sábado, 24 de março de 2018

VENCER ASSIMETRIAS – I

Martinho Júnior | Luanda

1- Em resultado dos longos processos coloniais, quer em África quer na América Latina, verifica-se:

- Que continuam a prevalecer os conceitos geoestratégicos da colonização, inerentes à chegada pelo mar dos colonizadores europeus;

- Que em resultado disso, nos países com fronteira marítima, as regiões de ocupação humana foram-se concentrando fundamentalmente junto ao litoral, ocorrendo povoamentos dispersos em função das linhas de penetração e havendo regiões onde ainda só pode haver intervenção, em resultado da muito baixa densidade populacional, na profundidade continental, junto dos limites territoriais;

- Que algumas questões de ordem físico-geográfico-ambiental concorreram também para a inaptidão colonial em combater as assimetrias, entre elas a existência de desertos e a de formações geológicas pouco atractivas para a agricultura e florestas plantadas pelo homem;

- Que as capitais, quase sempre as primeiras cidades a serem fundadas no território colonizado, se encontram no litoral, ou muito próximo dele, influenciando de muitos modos e até hoje, na continuidade da perspectiva geoestratégica colonial, pelo que as regiões de intervenção estão situadas à ilharga, diametralmente opostas;

- Que o conjunto desses fenómenos, determinaram acentuadas assimetrias nos territórios nacionais, que ancoram o subdesenvolvimento crónico herdado da colonização nos novos estados formados a partir dela;

- Que com as independências e o exercício das respectivas soberanias, necessário se torna de criar uma nova perspectiva geoestratégica, única forma de, combatendo as assimetrias, se poder levar a cabo a longa luta contra o subdesenvolvimento.

2- Quer Angola, quer a Venezuela enfermam ainda do “diktat” da geoestratégia colonial que perdurou durante séculos e até aos nossos dias, não tendo havido ainda suficientes capacidades para implantar uma geoestratégia nacional capaz de diminuir as assimetrias, ampliar as regiões de ocupação humana, diminuir o espaço das regiões sob intervenção e vencer o subdesenvolvimento crónico herdado do passado.

O território angolano, grosso modo um quadrado, tem nos triângulos leste e sul (Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Cuando Cubango, Cunene e Namibe), as suas maiores regiões de intervenção, com densidades populacionais ao nível de 5,58 habitantes por km2.

Essas 6 províncias possuem no total uma extensão de 747.901 km2, ou seja, 60% do território nacional, todavia, possuem 4.173.337 habitantes, apenas 16% da população angolana.

Angola possui 1.600km de costa e as seguintes fronteiras terrestres:

- Congo (a norte) – 231km;

- República Democrática do Congo (norte e leste) – 2.646km;

- Zâmbia (leste) – 1.427km;

- Namíbia (sul) – 1.065km.

O território venezuelano por seu turno, um imenso triângulo com base na costa do Mar das Caraíbas a norte (2.800 km) e vértice a sul (estado do Amazonas), possui as seguintes fronteiras terrestres:

- Colômbia (a oeste) – 2.341km;

- Brasil (a sul) – 2.137km;

- Guiana (a leste) – 789km.

As três províncias do sul (Apure, Bolivar e Amazonas), compõem o seguinte quadro:

- Área total de 494.645 km2, o equivalente a 53% do território nacional;

- População de 2.706.032, ou seja, apenas 8% do total nacional;

- Densidade média de 5,47 habitantes por km2 (muito similar às regiões de intervenção em Angola) e apenas o cômputo de 8% da população nacional.

3- Se levarmos em linha de conta os aspectos físico-geográficos-ambientais-hidrográficos da Venezuela, verifica-se em relação ao maior fluxo hidrográfico nacional (o Orinoco, com 2.100 km de extensão e um delta muito largo na foz):

- Que é fundamentalmente desde a sua margem direita até à fronteira a leste, correspondendo a toda a meseta geológica planáltica da Guiana (a mais antiga formação geológica da América), onde a densidade de ocupação humana é menor;

- Que a bacia do Orinoco perfaz um imenso arco em torno da Meseta da Guiana, contornando essa meseta, à excepção lógica da fronteira com a Guiana;

- Que é a sul, na região geográfica mais diametralmente oposta a Caracas (Estado do Amazonas), onde se regista precisamente a mais baixa densidade populacional da Venezuela;

- Que essa bacia é por conseguinte fundamental para melhor se discernir a limitação entre a região de maior ocupação humana e político-administrativa da Venezuela, a norte (421.800 km2, correspondendo a 47% do território nacional, com 92% da população, ou seja, 29.069.339 habitantes) e a região de intervenção a sul (Estados de Apure, Bolivar e Amazonas, a sul).

