domingo, 29 de abril de 2018

Macron no beija-mão de Trump – A french-american fusion


Rémy Herrera

Como se não bastasse a calamidade que se abateu sobre si em 8 de Novembro de 2016 – com a eleição de Donald Trump à presidência –, o povo estado-unidense teve além disso de sofrer a visita de Estado da miniatura de Napoleão: Macro I. "E da sua mulher Brigitte", como gosta de tagarelar alguma imprensa. Esta não diz se, entre o Goat Cheese Gateau e os Crème Fraîche Ice Creams do jantar cozinhado pela First Lady Melania, os dois presidentes puderam falar sobre as "falhas" do exército francês aquando da recente intervenção conjunta na Síria.

Como anedota: em 14 de Abril, o mau funcionamento teria impedido sete dos 16 mísseis "punitivos" franceses de serem lançados, como fora inicialmente previsto. Só uma das três fragatas da Marinha chegou a dar os seus tiros – as outras depararam-se com bugs informáticos... Com um custo de 2,8 milhões de euros, o fracasso deste míssil ultra-sofisticado (que equipa também os submarinos nucleares franceses) custou caro! Um dos cinco aviões de combate das Forças Armadas deslocados para esta operação não conseguiu lançar senão um míssil em cada dois – o outro teve de ser largado no mar... Mais 850 mil euros para a água! Excelente vitrina comercial para os mercadores de armas made in France! Os patrões estado-unidenses cumprimentados pelo dinâmico dirigente da start-up francesa, Emmanuel Macron, certamente ficaram impressionados. 


Macron não é rancoroso: nas fotografias, ele brincou como jardineiro da Casa Branca e plantou uma árvore no jardim daquele que desenraizou, em 1 de Junho de 2017, os acordos de Paris sobre o clima. Para "make our planet great again" ? Os media franceses gostam de dizer que Macron tenta alterar as posições de Trump. Parece antes que é ao contrário: enquanto ele visitava os monumentos de Washington D.C., Macron fazia aprovar pela Assembleia Nacional francesa a lei "Asilo e imigração" restringindo consideravelmente os direitos fundamentais dos estrangeiros em França. Ele empenhou-se sobretudo, junto ao seu homólogo americano, em aumentar as despesas militares e a participação da França na NATO. Emmanuel "Micron"– que humildemente se havia comparado a Júpiter após a sua eleição no ano passado – não é apenas um bajulador de Trump: ele tornou-se a mascote dos EUA.

E nesse meio tempo, em França... No mesmo dia da chegada dos Macrons ao outro lado do Atlântico, a greve na SNCF continuava; e coincidia com a da Air France. A publicação de um relatório provocador sobre a "reforma" (ler: a quebra) do transporte ferroviário em meados de Fevereiro, depois o anúncio feito pelo governo da sua vontade de o colocar em prática, havia de imediato provocado uma onda de protestos dos sindicatos de ferroviários. O seu está colocado em causa – apesar dos desmentidos mentirosos da ministra dos Transportes – é a manutenção do carácter realmente público da SCNF e do estatuto do seu pessoal. Para satisfazer Bruxelas, Macron quer abrir o sector à concorrência. Mas onde concorrentes privados prevaleçam (evidentemente nos troços da rede mais rentáveis), os ferroviários transferidos ao sector privado verão seu estatuto desvalorizado e suas remunerações revistas conforme os desejos das novas administrações. Além do mais, são de prever numerosos encerramentos de linhas "não rentáveis", sobretudo em zonas rurais.

A chantagem do governo é perversa; sua arma é a retomada da dívida da SCNF pelo Estado. Problema: esta dívida não é causada pelo estatuto pretensamente "privilegiado" dos ferroviários (pois trabalhar à noite ou nos dias de Natal ou de Ano Novo para ganhar 1500 euros por mês como agulheiro ou agente de manutenção daqui por diante seria um privilégio!). A dívida provém, por um lado da prioridade dada aos comboios de grande velocidade, por outro às encomendas forçadas que o Estado impôs à SCNF a fim de salvar a Alstom do naufrágio – glória da indústria francesa que o próprio Macron, quando era ministro do presidente Hollande, deixou despedaçar-se, sob o alto patrocínio do banco Rothschild, para vender uma parte (o ramo energia) à General Electric! E a seguir uma outra (o ramo transportes) à alemã Siemens. É por causa do desmantelamento organizado da indústria francesa que os ferroviários estão em greve. Até Junho, ou mais se necessário. Razão pela qual nós os apoiamos. 

29/Abril/2018

Ver também: 
  Macron aux Etats-Unis. Images et réalités: un désastre américain
  Vrais chiffres du chômage en mars 2018:   93 800 chômeurs de plus malgré 300 200 radiations[Números verdadeiros do desemprego em Março/2018:   mais 93.800 desempregados apesar dos 300.200 expurgados dos ficheiros] 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

LUANDA, "TREME-TREME"


Crónica dum momento que passa!

Martinho Júnior | Luanda 

1- Muitos dos que hoje atiram pedras ao Presidente cessante José Eduardo dos Santos, foram-no aplaudindo ao longo de dezenas de anos...

Ao longo dos últimos anos, por outro lado, quando havia que o defender face aos que se propunham a um caminho que desembocaria em mais uma “revolução colorida”, ou “primavera árabe” ao sabor dos desígnios do império da hegemonia unipolar, poucos o foram fazendo, apesar das relativas evidências das filosofias de Gene Sharp “no terreno”!

