Manuel Carvalho da Silva | Jornal
de Notícias | opinião
Portugal vive uma situação
económica positiva, os resultados alcançados no emprego e no desemprego são
quantitativamente bons, o Governo dispõe de apoios políticos e dos cidadãos que
fornecem estabilidade à governação do país, mas numa reflexão acrescida revelam-se
muitos nós górdios por desatar.
As crises económicas não são como
as febres que vêm e vão deixando, em regra, o paciente são e salvo, ou até
imunizado. As crises económicas, sobretudo quando curadas com medicamentos
tóxicos, deixam sempre o paciente mais vulnerável a novas infeções do mesmo
tipo ou de tipo diferente. Há efeitos cumulativos, de médio e longo prazo, que
dificultam a recuperação. A crise que vivemos e as políticas económicas e
sociais impostas, debilitaram-nos, pelo menos de quatro maneiras.
A primeira. A crise causou
recessão ao mesmo tempo que agravou o défice das contas públicas durante vários
anos. Em consequência, a dívida pública e o seu peso no produto aumentaram
muito. Apesar do crescimento económico entretanto registado, o peso dos juros e
a pressão para a amortização da dívida não permitem que se faça a despesa
pública necessária para garantir a provisão de serviços públicos e para o
investimento. Ficou limitado o potencial de crescimento futuro e de
desenvolvimento da sociedade. Os efeitos do endividamento público causado pelo
"ajustamento" da troika e do PSD/CDS são assim cumulativos.
A segunda. A recessão e o
desemprego expulsaram de Portugal alguns dos segmentos mais jovens e
qualificados da população ativa. A falta de trabalhadores em geral e de
trabalhadores qualificados em particular sente-se em diversos setores. A
emigração continua porque o diferencial de salários e de condições de trabalho
entre Portugal e outros países europeus se alargou. A emigração reduz o
potencial de crescimento e tolhe o nosso futuro coletivo. Tudo isto com efeitos
cumulativos.
A terceira. A recessão comprimiu
o investimento, não permitindo repor o stock de capital fixo, manter as
infraestruturas e atualizar a tecnologia. O fosso que separa Portugal, em capacidade
instalada e sofisticação tecnológica, da maioria dos países do seu espaço de
integração económica parece estar a aumentar. Na medida em que o novo
investimento depende também da qualidade das infraestruturas, da existência de
fornecedores capazes e de clientes específicos, o potencial de atração ou de
fixação de investimento pode estar a degradar-se. A queda do investimento tem
múltiplos efeitos cumulativos.
A quarta. As desigualdades
aumentaram. Os desníveis nos salários e nas condições contratuais da geração
que entrou no mercado de trabalho nos últimos 15 anos e da que agora se
aproxima da idade ativa agravaram-se. Isso significa que as suas oportunidades
e condições de vida futura regrediram. As condições que poderão oferecer aos
seus filhos, nomeadamente no plano da educação ou de acesso a direitos
fundamentais podem bem ser menores do que aquelas de que eles próprios
beneficiaram. O potencial de crescimento futuro degradou-se. As desigualdades
têm efeitos cumulativos.
O mal está feito. O que é preciso
agora é descobrir como reverter os efeitos cumulativos da dívida, da emigração,
do desinvestimento, do emprego mal remunerado e muito precário, das
desigualdades, da persistência da pobreza. Há nós górdios que urge desatar:
renegociar a dívida pública e as condições da sua amortização com o maior
credor - o Banco Central Europeu; contribuir para uma reforma da União
Económica e Monetária que afaste a atual camisa de forças; condicionar as
políticas de distribuição gananciosa de dividendos e de investimento
especulativo, procurando que os excedentes de exploração revertam para o
investimento produtivo.
Reativar as instituições e as
práticas que enquadram as relações laborais para uma valorização do trabalho,
com melhores salários e menos precariedade, é objetivo premente que exige
mudanças na legislação laboral, reequilibrando poderes que facilitem a
negociação. Esta semana espera-se do Governo um sinal de que vai por este
caminho, através da sua proposta de revisão da legislação laboral. Há nós górdios
em que o desatar é impossível e se impõe, com todos os cuidados, o corte.
Em entrevista à TSF, Feliciano
Barreiras Duarte, diz que já não é secretário-geral do PSD. O pedido de
demissão foi apresentado a Rui Rio. O presidente do partido aceitou de imediato.
Toda a polémica à volta de
Barreiras Duarte foi "um ataque, acima de tudo, não só à minha pessoa, mas
ao dr. Rui Rio" disse em entrevista à TSF o agora ex-secretário-geral do
PSD. Feliciano Barreiras Duarte admite que são golpes com origem interna, de
fações rivais do Partido Social Democrata que foram alimentando toda a polémica
e diz mesmo que os ataques à direção de Rui Rio devem continuar: "existem
já outras situações de que se fala sobre membros da atual direção
social-democrata".
De onde vêm esses ataques?
Barreiras Duarte responde que "há pessoas que tinham influência" no
PSD "e que percebem que agora [com Rui Rio] há um estilo diferente". Quanto ao objetivo dessa ofensiva, o político afirma que "o que pretendem
é que o Dr. Rui Rio não tenha sucesso".
Certo é que com a decisão de se
demitir, a direção do PSD respira de alívio. Há já vários dias que a liderança
do Partido Social Democrata olhava para Feliciano Barreiras Duarte mais como um
problema do que uma solução.
O anúncio da demissão foi feito
por comunicado emitido poucos minutos antes da entrevista à TSF. No texto, o
agora ex-secretário-geral do PSD diz "apresentei ao presidente do meu
Partido o pedido irrevogável de demissão". Uma demissão "que já está
concretizada".
Barreiras Duarte diz ter atingido
o limite "face à violência inusitada dos ataques e aos efeitos para mim e
a minha família", mas diz também que não é ele o principal alvo desta
campanha. É também por isso que sai. No comunicado, o político diz ter "perfeita
consciência, como qualquer observador minimamente atento" de que o alvo
principal é Rui Rio, "o líder do meu Partido e a sua direção". E por
isso, a melhor solução é sair. Feliciano Barreiras Duarte escreve que
"ficar seria avolumar o problema e não contribuir nada para a
solução".
"Não tenho qualquer tipo de
queixa sobre o Dr. Rui Rio", disse na entrevista à TSF.
Ouça na íntegra a entrevista de
Feliciano Barreiras Duarte a Anselmo Crespo, subdiretor da TSF.
