo tem a sua história e vamos pensar no Sporting, que tem um plantel forte. Olhamos e preparamos o jogo naquilo que podemos controlar. Queremos fazer um resultado positivo nesta primeira mão."

Noticias ao Minuto | Foto Global Imagens

FUTEBOL | Calendário: A 'arma secreta' das águias para o penta?


O Benfica é a equipa dos três grandes que, neste momento, compete apenas no campeonato nacional, o que se traduz num calendário muito mais folgado para a equipa de Rui Vitória, relativamente aos dois rivais diretos.

Calendário. O calendário das equipas é uma das preocupações dos treinadores, seja pelo tempo de descanso necessário entre jogos, seja pela maior probabilidade de os jogadores contraírem uma lesão ou ficarem condicionados. 

A meio da temporada, o cenário das equipas portuguesas, nomeadamente, dos três grandes é muito diferente. Pelo menos para um deles. Se FC Porto e Sporting competem em três competições - campeonato nacional, Taça de Portugal e Liga dos Campeões/Liga Europa (respetivamente) -, o tetracampeão preocupa-se apenas com a I Liga.

Será esta uma mais-valia para a equipa de Rui Vitória? É certo que, tanto as equipas como os adeptos, preferem estar em todas as frentes. Porém, já não tendo essa oportunidade, o calendário folgado dos encarnados é uma das 'armas' para conquistar o tão desejado penta? Ora vejamos.

Até ao final da temporada, o Benfica tem 13 partidas para disputar, todas para o campeonato nacional com uma média de sete dias de intervalo entre elas. Entre cada duelo, Rui Vitória tem uma semana inteira para preparar a equipa para o próximo jogo e para arranjar soluções, caso seja necessário, em caso de lesão. Recorde-se as recentes lesões de Krovinovic e Salvio.

Para além disso, os jogos teoricamente mais 'complicados', isto é, contra os rivais diretos, só acontecem muito perto do final da época: Os encarnados recebem os dragões a meio de abril e deslocam-se a Alvalade no início de maio. 

Repare-se ainda que, após uma fase mais conturbada, com seis derrotas na fase de grupos da Liga dos Campeões, e com as eliminações da Taças, o Benfica começou a 'reerguer-se' após o último empate e consequente eliminação da Taça da Liga, com o Vitória de Setúbal.

É verdade que se seguiu um empate, mas diante de um rival de 'peso' - na Luz com o Sporting (1-1). A partir daí, a equipa orientada por Rui Vitória só foi travada pelo Belenenses de Silas (1-1), respondendo com uma goleada em casa com o Rio Ave (5-1), somando 50 pontos na segunda posição do campeonato nacional, os mesmos que o Sporting.

Dragões e leões com calendário 'apertado'

Já os seus rivais diretos enfrentam uma realidade completamente diferente. Com a Taça da Liga entregue ao Sporting, após final com os sadinos, resolvida nas grandes penalidades, os dois grandes ainda competem em três frentes.

O próximo duelo é precisamente entre ambos: Leões e dragões medem forças na próxima quarta-feira, em jogo referente à primeira mão das meias finais da Taça de Portugal, estando a segunda mão marcada para o mês de abril. 

Sem esquecer o título nacional - o FC Porto ocupa o primeiro lugar da tabela classificativa com 52 pontos, com um jogo em atraso, e o Sporting ocupa a terceira posição com 50 pontos -, as duas equipas têm ainda as competições internacionais: Os azuis e brancos têm, pela frente, duas partidas com o Liverpool para os oitavos de final da Liga dos Campeões; Os verde e brancos visitam e recebem o Astana, para os 16 avos de final da Liga Europa.

Compromissos que obrigam FC Porto e Sporting jogar a cada três/quatro dias para diferentes competições, contando as horas de descanso, fazendo mais viagens - nomeadamente a exigência das viagens internacionais -, tendo menos tempo para preparar cada jogo. Juntando ainda o maior desgaste físico dos jogadores, que competem em mais provas, aumentando as possibilidades do aparecimento de lesões e ausências. 

Andreia Brites Dias | Notícias ao Minuto | Foto Global Imagens

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