Foram os tempos em que a moeda neoliberal apresentava dum lado a face dos “revús” e do outro a dos “novos-ricos” impantes de suas ciências de apropriação e “mercado”, numa manipulação que ocupava todo o espaço sócio-político, impondo a falácia de suas próprias contradições…

2- Eu e meus camaradas da Segurança do Estado, fomos julgados e condenados em 1986 por causa dum "golpe de estado sem efusão de sangue" que nunca existiu (até hoje aguarda-se quem assuma a “chefia” desse surrealista acontecimento).

A única implicação dos oficiais operativos julgados e condenados, era a de defender a independência e a soberania da República Popular de Angola em todas as frentes que lhes foi possível, em tempo de guerra e com a intensidade dos que professavam “cabeça fria, mãos limpas e coração ardente” !

Naquela altura, alguém se pronunciou contra uma decisão não só injusta, mas histórica, que reverteria em profundas transformações no país, entre elas o fim do Partido do Trabalho, das FAPLA e a introdução ao ciclo neoliberal no seguimento do Acordo de Bicesse, que começaria em 1992 com a guerra dos diamantes de sangue e teria sequência na terapia neoliberal que se inaugurou a 26 de Fevereiro de 2002?...

Se houve alguém, força alguma, ou voz pública alguma teve, capaz de ao menos ir esclarecendo o povo angolano dos factos históricos que iam ocorrendo, em catadupa, uns atrás dos outros, num ambiente internacional em que a hegemonia devassava todas as transversalidades humanas!

Angola venceu o "apartheid", cumprindo com a orientação do Presidente António Agostinho Neto, de que “na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta”, mas começou a soçobrar em relação às implicações dos impactos neoliberais de que hoje as pessoas ganham alguma consciência apesar do consumismo, todavia foi mesmo assim que se alcançou uma paz que, para ser de justiça social, muita cultura de inteligência se terá de incrementar e levar por diante com mobilização humana, clarividência e capacidade!

"Dos fracos não reza a história", segundo diz um velho ditado...

Todavia, em relação aos fortes, há que garantir em consciência sua profunda identidade para com o seu povo, para com a humanidade e para com um respeito à Mãe Terra que tarda em surgir como um acto civilizacional imprescindível!

3- O fenómeno do aquecimento global, o fim de cada vez mais espécies vegetais e animais, assim como a degradação ambiental do planeta, hoje não são segredos para ninguém…

Todavia em Luanda continua-se a proceder como se esse fenómeno agravado com a superpopulação intempestiva da capital angolana provocada sobretudo pelas sucessivas guerras, (1/3 da população de Angola, ao nível de mais de 8 milhões de habitantes), fosse irrelevante, ou um fenómeno longínquo.

Há poucos dias o engenheiro Resende de Oliveira referiu-se a um desastre arquitectónico, mas a cidade, em sua enorme área cosmopolita, (sobre)vive já à beira dum desastre ambiental.

A “requalificação” da capital sob os impactos do capitalismo neoliberal, tem de facto sido um pretexto para se aprofundar o“apartheid social”: os endinheirados do país, saídos das provetas desse “modelo” de capitalismo ávido de lucros fáceis e especulativos, para “lavar” o seu malparado dinheiro, ou tirar partido das envolvências com “parceiros internacionais” fautores de desequilíbrios de toda a ordem (e desordem), vão investindo em património à beira-mar, embalados pela calma ondulação propiciada pela Corrente Fria de Benguela e pelas tão disputadas brisas oceânicas que sopram do sudoeste, contribuindo para expulsar os pobres, muitos deles refugiados das guerras passadas, dessas paradisíacas paragens…

Os pobres, calejados em inusitadas migrações, vão para o interior da planície, cada vez mais longe do litoral, instalando-se em recentes comunidades, mas em regiões cada vez mais tórridas, entre o casco urbano de Luanda e o forno do Dondo.

“Requalificado” o Morro da Fortaleza onde está o Museu Militar e a Bandeira Monumento, com a instalação dum Shopping que caracteriza o poder e a insensibilidade dum “umbigo grande” de última hora, é a vez de demolirem o edifício fronteiro conhecido por “Treme-Treme”, que no entender de muitos, não tem oportunidade para reabilitação, por que “estraga a imagem” do local.

Outros dizem apressadamente: o “Treme-treme” está superlotado e em risco de desabar… como se fosse o único em Luanda nessas condições (os outros “salvam-se” por que estão fora de áreas sujeitas a intensas cobiças).

Depois, sabem, está superlotado de indigentes e isso é uma afectação inconcebível para uma Marginal “espelho” do Dubai.

Demolindo-o, muito provavelmente erguer-se-á mais outra torre de vidro, ou o seu esqueleto (a avidez não chega para tudo e para muitos nem sequer acabou por dar efectivamente lucro, pois os fluxos de dinheiro acabaram), como a que está mesmo ao lado coroando a Marginal 4 de fevereiro, ainda por habitar.

Na baixa haverá mais espaço para os ratos, por que não há humanos que tenham finanças suficientes para alugar apartamentos em tais monstros de cimento e vidro, nem para pagar o exorbitante consumo de energia a que obrigam as suas estruturas, típicas desse anunciado Dubai.

