Ministério da Saúde (MISAU)
estima que pelo menos 25.500 pessoas sofrem de diferentes tipos de cancro em
Moçambique, grande parte dos quais a única forma de tratamento, internamente,
ainda é a quimioterapia. Porém, depois de sucessivos adiamentos, o MISAU espera
introduzir, este ano, a radioterapia, um procedimento terapêutico que só é
possível no exterior, para onde não podem se dirigir os milhares de pacientes
que vivem abaixo da “linha da pobreza”.
A última actualização feita por
aquela instituição do Estado sobre os milhares casos de cancro é de 2018 e a
situação é descrita como cada vez mais preocupante, em parte devido ao
diagnóstico tardio da enfermidade.
Aliás, o cancro mata 17 mil
pessoas anualmente no país, apontam dados oficiais das autoridades.
Em 2013, no país havia cerca de
23 mil doentes com diferentes cancros, segundo Cesaltina Lorenzoni, directora
do Programa Nacional de Controlo do Cancro no MISAU. Este exige mais difusão da
informação sobre a doença e esforços no seu diagnóstico ainda no estágio
inicial, pois as chances de cura são maiores.
Naquele ano, o MISAU estimava
que, em cada 100 mulheres, 32 sofriam de cancro do colo do útero, por exemplo.
Em cada 100 pacientes, 64 morriam por causa do diagnóstico da doença já num
estado avançado e por insuficiência dos cuidados de saúde.
Por isso, “o cancro é um problema
de saúde pública”, disse Cesaltina Lorenzoni, salientando que o sarcoma de
kaposi, um tipo de cancro que causa lesões na pele e afecta os outros órgãos, é
mais comum nas mulheres e nos homens, com uma incidência de 24,7 por cento.
O sarcoma de kaposi está
relacionado com as infecções de transmissão sexual e o HIV/SIDA.
Nas mulheres, o cancro do colo do
útero, com 4.291 casos, é o que mais aflige e mata, seguido do cancro da mama.
Três mil pacientes morrem por conta desta doença, pois começam a procurar
tratamento em estado já deveras grave, explicou a chefe do programa de cancro.
A fonte explicou que, no passado,
havia mais óbitos porque o país não tinha cirurgião oncológico habilitado para
lidar com a enfermidade. Ora, para além das campanhas de cirurgias realizadas
por médicos estrangeiros, por iniciativa do MISAU, há três cirurgiões
moçambicanos em formação.
Nos homens, o cancro da próstata
é mais frequente, seguido do sarcoma de kaposi. As crianças sofrem por
patologias semelhantes, mas mais associadas ao sangue.
Apesar de em cada doença a que
nos referimos haver factores específicos risco, no geral, o tabaco, o álcool, a
obesidade e o sedentarismo são comuns, entre outros, de acordo com Cesaltina
Lorenzoni.
Ela falava a jornalistas, na
sexta-feira (08), em Maputo, no âmbito do dia 04 de Fevereiro, em que se
celebrou o Dia Mundial do Cancro. A 15 do mesmo mês, comemora-se o Dia
Internacional da Criança com Cancro.
O MISAU programou várias campanha
de sensibilização e palestra em vários pontos do país.
A instituição espera ainda lançar
o Plano Nacional de Controlo do Cancro 2019-2029, com enfoque na educação, na
prevenção e na promoção da saúde.
Emildo Sambo | @Verdade
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