Em Angola, um fenómeno similar ocorre com o curso do rio Cuanza (960 km), inteiramente em território nacional, mas nascendo no fulcro da rosa dos rios angolana, a região central das grandes nascentes, fulcro onde nascem outros importantes rios:

- Que é nos triângulos leste e sul (a leste e a sul do Cuanza), que existe a menor densidade populacional e a malha político-administrativa é mais alargada, o que corresponde a uma imensa região para intervenção com 747.901 km2, ou seja 60% do território nacional, com 4.173.337 habitantes, apenas 16% da população total de Angola;

- Que o arco da bacia do Cuanza contorna o maciço de serras a ocidente, região planáltica e de altitude que possui habitat mais disperso e de maior densidade em termos de ocupação rural do território em Angola;

- Que é relativamente próximo de sua foz (estuário) onde se situa a capital, cuja província é a mais densamente povoada de Angola;

- Que é precisamente a sudeste da capital, na região mais diametralmente oposta a ela, situada a sudeste (Moxico e Cuando Cubango), onde se registam as mais baixas densidades demográficas.

4- Há portanto entre a Venezuela e Angola muitos aspectos similares relativos às assimetrias regionais:

- Sob o ponto de vista hidrográfico, ao delimitar as regiões de maior ocupação humana e as de intervenção, a valorização geoestratégica do Orinoco e do Cuanza são “plataformas” que se aproximam de tal modo que são referências comuns para uma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável, ao nível dum exercício saudável de independência e soberania de cada um dos países, com vista a esbater as assimetrias;

Sob o ponto de vista humano e tendo em conta as necessidades dessa geoestratégia vocacionada para a projecção dum desenvolvimento sustentável garante de independência, de soberaniae gerador duma cultura de inteligência, ao mesmo tempo eliminando assimetrias, as bacias dos dois rios são incontornáveis para ter basicamente em conta e fundamentar todas as projecções vocacionadas para o futuro.

(Para ver melhor clique nas imagens)

(Continua)

Martinho Júnior - Luanda, 23 de Março de 2018

Mapas:
- Os dois primeiros referem-se à orografia e à hidrografia dos territórios de Angola e Venezuela;
- Os 3 e 4 dão uma ideia sobre as regiões de ocupação e as de intervenção em ambos os países (densidade populacional);
- O 5º refere-se à limitação das regiões de ocupação com as de intervenção em Angola, publicado por Martinho Júnior no Página Global -  aqui: http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/geoestrategia-para-um-desenvolvimento.html

BRASIL | Marielle e nós


Isabel Moreira | Expresso | opinião

Não vale a pena despolitizar a morte de Marielle Franco. Há quem esteja entretido com isso, desde logo alguns fascistas brasileiros contentes por se sentarem no colo do golpe de Temer, que pôs em causa a democracia brasileira.

Não vale a pena aprovar o pesar pela morte de Marielle Franco se não se entender que estamos no domínio da política e que não aceitar isso é contribuir para a segunda morte de uma mulher jovem, de esquerda, favelada, eleita democraticamente, negra, negra, negra, feminista e lésbica.

É mesmo inadmissível.

Marielle é mulher e símbolo. Particularmente no Brasil.

Marielle nasceu na favela da maré, o que molda toda a sua vida. "Cria da Maré", dizia de si a mulher que começou a trabalhar aos 11 anos, porque ousou estudar para ter uma voz. É a violência na periferia que a atira para uma luta eterna pelos direitos humanos, uma bala que matou a sua amiga.

O que estudou Marielle? Ciências Sociais. A sua dissertação de mestrado tem este título: “"UPP - A redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro”.