Os desalojados em “requalificação” irão para o Zango 0, ou para o quilómetro 44, onde uma cidade sem parques nem zonas verdes, se espalha sob o intenso calor da planície que vai até ao Dondo, 200 km para o interior.

Decerto que muitos deles irão engrossar amiúde os fluxos humanos que hoje acorrem palúdicos e febris aos hospitais e clínicas, pois a prevenção em relação aos fenómenos do clima, ou não existe, ou é débil, desembocando num desastre com consequências que não se conseguem atenuar.

4- À situação propícia ao desastre ambiental, em resultado duma “requalificação” que nesses termos é um decifrável “apartheid social”, o capitalismo neoliberal trouxe a edificação sem precedentes de condomínios.

Esses condomínios, muitos deles de altos muros, levam os “felizes contemplados”, os novos condes e condessas da “ocasião que faz o ladrão”, a abstraírem-se do resto do casco urbano, como se estivessem embarcadiços, a navegar de ilha em ilha, fugindo à perversidade do calor e da pobreza circundante “como o diabo foge da cruz”!

Muitos desses condomínios foram sendo instalados também à beira-mar, a sul de Luanda, resultando de desalojamentos apropriados, disputando a panorâmica, o marulhar das águas, ou as brisas do sudoeste, algo que afinal também se compra e tem o seu elevado preço… em Luanda já nem o ar que se respira é grátis!

Foi com eles que começou o “apartheid social” e se tem propiciado aos “novos-ricos” a sua soberba e a sua arrogância para com o resto da sociedade e para com o povo (uma palavra que se foi tornando abolida do vocabulário socio-político angolano).

Agora as justificações vão servindo para tudo e o que é facto é que com “requalificações” do género, privilegiando uns poucos e sacrificando a esmagadora maioria,  “de boas intenções está este inferno cheio”!

É este o “dia-a-dia na cidade” e, alienada pelos desencontrados espelhos em que tão mal se reflete, a esmagadora maioria continua incapaz de, num quadro dum projecto nacional condigno, partir para uma sustentável qualidade de vida que todo o povo angolano merece!

De “apartheid social” em “apartheid social”, Luanda “treme-treme” sem soluções, esgotada, palúdica, dobrada pelos rins sob a afectação da febre tifóide, por vezes afectada de agudas diarreias, ou de doenças pulmonares sazonais, sem dúvida e sem remédio à beira dum desastre ambiental!

Martinho Júnior - Luanda, 29 de Abril de 2018

Foto do edifício “Treme-treme” na contagem acelerada para o seu próximo fim, proverbial enquanto mensagem bíblica: “foram muitos os chamados, mas são cada vez menos os escolhidos”…

BRASIL | Lula chama de desacato decisão de Moro de ignorar STF


Em carta à presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou a sua indignação com a decisão do juiz Sergio Moro de manter sob sua jurisdição ações penais que têm contra ele, mesmo depois do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela remessa.

“Que país é esse em que uma instância inferior desacata a superior, em que um juiz de primeira instância desacata os ministros da Suprema Corte?”, questiona Lula.

O ex-presidente disse ainda que ficou "perplexo ao saber que o Moro e o Ministério Público não vão cumprir a determinação do STF” que decidiu enviar os casos do sítio de Atibaia (SP) e do Instituto Lula para a Justiça de São Paulo, como estabelece a lei.

A indignação com a decisão de Moro de ignorar o Supremo também é compartilhada por juristas que consideraram o ato como uma afronta.

Umas das vozes a se manifestar sobre o tema foi o juiz Marcelo Tadeu Lemos, da 12ª Vara Criminal de Maceió de Alagoas, que classificou como "muito afrontoso e absurdo" a postura de Moro.

"O STF tem que observar que essa atitude tem um significado extraordinário do ponto de vista negativo para a Corte, é uma perda da autoridade institucional, o que é muito perigoso. Deu-se muito gás para esse juiz, a ponto de ele se considerar quase um órgão superior. Ele tem certo hoje de que é o juiz supremo do país", avalou o magistrado.

Tadeu advertiu ainda que o desrespeito à legislação e às instâncias superiores vem se tornando um padrão da Lava Jato.

"Nós todos sabemos desde o começo que houve uma forçação de barra para os processos ficarem com ele (Moro). Ele nunca foi competente em relação aos processos que envolvem Lula. Esse é só mais um comportamento afrontoso, como tantos outros da Operação Lava Jato: os grampos ilegais, a liberação de conteúdo ilegal, as conduções coercitivas ao arrepio da lei, as manifestações sobre o que o STF deveria fazer. É um somatório", afirmou.

Remessa restabelece juiz natural

A decisão do STF restabelece o princípio do juiz natural, que define regras de como e quem vai julgar os processos, garantindo independência e a imparcialidade do tribunal julgador e impendido a instalação de tribunais de exceção.

Para o juiz Marcelo, assim como Moro, os procuradores de Curitiba também se comportaram de "absolutamente desrespeitosa" ao criticar a decisão do Supremo. Segundo ele, a ação do Ministério Público Federal revela uma preocupação com a possível soltura de Lula, já que a decisão do STF pode gerar jurisprudência para que a competência de Moro no caso do triplex no Guarujá (SP), que resultou na prisão de Lula.

"No momento em que isso acontece em relação ao sítio de Atibaia, também tem reflexo no caso do Triplex. Há toda essa reação porque já se preocupam com a prisão de Lula, já é um aperitivo para o que vão fazer se contestarem a prisão, se disserem que ela é ilegal, e ela é ilegal", apontou.

