domingo, 2 de dezembro de 2018

Portugal | É preciso mais de um Governo de esquerda


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

A forma como o Governo tem lidado com a greve dos estivadores deixa muito a desejar, pese embora o recente comunicado do ministério do Mar pedindo as empresas que "iniciem de imediato o processo de eliminação da precariedade". Na verdade, o comunicado aparece demasiado tempo depois do início da greve, há três semanas.

Recorde-se que a precariedade fomentada pelas empresas sem rosto a operar em Setúbal perpetua-se durante décadas, o que torna a luta destes trabalhadores mais do que justa.

O Governo podia ter tido neste particular uma postura mais próxima da equidade que se lhe exige, sobretudo sendo este um Governo posicionado à esquerda do espectro político. 
Ao invés, o Executivo preferiu enviar trabalhadores para o porto de forma a que o carregamento de veículos da Auto-Europa fosse feito, facto que resultou numa escalada da tensão, dificultando, naturalmente, as negociações.

Agora chega o comunicado, talvez por força das exigências, também elas naturais, dos partidos mais à esquerda do PS, os tais que sustentam esta solução governativa. 

Na verdade, o Governo deveria ter colocado a questão da precariedade em primeiro plano, coisa que nunca fez e que aparentemente tentará fazer agora, três semanas desde o início da greve. Pede-se mais de um Governo que se auto-intitula de esquerda.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Fim da internet?


HenriCartoon | por Henrique Monteiro

Futebol luso | Benfica quebrou o enguiço e marcou 4 golos… 1 foi auto golo


Depois da tempestade, veio a primeira goleada do Benfica esta época

É o melhor resultado do Benfica em casa, durante toda esta época. Jonas, Rafa e Seferovic fizeram três dos quatro golos dos encarnados. Com a Luz em festa, Rui Vitória revelou-se "deliciado" com a segunda parte.

O brasileiro Jonas, aos 49 minutos, um golo na própria baliza de Bruno Nascimento, aos 57, Rafa, aos 68, e Seferovic, aos 89, marcaram os golos do Benfica, após uma semana em que foi equacionada a permanência de Rui Vitória, na sequência da goleada sofrida terreno do Bayern Munique (5-1).

Nas declarações após o jogo Rui Vitória mostrava satisfação: "senti-me um treinador de um grande clube. Estamos aqui para lidar com todo o tipo de situações. Sentimos o apoio principalmente na segunda parte e assim o Benfica torna-se muito forte. De certeza que hoje ganhámos confiança em alguns adeptos. Foi um passo importante para acrescentar esse orgulho".

O treinador encarnado falou também de uma nova fase: "uma nova vida para todos nós. Vamos dar um passo importante e o fundamental é que houve esta qualidade. Vamos entrar num ciclo de jogos e temos que enfrentar com esta determinação. A vida é feita de etapas e de conquista diária. É assim que eu vejo e vamos continuar".

Os 'encarnados' somaram a segunda vitória consecutiva na prova e subiram provisoriamente ao segundo lugar, com 23 pontos, menos um do que o líder e campeão FC Porto, que visita o Boavista no domingo, mas podem, ainda hoje, ser ultrapassados pelo Sporting de Braga, quarto com 21, caso vença na receção ao Moreirense.

Na entrevista rápida após o jogo, o técnico encarnado admitiu receber este resultado com "muita alegria" e que a prestação dos seus jogadores na segunda parte o deixou "muito satisfeito" porque "foi categórica" que o "deliciou".

O Feirense, que soma nove jogos sem vencer no campeonato, caiu para o 16.º lugar com os mesmos nove pontos de Tondela, Boavista e Nacional.

TSF com Lusa

Rosa Mota vence mini-maratona de Macau aos 60 anos, três décadas após ouro em Seul


Macau, China, 02 dez (Lusa) -- A portuguesa Rosa Mota venceu hoje a mini-maratona de Macau, aos 60 anos e três décadas após ter conquistado a medalha olímpica em Seul, na Coreia do Sul, ao correr 5.200 metros em 22:02 minutos.