Em 2016, após uma campanha que pude observar de perto, foi eleita vereadora pela coligação Mudar é possível, formada pelo PSOL e pelo PCP. Com mais de 46 mil votos, foi a segunda mulher mais votada ao cargo de vereadora em todo o país. Na Câmara Municipal, presidiu a Comissão de Defesa da Mulher e integrou uma comissão composta por quatro pessoas, cujo objetivo era monitorar a intervenção federal no Rio de Janeiro. Criticava sem medo a intervenção federal, denunciava constantemente abusos policiais e violações aos direitos humanos.

Era uma voz. Muitas vezes a voz das mulheres e homens da periferia, para os quais a democracia material nunca foi uma realidade.

Dedicou-se à luta contra a violência sobre as mulheres, lutou pelo direito ao aborto e pelo aumento da participação das mulheres na política.

Falava da democracia social, das condições efetivas para a libertação das mulheres, dos pobres, da opressão das mulheres negras, defendia os direitos LGBT, ela própria de casamento marcado com a sua companheira. Falava da importância da visibilidade lésbica, denunciava os crimes de ódio contra a comunidade LGBT, concretamente das mulheres (lesbicídio).

Era uma voz. Sem medo do medo. Em tudo o que fazia, carregava em si a sua condição de favelada, de mulher negra, de mulher lésbica, de pessoa de esquerda, de democrata inconformada.

E a voz denunciava.

Marielle foi profissionalmente executada. É certo que ainda não se concluiu uma investigação que o povo brasileiro exige que seja feita com rigor e com rapidez. É também certo que pobres, negros, negras, gente favelada, pessoas de esquerda que lutam contra o retrocesso social de um país sob as mãos de golpistas sentem que houve mão de quem queria calar a voz de Marielle e, nessa voz, a voz a de todos eles.

Sentem. Porque sabem do saber de dentro de cada pessoa. E sabem que Marielle tinha denunciado a violência policial um dia antes de ser executada.

Já escrevi que Marielle pode ser o símbolo para uma explosão no Brasil. O fim da linha para os golpistas – os tais que estiveram sempre à espreita, descontentes com a democracia – empenhados em destruir o sonho de um Brasil para todos, de um Brasil onde um operário chegou a Presidente e onde uma favelada negra chegou a vereadora.

E nós?

A morte de Marielle foi objeto de um voto de pesar unanime na Assembleia da República. Sabemos, no entanto, que à escala portuguesa, entre o Brasil imerso num golpe e vários países europeus a darem mostras de xenofobia, nacionalismo e de racismo, estamos longe de sermos unânimes na exclamação de que todas e todos são iguais.

Todas e todos. Todas e todos são iguais e têm os mesmos direitos independentemente da sua “raça”, orientação sexual, sexo, etc. O nosso Estado de direito visa a realização económica, social e cultural.

E, no entanto. Tantas “visões”, não é?

Qual é o teu compromisso?

BRASIL | Pelo menos sete mortos em confrontos em favela do Rio de Janeiro


Pelo menos sete pessoas morreram hoje em confrontos entre polícias e alegados traficantes de droga numa favela no Rio de Janeiro, cidade brasileira que está sob forte intervenção policial há cerca de um mês.

De acordo com uma publicação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro na rede social Twitter, o incidente ocorreu na favela da Rocinha, localizada junto aos bairros turísticos de Ipanema e do Leblon, e começou quando um grupo de agentes, que patrulhava a zona, foi atacado a tiro pelos presumíveis traficantes de droga.

"Sete criminosos feridos foram socorridos no hospital [municipal] Miguel Couto, mas não resistiram aos ferimentos", informou a força de segurança, através da sua conta no Twitter.

Há cerca de uma hora, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro falava em seis mortos numa outra publicação.

Durante a operação, a polícia apreendeu uma espingarda, duas granadas e sete pistolas, adianta a publicação mais recente.

O caso será agora tratado pelo departamento de homicídios daquela força de segurança.

O Rio de Janeiro vive uma intervenção federal na área de segurança pública desde o final de fevereiro, quando o Presidente Michel Temer assinou um decreto que passou a segurança pública do Estado para as mãos do Exército.

Desde o final das Olimpíadas de 2016, o Rio de Janeiro tem sofrido com o agravamento da violência, situação que piorou devido à crise económica, o que fez com que as autoridades locais tivessem dificuldade em manter equipamentos de segurança e em pagar os salários dos agentes policiais.