Do Portal Vermelho, com informações de agências

Foto: André Dusek Estadão

A brasileirização da vida pública e social portuguesa, a justiça e Sócrates


António Jorge * | Luanda

A Árvore e a Floresta!

Estou absolutamente de acordo com o jurista Miguel Guedes e com toda a construção na desmontagem e análise da sua opinião aqui expressa.

Este é um sinal preocupante para nós portugueses, por provar ser o inicio assumido publicamente do judiciário sobre a política, como no Brasil acontece descaradamente.

Sócrates ainda por cima pôs-se a jeito, nem sequer discuto ser ou não verdade o que sobre ele impende e é acusado.

Quando foi primeiro-ministro, teve a coragem de afrontar o poder judicial, tenho uma vaga ideia, nomeadamente sobre o calendário de férias dos juízes.

Agora tem a resposta do aparelho judicial - vingativa.

Claro que não ponho a mão por ele, nem é isso que está em causa,... mas antes o circo montado pela justiça.

Quanto a ser verdade ou mentira o que impende nas acusações sobre Sócrates, fico à espera de saber o veredicto da justiça... e aceito da sua verdade deste se me convencer, obviamente, porque não existe clareza nos métodos utilizados pela justiça. 

Aliás, cumpre-me até dizer o seguinte... Ainda eu andava nas lides sindicais passados anos da revolução do 25 de Abril, e dizia-se entre nós os mais progressistas e atentos à realidade portuguesa... Que a justiça continuava como dantes... Mexeu-se em tudo, no aparelho de Estado, menos na justiça, que continuou como no passado do Estado Novo de Salazar e Caetano.

Foi esta justiça que libertou os pides e os bombistas da extrema direita.

Porém e ao contrário de que não vê o jornalista Miguel Guedes, talvez por ser um dos muitos comentadores televisivos, vejo eu,... Não assobio nem olho para o lado. 

A vida cultural e social portuguesa está desde há anos a esta parte a ser infestada do pior e mais nojento que nos vem do Brasil, e como se sabe, no Brasil a política espetáculo com fins perversos é uma realidade que todos nós muito poucos percebemos e notamos que está a invadir perigosamente Portugal também.

Muita gente se questiona e repara que também nós gente da revolução de Abril, não tem atitude e vive a pensar e a chafurdar no supérfluo, e não sabe de onde vem essa apatia social e falta de indignação, e que está directamente relacionado com o peso da direita mesmo no Portugal de Abril. 

A SIC, de Balsemão, como sabemos, está ligada profundamente à GLOBO e aos seus tentáculos e conceitos alienantes e de anti-cultura, pela promoção da mediocridade e a formação de néscios.

Para agravar a nossa realidade e situação, a GLOBO, que está activamente por detrás do golpe fascista no Brasil, na destituição de Dilma Rousseff e da prisão sobre falsos pretextos inventados para prenderem Lula da Silva, emite em língua portuguesa do Brasil em canal aberto nos programas de TV, que vemos em Portugal, e a RECORD, que é da IURD, a tal igreja da adopção de crianças desaparecidas, com a conivência dos tribunais,... dos além dos canais portugueses medíocres e de lixo tipo Brasil, como a CMTV e outros ainda.

As televisões além de controladas pelo poder político financeiro, tem a marca obscurantista das igrejas e das seitas do Brasil, como apêndice à formação da ignorância e crendice.

Até quando Portugal?

É aqui que devemos situar até onde chegou a justiça em Portugal - Está montado o circo para um dia condenar-mos o 25 de abril e copiar o que de pior tem o Brasil e a sua influência da baixa cultura das suas elites predadoras e de criminosos sociais políticos e culturais.

* António Jorge - editor e livreiro em Angola, Luanda

PORTUGAL | Dos discursos às práticas


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

A sessão comemorativa do 44.º aniversário do 25 de Abril, realizada na Assembleia da República, teve discursos de significativo interesse num ambiente mais saudável do que aquele vivido em tempos de maioria PSD/CDS ou da (prolongada) ressaca da sua derrota. A propósito do evento, o primeiro-ministro lembrou o fim do velho conceito de "arco da governação", mas na sessão não faltaram sinais de fortes empenhos na defesa de compromissos do centrão associado àquele arco, e os últimos tempos têm mostrado que uma parte do Partido Socialista anseia uma guinada à direita. Entretanto, a partir das mensagens do presidente da República e do presidente da Assembleia da República (AR), rapidamente a comunicação social apresentou como grandes desafios para o país a "reforma do regime" ou a "revisão da Constituição da República".

Como sabemos, a palavra reforma é uma das mais manipuladas das últimas décadas e os cidadãos têm fortes razões para ficarem de pé atrás quando a ouvem invocar. Sendo inquestionável que há sempre acertos a fazer face à evolução da sociedade e das mudanças que nela se vão produzindo, e às exigências que se colocam para que a democracia se vitalize, será que Portugal e os portugueses precisam mais da revisão do seu regime político e da sua Constituição da República (CR) ou de políticas que lhes garantam efetividade?