A ex-campeã do mundo e da Europa, que foi convidada pela organização da 37.ª Maratona Internacional para assumir o papel de 'embaixadora' anti-doping, bateu o tempo alcançado em 2016, quando também ganhou a corrida, então com 24:47 minutos.

"É uma alegria estar aqui em Macau, numa competição tão bem organizada. Como não tinha nenhum compromisso e fiquei livre, decidi ir correr", afirmou à Lusa no final da prova.

"Sim, este ano fiz 60 anos e passaram 30 desde que ganhei a medalha de ouro em Seul, mas hoje só falo da importância de fazer chegar a todos estes atletas a mensagem sobre os perigos do doping e de como a batota não tem lugar no desporto", enfatizou a ex-campeã olímpica.

A mini-maratona, assim como a meia-maratona, integraram o programa da 37.ª Maratona Internacional de Macau.

Os atletas portugueses Vera Nunes e João Antunes concluíram a maratona na sexta (femininos) e oitava (masculinos) posições, respetivamente. Na meia-maratona, tanto António Rocha como Carla Martinho garantiram o terceiro lugar nas provas masculina e feminina, respetivamente.

Os atletas quenianos venceram as provas masculinas e femininas da maratona e da meia-maratona.

JMC // EJ | Foto em Hoje Macau

Portugal-China | Uma relação antiga sempre renovada


Catarina Carvalho | Diário de Notícias | opinião

Ninguém visita a China e fica indiferente - o que acontece também, naturalmente, a quem o faz como jornalista. Há um sopro de novo mundo neste velhíssimo mundo, uma noção de que tudo é possível, com esforço e vontade. Não são só os arranha-céus de Xangai - é a força, a rapidez e a energia das ruas desconhecidas de cidades das províncias, por vezes megalópoles. É assim hoje, e tem sido assim já nas últimas décadas. Conheci-a no início deste século XXI, quando a Europa dava sinais de cansaço e estava em pré-crise. Nesses anos, visitei a faixa industrializada do sudeste chinês, sobretudo Zhejiang. Essa era a zona de onde nos chegavam os milhares de imigrantes chineses que abriam lojas e armazéns em Portugal - de Porto Alto a Vila do Conde.

Não era difícil perceber de onde vinham, porque vinham e o que traziam. Acompanhei Chen Yan, dono de vários armazéns, um chinês sorridente e que ouvia os conselhos que uma portuguesa lhe dava sobre que produtos comprar ao gosto do país onde ele vivia há vários anos mas ainda não compreendia totalmente. A ele e aos amigos, com quem nos encontrámos em jantares e almoços intermináveis e deliciosos, ouvi projetos de investimento, ideias de negócios, vontade de chegar mais longe. Adoravam Portugal, e usavam o pequeno país como plataforma para estenderem os seus negócios à Europa.

A China abria-se ao exterior e eles eram os pontas-de-lança dessa mudança. E sabiam-no. Estavam orgulhosos e impantes, fumavam cigarros e desfiavam sonhos. Era comovente e épico. Era pessoal mas também associado a uma vontade coletiva. Havia também os que voltavam, a quem os chineses chamavam tartarugas - e o faziam com o objetivo de reatar no ponto de origem, já com mais mundo na experiência, o destino de criar. Era desta energia interna, percebi nessa reportagem, que se fazia a força da China. E faz. Havia, e há, claro, a grande diplomacia. Havia, e há, o investimento dos grandes grupos e empresas. E havia, e há, essa gente especial.

Mas é essa energia de um povo, essa energia de "uma terra fértil" - para devolver o cumprimento que o presidente chinês usa para Portugal, no seu texto publicado hoje no Diário de Notícias -, é isso que move a China e a superpotência que se tornou. Neste texto, o presidente Xi Jinping fala da nossa relação antiga, que passou pela seda que chegou a Freixo de Espada à Cinta, pela porcelana azul e branca que é louça no Oriente e deu azulejos em Portugal, até pelos treinadores de futebol e pelos pastéis de nata que quem percorre uma rua chinesa encontra em múltiplos cafés. É um texto emocionante - que, francamente, não esperávamos, por tão pouco formal que ele acaba por ser.