"Saio de consciência
tranquila" diz o secretário-geral do Partido Social Democrata na hora da
despedida. "Não há lugar a arrependimentos: dediquei os melhores anos da
minha vida ao PSD e à atividade política e voltaria a fazer o mesmo, pois
considero que servir o País é o mais nobre dos deveres".
Ainda em declarações à TSF,
Feliciano Barreiras Duarte diz que apesar de se demitir da direção do Partido
Social Democrata, não vai deixar de ser deputado na Assembleia da República.
Manifestantes exigem mudanças no
texto do projeto de lei aprovado pelo Parlamento angolano. "O dinheiro vai
continuar nas mãos de quem o subtraiu dos cofres do Estado", critica
ativista.
Dezenas de cidadãos angolanos
manifestaram-se este sábado (17.03) em Luanda contra o atual texto do projeto
de lei sobre o repatriamento justo de capitais. Os manifestantes exigiram
investigações da Procuradoria Geral da República (PGR) e a responsabilização
dos alegados infratores.
As dezenas de manifestantes
concentraram-se no centro da cidade de Luanda carregando cartazes com dizeres
como "repatriamento sim, lavagem não", "tem tanta coisa errada
que não cabe no cartaz" e "ladrão não pode ser patrão".
O docente universitário e
ativista Nuno Álvaro Dala, um dos subscritores, explicou à DW África as razões
do protesto. "O objetivo da nossa iniciativa é impedir a aprovação do
projeto de lei, que prevê manter o dinheiro nas mãos de quem o subtraiu dos cofres
de Estado de forma ilícita. Eles não podem ser amnistiados", afirmou.
Fernando Macedo, conhecido
ativista e professor universitário, diz que não é necessário fazer-se caça às
bruxas. "O que queremos é que a amnistia só seja feita depois de o
dinheiro ter sido devolvido aos cofres do Estado", explica. "A ideia
central da nossa luta é o Parlamento não aprovar essa lei sem auscultar os
cidadãos e as cidadãs e as organizações da sociedade civil. É importante que
eles saibam o que o povo quer, o que o povo pensa."
Antes da manifestação deste
sábado, os organizadores foram recebidos por alguns partidos com assento no
Parlamento angolano. Os manifestantes mantiveram encontros com deputados da
União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da
oposição, e a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral
(CASA-CE). Os organizadores lamentaram, entretanto, não terem sido recebidos
pelo Movimento Para Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder.
"Tratou-se de uma postura de
arrogância por parte do MPLA e do seu grupo parlamentar que não quis nos
receber para dialogar. Houve alguns sinais positivos por parte do Presidente
João Lourenço, mas ainda não são significativos", sublinhou Fernando
Macedo. Segundo o ativista, isso deve ao fato de "muitos parlamentares que
fazem parte da maioria no Parlamento provavelmente também serem ladrões do
dinheiro público".
Restrições
Durante a manifestação,
ouviram-se cânticos como "roubaram o nosso dinheiro, devolvam o nosso
dinheiro". Muitos transeuntes e automobilistas filmavam e tiravam
fotografias. O protesto foi feito na parte adjacente do Largo da Independência,
porque não foram autorizados a realizar a manifestação pacífica no local onde
se encontra a estátua do primeiro Presidente de Angola António Agostinho Neto.
Segundo a organização, o Governo da Província de Luanda informou que a praça
era um "órgão de soberania", por esta razão, não devia ser usada para
protestos.
Salomão Francisco, um dos
organizadores, não entendeu a atitude do governo. "Mesmo estando na quarta
república, o governo continua a dar sinais de que não quer governar pessoas que
pensam diferente. Nós que estamos aqui, não somos inimigos do Estado. Somos
cidadãos e queremos chamar atenção do governo de que as suas decisões ao longo
destes tempos têm provocado morte", afirmou.
Minutos mais tarde do início da
manifestação, surgiu na Praça da Independência um de cinco cidadãos liderados
pelo ativista cívico Nito Alves com um cartaz mostrando a fotografia do
Presidente de Angola, João Lourenço, carregada com a letra "X" em cor
vermelha.
Os organizadores entenderam que
estavam diante de uma desatualização do tema do protesto, pelo que os acusaram
de fazer uma contramanifestação. A presença dos jovens do outro lado da
estrada, na margem no largo, fez com que a polícia aparecesse em massa para
evitar possível violência entre os dois grupos.
Pressão sobre o Governo
Os organizadores da manifestação
já tinham realizado um debate sobre o repatriamento justo de capitais na semana
passada. O encontro contou com a preleção do jurista e professor universitário
da Universidade Católica de Angola, Benja Satula, o padre Pio Wakussanga,
responsável da ONG Construindo, com sede na província angolana da Huíla, e José
Patrocínio, da Omunga, sediada em Benguela.
Salomão Francisco explica o
próximo passo da luta contra a lei de repatriamento de capitais, que pode ser
aprovada nos próximos dias no Parlamento angolano. "Nós vamos insistentemente
pressionar o nosso governo. Há uma enorme injustiça de 38 anos e o regime tem
encoberto o roubo durante todos esses anos para uma pequena elite", disse.
O referido projeto de lei dispõe
que os recursos patrimoniais, transferidos ou mantidos por pessoas físicas ou
jurídicas no exterior ou no interior de Angola, não declarados, cuja origem é o
território nacional, deverão ser devidamente declarados ao órgão do Estado
angolano criado para a execução do programa, para efeitos de repatriamento e pagamento
da contribuição extraordinária.
Presidente da União Nacional dos
Imãs da Guiné-Bissau diz que a classe política guineense precisa chegar a um
entendimento para "tirar o país do marasmo". Guiné-Bissau está sem
governo há mais de 60 dias.
O presidente da União Nacional
dos Imãs da Guiné-Bissau, Bubaca Djalo, pediu este domingo (18.03) à classe
política guineense que chegue a um entendimento para "tirar o país do
marasmo".
Num discurso proferido no âmbito
do 12.ª Ziara, o encontro anual da comunidade islâmica na vila de Mansoa,
Bubacar Djalo pediu "aos responsáveis do país para que tenham pena do
povo" guineense.
"Que este recado chegue à
todos os políticos", disse Djalo a milhares de fiéis, salientando não
estar a fazer política, mas sim a expressar o "sentimento do
povo".
Bubaca Djalo recordou que o país
está há dois meses sem um Governo e os sinais mostram que os políticos do país
continuam sem chegar a um entendimento.
O presidente da associação
salientou que a proximidade da campanha de comercialização da castanha de caju,
principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau, exige que se
alcance um entendimento. O líder dos imames guineenses afirmou que "não
pode ter medo de falar o que preocupa o povo".