Ferro Rodrigues trouxe à memória o "inconformismo de Abril" como arma eficaz para se agir na afirmação "da liberdade, da democracia e da solidariedade", que "é sempre um projeto inacabado". Enunciando, em algumas áreas fundamentais, o que se conseguiu e o que está em défice, o presidente da AR afirmou admirar-se "com a força das nossas instituições e com o papel notável que o sindicalismo e os contrapesos institucionais desempenharam "no período de fundamentação e imposição de políticas de austeridade que nos empobreceram", o que o conduziu a considerar que é "muito ao nível das desigualdades económicas e sociais que o desempenho democrático tem de melhorar". A questão social tem, pois, de surgir pelo menos a par da renovação democrática das instituições.

A corrupção e as promiscuidades entre funções de governação e interesses privados não emanam da conceção e valores do nosso regime político, mas sim do seu desrespeito. A existência de ministros que no passado desavergonhadamente se comportaram como empregados (em efetividade de funções ou em estágio) de grandes grupos económicos e financeiros choca com os princípios constitucionais, e a determinação de regras que impeçam tais práticas constituirá, tão-só, um aprofundamento do que a CR consagra. Os deputados terem de dar atenção ao cumprimento de princípios éticos para além de regras instituídas, ou necessitarem de aprofundar a sua relação com os eleitores, não exige nenhuma revisão constitucional.

Na CR está claro que a participação política não é dissociável da participação social e cívica, e será na defesa da conjugação delas que os deputados encontrarão caminhos para criarem proximidade com os eleitores. O Governo ter em conta o que reivindicam as pessoas e as instituições de mediação da sociedade é uma obrigação institucional inerente ao regime democrático instituído. Faz parte do nosso regime ser o Parlamento o espaço central do debate e dos compromissos, com todas as forças políticas em igualdade de deveres e direitos, e não qualquer outro processo de construção de compromissos que gere exclusões.

É hoje muito mais fácil mobilizar milhares de milhões de euros para salvar um banco levado à ruína por roubo ou má gestão privada, do que mobilizar algumas centenas de milhões para melhorar os programas da saúde ou da educação, ou para repor rendimentos devidos a trabalhadores e reformados, mas isso não acontece por imposição constitucional.

Neste 1.º de Maio, há que dar expressão à luta contra as desigualdades, a pobreza e as precariedades, por mais e melhor emprego, por direitos no trabalho, por salários justos e por uma melhor distribuição da riqueza. Se o Governo, o Parlamento e o presidente da República responderem positivamente, a democracia será reforçada e os portugueses confiarão mais nos políticos.

*Investigador e professor universitário

VILANAGEM QUE NÃO SE FARTA | Obama cobra meio milhão de euros para ir ao Porto


O antigo presidente dos Estados Unidos vai estar no Porto a 6 de Julho para participar numa conferência sobre alterações climáticas.

Os custos da cimeira com a deslocação de Obama ascendem a um milhão de euros, de acordo com a mesma publicação.

O painel de oradores conta ainda com a política búlgara e antiga directora-geral da UNESCO Irina Bokova, Juan Verde, e Mohan Munasinghe, físico e economista do Sri Lanka que venceu, em 2007, o prémio Nobel da Paz, juntamente com o antigo vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore.

Barack Obama deverá ficar no Porto durante apenas algumas horas e não deverá dar entrevistas.

De acordo com as informações que constam do site da conferência, que terá lugar no Coliseu do Porto, os convites serão limitados e exclusivos para os parceiros que fazem parte da iniciativa.

Jornal de Negócios

Onda na Nazaré dá prémio de maior onda do ano e record mundial a Rodrigo Koxa


Rodrigo Koxa conquistou o prémio de maior onda do ano e tornou-se o recordista mundial da maior onda surfada, ultrapassando o recorde de Garrett McNamara em 2011.

O surfista brasileiro Rodrigo Koxa conquistou o recorde mundial para a maior onda surfada, com uma onda na Nazaré em novembro passado, segundo os prémios de ondas gigantes atribuídos pela Liga Mundial de Surf (WSL) este domingo anunciados.

Dez ondas surfadas na Nazaré estavam nomeadas para várias categorias dos prémios de ondas gigantes, entre 30 candidatas.

Rodrigo Koxa conquistou o prémio de maior onda do ano e tornou-se o recordista mundial da maior onda surfada, ultrapassando o recorde de Garrett McNamara em 2011.

Os vencedores foram conhecidos numa gala que decorreu na noite passada na Califórnia, nos Estados Unidos, onde esteve presente o presidente da Câmara da Nazaré.

Na categoria de melhor onda surfada, a Nazaré estava nomeada através dos surfistas Ross Clarke-Jones e Sebastian Steudner, que também surgiam como representantes da praia portuguesa na categoria onda XXL, juntamente com Rodrigo Koxa e Benjamim Sanchis.


Jornal de Negócios

Portugal I Liga | LEÃO CAÇA A ÁGUIA E VAI COMÊ-LA?


'Super' Bruno Fernandes vestiu a 'capa' e entregou segundo lugar ao leão

O Sporting bateu o Portimonense por 1-2 e garantiu assim o segundo lugar da I Liga, ao lado do Benfica. Um duelo em que Bruno Fernandes foi o grande destaque.

O Sporting venceu no sábado  o Portimonense por -1-2, a contar para a 32.ª jornada da I Liga , e colou-se assim ao Benfica no segundo lugar, ambos com 77 pontos. 

Há três jornadas atrás, as águias tinham uma vantagem confortável de seis pontos sobre os leões e neste momento a diferença é inexistente.