Nele, nas palavras do presidente Xi Jinping, revemos o nosso pequeno país, e o autor do texto confirma-o. Afinal, no século XV, uma grande armada chinesa chegou à costa oriental de África e as nossas pequenas naus começavam a descer a costa ocidental africana. A globalização, isto é, o mundo moderno, começava - e quem juntava as pontas e fazia da Terra o que ela era, redonda, foram os dois povos, de Zhejiang a Freixo de Espada à Cinta, que, mais uma vez, voltam a encontrar-se nesta semana.

Presidente chinês escreve artigo no DN e fala de "uma parceria virada para o futuro"

Xi Jinping / © Reuters
Xi Jinping, que na terça-feira inicia uma visita de Estado, publica hoje na edição impressa do DN um artigo em que afirma que "Portugal é um ponto importante de ligação entre a Rota da Seda Terrestre e a Rota da Seda Marítima" e por isso um aliado muito prezado pela China.

É a citar Luís de Camões (Aqui.../ Onde a terra se acaba/ E o mar começa...) que o presidente chinês inicia o artigo de opinião que hoje publica no DN, a dois dias do início da visita de Estado a Portugal. Sob o título "Uma amizade que transcende o tempo e o espaço, uma parceria voltada para o futuro", Xi Jinping lança o desafio de aprofundar as relações, que diz serem já muito fortes e com cinco séculos de história, afirmando que "vamos construir em conjunto Uma Faixa e Uma Rota e ser parceiros de desenvolvimento comum. Portugal é um ponto importante de ligação entre a Rota da Seda Terrestre e a Rota da Seda Marítima, por isso, a cooperação sino-portuguesa no âmbito de Uma Faixa e Uma Rota é dotada de vantagens naturais. As duas partes podem fazer bom uso das oportunidades trazidas pela construção conjunta de Uma Faixa e Uma Rota, continuar a reforçar e a fazer crescer os projetos existentes, aproveitar bem as plataformas como a Exposição Internacional de Importação da China, aumentar as trocas comerciais e criar novos pontos de crescimento para a cooperação nas áreas como automóveis, novas energias, finanças e a construção de portos, entre outras, bem como reforçar a cooperação em terceiros mercados, a fim de realizar benefícios mútuos e ganhos compartilhados numa esfera mais ampla".

Relembrando que esteve em Portugal há 20 anos e que fez também uma escala técnica na ilha Terceira em 2014, Xi agradece o convite do Presidente Marcelo de Rebelo de Sousa para agora esta visita de Estado, que se realiza a 4 e 5 de dezembro e que acontece depois da presença na cimeira do G20 na Argentina, para onde partira depois de visitar Espanha. Num artigo recheado de referências aos laços históricos entre os dois países, sem esquecer, claro, Macau, o líder chinês refere também que no próximo ano se celebram os 40 anos do restabelecimento de relações diplomáticas.

De entre as várias parcerias sugeridas pelo presidente chinês no artigo publicado hoje na edição impressa do DN vale a pena referir a dedicada à chamada economia azul, aproveitando, como sublinha Xi, que Portugal é conhecido como terra da navegação: "Vamos desenvolver ativamente a Parceria Azul, encorajar o reforço da cooperação nas áreas de pesquisas científicas relacionadas com o mar, a exploração e a proteção do mar e logística portuária, entre outras, desenvolvendo a 'economia azul', fazendo com que os vastos mares beneficiem as nossas futuras gerações."

Xi Jinping, à frente dos destinos da China desde 2012, relembra a cooperação económica durante o período da crise financeira, "quando uma após a outra as empresas chinesas vieram investir em Portugal. Ao expandir os seus negócios fora da China, contribuíram para a criação de postos de trabalho e para o desenvolvimento socioeconómico de Portugal."

