A solidariedade com o governo de
Nicolás Maduro e o povo venezuelano motivou a escolha da data para a realização
da iniciativa participada por mais de 500 representantes mundiais. Hoje há
concerto pela paz.
Membro da comissão coordenadora
da Assembleia Internacional dos Povos, João Pedro Stedile, dirigente nacional
do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e coordenador da Via Campesina
Internacional, afirmou ao Brasil de Fato que a data escolhida para
realização do evento simboliza a solidariedade à Venezuela.
«Levamos dois anos a preparar-nos
e marcámos justamente a Assembleia para ser realizada aqui em Caracas, nesta
data, como uma forma de solidariedade de todas as organizações do mundo com
o governo de Nicolás Maduro e ao povo da Venezuela», salientou Stedile.
Ao online,
a representante da Espanha, Marga Ferré, reconheceu que, apesar do reconhecimento
de Juan Guaidó por parte de alguns governos europeus, designadamente o
espanhol, a maior parte dos cidadãos desses países rejeitam a intervenção
e a violência.
«Os povos da Europa não querem
uma intervenção militar e parte do que vamos debater aqui nestes dias é
como construir uma agenda de solidariedade com a Venezuela e trabalhá-la também
na Europa. Para dizer algo em que acreditamos profundamente: cada povo tem o
direito de ser governado como queira», disse Ferré.
Por sua vez, Claudia Cruz, representante
dos EUA, denunciou a posição do governo de Donald Trump como «imoral» e revelou
contradições no discurso sobre a «crise humanitária» na Venezuela.
«É uma vergonha, é criminoso, é
imoral que os Estados Unidos, um país onde vivem 140 milhões de pessoas pobres,
onde há seis milhões de pessoas que convivem diariamente com a fome, venham
dizer que na Venezuela há uma crise humanitária», afirmou.
No entender da activista, a
Venezuela tem a resistência e a defesa de uma revolução que permitiu redistribuir
as riquezas pelos mais pobres e carenciados. «A Venezuela não tem uma crise
humanitária. Na Venezuela, há uma luta em defesa da vida. Os Estados Unidos não
podem dizer isso. A Venezuela é um exemplo da luta pela dignidade de todos os
povos do mundo, e por isso estamos aqui», frisou.
A Assembleia Internacional dos
Povos em solidariedade com a revolução bolivariana e contra o imperialismo
decorre em Caracas até 27 de Fevereiro, com centenas de pessoas e organizações
dos cinco continentes.
O programa é composto por
debates, reuniões, noites culturais, visitas aos bairros e a apresentação de um
plano de acção internacional. Para este domingo está previsto também um
concerto pela paz com a participação de artistas da Venezuela, Cuba, Bolívia, Brasil,
Espanha, Gana e Nepal.
Colômbia e EUA «violaram carta da
ONU»
A assembleia arranca um dia
depois do flop que se revelou a estratégia orquestrada pelos EUA em
colaboração com a Colômbia, de invadir a Venezuela a pretexto da chamada «ajuda
humanitária».
Apesar do fracasso do «dia D», o
ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza admitiu que os
actos de violência levados a cabo pelos dois países, com o intuito de
desestabilizar a Venezuela para justificar uma intervenção militar estrangeira, contrariam
os princípios elencados na Carta da Organização das Nações Unidas (ONU).
Numa mensagem deixada no Twitter, Arreaza denunciou que, «a partir do show de propaganda organizado na fronteira [com a Colômbia]», os governos colombiano e dos EUA «violaram praticamente todos os princípios e propósitos da Carta da ONU», sublinhando que, no seio das Nações Unidas, serão tomadas as medidas apropriadas.
Numa mensagem deixada no Twitter, Arreaza denunciou que, «a partir do show de propaganda organizado na fronteira [com a Colômbia]», os governos colombiano e dos EUA «violaram praticamente todos os princípios e propósitos da Carta da ONU», sublinhando que, no seio das Nações Unidas, serão tomadas as medidas apropriadas.
«Aceitamos a ajuda e vamos
pagá-la»
No discurso perante milhares de
pessoas, este sábado em Caracas, o presidente Nicolás Maduro informou que
o governo venezuelano foi contactado pela União Europeia com a oferta
de medicamentos para a Venezuela. «Aceitamos a ajuda e vamos pagar
por ela», defendeu.
A resposta seguiu igual para o
Brasil. «Pagamos por todos os alimentos que estão no estado de
Roraima», disse Maduro, reforçando que os venezuelanos não devem ser «tratados como mendigos».
AbrilAbril
Na foto: Centenas de milhares de
venezuelanos encheram as ruas de Caracas, este sábado, em resposta ao apelo do
presidente Nicolás Maduro para uma grande marcha «em defesa da paz e da
soberania»
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