A corrida pelo segundo lugar está ao rubro, há muito que não se via um campeonato assim tão disputado.

Olhos nos olhos... foi assim que Portimonense e Sporting entraram em campo 

Devido ao deslize das águias frente ao Tondela (1-3), os leões entraram vangloriados e com o pensamento focado na conquista dos três pontos. 

No início da partida, a equipa comandada por Jorge Jesus apresentou-se táticamente organizada e muito pressionante, deixando os alvinegros encostados às cordas - prova disso, é que logo aos dois minutos, Battaglia subiu ao segundo andar e cabeceou para uma grande defesa de Leo. 

Depois de várias tentativas por parte do setor ofensivo dos leões, aos 22 minutos, Bruno Fernandes furou a defensiva do Portimonense e disparou para o fundo das redes, fazendo o primeiro da noite. O médio do clube de Alvalade continua a mostrar que é uma das grandes pérolas do campeonato nacional e, sem dúvida alguma, merece fazer parte do lote de 23 jogadores que seguirão para o Mundial 2018. 

No entanto, após o golo marcado, o Sporting perdeu alguma concentração e deixou-se agarrar à passividade, deixando o conjunto da casa crescer em campo e tomar o rumo do duelo.

Ao minuto 42, através de um lance de contra-ataque rápido, Tabata fugiu com o esférico pelo flanco direito, cruzou milimetricamente para os pés de Fabrício e este só teve de encostar para dentro da baliza de Rui Patrício.

Falta de ritmo quase que tramou leão ambicioso

O facto de ter consentido um golo mesmo ao cair do pano, condicionou o Sporting no início da segunda parte - foi notória alguma fragilidade psicológica e a pressão da 'escorregadela' do Benfica não melhorou. 

No segundo tempo, a partida ficou muito partida e o esférico predominou essencialmente no centro do meio-campo, uma situação que permitiu ao emblema algarvio entrar no seu habitat natural - ou seja, estava a 'tempestade perfeita' para as transições rápidas serem exploradas. 

A equipa de Vítor Oliveira teve bastante êxito na saídas de contra-ataques, porém, para dor de cabeça do técnico, a finalização não estava afinada e as oportunidades desperdiçadas foram mais que muitas. 

Como se diz na gíria do futebol, "Quem não marca, geralmente sofre", e foi o que aconteceu a esta equipa do Portimonense. A dois minutos do tempo de compensação, Bruno Fernandes tirou um 'coelho da cartola' e fez o golo da vitória - um tiro que ficará na retina dos sportinguistas e da própria Liga, um golaço para ser visto e revisto. 

Com isto, o conjunto de Portimão recebeu a 'machadada final', sendo incapaz de reagir ao tento sofrido nos últimos instantes e acabou mesmo por perder o duelo. Os homens do Algarve perderam mais caíram de pé, fizeram uma exibição de grande qualidade diante dos leões. 

Luís Alexandre | Notícias ao Minuto | Foto Global Imagens

2 - 3 | Benfica perdeu na Luz com o Tondela, adeus campeões!


Tondela 'matou o borrego' com 'gelo' na Luz 

O Tondela venceu o Benfica, por 3-2, em jogo a contar para a 32.ª jornada da I Liga. Com este resultado, os encarnados partem em igualdade com o Sporting para o dérbi de 5 de maio.

Plano bem pensado, estratégia bem montada e sentido de oportunidade. O Tondela viajou até Lisboa com o 'guião' certo e o espetáculo, no 'inferno da Luz', não foi agradável para os milhares de adeptos que pintaram o estádio de encarnado.

Nuno Almeida apitou para o início do encontro e a equipa de Pepa não se inibiu. Pelo contrário. A 'ordem' para o início do 'espetáculo' estava dada, e o Tondela mostrou que a 'peça' estava bem ensaiada.

O poderio do Benfica, principalmente, em casa, é inegável e foi por aí que Pizzi, aos 12 minutos, conseguiu trair Claudio Ramos e colocar as águias na frente. Mas foi caso isolado.

Até porque Claudio Ramos - o homem do jogo - pôs as 'garras de fora' e mostrou que estava ali para ajudar o Tondela a atingir o seu objetivo: conquistar os três pontos e 'matar o borrego' - sim, porque os tondelenses nunca tinham vencido ao Benfica. 

Como qualquer equipa, o Benfica cometeu alguns erros. Coube ao Tondela aproveitá-los e muito bem aproveitados. Aos 31 minutos, foi Cervi a 'ceder' e Miguel Cardoso atirou para o 1-1. Aos 38 minutos, foi Luisão - que regressou à titularidade - a errar e Miguel Cardoso aproveitou, novamente, para trair Varela (38'). Estava feito o 2-1. 

A equipa de Rui Vitória tinha mais posse de bola, rematava mais, tentava mais, procurava mais, mas a verdade é que não foi eficaz. Também por muito mérito de Claudio Ramos, é certo. Sentia, sobretudo, a falta de Fejsa - que ficou no banco - no capítulo da construção de jogo. Pelo contrário, o conjunto orientado por Pepa, não se deu ao 'luxo' de dominar ou contar oportunidades, mas as que teve... concretizou. Com algumas infelicidades de Bruno Varela.