Impasse
A Guiné-Bissau está sem Governo
há mais de sessenta dias e há quase quatro anos mergulhada numa autêntica
disputa pelo poder. No início do ano, o antigo primeiro-ministro guineense
Umaro Sissoco Embalo apresentou a demissão. O Presidente do país, José Mário
Vaz, nomeou um novo primeiro-ministro, que ainda não apresentou o seu Governo.
Em fevereiro, o Conselho de
Segurança das Nações Unidas lançou um apelo às autoridades da Guiné-Bissau para
que sejam realizadas eleições legislativas e presidenciais, respetivamente em
2018 e 2019. Em resposta, José Mário Vaz anunciou que está a fazer auscultações
a todos os partidos políticos com objetivo de fixar a data para a realização de
eleições legislativas ainda este ano.
A ausência de soluções para a
crise político-institucional na Guiné-Bissau está a deixar a população mais
falida, sem luz e água. Nos últimos meses, algumas ruas e avenidas de Bissau só
têm iluminação pública graças aos postes de luz que funcionam por energia
solar. A maioria das casas e instituições públicas fica o dia inteiro sem
eletricidade.
Estão em curso, simultaneamente,
durante a primeira metade de Março, dois grandes exercícios de guerra - um no
Mediterrâneo em frente à costa da Sicília, o outro em Israel – ambos orientados
e apoiados pelos comandos e pelas bases dos USA/NATO, em Itália.
No Dynamic Manta 2018 -
exercício de guerra submarina, apoiado pelas bases de Sigonella e Augusta e
pelo porto de Catania - participam as Forças Navais dos Estados Unidos, Canadá,
Itália, França, Bélgica, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha, Grécia e Turquia, com
5000 homens, navios de superfície, submarinos, aviões e helicópteros. O
exercício é dirigido pelo Comando da NATO, de Lago Patria (JFC Nápoles), sob as
ordens do Almirante dos EUA, James Foggo.
Nomeado pelo Pentágono, como os
seus antecessores, comanda ao mesmo tempo as Forças Navais dos EUA na Europa e
as Forças Navais dos EUA em África, cujo quartel general está em Nápoles
Capodichino.
Para que serve o Dynamic
Manta 2018 é explicado pelo próprio Almirante Foggo: começou a “Quarta
Batalha do Atlântico, depois das duas guerras mundiais e da Guerra Fria. Está a
ser conduzida contra “submarinos russos cada vez mais sofisticados, que ameaçam
as linhas de comunicação marítima entre os Estados Unidos e a Europa, no
Atlântico Norte”.
O Almirante acusa a Rússia de
levar a cabo “uma actividade militar cada vez mais agressiva”, referindo como
exemplo, os caças russos que sobrevoam, a baixa altitude, os navios dos EUA. No
entanto, não diz que esses navios de guerra atravessam o Mar Báltico e o Mar
Negro, perto do território russo. O mesmo fazem os drones de espionagem USA
Global Hawk, que, partindo de Sigonella, voam duas a três vezes por semana, ao
longo da linha de costa russa, no Mar Negro.
O Almirante Foggo, na qualidade
de Comandante NATO, prepara em Itália, as forças navais aliadas contra a Rússia
e como Comandante das Forças Navais dos EUA, na Europa, envia da Itália a Sexta
Frota para Juniper Cobra 2018, um exercício conjunto entre os EUA e
Israel, dirigido, principalmente, contra o Irão.
Da base de Gaeta, juntou-se ao
Haifa, o Mount Whitney, o navio-almirante da Sexta Frota, acompanhado do
navio de assalto anfíbio, Iwo Jima. O Mount Whitney é um quartel
general flutuante, ligado à rede de comando e controlo global do Pentágono e
também, através da estação MUOS, de Niscemi.
O Juniper Cobra 2018 –
no qual participam 2.500 soldados dos EUA e outros tantos israelitas - começou
em 4 de Março, quando o Primeiro Ministro Netanyahu, reunido com o Presidente
Trump, afirmou que o Irão “não renunciou às suas ambições nucleares” (não
dizendo que Israel é a única potência nuclear, no Médio Oriente) e concluiu que
“o Irão deve ser bloqueado, esta é a nossa missão comum”.
O exercício simula a resposta
israelita ao lançamento simultâneo de mísseis do Líbano, do Irão, da Síria e de
Gaza. No entanto, o cenário real deve ser o de um lançamento de mísseis
falsamente atribuído ao Hezbollah libanês, aliado ao Irão, como pretexto para
atacar o Líbano, visando o Irão.
Após 72 horas no máximo -
declaram as autoridades americanas e israelitas - forças dos EUA chegariam da
Europa (em particular das bases americanas em Itália) para apoiarem as forças
israelitas na guerra.
A presença no Juniper Cobra do
General Scaparrotti, chefe do Comando Europeu dos Estados Unidos, confirma esse
plano, que ele definiu numa reunião com o Estado Maior israelita, em 11 de
Março. Como Scaparrotti é, também, o Comandante Supremo Aliado na Europa (cargo
que pertence sempre a um general dos EUA), o plano prevê uma participação da
NATO, sobretudo italiana, de apoio a Israel, numa guerra em larga escala no
Médio Oriente.
Enquanto o presidente russo,
Vladimir Putin, apresenta armas inovadoras, a China continua fortalecendo
silenciosamente suas forças estratégicas nucleares, afirma um artigo da revista
Asia Times, sublinhando que o crescimento militar chinês é um enigma para o
resto do mundo.
O caráter secreto das forças
nucleares chinesas e seu possível uso foram os temas principais da nova
estratégia nuclear recentemente adotada pelo Pentágono, que traçou uma nova
política de "dissuasão adaptada" para a China. O novo plano tem por
objetivo persuadir os líderes chineses a evitarem passos militares errados que
possam resultar rapidamente em um conflito nuclear, segundo opina o autor do
artigo, Bill Gertz. Entre tais passos estão possíveis ações provocadoras no mar
do Sul da China ou atividades hostis relacionadas a Taiwan ou o Japão, detalha o autor, citado pelo RT.
O documento leva em consideração
o principal risco que poderia desencadear uma guerra nuclear entre os EUA e a
China: um confronto militar que escale até um conflito regional resultando na
utilização de mísseis chineses com cargas nucleares.
"Nossa estratégia adotada em
relação à China é elaborada para evitar que Pequim chegue à conclusão que
poderia tirar vantagem através de uso limitado de suas capacidades nucleares,
ou achar que qualquer uso de armas nucleares, mesmo limitado, seja
aceitável", diz o documento.
