Nações Unidas, 29 mar (Lusa) --
Portugal já iniciou discussões para a cooperação militar com os restantes
países lusófonos, anunciou hoje o ministro da Defesa português, numa
conferência ministerial da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Portugal iniciou um
processo de discussões com os outros oito parceiros de língua portuguesa para
explorar, no contexto da nossa cooperação na defesa, formas de reunir os
acumulados conhecimentos, a fim de aumentar as capacidades de cada um dos
países", anunciou hoje João Gomes Cravinho, num painel de alto nível que
reúne líderes de mais de 110 países, na sede da ONU, em Nova Iorque.
O ministro disse em entrevista à
Lusa que se trata de uma proposta nova de trabalho, iniciada por Portugal junto
dos outros países lusófonos, para a formação de militares da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Na entrevista, o governante
partilhou a "expetativa de que a CPLP possa vir a ser (...) uma
instituição promotora, exportadora de paz e estabilidade para outras partes do
mundo".
Desta forma, o governante português
disse às Nações Unidas que os trabalhos da CPLP irão garantir que a experiência
pode ser partilhada com os outros Estados-membros da ONU, que, atualmente, são
193 países.
Na sua primeira intervenção numa
conferência da ONU enquanto ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho
defendeu que os objetivos estabelecidos a nível mundial no quadro das Nações
Unidas só serão realmente cumpridos com soluções multilaterais
"tangíveis" e "reafirmadas".
O ministro da Defesa Nacional
falou também sobre a experiência de Portugal como fornecedor de contingentes
militares em várias missões de paz da ONU, como na República Centro-Africana,
Mali ou Colômbia e revelou que o país pretende reforçar a cooperação com o
Departamento de Operações de Paz (DOP) da ONU.
O governante disse que Portugal
vai continuar trabalhos com o DOP para a organização de cursos de formação
mistos, com presença igual de homens e mulheres, para treino das capacidades
militares e de orientação.
Segundo o responsável, o plano da
participação militar portuguesa em missões internacionais vai incluir a
apresentação de uma nova iniciativa de treino das tropas antes do seu envio
para os teatros de operações (pré-destacamento), dando prioridade também ao
aumento de capacidades a nível médico e no âmbito da saúde das missões.
O ministro disse-se
"orgulhoso por anunciar" que o atual contingente português para a
MINUSCA, com perto de 200 militares portugueses, é constituído, também, por
mulheres.
As condições na República
Centro-Africana obrigaram a que as tropas portuguesas "desenvolvessem e
testassem capacidades fundamentais contra emboscadas em ambiente urbano",
disse o ministro da Defesa Nacional.
Os militares portugueses
adaptaram-se à realidade centro-africana através de operações militares e
policiais conjuntas com contingentes de outros países e em cooperação próxima
das autoridades locais, disse.
Finalmente, João Gomes Cravinho
destacou também as capacidades de última tecnologia do Centro Meteorológico e
Oceanográfico Naval de Lisboa (CMETOC), criado em 2017 pelo Instituto
Hidrográfico, que, referiu, pode "explorar análises de sensoriamento
remoto, mapeamento e geoespaciais" a nível internacional.
O ministro revelou que as
capacidades de análises modernizadas, e a monitorização e previsão a nível meteorológico
e marinho por parte do CMETOC podem vir a servir de base para decisões políticas
e militares para os parceiros internacionais.
EYL // JH
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