Martinho Júnior | Luanda
Na ampla bacia do vale do pequeno
rio Guaire (com apenas 72 km), onde se inscreve Caracas, a capital da Venezuela
Bolivariana, a pobreza que em abruptos socalcos se expande pelas colinas
próximas mais elevadas, (população de outras regiões atraída à capital)
perscruta a riqueza a partir de cima, irremediavelmente na vertical, altaneira
e desafiadora, mas agora com toda a coerência que a visão socialista lhe
propicia.
Do alto dessas colinas decerto
que não se vê o vale eriçado de modernos edifícios com arrogância, nem com
desprezo, nem com cobiça, nem sequer com rancor… mas com um sentimento de
legítima esperança e de sadia espectativa, eivado da consistência dum
inalienável direito conquistado com o Comandante Hugo Chavez: o da premente
necessidade civilizacional de justiça social, que começa desde logo pelo
direito a uma condigna habitação.
Poucas serão as grandes cidades
capitais em que tanta pobreza herdada do passado é capaz de olhar de cima, de
modo tão fortalecido, os sinais de riqueza inculcados na profundidade dum vale
como o do Guaire em Caracas.
Imaginem quais as mensagens que
daí se expandem por todo o país e as potenciais energias dessas mensagens!
Esse manancial sensorial e
psicológico é por si um incentivo para um poderoso resgate face ao
subdesenvolvimento que subsiste de forma crónica desde o passado de trevas
coloniais na Pátria Grande.
É também motivo para o início dum
novo conceito geoestratégico para todo o território venezuelano, ainda por
realizar, que abandone em nome da independência e da soberania, o arcaico
conceito geoestratégico colonial de penetração continental a partir do Mar das
Caraíbas.
É ainda um enorme potencial de
mobilização disponível, de incalculáveis energias, em reforços da vanguarda
progressista que é o Partido Socialista Unido da Venezuela, se atendermos a uma
das bem sucedidas missões em curso, a “Grande Missão Vivenda Venezuela”,
que se abeira dos dois milhões de habitações já edificadas!
Este é um dos eixos de paz e
civilização em prol da construção duma Venezuela Bolivariana capaz de Pátria
Grande, por que se está a tornar num incontornável exemplo para todos os
estados, nações e povos do mundo do espaço da “Tricontinental”!
Quando a mancha de pobreza que paulatinamente irá desaparecer das colinas altaneiras de Caracas, olha de cima-abaixo a expressão estrutural da riqueza instalada no vale do Guaire, fá-lo com o sentido e o sentimento adequado de equilíbrio e responsabilidade, nos termos duma democracia que se abre cada vez mais à participação.
Em menos de vinte anos, a
Venezuela Bolivariana já desencadeou vinte e cinco actos eleitorais e ninguém
de bom senso poderá alguma vez deixar de levar isso em consideração, por que é
por via democrática que se está a fazer a incessante (e morosa) busca de resgate
do subdesenvolvimento, pela justiça social.
Do alto dessas colinas espreitam a riqueza olhos ávidos das mais legítimas aspirações, por via de amplas práticas democráticas, cada vez mais participativas!
É assim que os (ainda) enormes
resíduos de pobreza de Caracas, encaram o vale a seus pés e projectam sua ânsia
de futuro em direcção ao sul despovoado e assimétrico, enquanto manancial para
uma Pátria Grande de justa e humana coragem.
Martinho Júnior - Luanda, 15 de Março de 2018
Imagens:
1 e 2 - os bairros
pobres expandem-se pelas colinas mais elevadas de Caracas;
3 - o pequeno rio
Guaire percorre os pontos menos elevados do amplo vale;
4 - Caracas vista do nó
dos Andes que compõe o cerro do Parque Nacional de Ávila (a norte da capital);
5 - o centro de Caracas
com toda sua imponência e símbolos de riqueza.
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