A cooperação cultural não ficou esquecida, com Xi Jinping a notar que em Portugal há já quatro Institutos Confúcio, enquanto na China há 17 universidades com cursos de língua portuguesa.

Uma referência digna de nota no artigo de Xi é a Freixo de Espada à Cinta, vila portuguesa que há séculos é conhecida pelo fabrico de seda. O presidente sublinha também a influência da porcelana branca e azul chinesa nos azulejos portugueses.

A acompanhar este artigo do líder da segunda maior economia mundial, o DN publica um vasto dossiê que aborda o caminho da China em direção a ser uma nova superpotência, o relacionamento económico bilateral, o ensino da língua chinesa em Portugal, a comunidade chinesa, Macau hoje e ainda uma reportagem em Freixo de Espada à Cinta, onde restam duas tecedeiras a trabalhar a seda.

Diário de Notícias

“Pensamento de Xi Jinping é mais citado que Mao” - António Caeiro

O presidente chinês Xi Jinping com a mulher, Peng Liyuan / Reuters
O jornalista António Caeiro defende que Xi Jinping, que na próxima semana visita Portugal, mais do que Presidente é o guia ideológico da China, cujo pensamento é mais citado e estudado que o de Mao Tse Tung.


“É mais do que um Presidente, é o guia ideológico do Partido Comunista Chinês (PCC). É mais citado que qualquer outro líder, mais do que Mao Tse Tung ou Deng Xiaoping, e emergiu com uma autoridade que não se via há muito tempo”, disse António Caeiro.

Numa entrevista à agência Lusa a propósito da visita do Presidente chinês a Portugal, a 4 e 5 de Dezembro, o jornalista, que viveu na China durante quase 20 anos, assinala a importância de o pensamento de Xi Jinping estar consagrado na Constituição e de ser estudado nas universidades do país.

“O último congresso do PCC (2017) consagrou o pensamento do actual líder, como um dos modelos orientadores, um dos guias ideológicos do partido. A vocação e a inspiração marxista é reafirmada e a aspiração do PCC é dominar toda a vida social, económica e política do país”, sublinhou.

António Caeiro sustenta que o actual Presidente da China, no poder desde 2013, instituiu “um sistema muito mais autoritário de liderança”, tendo revogado algumas das medidas políticas de reforma e abertura instituídas, na década de 1980, por Deng Xiaoping.

A Assembleia Nacional Popular da China aprovou este ano uma emenda constitucional que elimina o limite de dois mandatos consecutivos de cinco anos para os presidentes do país.
Constitucionalmente, a Assembleia Nacional Popular (ANP) é o “supremo órgão do poder de Estado na China”, mas cerca de 70% dos seus quase 3 mil deputados são membros do PCC, assegurando a sua lealdade ao poder político.

“Teoricamente poderá eternizar-se no poder”, assinalou Caeiro, acrescentando que o Presidente deixou de estar sujeito ao limite de mandatos que estipulava que a sua presidência terminaria em 2023.

“A própria ideia de liderança colectiva, alimentada durante algum tempo, esbateu-se completamente. É o Presidente que orienta”, acrescentou.

UMA FIGURA “ENIGMÁTICA”

Do ponto de vista pessoal, António Caeiro vê uma figura “enigmática”, à semelhança de muitos outros líderes chineses, que surgiu num momento em que este tipo de líderes “tendem a ter um apelo universal”.

“Não dá entrevistas, não é interpelado pelos jornalistas. É um homem que sabe o que quer, os seus planos são executados e, havendo um vazio internacional devido à nova política da administração norte-americana, aparece como o campeão da globalização”, considerou.

A nova liderança de Xi Jinping, eleito em 2012 secretário-geral do PCC, lançou uma campanha anti-corrupção na China, o que lhe granjeou grande aprovação da população.