O segundo tempo não foi muito diferente. Salvio - que entrou para a saída de Cervi - funcionou bem com Jiménez, e ainda fez os adeptos sonhar com outra reviravolta. Mas o 'muro' Claudio Ramos não permitia. E tentativas não faltavam. 

O Tondela 'aguentava' o resultado, sem quebrar, sem dar o 'flanco'. E, perante tanta insistência encarnada sem resultado, foram novamente os forasteiros a 'enganar' Varela. Aos 81 minutos, Tomané desfez as dúvidas e selou o 3-1, um resultado que traduzia o trabalho e a eficácia da sua equipa.

Já no tempo de compensação, Salvio foi Salvio e, com o Tondela a contar os segundos para o final, ainda reduziu no marcador, mas Nuno Almeida estava prestes a terminar a partida, com uma vitória por 3-2 para a equipa beirã. 

Andreia Brites Dias | Notícias ao Minuto

TIMOR-LESTE/ELEIÇÕES | Oposição pede voto no enclave de Oecusse com criticas à Fretilin


Pante Macassar, Timor-Leste, 29 abr (Lusa) - Os líderes da oposição timorense pediram hoje o apoio nas legislativas de maio aos habitantes do enclave de Oecusse para poderem "devolver a Díli" o líder da Fretilin (no Governo), que tem gerido a região nos últimos anos.

Num comício em Pante Macassar, capital de Oecusse, onde participaram milhares de pessoas, os líderes da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) - Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak e José Naimori - deixaram duras críticas à Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

O comício foi uma mostra de força da AMP em Oecusse onde, em 2017, os três partidos que a formam tiveram, em conjunto, praticamente o mesmo número de votos que a Fretilin sozinha: a diferença foi de menos de 50 votos.

Como acontece nos comícios principais nas capitais regionais, os três líderes da AMP - Xanana Gusmão (CNRT), Taur Matan Ruak (PLP) e José Naimori (KHUNTO) - estiveram juntos no palco, com discursos que repetiram criticas à Fretilin, especialmente viradas para a região.

Um por um, líderes regionais e nacionais da AMP alegaram que a Fretilin só dá trabalho e projetos a "quem tenha o cartão do partido" na região, obrigando ou pagando a habitantes para colocarem bandeiras do partido nas suas casas ou propriedades.

Natalino dos Santos, comissário político, foi um dos primeiros, deixando duras criticas contra o que diz ser a "corrupção" que alegou haver na região, com um desenvolvimento "que não chega a todos os Atoni", uma referência aos habitantes regionais.

"Timor-Leste precisa de um Governo forte e um Governo forte precisa de líderes fortes. A AMP tem os líderes mais fortes", disse o ex-Presidente da República, Taur Matan Ruak.

"Vamos lutar para mudar Oecusse. O avô 'Nana' [Xanana Gusmão] nomeou e eu dei posse, mas me arrependi de ter mandado Mari Alkatiri como capataz de Xanana Gusmão em Oecusse", disse, referindo-se ao atual chefe do Governo e responsável da região administrativa especial de Oecusse.

José Naimori repetiu as críticas, afirmando que a AMP promete que "se o resultado for a vitoria a 12 de maio vamos mandar para Díli o tio Alkatiri e o tio Bano", (atual presidente interino da região).

E depois Xanana Gusmão insistiu na critica, considerando um ataque à democracia tentar obrigar a ter cartão do partido ou a pôr bandeiras nas casas.

"Isso não é democracia. Não se respeita a dignidade das pessoas. Temos que ter dignidade perante o povo e perante o mundo. Não é com dinheiro. Quando se começa a comprar, a dar dinheiro, a democracia não funciona", disse.

Antes, o líder da AMP assinou vários "certificados de honra" a reconhecer a participação de José Naimori e quatro naturais de Oecusse pela sua participação na organização da resistência Fitun.

Considerada uma das três organizações juvenis mais importantes da resistência, a par da OJETIL e da RENETIL, a Frente Iha Timor Unidos Nafatin (FITUN) - Frente Sempre Unida por Timor - nasceu primeiro com o nome Safari e foi criada por um grupo de 49 jovens da escola secundária.

O primeiro encontro dos jovens com Xanana foi em 1986 nas montanhas de Timor e a sua primeira ação foi feita em 1989 durante a visita do papa João Paulo II. A Fitun foi formalmente proibida pelos indonésios em 1992 e no processo de preparação do referendo de 1999 foi englobada no Presidium da Juventude dos Loricos Guerreiros.
O comício repetiu o guião de outros, com o hino do partido e depois um ato de "refiliação" em que supostos militantes da Fretilin, alguns com camisolas de "fiscais" das eleições legislativa de 2017, subiam ao palco para as trocar, com ajudas dos líderes por camisolas da AMP.

Mas que aqui teve algumas particularidades regionais: primeiro porque a língua oficial tétum é a mais usada em Timor-Leste mas continua a não ser entendida por todos - em Oecusse a dominante é o baiqueno - mas até pela diferença de idades.

Palavras de ordem eram percebidas pela maioria mas muitos não entendiam as mensagens mais amplas em tétum, com outros a gritarem palavras de ordem em baiqueno -, a língua predominante entre o povo Atoni, de Oecusse (a maioria da população) - que os líderes, no palco, também não entendiam.

A brincar, Xanana Gusmão chamou ao palco dois habitantes da zona a quem disse que não tinha andado na escola e a quem pediu para ler o "mote" da AMP - Hamutuk Hametik Nasaun. Só que nenhum tinha mesmo ido à escola ou sabia ler tétum.