Lusa | em Notícias ao Minuto

PORTUGAL | Hora vai mudar: especialistas do sono alertam para riscos na saúde


Horário de verão

Especialistas em cronobiologia e medicina do sono alertam para os riscos da mudança da hora, que acontece na madrugada de domingo, como alterações do sono, do estado de ânimo, de capacidades cognitivas como a memória e psicomotoras.

Os relógios vão adiantar, no domingo, uma hora quando for 01 hora no continente e na Madeira e 00.00 horas nos Açores, dando início ao horário de verão, que vigorará até 28 de outubro.

"Esta mudança, decidida pela primeira vez com o argumento da necessidade de poupança energética, preocupa atualmente especialistas", que se reuniram para refletir e estabelecer algumas diretrizes, disse à agência Lusa Miguel Meira e Cruz, coordenador da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa.

Meira e Cruz, que faz parte do Grupo de Consenso sobre o Impacto da Mudança da Hora, juntamente com John Fontenelle Araujo (Brasil), Dário Acuña-Castroviejo e Eduard Estivill (Espanha), e Masaaki Miyazawa (Japão), analisaram os impactos da mudança da hora na saúde, na sequência do II Encontro Latino-Americano e 1º Congresso Português de Cronobiologia e Medicina do Sono.

O especialista português alertou para "os riscos" desta mudança, "mesmo numa amplitude aparentemente inofensiva", que podem ser "um drama real e determinante de problemas irresolúveis" para algumas pessoas e lembrou estudos recentes que, embora controversos, apontam um aumento do número de enfartes.

"Quando exigimos uma alteração horária repentina esquecemos que os relógios existentes em todas as células do organismo não têm capacidade de se adaptar de imediato", salientou.

Masaaki Miyazawa, imunologista e diretor da Escola de Ciências Médicas da Universidade de Kindai, salientou a "influência das alterações circadianas nas células 'natural killer'", uma primeira linha da resposta imunitária.

"É consensual que a expressão destas moléculas citotóxicas e a atividade" destas são mais elevadas durante a manhã e diminuem durante a noite.

"Sabemos que a alteração horária frequente, como sucede em circunstâncias da mudança da hora aumentam a incidência de cancro do pulmão em modelo animal através destes mecanismos", sublinhou Miyazawa, adiantando que estas transições podem afetar, pelo menos de forma temporária, o sistema imunitário com compromissos diversos na saúde.

Um estudo publicado em 2017 pelo neurologista brasileiro Fontenelle Araujo, que envolveu 5631 pessoas, concluiu que cerca de metade das pessoas sente de alguma forma o impacto da mudança da hora.

Destas, metade é afetada durante a primeira semana, cerca de um quarto (27%) durante todo o mês e 23% não recupera durante o horário de verão, sendo as mulheres e os vespertinos aqueles que apresentam mais queixas.

Dario Castro-Viejo, do Instituto Internacional de Melatonina, sublinhou que as repercussões da alteração da hora na saúde incluem alterações de sono, do estado de ânimo e de capacidades cognitivas como a memória e de certas capacidades psicomotoras.

"Na maioria das pessoas, o relógio biológico central procurará adaptar-se em quatro a seis dias, a partir do qual voltaremos a funcionar adequadamente", explicou Castro-Viejo.

Segundo Eduard Estivill, de Barcelona, as crianças mais novas são mais vulneráveis à mudança da hora, pelo que devem ser realizadas alterações de forma progressiva.

Jornal de Notícias | Foto: Sandor Ujvari/EPA

Cultura | O QUE PODE VER À BORLA EM LISBOA E NO PORTO


Todas as sextas-feiras podemos ver no Notícias ao Minuto as “borlas” do fim de semana (vimos um pouco tarde). Como diz o outro: “estamos tesos, mas estamos bonitos”. Não só bonitos, estaremos também fazendo parte dos que acompanham a cultura em ambas as principais cidades de Portugal, Lisboa e Porto. Às vezes trazemos aqui ao PG esta agenda cultural borlista. É mesmo grátis, aproveite. Provavelmente seria por bem lembrarmos mais vezes esta faceta informativa do Noticias ao Minuto. Vamos fazer por isso. Cultive-se, divirta-se… de borla. PG

Fim de semana está aí. Saiba o que pode ver à borla em Lisboa e no Porto

Espreite as borlas culturais para aproveitar este fim de semana no Grande Porto e na Grande Lisboa.