“A corrupção era um problema e uma fonte de descontentamento social, mas veio revelar também uma face inesperada a China” porque permitiu perceber que “não havia nenhuma instituição da sociedade chinesa cuja direção não estivesse profundamente corrompida”.

Sobre a visita a Portugal, o jornalista, que foi delegado da agência Lusa na China, considerou que servirá para “consagrar as boas relações” entre os dois países.

“Estas visitas são momentos altamente simbólicos, são rituais e os chineses dão muita importância a esses rituais. Irá consagrar as boas relações que os países têm e consolidar a nova imagem que a China tem de Portugal: um dos países mais amigos e mais receptivos ao investimento estrangeiro na Europa e um bom parceiro da China na União Europeia”, disse.

Xi Jinping estará em Portugal na terça e quarta-feira da próxima semana depois de ter visitado a Espanha, a Argentina, onde participa na cimeira do G20, e o Panamá.

CHINA E O CAMINHO DESCONHECIDO

O jornalista considerou também que o “mais inquietante” na China de hoje é não perceber para onde caminha o país, se quer mudar o sistema internacional ou apenas integrar-se nele.

“O que é mais inquietante na China é não se saber como é que as decisões são tomadas e para onde caminha. A grande dúvida, em termos estratégicos, é saber se a China quer mudar o atual sistema internacional ou apenas integrar-se nele”, defendeu.

António Caeiro assume que, sobre a China, quase tudo são perguntas. “Além da sua dimensão absolutamente colossal do ponto de vista físico e humano, o sistema, que o PCC parece ter aperfeiçoado, é extremamente opaco e isso faz com que as análises ocidentais pareçam mais palpites ou prognósticos”, disse.

E, o “palpite” de António Caeiro é de que o país tem como objectivo a afirmação como potência regional no Pacífico, aliada a uma certa ideia de “vingança” sobre o Ocidente pela “humilhação nacional” na sequência da Guerra do Ópio (1839 – 1860), que marcou o declínio da China como potência mundial.

“A China não aspira a dominar o mundo […], mas quer ser reconhecida como uma potência regional, ou seja, quem manda no Pacífico”, sustentou.

O jornalista sublinhou a tendência de crescimento da influência chinesa em todo o mundo, o que considerou um “fenómeno natural”, para um país que concentra um quinto da população mundial e é o motor do crescimento económico global.

“O que não era natural era a China estar tão apagada na cena internacional. Há 50 anos a China não fazia sequer parte da ONU. A China tem um músculo económico e financeiro que a torna inevitavelmente um parceiro fundamental nas relações internacionais”, disse.

A China emerge como a “segunda economia mundial, com crescente peso económico e militar”, assinalou, apontando o contraste entre a “profunda crise” em que mergulharam a Europa e os Estados Unidos e os “ritmos impressionantes” de crescimento da China.

“A Europa e Portugal precisam das imensas reservas de capital que a China tem e a China sente-se mais desinibida em assumir que o seu modelo funciona”, apontou.

Mas, admite António Caeiro, ao tornar-se “um parceiro cada vez mais importante da economia de muitos países” a China “tende a inibir tomadas de posição contrárias aos seus interesses fundamentais”.

“No ano passado, por veto da Grécia, não houve na comissão dos direitos humanos da Nações Unidas nenhuma moção criticando a situação na China”, disse.

A APOSTA ECONÓMICA

Sobre os grandes investimentos chineses em países europeus, nomeadamente Portugal, António Caeiro entende que fazem parte da estratégia de um país com “grande excedente de reservas cambiais” e que precisa de modernizar a economia.

“Uma das maneiras é formar quadros nos países capitalistas desenvolvidos […] e uma maneira ainda melhor é comprar as boas empresas dos países desenvolvidos e que funcionam bem, que era, aos olhos da China, o caso da EDP”, referiu.

António Caeiro ressalva, contudo, que Portugal “não é o maior receptor europeu de investimento chinês”, mas que à “escala de Portugal” este “pesa muito” por causa das “importantes participações na energia, na banca, na saúde, nos seguros”.