Posição de Pequim
Bill Gertz recorda que um dos
problemas para Washington é o fato de Pequim recusar participar de conversações
oficiais que poderiam esclarecer os objetivos desta "dissuasão
adaptada" por parte dos EUA. A China, por sua vez, argumenta que qualquer
discussão sobre suas capacidades estratégicas nucleares e não nucleares mina a
dissuasão nuclear.
Segundo o jornalista, em 2008,
durante negociações bilaterais em Pequim, funcionários estadunidenses
insistiram que a China fosse mais aberta quanto às suas capacidades nucleares.
Em resposta, o então vice-ministro das Relações Exteriores chinês, He Yafei,
declarou que as forças nucleares de seu país são um "tema
delicado" e que nem sequer os altos funcionários chineses conheciam o
tamanho de seu arsenal nuclear.
Mantendo seu poderio militar
nuclear e não nuclear em segredo, a China supõe que os EUA não correrão o risco
de um conflito armado sem saber ao certo que tipo de armas Pequim poderia usar.
No entanto, a chamada Revisão da Postura Nuclear do Pentágono parece tomar em
conta o segredo estratégico chinês, opina Bill Gertz.
Pentágono amplia condições para
usar armas nucleares
Enquanto a China continua
desenvolvendo novas capacidades, ameaçando os interesses dos Estados Unidos e
de seus aliados, o Pentágono está ampliando os limites das condições para
utilizar suas próprias forças nucleares em resposta a ataques não nucleares, tais
como a destruição de satélites ou ciberataques a redes de energia.
"Os Estados Unidos estão
preparados para responder decididamente a uma agressão chinesa nuclear ou não
nuclear", aponta o documento.
De acordo com a estratégia do
Pentágono, os EUA continuarão buscando o diálogo com a China, utilizando ao
mesmo tempo exercícios militares que demonstram suas capacidades nucleares, e
aumentando o leque de "opções graduais de resposta nuclear disponíveis ao
presidente", conclui Bill Gertz.
Ministério do Interior russo
comenta ataques cibernéticos contra Comissão Eleitoral Central
Hoje, a presidente da
Comissão Eleitoral Central, Ella Pamfilova, informou que foram detectados
ataques DDoS contra página da comissão. As fontes dos ataques são 15 países.
"Posso apenas confirmar o
fato destes ataques. Mas a reação antecedente dos serviços de segurança
permitiu evitar a falha do sistema importante da Comissão Eleitoral
Central", disse vice-ministro do Interior russo, Aleksandr Gorovoi.
De acordo com as autoridades russas as eleições presidenciais estão a decorrer com toda a normalidade. Neste momento ainda estão abertas aos eleitores 55.805 secções de voto. As secções eleitorais já fechadas são 41.222.
A Rússia abrange vários fusos horários, sendo essa a causa das diferenças horárias nos diferentes territórios, assim como abertura e fecho das secções de voto. Veja ao minuto.
Publicação de resultados
preliminares começa depois das 21h00 no horário de Moscovo (18 horas em Lisboa)
A polícia das cidades ucranianas
de Kiev, Odessa e Lvov não deixa entrar os cidadãos russos nas representações
diplomáticas para votarem nas eleições presidenciais de 2018, informa o
correspondente da Sputnik.
Em Lvov, os policiais junto com a
Guarda Nacional ucraniana cercaram o prédio do consulado russo, onde está uma
das seções eleitorais, com uma cerca metálica.
"Deixamos entrar apenas
aqueles que trabalham no consulado de acordo com a lista que temos. Não
deixamos entrar mais ninguém", disse ao correspondente da Sputnik um dos
policiais que vigilam o prédio.
Algumas dezenas de representantes
de um movimento nacionalista instalaram uma tenda perto do consulado russo,
eles pretendem organizar o assim chamado "corredor da vergonha" para
aqueles que vão votar.
Dezenas de efetivos dos serviços
de segurança patrulham a área perto do consulado, a situação permanece
tranquila.
Em Odessa e Kiev a polícia também
barrou a entrada nas representações diplomáticas russas. Há informações de que
em Kiev os nacionalistas do Setor de Direita (Pravy Sektor, organização
proibida na Rússia) protestam perto do consulado russo.
Na véspera, o Ministério do
Interior ucraniano declarou que não deixará os russos entrarem nos consulados e
na embaixada russa para votar.
A chancelaria russa considera que
a decisão das autoridades ucranianas não tem precedentes e sublinha que esta
contradiz as normas do direito internacional e não cabe no quadro da
compreensão que se tem do que são os países civilizados.
As arbitrariedades que no cenário
do golpe de Estado vêm sendo cometidas pelos torquemadas do Ministério Público,
juízes de primeiro grau, tribunais de segunda instância e membros da corte
suprema mostram que vivemos no Brasil tempos de opróbrio, crueldade, injustiça
e infâmia.
Em meio a tamanho transe, vale
recordar o que disse Marx em sua obra “Crítica da Filosofia do Direito de
Hegel” sobre a “escola histórica do direito”: “uma escola que legitima a
infâmia de hoje com a infâmia de ontem, uma escola que declara como rebelde
cada grito do servo contra o chicote, desde que o chicote seja um chicote
idoso, um [chicote] hereditário, um [chicote] histórico…”
Está em curso a instauração de um
novo tipo de regime ditatorial no Brasil. Os primeiros sinais surgiram com o
golpe de Estado de 2016 quando uma camarilha reacionária formada por setores
majoritários do Congresso Nacional, em conluio com a mídia monopolizada, a
polícia política em que se converteu a Polícia Federal, setores do Ministério
Público e do Poder Judiciário, decidiu interromper o ciclo político democrático
inaugurado com a Constituinte de 1987-1988 e a fase dos governos progressistas
iniciada desde a primeira eleição do presidente Lula.
Os manipuladores do “chicote
hereditário”, representantes das classes dominantes, mostraram-se ciosos na
defesa dos seus interesses classistas. Monopolizam o poder político há séculos
não para distribuir renda nem universalizar a fruição de direitos, mas para
viver às custas do saque das riquezas nacionais e da espoliação do povo
trabalhador.
Empenhadas na edificação de um
novo regime, as classes dominantes mutilam a democracia, investem na
criminalização das forças políticas de esquerda e do movimento social, do que é
exemplo mais significativo a condenação judicial de Lula. Mais uma vez na
história tortuosa da República no Brasil, é com o látego vetusto que essas
classes pretendem organizar o sistema político, brandindo o lema “ordem e
progresso”, para antagonizar a liberdade, a independência, os direitos sociais e
o desenvolvimento.