Não foi só a primavera que chegou. Há também todo um novo fim de semana para aproveitar.

Haja tempo livre (e um pouco de bom tempo, que também será bem recebido) e é possível fazer um fim de semana tão animado quanto amigo da carteira.

No Grande Porto e na Grande Lisboa, são muitas as borlas culturais para aproveitar nestes dias 23, 24 e 25 de março.

Antes de espreitar o que nos reserva a agenda cultural por estes dias, aproveitamos para repetir uma feliz lembrança semanal: aos domingos há muitos museus e eventos culturais para descobrir gratuitamente pelo país fora.

Grande Lisboa 

José Cid ao vivo na Fnac

Camaleónico e sempre inspirado, José Cid regressa aos discos com 'Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid'. O momento é de oportunidade para o ouvir ao vivo, já este sábado, pelas 18h, na Fnac do Colombo.

Há Sons pela Cidade 

As juntas de freguesia de Ajuda, Alcântara, Areeiro, Avenidas Novas, Campolide, Olivais e Campo de Ourique tratam do espaço e organização, enquanto a música fica a cargo da Orquestra Metropolitana de Lisboa. E é assim que, ao longo de todo o mês, há Sons pela Cidade. Espreite aqui a agenda de concertos de entrada gratuita.

BarTô no Chapitô 

Um dos espaços mais privilegiados de Lisboa no que a vista diz respeito dá-nos música todos os fins de semana, com o bom sabor das misturas culturais. Esta sexta-feira não é excepção.

Onde
Costa do Castelo, 7 - Lisboa

Quando
Sexta-feira, 16 de março, às 22h30

São Domingos de Rana tem mercado de chocolate

Entre esta sexta-feira e o próximo domingo há apetitoso fim de semana prolongado. São Domingos de Rana - Tires é palco de mercado de chocolate, no antigo mercado de Tires.

Há música no metropolitano

A estação do Cais do Sodré é palco esta sexta-feira de um concerto do jovem Francisco Murta. Depois de interpretar músicas de outros, chegou a hora de o músico mostrar as suas próprias canções. A oportunidade para o ouvir é esta sexta-feira, 23 de março, Às 18h30, na estação de metro do Cais do Sodré.

Pedimos desculpa pelo incómodo causado

A Culturgest abriu portas a jovens artistas. São encontros em torno das artes e assentes nas subjetividades dos participantes. As sessões são gratuitas mas precisam de inscrição. Saiba mais aqui. Para este dia 23 de março está programada uma proposta que pretende desafiar o público a percorrer o processo de criação e desenvolvimento destes grupos. É esta sexta-feira, às 18h30.

Grande Porto

Um olhar sobre Varanasi, Índia

A objetiva do fotógrafo Tiago Figueiredo leva-nos a uma viagem de cor e cultura pela Índia, o lugar continuamente habitado mais antigo do mundo, a cidade de mil rostos onde vida e morte passeiam de mãos dadas. A exposição estará patente na Fnac do Norte Shopping até dia 10 de maio. Saiba mais aqui.

Música, Música e mais música

A boa tradição da Fnac de nos dar música ao vivo mantém-se. São espectáculos mais curtos, intimistas, que constituem uma ótima oportunidade para (re) descobrir artistas. Deixamos três sugestões diferentes para estes dias.

Jorge da Rocha na Fnac Norte Shopping

Sexta-feira, 23 de março, às 22h
Cristina Bacelar na Fnac Norte Shopping                                   

Sábado, 24 de março, às 18h
Ana na Fnac Santa Catarina
Domingo, 25 de março, às 17h


Há Fado no Mercado

Todos os domingos, entre as 21h e as 22h30, o Mercado do Bom Sucesso mantém a tradição da noite de fado. O sentimento e a alma portuguesa sempre presentes. Para ouvir e sentir.

