A antiga vice-presidente da
unidade de financiamento global do Credit Suisse admitiu a um juiz
norte-americano ter ajudado “a lavar as receitas de actividades criminais,
nomeadamente subornos ilegais pagos por uma empresa chamada Privinvest” no
âmbito das dívidas ilegais de Moçambique. Contudo Detelina Subeva não apontou
nenhuma responsabilidade ao banco suíço o que mantém o ónus de todos os
moçambicanos pagarem as dívidas da Proindicus, EMATUM e MAM.
“Concordei, juntamente com
outros, em ajudar a lavar as receitas de atividades criminais, nomeadamente
subornos ilegais pagos por uma empresa chamada Privinvest e pelo seu
representante, Jean Boustani”, disse Subeva esta segunda-feira (20) ao juiz
William Kuntz II durante uma sessão do tribunal de Brooklyn, no Estado
norte-americano de Nova Iorque.
De acordo com a agência de
informação financeira Bloomberg, Subeva explicou ao juiz que o seu chefe,
Andrew Pearse, lhe disse que ia transferir 200 mil Dólares norte-americanos
para uma conta que ela tinha recentemente aberto, e que vinham de subornos
pagos por Boustani e a Privinvest a Pearse, no valor de um milhão de Dólares.
Esses pagamentos ilícitos, que
Subeva diz terem sido feitos em 2013, estavam ligados a um empréstimo do Credit
Suisse para a Proindicus, a primeira das três estatais que contraíram dívidas
de 2,2 biliões de Dólares norte-americanos com Garantias Soberanas emitidas
violando a Constituição de Moçambique.
“Eu concordei em aceitar e ficar
com estes dinheiros sabendo que eram provenientes de actividades ilegais”,
confessou a antiga banqueira, que viu o Ministério Público norte-americano
desistir de três outras acusações de conspiração, não sendo ainda claro se
também foi feito um acordo sobre a pena, que pode ir de ficar em liberdade até
20 anos de cadeia.
A Justiça norte-americana acusa
Detelina Subeva, outros dois banqueiros do Credit Suisse, Andrew Pearse e
Surjan Singh, um representante do grupo Privinvest, Jean Boustani, o
ex-ministro das Finanças, Manuel Chang, e o moçambicano Teófilo Nhangumele de
violação da lei anti-corrupção, lavagem de dinheiro e fraude.
O @Verdade sabe que acusação que
corre no United States District Court for Eastern District of New York foi
iniciada por investidores norte-americanos das dívidas da Proindicus que se
julgam defraudados, e de certa forma marginalizados pelas autoridades
moçambicanas que estão perto de acordar com os credores da EMATUM e MAM novas
modalidades de amortização das dívidas que deixaram de ser pagas em 2017.
Aliás a responsabilização destes
cinco arguidos, e mesmo dos outros detidos em Maputo por corrupção, não
resolvem o problema fundamental dos moçambicanos que é não pagarem as dívidas
que foram contraídas ilegalmente mas ainda o Governo de Filipe Nyusi está a
negociar para a retoma do seu pagamento.
Além disso, mesmo que todos
fossem condenados e devolvessem os subornos que terão recebido, mal daria para
amortizar uma parcela das dívidas que o Executivo de Nyusi entende que os
moçambicanos devem pagar pois “não conseguimos provar que aquelas Garantias não
foram assinadas por um agente do Estado”, afirmou na Assembleia da República em
Março último o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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