Na empreitada, decidiram abater a
liderança das forças progressistas, impedir que volte a governar o país porque
é imperioso interditar o enfrentamento dos problemas sociais e interromper a
busca por um lugar autônomo e protagonista do Brasil no mundo.
A criminalização dos movimentos
sociais e das forças políticas transformadoras ocorre a par com o uso
atrabiliário das armas do “direito”, em que liberais de fancaria não coram ao
usar os mais torpes argumentos. Em nome da suposta defesa de direitos
“coletivos e difusos”, atacam-se os direitos individuais, mantêm-se cidadãos
presos sem culpa formada ou qualquer mínima prova, numa sucessão interminável
de atos arbitrários baseados em “convicções; criminaliza-se a atividade
política democrática e progressista exercida pelas classes oprimidas. Cúmulo da
hipocrisia é a invocação que se faz aos direitos coletivos, porquanto estes são
também vilipendiados – o direito ao trabalho, os direitos humanos em lato e
estrito sentido, o direito à saúde, educação, moradia, salário digno, ao
consumo garantidor do bem-estar para todos, e uma infinidade de direitos
usurpados pelos opressores do povo entrincheirados no regime golpista.
O plano dos golpistas é completar
a mutilação da vida democrática com a transformação da eleição em farsa. Porque
é disto que se trata quando eleições presidenciais, que decidem sobre a força
política que ocupará o vértice do poder nacional, são realizadas consoante
normas impostas para assegurar previamente a vitória de um lado, com a exclusão
da parte adversária, pretextando argumentos juridicos fraudulentos.
Isto é ainda mais evidente
quando, segundo todas as sondagens de opinião pública, apesar da repugnante
campanha difamatória e da condenação judicial, Lula lidera a disputa presidencial.
É um dado óbvio que Lula candidato, à frente de uma coalizão democrática,
patriótica e progressista que tenha a esquerda por núcleo e conformação ampla
está habilitado a vencer de novo a eleição presidencial.
Impedir a concretização deste
desenlace, pela via da prisão do candidato e do cancelamento de sua
candidatura, para além de ser uma violência, vai, sim, transformar o pleito de
2018 numa rematada fraude.
Ainda está ainda por ser feito o
debate sobre como as forças de esquerda devem agir em tal circunstância, sobre
as saídas táticas para acumular na batalha eleitoral que, de resto, será um
entre uma miríade de episódiios da velha e boa luta de classes cujo desfecho
histórico não há de ser outro senão a “volta do cipó de aroeira” no lombo de quem
hoje, em nome de um injusto e infame direito, desce o látego contra o dorso dos
oprimidos.
Mesmo num momento de refluxo e
desorganização das lutas, fragmentação das forças de esquerda e tendência de
alguns à acomodação, a reação popular – que nunca deve ser subestimada – é
imprevisível e pode ser surpreendente.
Protestos oceânicos contra
execução de Marielle Franco e Anderson Gomes revelam: é possível frear a
espiral conservadora; mas é urgente um programa comum. Veja nossa análise e uma
seleção de textos relevantes
Mais uma vez, o cenário mudou. A
emoção gerada pelo assassinato brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes
mobilizou centenas de milhares de pessoas, em todo o país. As ruas voltaram a
se encher de uma multidão aguerrida, insistente, multicor, que há muito não por
convocação partidária, mas por convicção de que ou agimos já, ou o país se
tornará insuportável. E como as multidões foram inumeráveis, os hipócritas
tiveram de ceder. Todo o noticiário dos jornais e das TVs, que há
alguns dias enxergava a intervenção no Rio como caminho para o resgate do Rio,
abriu espaço a uma mulher negra que denunciou desde o início a militarização
das favelas. As tímidas ações de fachada, adotadas pelo ministro Raul Jungmann
e pela procuradora geral Raquel Dodge tiveram repercussão pífia.
As ruas coalhadas de gente
frearão a grande maré de retrocessos? Há quem aposte, desde já, que sim. O
jornalista Fernando Rodrigues, editor do Poder360º e insuspeito de
defender o poder popular, enxerga
hoje uma “disrupção”, capaz de “mudar o cenário eleitoral de 2018”,
aplicar um “duro golpe” na intervenção sobre o Rio e favorecer o naufrágio da
estratégia do Palácio do Planalto. Também vê o possível início de uma onda de
mobilizações semelhante à de 2013.
Provavelmente, é otimismo demais.
A intervenção não é apenas um
plano de Temer para manter alguma relevância, tumultuar o ambiente
político e evitar a prisão após o final do mandato. Ela socorreu os três grupos
essenciais que se uniram em torno do golpe de 2016 – grande poder econômico,
mídia e máfias parlamentares –, ao converter a segurança pública no grande tema
nacional e evitar que crescesse uma forte corrente em favor da revogação da
agenda de retrocessos. Por isso, a tendência natural é que, passadas a emoção
de uns e a hipocrisia de outros, Marielle seja sepultada também pela avalanche
de sensacionalismo e irrelevâncias com a qual os jornais e TVs usualmente escondem os
fatos importantes.
Este choque – por um lado,
multidões ansiosas por agir; por outro, a pressão do quotidiano, tendente a
anular qualquer chance de ação transformadora – indica a necessidade de mais
formulação política. Se, como tudo indica, a presença nas ruas é o único fator
capaz de interromper a espiral rumo ao abismo, é preciso garantir que ela se
sustente. Significa definir agendas que sejam capazes de convocar e, tanto
quanto possível, unitárias.
O fim da intervenção é um
primeiro passo óbvio. A presença dos militares no Rio, maciçamente respaldada
pela mídia, teve de início apoio popular. Mas pode desgastar-se rapidamente,
atingida por sua própria ineficácia – e o repúdio ao assassinato de Marielle
pode ser um desencadeador. Ele deveria, por exemplo, convidar os partidos e
movimentos presentes ontem nas ruas a manter o ímpeto. A denunciar movimentos
como o do 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio, que instaurou o terror na
comunidade de Acari, numa sucessão de mortes e ameaças. Esta denúncia, que
Marielle fez quase solitariamente, poderia desdobrar-se em uma sucessão de
fatos políticos. O deslocamento sustentado de parlamentares,e de referências
dos movimentos sociais, para as favelas onde a brutalidade é aguda. O convite
aos correspondentes imprensa estrangeiros – muito menos alinhados com a agenda
conservadora – para que acompanhem as visitas. A convocação de observadores
internacionais, aproveitando a capacidade de apelo da sociedade civil
brasileira.