Tiveram que vir dois jovens fazer a leitura.

ASP // ZO

TIMOR-LESTE/ELEIÇÕES | Um mar vermelho da Fretilin ao lado da ribeira de Tono


Tono, Timor-Leste, 28 abr (Lusa) - Um mar de camisolas e bandeiras vermelhas, a principal cor da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), encheu hoje a zona ao lado do projeto de irrigação da ribeira de Tono, no enclave timorense de Oecusse-Ambeno.

Num largo rodeado de árvores centenárias, dirigentes regionais do partido que lidera a coligação minoritária de Governo, falaram para habitantes e militantes da zona, apresentando detalhes do programa do partido.

"Estamos confiantes que vamos ter ainda mais apoio do que em 2017", disse à Lusa Arsénio bano, coordenador regional da campanha da Fretilin em Oecusse.

"A AMP está a tentar também e terá aqui algum apoio, mas nós aqui vamos vencer", afirmou, referindo-se à Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), coligação da oposição que tem marcado para domingo o seu maior comício no enclave.

Bano e a restante comitiva, que inclui membros do Comité Central da Fretilin e responsáveis regionais, foram recebidos ao som de um violino e duas guitarras toscas de madeira e por um grupo de chefes tradicionais, que lhe deram as boas vindas.

Um ambiente de festa antes dos discursos políticos que, insistiu Bano, devem ser mais virados para o futuro que para o passado.

"Oecusse e Timor-leste no seu todo só estão interessados a falar sobre os programas e sobre o que temos que fazer agora pelo país", declarou à Lusa.

Apesar de ser indicado como um mini-comício, o encontro de Tono mostrou a força da Fretilin na região, que tem vindo a consolidar nos últimos anos e que vai ser agora testado com a candidatura conjunta de toda a oposição.

A essa hora, e a poucos quilómetros de distância, em Pante Macassar, preparava-se na sede do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) - o maior dos três partidos que integram a Aliança de Mudança para o Progresso - a caravana que ia esperar o líder da coligação.

Xanana Gusmão e outros dirigentes da AMP viajaram, por terra, até ao enclave de Oecusse onde foram esperados, na fronteira, por uma caravana de militantes regionais que os acompanharam até à capital.

No domingo, está previsto o principal comício da AMP na região administrativa especial que tem sido presidida, nos últimos anos, por Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin e atual primeiro-ministro.

Em 2017, a Fretilin conquistou praticamente o mesmo número de votos em Oecusse que os três partidos que compõem a AMP juntos - Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) - pelo que o comício previsto para domingo está a suscitar algum interesse.

Os principais líderes da Fretilin, incluindo Mari Alkatiri e José Ramos-Horta, fazem o comício principal em Oecusse no dia 05 de maio.
ASP // ZO

Moçambique | MAIS UM INSULTO


@Verdade | Editorial

O Governo da Frelimo não se farta de insultar e, ao mesmo tempo, passar um atestado de estúpido ao povo moçambicano que, desde a Independência Nacional, é forçado a viver na mais desgrenhada miséria. Não fugindo à regra, esta semana, o Executivo de Filipe Nyusi voltou a insultar a dignidade dos trabalhadores, sobretudo os funcionários públicos.

O insulto aos trabalhadores moçambicanos foi feito, no final da 13.ª sessão do Conselho de Ministros, simultaneamente pela ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Vitória Diogo, e pela ministra da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua. Namashulua encheu o peito para informar que o reajustamento do salário mínimo aprovado para os funcionários e agentes do Estado é de 6,5 porcento, passando dos actuais 3999, meticais para 4255,00 meticais. Ou seja, o Governo da Frelimo decidiu aumentar 260 meticais no salário do funcionário público.

Este aumento irrisório mostra, por um lado, o descaso e desprezo por parte do Governo da Frelimo em relação aos moçambicanos. Por outro, revela a insensibilidade e o desconhecimento da realidade que vive o povo. É de conhecimento de todos que, desde o último reajuste salarial, registou-se aumentos em mais de 20 porcento nos preços dos alimentos de primeira necessidade, da água potável e da electricidade.

Importa lembrar de que, desde a fixação do primeiro, não há nenhum registo de que, em algum momento, o salário mínimo cobriu, ao menos, metade das necessidades de alimentação dos trabalhadores moçambicanos. Mesmo com os reajustes anuais, o aumento não tem efeitos no orçamento doméstico, uma vez que o poder de compra dos consumidores tem vindo a agravar-se diariamente.

A título de exemplo, actualmente o custo da cesta básica, para o sustento de um agregado familiar composto por, pelo menos, cinco pessoas durante um mês, ronda os 15 mil meticais, pondo de lado despesas com higiene, carne vermelha e entretenimento. No entanto, é deveras preocupante quando o Governo ignora essa situação e deixa os funcionários públicos morrer de fome.

Falando em morte e como quem já prevê essa situação decorrente do salário mísero aprovado e a continua deterioração da economia, o Governo anunciou também a decisão do aumento do subsídio para funerais praticado na administração pública, que passa dos actuais 5 mil meticais para 10 mil meticais. E, em jeito de campanha eleitoral, uma vez que este ano teremos eleições em Outubro, Nyusi e os seus títeres informaram que, no ano em curso, será pago o décimo o terceiro salário na íntegra.

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