Exposição 'Urbevoluções'

Matosinhos passou, entre o final do século XIX e a segunda metade do século XX, por um importante conjunto de transformações urbanas, impulsionadas sobretudo pela construção do Porto de Leixões. A marca que estas mudanças deixaram na arte é o tema da exposição 'Urbevoluções' que abriu portas no Museu da Quinta de Santiago. Por padrão, a visita ao museu é muito acessível. Mas ao domingo das 15h às 18h, à entrada no museu é gratuita.

Dominguinho de Atelier Lúdico

O MAR Shopping continua a dar-nos Dominguinhos, manhãs de domingos com animação a pensar na pequenada. Este fim de semana há Atelier de Pintura - Árvores de Primavera. É gratuito mas são necessárias inscrições. Saiba mais clicando aqui.

Bom fim de semana e boas descobertas culturais!

Notícias ao Minuto

PORTUGAL | Brincar aos países


Domingos de Andrade | Jornal de Notícias | opinião

O que é que ainda não perceberam? Morreram 65 pessoas na tragédia de Pedrógão. Quatro meses depois, 48 pessoas perdiam a vida nos maiores incêndios do Mundo, que devastaram as regiões Centro e Norte do país. Não são números. São mortes. De pessoas. Não são adjetivos. São substantivos. Com dor. Demoraram as desculpas e repartiram-se as culpas. Elaboraram-se relatórios e pediram-se contraditórios.

Do que o país precisa agora, mergulhado no luto de quem sofre ao ralenti, não é de ilusões. É de soluções. De perceber o que correu mal. Porque correu, ou há dúvidas?, porque o Estado falhou, ou há dúvidas?, porque há nomes, responsabilidades políticas, inoperâncias de uma enormidade doentia. Ou há dúvidas?

Do que o país precisa agora é que se olhe para o relatório da Comissão Técnica Independente e se mude tudo nas estruturas operacionais da Proteção Civil. O que o país precisa é de reforçar meios, da prevenção ao combate, de olhar o território não em função dos calendários sazonais, mas das necessidades reais. De pouco vale proibir foguetes e fazer festas de artifício, como a que hoje leva os atores da política ao terreno.

O que é que ainda não perceberam? O país, nada. Não percebeu nada. E continua sem perceber. Houve um assalto aos paióis de Tancos. Desapareceu material entretanto recuperado, e até mais do que o roubado. Suspensões de comandos e recuo nas suspensões de comandos. A secretária-geral de Segurança Interna a dizer que só soube do assalto pelos jornais. Uma catadupa de informações contraditórias, vindas das chefias militares e do Governo. Ora era material importante e que serviria as redes de terrorismo internacionais, ora não tinha importância nenhuma. E meses depois um relatório, pedido pelo menos nove vezes pelo presidente da República.

Conclusões. Do que se sabe, porque ainda há uma investigação em curso e o que não se sabe estará no segredo dos papéis. Falha tudo há 20 anos. Não há rondas e ninguém sabe quem manda. Não há videovigilância. Não há tropas porque acabou o serviço militar obrigatório. Não há inspeções das Forças Armadas. Não há segurança dos edifícios. Que houve uns sargentos que não cumpriram bem a missão e que até prestaram falsas informações. Sabemos também que o Exército, um dos pilares do Estado, saiu enxovalhado.

O que é que ainda não perceberam? Que Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente-rei, catavento, anestesista, o popular que irrita os populistas à Esquerda e à Direita, e outros mimos que lhe dedicam, também criticado nesta coluna sempre que perde o fio da realidade quando está demasiado imerso em si próprio, é o único garante de alguma estabilidade social no país.

Às vezes parece, mas ele não brinca aos estados. Ele é o Estado.

*Diretor-executivo JN | Foto: Paulo Novais/Lusa

CATALUNHA | Turull fica preso mas quer ser presidente, mesmo contra o juiz


Carles Puigdemont viu Pablo Llarena reativar o seu mandado europeu de detenção. Oposição apelou ao líder do Parlament para que suspenda a sessão de investidura de hoje

O juiz do Supremo Pablo Llarena decidiu ontem colocar em prisão preventiva os cinco independentistas que tinham sido convocados à sua presença. Entre eles está o candidato à presidente da Generalitat, Jordi Turull, que pediu ao líder do Parlament que mantenha a sua segunda sessão de investidura, marcada para hoje.