A agenda de horrores não se
manifesta apenas na intervenção. No Congresso Nacional tramitam propostas de
gravidade extrema, sem que os parlamentares e seus partidos – mesmo os de
esquerda – façam todos os esforços necessários para alertar sobre os riscos implicados.
Em breve, as manifestações políticas podem tornar-se alvo da Lei Antiterror. As
ocupações do MST e MTST estão ameaçadas de criminalização. A necessidade de
licenciamento ambiental das grandes obras está em questão. As bancadas
ruralistas tramam retirar da própria Anvisa o direito de vetar a venda de
agrotóxicos cancerĩgenos. Etc etc etc.
Extremamente impopular, o
Congresso que ameaça impor estas medidas não está sendo suficientemente
deslegitimado. Muito se falou, desde as primeiras manifestações contra o golpe,
em 2015, sobre a formação de Comitês Populares em defesa dos direitos e da
democracia. A difusão sistemática de informações sobre a agenda de retrocessos
ofereceria um poderoso combustível para tais comitês. Eles seriam, além disso,
um primeiro passo para retomar o trabalho de base, um objetivo muitas
vezes proposto (às vezes de forma mística) e tantas outras adiado.
E há, também, a agenda da
contraofensiva. Até o final do ano passado, a proposta de questionar, por meio
de Referendos Revogatórios, os retrocessos já consumados, avançava e
espraiava-se. Fazia parte do discurso dos candidatos de esquerda. Começava a
despertar polêmicas na mídia. Foi afastada, momentaneamente, por dois fatos.
Primeiro, a antecipação do julgamento de Lula pelo TRF4 – polarizou as atenções
do chamado “campo progressista”. Depois, a intervenção no Rio impôs uma volta a
mais no torniquete do golpe e pareceu tornar a resistência inútil.
As mobilizações gigantescas de
ontem expõem, mais uma vez, uma realidade contraditória. Não estamos diante
de um jogo liquidado. O golpe e sua agenda são fortes pelo controle que exercem
sobre o instituído; mas são vulneráveis pela incapacidade de criar consensos,
de agir por outro caminho além da truculência. Há espaço para uma dissidência
crescente. Mas ela não está dada, nem surgirá automaticamente.
Construí-la com generosidade –
evitando, em especial, que a disputa eleitoral torne-se um fator de
desagregação das multidões que voltaram às ruas – é a maior homenagem que se
pode prestar a Marielle Franco e Anderson Gomes.
Para o articulista, volta das multidões às ruas coloca governo Temer em
situação delicada e pode mudar o cenário eleitoral de 2018. “O Brasil viu nesta
5ª feira (15) imagens de grandes manifestações em capitais como Rio, São Paulo
e Recife. O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco pode mudar o
cenário político”.
No texto, uma descrição da trajetória de Marielle Franco. “Após dez anos de
trabalho como assessora parlamentar, Marielle elegeu-se em 2016 para seu
primeiro e último cargo eletivo. O sucesso logo de cara predizia uma carreira
política longeva. Quatro balas anularam a previsão. Mas não seu legado: foram
quatorze meses como vereadora, dezenove anos como mãe, e quase quatro décadas
como voz inconformada contra a violência à sua volta”.
Por Maria Teresa Cruz e Pavio, na Ponte Jornalismo
Na entrevista (o vídeo está logo abaixo abaixo), feita semanas atrás, Marielle
denunciava a intervenção federal/militar no Rio. “Para Marielle, a intervenção
iria trazer ‘o acirramento da violência nos corpos nossos de favelados’ e fazia
parte de um processo que colocava a própria democracia em risco. ‘O processo de
democratização está ameaçado por causa do que está colocado: servidor, saúde,
caos em varias áreas e intervenção na segurança, o que ajuda a controlar ainda
mais o que vinha sendo controlado antes’, afirmou. ‘Esses dias a gente
conversava ali na Maré, sobre o quanto os 14 meses de incursão militar… e não
só da PM, mas da força nacional, do Exército, o barulho dos tanques, de tanque
blindado, o barulho do tanque ainda é muito latente que ficava na porta de um
dos prédios que eu morei até pouco tempo. Esse medo, esse desespero é onde a
gente chora porque corta na nossa carne’, disse na entrevista”.
Por Alexandra Lucas Coelho, no Sapo24, de Portugal
Um perfil de Marielle e do país
depois do golpe, da intervenção e da execução. “Foi esta cidade que há um mês
se viu ocupada por militares, a mando de um presidente da república não-eleito,
alegadamente para fazer face ao crime. Depois do golpe na presidência, o golpe
na cidade que é a cara do Brasil. O crime de Estado tem esta tradição de se
justificar pelo crime. O presidente não-eleito, Michel Temer, assinou essa
ocupação. O Rio de Janeiro é desde então uma cidade ocupada, num país ocupado.
Todos os dias algo se soma ao horror. Chegam amigos de lá, ou mensagens de
amigos, vejo as notícias, horror atrás de horror.”
As multidões que ocuparam as ruas depois da execução de Marielle Franco e
Anderson Gomes causaram um curto-circuito nos planos do Palácio do Planalto. “A
força das ruas tornou-se um inesperado desafio para o Governo de Michel Temer
(MDB) e sua aposta em uma inédita intervenção federal como bandeira eleitoral e
resposta para caos na segurança pública do Rio. O presidente colocou suas
fichas em nomear como interventor federal o general Walter Souza Braga Netto,
chefe do Comando Militar do Leste e, desde o último dia 16 de fevereiro, também
chefe máximo da segurança pública fluminense, ainda que nem sequer haja um
plano oficial para a ação. Agora, essa cadeia de comando — da Polícia Civil ao
presidente — tem que responder por um dos mais emblemáticos crimes políticos da
história recente brasileira”.
Foto: Manifestação no Rio, na
noite desta quinta, 15/3
Na ampla bacia do vale do pequeno
rio Guaire (com apenas 72 km), onde se inscreve Caracas, a capital da Venezuela
Bolivariana, a pobreza que em abruptos socalcos se expande pelas colinas
próximas mais elevadas, (população de outras regiões atraída à capital)
perscruta a riqueza a partir de cima, irremediavelmente na vertical, altaneira
e desafiadora, mas agora com toda a coerência que a visão socialista lhe
propicia.
Do alto dessas colinas decerto
que não se vê o vale eriçado de modernos edifícios com arrogância, nem com
desprezo, nem com cobiça, nem sequer com rancor… mas com um sentimento de
legítima esperança e de sadia espectativa, eivado da consistência dum
inalienável direito conquistado com o Comandante Hugo Chavez: o da premente
necessidade civilizacional de justiça social, que começa desde logo pelo
direito a uma condigna habitação.
