O jovem foi acusado pela
Procuradoria-Geral da República por crime de ultraje contra Presidente da
República, João Lourenço, e está sob termo de identidade e residência enquanto
decorre o processo.
O ativista cívico angolano Hitler
Jessy Tshikonde "Samussuku" detido a última sexta-feira (10.05.), em
Luanda, já está em liberdade.
O jovem foi acusado pela
Procuradoria-Geral da República de crime de ultraje contra Presidente da
República, João Lourenço, está agora sob termo de identidade e residência
enquanto decorre o processo.
Depois de passar o final de
semana numa cela dos Serviços de Investigação Criminal (SIC) na capital
angolana, Hitler Jessy Tshikonde Samussuku passará a apresentar-se
periodicamente na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP).
A informação foi avançada pelo
seu advogado Zola Mbambi, no final de um interrogatório ocorrido na DNIAP.
"Apesar de estar em
liberdade, o ativista foi-lhe aplicado uma medida de coação menos
gravosa", afirma o seu defensor.
"A princípio foi acusado
de atentado e ultraje contra o Presidente da República num crime contra a
segurança do Estado. Em sede da DNIAP foi uma audição que respeitou todos os
direitos e garantias que cabia ao Hitler e sendo assim, no final, foi-lhe dado
o que era esperado por nós: termo de identidade e residência”.
Razões da detenção
Em causa está a publicação de um
vídeo, na semana passada em que, o ativista pronuncia palavras consideradas
pelas autoridades de "ultrajantes”.
Extratos do vídeo - "Você
está a prender os meus "tropas” (amigos) por causa de manifestação? Wi
(amigo) se mete a pau. O José Eduardo dos Santos que tinha mais segurança e
poder que você, tiramos-lhe. Você connosco não é ninguém, só tem dois anos, ele
tinha 32 anos quando começamos a combater-lhe. É preciso então se concentrar,
João Lourenço, nós não queremos problemas contigo, você é que está a
começar. Está a prender os meus (tropas)!”
Os seus amigos referidos no vídeo
são Arante Kuvuvu e Jeremias Benedito ambos do conhecido processo dos
"15+2”
bem como Etukid Scotte entre outros. Os ativistas foram detidos no princípio
deste mês quando participavam numa manifestação de repúdio contra o Presidente
do Conselho de Administração do banco BIC (Banco Internacional de Crédito) por
supostamente ter- se apropriado de terrenos de uma família na província
angolana do Kwanza-sul.
Defesa vai analisar o vídeo
A defesa vai estudar o vídeo
feito pelo seu constituinte, explica Zola Mbambi.
"A investigação considera
que dentro do vídeo estejam palavras consideradas à margem daquilo
que é permitido ou não. É uma questão que vamos levar em análise durante o
processo para podermos apurar se crime ou violação existe em que podia se
atingir a esfera de Sua Excelência o Presidente da República. Poderia haver uma
expressão não compreendida. Mas crime como tal e a forma como o SIC instruiu o
processo não”.
Recorde-se que não é a primeira
vez que Hitler "Samussuku”, ativista cívico de 29 anos, implica-se em
processo que envolve um Presidente da República.
Em 2015, fez parte de um grupo de
jovens ativistas detidos, na Vila Alice, em Luanda, acusados de tentativa de
golpe de Estado contra o ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos quando
se encontravam a interpretar o livro do norte-americano gene Sharp intitulado
"Da Ditadura a Democracia”. Foi libertado em 2016, depois da entrada em
vigor de uma lei de amnistia.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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