Num comunicado emitido pouco depois de ser conhecida a sua ordem de prisão, Turull apelou a "defender pacificamente a democracia e a dignidade da Catalunha", assegurando que a sua prisão se deve "a ter sido leal ao mandato dos que me escolheram como representante do povo da Catalunha, ao presidente, ao governo e ao Parlament".

Turull está acusado de rebelião e peculato, tal como os ex-conselheiros Raül Romeva, Josep Rull e Dolors Bassa. A ex-presidente do Parlament está apenas acusada de rebelião. Marta Rovira não se apresentou em tribunal. O crime de rebelião tem uma pena que pode ir até aos 25 anos de prisão, peculato um máximo de 8 anos.

Llarena justificou a sua decisão com o perigo de reincidirem no crime ou de fuga. Este segundo é mais flagrante, segundo o juiz, devido ao facto de a secretária-geral da ERC ter saído do país e não ter comparecido ontem perante o Supremo. Todos eles já tinham estado em prisão preventiva, mas acabaram por ser libertados sob fiança - Turull, Rull, Romeva e Bassa entre 2 de novembro e 4 de dezembro, Forcadell na noite de 9 de novembro.

A notícia foi recebida em Barcelona com protestos, primeiro com centenas de pessoas a cortar o trânsito na avenida Diagonal e, mais tarde, em direção à delegação do governo espanhol na capital catalã, onde chegou a haver cargas policiais contra os manifestantes e fotografias do rei Felipe VI queimadas. A Guardia Urbana falava em dez mil pessoas ma Praça da Catalunha.

A prisão de Turull dá-se um dia depois do seu debate de investidura, que não resultou na sua eleição devido à abstenção dos quatro deputados da CUP. Aliás, a iminência da prisão do deputado do Junts per Catalunya foi o que levou na quarta-feira, ao início da noite, o presidente do Parlament a contactar todos os partidos por telefone de forma a marcar a sessão de investidura para quinta.

Para hoje de manhã, no Parlament, está marcada a segunda sessão de investidura de Turull. No auto de detenção de ontem, Pablo Llarena recusa-se a autorizar a presença de Turull na sessão de hoje, bem como os outros deputados ontem presos - Romeva e Rull (Forcadell e Bassa renunciaram ao cargo após o debate de quinta-feira).

Mesmo assim, o ex-conselheiro, através do seu advogado, pediu ao presidente do Parlament, Roger Torrent, para que mantenha o plenário de hoje, apelando ao votos de todos, incluindo a CUP. A oposição, por seu turno, já apelou à desconvocação da sessão. Nesta segunda votação é necessária apenas uma maioria simples, mas se os quatro deputados independentistas radicais não mudarem de ideias, Turull, que já delegou o seu voto, continua sem os apoios necessários para ser eleito.

Carles Puigdemont e os quatro ex-conselheiros que se encontram no estrangeiro (três na Bélgica e uma na Escócia) viram o juiz Pablo Llarena reativar os mandados de detenção europeia contra si.

Os cinco chegaram a ser presentes a juiz na Bélgica, mas Llarena acabou por suspender os mandados, por considerar que existia o risco de serem extraditados por crimes menores. Puigdemont, Antoni Comín estão acusados de rebelião e peculato, enquanto que Clara Ponsatí, Meritxell Serret, Lluis Puig são acusados de peculato e desobediência.

Ana Meireles | Diário de Notícias

LÍBIA | Fantasma de Gaddafi assombra o morto-vivo Rei Sarkô

Pepe Escobar, Asia Times

A guerra da OTAN contra a Líbia, em 2011 foi vendida unanimemente em todo o Ocidente como operação humanitária inadiável contra o proverbial ditador do mal de sempre (Hillary Clinton: “Viemos, vimos, ele morreu“.). Rússia e China manifestaram-se firmemente contra a invasão.

Agora, em virada histórica surpreendente, o fantasma do Coronel Muammar Gaddafi parece ter voltado para assombrar o ex-presidente Nicolas Sarkozy da França, autonomeado superstar espetacular da tal R2P (“responsabilidade de proteger”). A “bomba Coronel Sarkô” explodiu na 4ª-feira à noite: o ex-presidente havia sido indiciado e estava sob investigação formal por corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha e apropriação fraudulenta de fundos do Estado líbio.