Poucas serão as grandes cidades
capitais em que tanta pobreza herdada do passado é capaz de olhar de cima, de
modo tão fortalecido, os sinais de riqueza inculcados na profundidade dum vale
como o do Guaire em Caracas.
Imaginem quais as mensagens que
daí se expandem por todo o país e as potenciais energias dessas mensagens!
Esse manancial sensorial e
psicológico é por si um incentivo para um poderoso resgate face ao
subdesenvolvimento que subsiste de forma crónica desde o passado de trevas
coloniais na Pátria Grande.
É também motivo para o início dum
novo conceito geoestratégico para todo o território venezuelano, ainda por
realizar, que abandone em nome da independência e da soberania, o arcaico
conceito geoestratégico colonial de penetração continental a partir do Mar das
Caraíbas.
É ainda um enorme potencial de
mobilização disponível, de incalculáveis energias, em reforços da vanguarda
progressista que é o Partido Socialista Unido da Venezuela, se atendermos a uma
das bem sucedidas missões em curso, a “Grande Missão Vivenda Venezuela”,
que se abeira dos dois milhões de habitações já edificadas!
Este é um dos eixos de paz e
civilização em prol da construção duma Venezuela Bolivariana capaz de Pátria
Grande, por que se está a tornar num incontornável exemplo para todos os
estados, nações e povos do mundo do espaço da “Tricontinental”!
Quando a mancha de pobreza que
paulatinamente irá desaparecer das colinas altaneiras de Caracas, olha de
cima-abaixo a expressão estrutural da riqueza instalada no vale do Guaire,
fá-lo com o sentido e o sentimento adequado de equilíbrio e responsabilidade,
nos termos duma democracia que se abre cada vez mais à participação.
Em menos de vinte anos, a
Venezuela Bolivariana já desencadeou vinte e cinco actos eleitorais e ninguém
de bom senso poderá alguma vez deixar de levar isso em consideração, por que é
por via democrática que se está a fazer a incessante (e morosa) busca de resgate
do subdesenvolvimento, pela justiça social.
Do alto dessas colinas espreitam
a riqueza olhos ávidos das mais legítimas aspirações, por via de amplas
práticas democráticas, cada vez mais participativas!
É assim que os (ainda) enormes
resíduos de pobreza de Caracas, encaram o vale a seus pés e projectam sua ânsia
de futuro em direcção ao sul despovoado e assimétrico, enquanto manancial para
uma Pátria Grande de justa e humana coragem.
Martinho Júnior - Luanda, 15 de Março de 2018
Imagens:
1 e 2 - os bairros
pobres expandem-se pelas colinas mais elevadas de Caracas;
3 - o pequeno rio
Guaire percorre os pontos menos elevados do amplo vale;
4 - Caracas vista do nó
dos Andes que compõe o cerro do Parque Nacional de Ávila (a norte da capital);
5 - o centro de Caracas
com toda sua imponência e símbolos de riqueza.
O governo britânico afirma que os
venenos "Novichok", desenvolvidos há 30 anos atrás na União
Soviética, afetaram um agente duplo britânico. Mas essas substâncias podem nem
sequer existir. O governo britânico diz ainda que o governo russo é responsável
pelo incidente e anunciou sanções contra o país.
Um incidente semelhante ocorreu em 2001 nos Estados Unidos .
Envelopes com esporos de Antraz foram enviados para vários políticos. Algumas
pessoas morreram. A Casa Branca disse ao FBI para culpabilizar a al-Qaeda , mas o Antraz acabou por se
revelar ser de um laboratório de armas químicas-biológicas dos Estados Unidos.
O caso está ainda por resolver.
Vil Mirzanyanov é o "denunciante" que "revelou" o programa
"Novichok" e seus venenos e publicou as fórmulas químicas que
deveriam permitir a qualquer laboratório decente produzi-los. Mas nem a
existência do alegado programa, nem a existência das supostas substâncias foram
alguma vez aceites pela comunidade científica. O governo russo afirma não saber
do programa nem dos alegados venenos.
O drama elaboradamente construído em torno do alegado envenenamento do agente duplo britânico Skripal
e da sua filha transformou-se assim numa representação surreal. O governo
britânico não apresentou até agora nenhuma evidência de que os Skripal foram
envenenados ou que tivessem sido envenenados por alguém. Nenhum boletim médico
detalhado foi publicado. As acusações britânicas contra a Rússia permitem considerar
que uma tentativa de suicídio esteja excluída. Por quê?
Não há nenhuma avaliação independente do alegado veneno. O governo britânico
afirma que o seu próprio laboratório de armas químicas em Porton Dow, a poucas
milhas de onde aconteceu o incidente, identificou o veneno como um dos produtos
químicos "Novichok".
Porém, em 2016, um dos principais químicos de Porton Down tinha dúvidas que
tais produtos químicos existissem. (Paul McKeigue, Professor de genética
estatística e epidemiologia genética na Universidade de Edimburgo, Piers
Robinson, Professor de política, sociedade e política jornalismo na
Universidade de Sheffield e o antigo embaixador britânico Craig Murray põem isto em destaque ).
Recentemente, em 2016, a Dra.
Robin Black, chefe do Detection Laboratory a única instalação laboratorial de
detecção de armas químicas do Reino Unido, em Porton Down, antiga colega do Dr.
David Kelly, publicou numa revista científica extremamente prestigiada que a
evidência da existência de Novichoks era escassa e a sua composição
desconhecida.
Nos últimos anos, tem havido muita especulação sobre uma quarta geração de
agentes nervosos (inovações "Novichok") tivesse sido desenvolvida na
Rússia, tendo sido iniciada nos anos 70 do século passado como parte do
programa "Foliant", com o objectivo de encontrar agentes que pudessem
comprometer as contramedidas defensivas. Informações sobre estes compostos
têm estado dispersas no domínio público, provenientes principalmente de um
químico militar russo dissidente, Vil Mirzayanov. Não há confirmação
independente das estruturas ou que as propriedades desses compostos tenham sido
publicadas. (Black, 2016)
O Conselho Consultivo Científico
(Scientific Advisory Board, SAB) da Organização para a Proibição de Armas
Químicas (OPCW) não reconheceu os Novichoks como armas químicas, porque
encontrou poucas evidências de que existam. Os EUA e o Reino Unido fazem parte
da organização e ambos concordaram com esta avaliação:
[o SAB] sublinhou que a definição
de produtos químicos tóxicos na Convenção abrange todos os potenciais
candidatos a produtos químicos que possam ser utilizados como armas químicas.
