Aliados, governos Donald Trump e
Benjamin Netanyahu alegam postura anti-israelense por parte da agência de
educação e cultura da ONU.
Os Estados Unidos e Israel
deixaram oficialmente nesta terça-feira, primeiro dia de 2019, a Unesco, a agência
de educação e cultura da ONU. Ambos apontam como motivo o que denunciam ser uma
postura anti-israelense por parte da organização.
A saída oficial coroa um processo
iniciado há mais de um ano, quando os governos Donald Trump e Benjamin
Netanyahu anunciaram quase simultaneamente a decisão de deixar o órgão.
Na época, a decisão americana não
surpreendeu: em 2011, ainda sob o governo Barack Obama, os EUA já haviam
cancelado sua contribuição financeira para a Unesco em protesto contra a
decisão da agência de conceder aos palestinos o status de membros plenos.
Em 2011, o fim da contribuição
americana representou um corte de mais de 20% (80 milhões de dólares) no
orçamento da instituição, que teve que adotar medidas de austeridade. Houve
redução, por exemplo, em pesquisas sobre tsunami e em programas de educação
relacionados ao Holocausto.
Em julho passado, a Unesco causou
irritação em Israel – firme aliado dos EUA – ao declarar Hebron e os dois
santuários adjacentes – a judaica Tumba dos Patriarcas e a muçulmana Mesquita
de Ibrahimi – um patrimônio palestino.
A decisão levou Israel a reduzir
ainda mais seu financiamento à ONU. Na ocasião, tratou-se do quarto corte
no último ano: a contribuição do país foi de 11 milhões para só 1,7 milhão
de dólares no intervalo de um ano. Cada redução foi antecedida de uma decisão
da Unesco relacionada a locais históricos em territórios palestinos.
O governo do primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu, ao anunciar a saída israelense da Unesco, classificou a
decisão americana como "brava e moral".
A Unesco emprega mais de 2 mil
funcionários, a maioria em Paris, e busca por relevância num momento que
enfrenta dificuldades devido a rivalidades regionais e falta de dinheiro
A saída americana enfatiza o
ceticismo expressado por Trump sobre a real necessidade de o país permanecer em
organizações multilaterais. Ele chegou ao poder com a política protecionista
"América em primeiro lugar", ou seja: os interesses nacionais
estariam acima de compromissos internacionais.
Desde que assumiu a presidência,
Trump abandonou a Parceria Transpacífico (TPP), um acordo comercial assinado
por 12 países que criaria a maior área de livre-comércio do mundo, o Acordo do
Clima de Paris e o Conselho de Direitos Humanos da ONU, o qual também
acusa de ser anti-Israel.
Deutsche Welle
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