segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Há mais de 25 mil pessoas com cancro em Moçambique e milhares delas não sobrevivem


Ministério da Saúde (MISAU) estima que pelo menos 25.500 pessoas sofrem de diferentes tipos de cancro em Moçambique, grande parte dos quais a única forma de tratamento, internamente, ainda é a quimioterapia. Porém, depois de sucessivos adiamentos, o MISAU espera introduzir, este ano, a radioterapia, um procedimento terapêutico que só é possível no exterior, para onde não podem se dirigir os milhares de pacientes que vivem abaixo da “linha da pobreza”.

A última actualização feita por aquela instituição do Estado sobre os milhares casos de cancro é de 2018 e a situação é descrita como cada vez mais preocupante, em parte devido ao diagnóstico tardio da enfermidade.

Aliás, o cancro mata 17 mil pessoas anualmente no país, apontam dados oficiais das autoridades.

Em 2013, no país havia cerca de 23 mil doentes com diferentes cancros, segundo Cesaltina Lorenzoni, directora do Programa Nacional de Controlo do Cancro no MISAU. Este exige mais difusão da informação sobre a doença e esforços no seu diagnóstico ainda no estágio inicial, pois as chances de cura são maiores.

Naquele ano, o MISAU estimava que, em cada 100 mulheres, 32 sofriam de cancro do colo do útero, por exemplo. Em cada 100 pacientes, 64 morriam por causa do diagnóstico da doença já num estado avançado e por insuficiência dos cuidados de saúde.

Por isso, “o cancro é um problema de saúde pública”, disse Cesaltina Lorenzoni, salientando que o sarcoma de kaposi, um tipo de cancro que causa lesões na pele e afecta os outros órgãos, é mais comum nas mulheres e nos homens, com uma incidência de 24,7 por cento.

O sarcoma de kaposi está relacionado com as infecções de transmissão sexual e o HIV/SIDA.

Nas mulheres, o cancro do colo do útero, com 4.291 casos, é o que mais aflige e mata, seguido do cancro da mama. Três mil pacientes morrem por conta desta doença, pois começam a procurar tratamento em estado já deveras grave, explicou a chefe do programa de cancro.

A fonte explicou que, no passado, havia mais óbitos porque o país não tinha cirurgião oncológico habilitado para lidar com a enfermidade. Ora, para além das campanhas de cirurgias realizadas por médicos estrangeiros, por iniciativa do MISAU, há três cirurgiões moçambicanos em formação.

Nos homens, o cancro da próstata é mais frequente, seguido do sarcoma de kaposi. As crianças sofrem por patologias semelhantes, mas mais associadas ao sangue.

Apesar de em cada doença a que nos referimos haver factores específicos risco, no geral, o tabaco, o álcool, a obesidade e o sedentarismo são comuns, entre outros, de acordo com Cesaltina Lorenzoni.

Ela falava a jornalistas, na sexta-feira (08), em Maputo, no âmbito do dia 04 de Fevereiro, em que se celebrou o Dia Mundial do Cancro. A 15 do mesmo mês, comemora-se o Dia Internacional da Criança com Cancro.

O MISAU programou várias campanha de sensibilização e palestra em vários pontos do país.

A instituição espera ainda lançar o Plano Nacional de Controlo do Cancro 2019-2029, com enfoque na educação, na prevenção e na promoção da saúde.

Emildo Sambo | @Verdade

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