Sobre novos produtos químicos tóxicos não constantes do anexo sobre produtos
químicos, mas que, no entanto possam, para a Convenção, representar um risco, o
SAB faz referência a "Novichoks". O nome "Novichok" foi
usado numa publicação de um antigo cientista soviético que relatou a
investigação de uma nova classe de agentes nervosos apropriados para o uso como
armas químicas binárias. " O SAB afirma dispor de insuficientes
informações para comentar sobre a existência ou propriedades de
"Novichoks ". (OPCW, 2013)
O antigo cientista soviético, Vil
Mirzanyanov, que denunciou e escreveu sobre os "Novichoks", vive
agora numa casa de 1 milhão de dólares nos Estados Unidos. A
agência de notícias AFP acaba de entrevistá-losobre o recente incidente:
Mirzayanov, falando na sua casa
em Princeton, Nova Jersey, disse estar convencido de que Rússia levou a cabo
uma forma de intimidar os opositores do Presidente Vladimir Putin. "Só os
russos" desenvolveram esta classe de agentes nervosos" disse o
químico. "Eles conservaram-nos e ainda os mantêm em segredo".
A única outra possibilidade, disse, seria que alguém usasse as fórmulas do seu
livro para fazer uma tal arma.
"A Rússia fê-lo", diz
Mirzanyanov, "OU ALGUÉM QUE LEU O MEU LIVRO"
O livro foi publicado em 2008 e
está disponível encadernado, brochado ou em formato electrónico por 8,16
dólares. Inclui uma série de fórmulas que, diz Mirzanyanov, poderiam ser
utilizadas para produzir esses agentes químicos. Mas nem o laboratório de
Porton Down nem a OPCW parecem convencidos que isso seja possível. Eles podem
acreditar que Mirzanyanov tem plena consciência disto.
Um leitor, do livro de Mirzanyanov observou:
[É necessário] haver um editor
para controlar o seu brado "sou um espantoso mártir épico" e
trazer as coisas de volta à ciência.
Outro leitor escreveu:
State secrets é de longe a mais prolixa e dolorosamente
estúpida novela sobre armas químicas que já li, escrita por um cientista
irritado que desertou da Rússia! Se quer ouvir um empregado com ilusões de
grandeza a queixar-se de cada pessoa com quem já trabalhou então este livro é
para si, caso contrário não perca seu tempo. A sério! Não acontece nada exceto
que Vil algumacoisov ajuda a fazer coisas que matavam pessoas durante
30 anos e que obtém uma (espécie de) consciência, deserta e queixa-se
constantemente acerca... de tudo.
Vil Mirzanyanov promoveu o seu
livro num vídeo de 2009 . Pouco depois no seu blog explicou porque havia incluído fórmulas:
"Enquanto estava a escrever
o meu livro "Segredos de Estado: crônica de um participante no programa
russo de armas químicas", algumas pessoas de Washington insistentemente me
aconselharam a não incluir as fórmulas dos agentes químicos da série Novichok
no meu livro.
(...)
Perguntei por que seria má ideia publicar essa informação, uma vez que seria
para a segurança de todas as pessoas, pois os governos iriam trabalhar para ter
esses agentes químicos e seus precursores incluídos na Control List. Eles
responderam que "terroristas poderiam usá-los em suas ações
criminosas." Este tipo de raciocínio tem sido usado sempre para assustar
as pessoas e evitar qualquer discussão. Graças a isto já estamos acostumados a
ignorar uma quantidade de problemas reais."
Mirzanyanov além disto salienta
que apenas pessoal experiente em laboratórios bem equipados seria capaz de
utilizar as suas fórmulas. Agentes estatais dispõem desses laboratórios, como o
britânico Porton Down, mas os terroristas não têm tais capacidades.
Mirzanyanov insistiu para que fossem incluídas as substâncias que ele descreveu
na lista de material controlado pela OPCW. Mas a OPCW, como visto acima,
rejeitou. Nem o seu conselho científico, nem o chefe do laboratório de detecção
de Porton Down estavam convencidos de que estas substâncias ou o programa
soviético descrito por Mirzanyanov existissem.
O laboratório de armas químicas soviético em que Mirzanyanov havia trabalhado
era no Uzbequistão, não na Rússia como Theresa May falsamente alegou. O
laboratório foi desmantelado com a ajuda ativa dos Estados Unidos .
A afirmação de Theresa May de que os Skripals foram envenenados com agentes
"Novichok" é altamente questionável. A sua alegação de que apenas a
Rússia poderia ser responsável pelo incidente Skripal é obviamente um
disparate.
A existência das substâncias descritas por Vil Mirzanyanov está em sérias
dúvidas. Mas se ele está certo então qualquer Estado ou empresa com um
laboratório decente e pessoal competente pode produzir essas substâncias a
partir das fórmulas e descrições fornecidas no seu livro. Pelo menos é o que o
próprio Mirzanyanov diz.
Mas o mais perturbador sobre o caso não são as falsas alegações de Theresa May.
Ela está com problemas políticos de fundo sobre as negociações do Brexit e
outras questões e precisa conseguir alguma manobra política de diversão. Culpar
a Rússia por "qualquer coisa" está em voga e pode ajudá-la por algum
tempo.
Não, a questão mais preocupante é o comportamento dos media que falharam em
assinalar que as reivindicações do May são alaridos sem nenhuma evidência que
suporte as suas afirmações. O único jornal um pouco cético é o Irish
Times, que considera altamente improvável que o governo russo
esteja por trás do envenenamento.
Theresa May exigiu e teve uma reunião da NATO sobre o caso. Mas a declaração
emitida pela NATO foi extremamente fraca. Apenas apoiava a condução do
inquérito britânico e pedia à Rússia para responder às questões de britânicas.
Não apoiou as alegações de May, nem tomou qualquer medida contra a Rússia. Um
porta-voz francês disse "nós não fazemos política de fantasia" e
exigiu "conclusões definidas" sobre o caso antes de
decidir qualquer coisa. Também não foi dado apoio a May pela administração
Trump (Atualização: a embaixadora dos EUA na ONU Nick Haley agora saltou em
auxílio do Theresa May)
Não está a chegar apoio internacional a May. O líder da oposição britânica,
Corbyn, tinha razão quando exigiu provas das suas afirmações. Mais alguns
abanões e o seu castelo de cartas certamente virá para baixo.