Na interpelação feita ao Governo
sobre «segurança de pessoas e bens», o PSD não conseguiu, uma vez mais, apagar
o peso da sua responsabilidade em todos os problemas que só agora identifica no
País.
Abril Abril | editorial
Apesar de o tema ser «segurança
de pessoas e bens», verificou-se que a sua intenção passava por falar de
tudo, sem falar de modo sério sobre nada. Saiu frustrado o objectivo de
esconder as suas responsabilidades políticas em todos os problemas que o País hoje
vive, em particular os decorrentes da política desenvolvida pelo anterior
governo do PSD e do CDS-PP.
O conjunto de temas apresentado
esta tarde pelos social-democratas foi muito variado na sua dimensão e
importância e, cada um deles, seria merecedor de debate próprio. O elenco feito
de múltiplos problemas parece procurar relembrar o discurso de que o diabo
espreita atrás da porta. E o CDS-PP não demorou na tentativa de se colar a este
discurso do «falhanço absoluto do Estado» em todas as áreas.
A tragédia dos incêndios, a falta
de meios e de trabalhadores nas funções sociais do Estado, as insuficiências e
debilidades nas infra-estruturas públicas e o desastre de Borba foram
algumas das questões abordadas para fazer valer a sua lógica de
passa-culpas.
Invocar problemas, tragédias e
desastres, como o fez com o furto de material militar dos paióis de Tancos,
clarifica a intenção do PSD de alimentar uma campanha mediática contra o
Governo e, de forma indirecta, contra a actual solução política, mas que, objectivamente,
contribui para o caldo da cultura populista cujas consequências não atingirão
apenas o Governo, mas a própria democracia.
O PSD chegou a dizer que «andaram
três anos e não fizeram nada», numa tentativa frustrada de reduzir a
insignificâncias quaisquer dos avanços sociais introduzidos na vigência da
actual solução política.
Esta interpelação ocorre uma semana depois de o CDS-PP ter levado ao Parlamento uma
interpelação ao Governo sobre «falhanços» na saúde, tendo saído desse
debate evidente que o governo anterior foi um dos maiores agressores do Serviço
Nacional de Saúde e dos seus profissionais.
Pode dizer-se que, mais uma vez,
saiu-lhes o tiro pela culatra, com a incapacidade crónica do PSD em esconder que
é pai dos principais problemas que o País hoje enfrenta.
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