O ex-Presidente da República
timorense José Ramos-Horta pediu hoje "prudência" ao Governo no
tratamento dos investidores estrangeiros mais antigos do país, que vieram para
Timor-Leste há quase 20 anos, evitando "discursatas agressivas" que
podem prejudicar o país.
"Se queremos promover investimento,
comecemos por acarinhar os investidores que já estão cá há quase 20 anos",
disse à Lusa, à margem do lançamento da primeira associação de proprietários de
hotéis de Timor-Leste, a HOTL.
"Se fazemos discursatas
agressivas contra os investidores que cá estão e usamos os media em vez de os
convidar para o diálogo, obviamente os novos investidores verão: é assim que
tratam os investidores que estão cá, então não iremos", afirmou.
O também ex-chefe da diplomacia
timorense disse que é importante reconhecer o esforço que muitos dos
investidores fizeram assumindo os riscos de investir no país há 20 anos, e que
a imagem do país pode ser afetada pela forma como esses projetos são tratados.
"Timor tem que saber que é
um grão de areia na enorme competitividade que há em toda a Ásia. Se não somos
prudentes e inteligentes, continuaremos a ser ignorados pelos investidores aqui
da Ásia", disse.
Ramos-Horta, que deixou mensagens
idênticas no seu discurso no lançamento da HOTL, deu como exemplo desses
investidores pioneiros no setor, Carlos Monjardino e a Fundação Oriente
"que com coragem e visão" e perante as grandes dificuldades em 2001 e
2002 abriram o Hotel Timor.
"Sem qualquer
infraestruturas hoteleiras para receber os convidados para a independência, a
Fundação Oriente assumiu todos os riscos e com a confiança do Governo da
altura, restauraram o Hotel em tempo recorde, e em seis meses conseguiram abrir
as portas", disse.
"Ao longo de anos, apesar de
políticas erradas, apesar de não apoiar o setor privado a sério, com incentivos
fiscais ou financeiros, a Fundação Oriente e os outros investidores, investiram
para modernizar, restaurar e reabilitar o hotel", afirmou.
Motivo pelo qual, aconselhou o
Governo "em relação ao Hotel Timor como em relação a todos os outros
investidores, alguns aqui há 20 anos, que os trate com mais respeito, com mais
sensibilidade".
Entre as medidas que o Governo
poderia aplicar, Ramos-Horta referiu-se a incentivos como eletricidade mais
reduzida ou outros benefícios.
"Aqui nós temos a
eletricidade mais cara do mundo. Podíamos começar a ajudar os investidores
reduzindo a sua conta elétrica", disse.
Timor-Leste -- um dos países mais
pobres do mundo, cujo orçamento é praticamente na totalidade financiado por um
Fundo Petrolífero - aplica a empresas um preço de 24 cêntimos de dólar por
quilowatt, um valor mais elevado que o aplicado em países como Espanha, Reino
Unido ou a Nova Zelândia.
Lusa | em Diário de Notícias
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