Lisboa, 25 mai 2019 (Lusa) - O
ministro das Finanças de Cabo Verde admitiu hoje, em Lisboa, que a proposta
para criar um banco de desenvolvimento da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) pode ser discutida pelos Estados-membros da organização, em
julho.
Em declarações à Lusa, à margem
do 1.º Fórum de Economistas das Cidades de Língua Portuguesa, que decorreu hoje
em Lisboa, onde Olavo Correia participou também como representante da
presidência rotativa da CPLP, que neste momento é de Cabo Verde, o ministro
disse: "Queremos levar a ideia [da criação do Banco] para a reunião [de
ministros dos Negócios Estrangeiros, a decorrer em julho]. Não para decisão,
mas para ser discutida".
"Nós queremos desenvolver
essa proposta, em parceria com os demais países. A liderança de Cabo Verde vai
colocar isto sobre a mesa (...), brevemente", assegurou, mas ressalvou que
cabe ao Presidente da República do seu país avançar com essa proposta.
Uma coisa garante: "Nós
queremos fazer todo o esforço ao nível da CPLP, para que possamos colocar essa
ideia sobre a mesa e chegar a um entendimento", sobre a configuração do
instrumento financeiro.
A ideia, segundo o ministro
cabo-verdiano, é criar "uma espécie de Banco de Desenvolvimento, que
inclui atividade de financiamento, atividade seguradora e de capital de risco,
para apoiar projetos bons, que precisam de financiamento, sejam de pequeno,
médio ou grande porte".
A ideia de criar um instrumento
financeiro da CPLP já tinha sido abordada noutras alturas, porém sem horizonte
para ser discutida.
"O acesso ao financiamento
nos nossos países é bem difícil, o custo é elevadíssimo, portanto se não tivermos
instrumentos para quebrarmos esse enguiço", os projetos que podem ser
"muito importantes" para os vários países não avançarão, considerou.
Perante uma plateia de
economistas e políticos, na sua intervenção num dos últimos painéis do 1.º
Fórum de Economistas das Cidades de Língua Portuguesa, Olavo Correia já tinha
defendido a urgência da criação deste banco, um projeto também abordado por
Vítor Ramalho, secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua
Portuguesa (UCCLA), que organizou o Fórum em parceria com a Ordem dos Economistas
da Região Centro e Alentejo.
"Se não tivermos condições
para fazer da CPLP um espaço económico e social, ela não vai existir, porque
não há livre circulação de pessoas, não existem instrumentos para apoiar
projetos empresariais, em parceria ou individuais, nos seus países, não há
livre circulação de capitais e as burocracias são enormíssimas", afirmou
Olavo Correia, que é também vice-primeiro ministro de Cabo Verde.
"A nossa juventude, e quem
está na pobreza não tem tempo. Por isso nós temos de tomar decisões corajosas,
para permitir que as coisas aconteçam", referiu.
Questionado sobre a capacidade de
alguns Estados para financiar uma instituição deste tipo, o ministro
cabo-verdiano disse que "os Estados tem capacidade, sim. Havendo vontade,
objetivos e propósitos, penso que conseguiremos lá chegar".
E defendeu estar-se "num bom
momento" para esta proposta avançar.
ATR // MAG
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