Sarkozy passou toda a 3ª-feira, das 8 da manhã até meia-noite, respondendo perguntas sob custódia policial, de investigadores especialistas em corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Permitiram que dormisse em casa, mas sob o compromisso de voltar na manhã seguinte, e novamente passou o dia sendo interrogado, até ser solto, depois de pagar fiança, no início da noite.

“Investigação formal”, pela lei francesa, significa que há “indício sério e/ou não desmentido” que sugere que alguém tenha envolvimento em algum tipo de crime. O passo seguinte pode ser o julgamento, mas a investigação também pode não encontrar coisa alguma ou chegar a um beco sem saída.

Sarkozy já foi alvo de nada menos que 10 diferentes investigações até agora – sete das quais estão em andamento.

O establishment francês, como se podia adivinhar que aconteceria, está lívido. Uma leva de políticos, a maioria dos quais de centro-direita, voaram em enxame para os programas de ‘análise’ política, para demonstrar apoio ao ex-presidente e enfatizar o direito à “presunção de inocência”. Exatamente o oposto do que fizeram no enredo de espionagem que se desenrola em Salisbury, onde o Kremlin e o presidente Putin já foram condenados e executados, sem qualquer prova de crime algum.

Sarkozy, ridicularizado pelos progressistas, que o apelidaram de “Rei Sarkô” durante o mandato, é suspeito de ter usado dinheiro de Gaddafi para financiar sua campanha presidencial de 2007.

E nesse caso, as provas existem. Dentre outras peças explosivas, há um documento oficial do governo líbio, obtido no curso de uma investigação feita pelo blog francês Mediapart, que prova que Gaddafi entregou nada menos que 50 milhões de euros à campanha de Sarkozy.

É quase o dobro dos 21 milhões de euros que a lei francesa permitia naquela época para gastos de campanhas eleitorais.

Os supostos fundos também infringiriam leis contra a participação de estrangeiros, também, como doadores de fundos, em campanhas eleitorais. O intermediário-chave em toda a operação foi o vendedor franco-argelino de armas, Ziad Takiedinne, o qual, em 2005 e 2007 organizou visitas de Sarkô e sua corte à Líbia. Também participaram do esquema um banco líbio e um banco alemão.

O ex-primeiro-ministro líbio Baghdadi al-Mahmoudi confirmou que o documento é autêntico e tudo que a polícia já encontrou é verdade.

Muito antes disso, já havia confirmação, por Abdullah Senoussi, ex-diretor de inteligência militar de Gaddafi, e em notebooks pertencentes ao ex-ministro do petróleo da Líbia Choukri Ghanem, misteriosamente afogado em Viena, em abril de 2012.

Em novembro de 2016, o próprio Takiedinne – o homem que apresentou Sarkô a Gaddafi – admitiu ter entregue pessoalmente no Ministério do Interior francês várias malas cheias de dinheiro preparadas em Trípoli, totalizando 5 milhões de euros. Disse que recebera o dinheiro, de Sanoussi.

Investigadores, que já estavam de posse de novas provas há várias semanas, também estão convencidos que conseguiram esclarecer também o papel de outro intermediário, Alexandre Djouhri, que vivia na Suíça e tinha contado com o ex-secretário-geral do Palácio do Eliseu, Claude Gueant. Gueant também está sob investigação formal, acusado de fraude fiscal.

Todos na França ainda recordam o Rei Sarkô fazendo pose de Libertador da Líbia – disputando furiosamente o centro da foto com o desavergonhadamente autoproclamado ‘filósofo’ fake Bernard-Henri Levy, codinome “BHL”.

Em setembro de 2011, comentei, para Asia Times – ver, por exemplo, aqui e aqui – as incontáveis razões pelas quais Gaddafi teria de ser derrubado, a maior parte das quais relacionadas a interesses geoeconômicos da França e aos sonhos de glória transmediterrânea do Rei Sarkô (“Estamos alinhados com o povo árabe, em sua ânsia de liberdade”).

Como agora se vê, é possível que o coronel, sim, é que tenha operado como fazedor do (falso) Rei.

* em Oriente Mídia | Traduzido por Vila Vudu

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