Regressado a Lisboa definitivamente há três anos, o jornalista vê o país à luz do dilema entre a “China poderosa e muito desenvolvida” de cidades como Xangai e o interior do país onde “há níveis de prosperidade mínimos e défices, do ponto de vista educacional, enormes”.

“Isso pode ser um problema”, disse, apontando que há “dois discursos permanentes e contraditórios” sobre o país.

Há uns que “garantem que a China vai dominar o mundo e que este crescimento é para manter […] e outros que acham que, a prazo, a China tem grandes problemas que a impedirão de se tornar na grande potência que a atual liderança desejaria, nomeadamente o envelhecimento da população”, disse.

“A população activa da China tem vindo a diminuir desde há cinco anos e o crescimento resultante do fim da política do filho único (permitindo agora dois) não foi impressionante e já se fala do fim do controlo da natalidade”, acrescentou.

O jornalista explicou, por outro lado, que a rápida industrialização do país foi conseguida à conta da transferência de 250 milhões de trabalhadores do campo para as cidades e províncias do litoral.

“Alguns estudos indicam que 1/3 das crianças chinesas que vivem no campo têm um índice de inteligência muito baixos”, disse, adiantando que a prazo este “será outro problema” porque “uma China moderna não pode” desenvolver-se com “uma classe trabalhadora pouco instruída”.

“A China tem todos os problemas do mundo a uma escala absolutamente colossal […] Navega rodeada de grandes incógnitas. Recentemente comprei um livro de académicos chineses que se chamava ‘35 perguntas sobre a China’ e nenhuma delas tinha uma resposta, as respostas variam com o ponto de vista de cada um”, concluiu.

Livro | “Os Silêncios da Guerra Colonial” de Sara Primo Roque


A UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) apresentou o livro de Sara Primo Roque sobre a Guerra Colonial há pouco mais de uma semana, aqui no email do PG foi, infeliz e erradamente, captado pelo SPAN, privando-nos de tomar conhecimento da divulgação e convite da sessão de apresentação das obras que habitualmente nos enviam. Lamentamos o facto.

Repondo o correto, com algum atraso, recuperamos a referida divulgação do lançamento da referida obra de Sara Primo Roque adaptando à atualidade o texto de apresentação gentilmente enviado pela UCCLA.

Afinal seria mais um livro sobre o tema “guerra colonial”, que é tão caro aos portugueses, estudiosos e lusófonos na generalidade, não fosse conter vertentes diferentes do que conhecemos sobre o tema em outras obras. “Uma abordagem diferente no tratamento da Guerra Colonial”, refere a UCCLA. E é isso mesmo. Preste atenção. Divulgamos fora de tempo mas é sempre tempo de adquirir e conhecer a obra. (PG)

Livro “Os Silêncios da Guerra Colonial” de Sara Primo Roque apresentado na UCCLA

Uma abordagem diferente no tratamento da Guerra Colonial, numa perspetiva inovadora de domínios como a “guerra no feminino”, a “morte em tempo de guerra”, o “sexo em tempo de guerra”, entre outros, para além da procura do desejo e do afeto são os ingredientes da obra “Os Silêncios da Guerra Colonial” de Sara Primo Roque, apresentada na UCCLA, no dia 22 de novembro, às 18h30.

A obra tem a chancela das Edições Pasárgada, numa edição de novembro de 2017.

Sara Primo Roque licenciou-se em Antropologia, em 1998, pela faculdade de Ciências Sociais e Humanas, pela Universidade Nova de Lisboa. Em 1999 discutiu a sua tese de Licenciatura na qual obteve dezoito valores. Em 2005 terminou o seu mestrado em Colonialismo e Pós-Colonialismo no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), obtendo "muito bom" com unanimidade na discussão da sua tese A Guerra Colonial e os seus Silêncios. Participou com alguns textos na revista brasileira Vozes. Atualmente é professora do Ensino Básico.
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