O empresário Joe Berardo disse no
parlamento que tentou "ajudar os bancos" com a prestação de
garantias.
"Estou
em negociações com os
bancos há algum tempo e vamos ver se chegamos a uma solução a breve
tempo", revelou Joe Berardo sobre o incumprimento dos créditos, durante a
sua audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização
da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O empresário afirmou também que
"como português" tentou "ajudar a situação dos bancos numa
altura de crise", referindo-se à prestação de garantias quando as ações
que serviam como colateral desvalorizaram, gerando grandes perdas para os
bancos.
Joe Berardo declarou ainda que
"foi a Caixa" que sugeriu os créditos para aquisição de ações no BCP,
através de José Pedro Cabral dos Santos, e acusou o banco público de não
cumprir os contratos com a Fundação Berardo e Metalgest, empresa da sua esfera.
"Quando há um contrato, seja
de empréstimo seja de outra coisa qualquer, está assinado", disse,
acrescentando que tinha exigido nos contratos um rácio "de cobertura de
105%", e que "se descesse" a Caixa tinha de vender as ações, o que
não aconteceu.
Na renegociação dos créditos,
Berardo afirmou que não foi pedido o seu aval pessoal, mas que se fosse pedido
também não dava.
"Nunca pediram, também não
dava", declarou.
Confrontado pelo deputado
Virgílio Macedo, do PSD, sobre ter dado aval pessoal em 2008 para obter um
crédito de 38 milhões de euros para participar no aumento de capital do BCP,
Berardo disse que não se lembrava.
O empresário afirmou que quando
estava a negociar com a CGD tinha as suas condições e que essas eram 'take it
or leave it' (pegar ou largar, na tradução de inglês para português), e que foi
por isso que a negociação "demorou tanto tempo".
Posteriormente, Joe Berardo
esclareceu que em 2006 não foi pedido nenhum aval, mas que em 2007 "foi
pedido, mas não foi dado".
Na sua declaração inicial, lida
pelo seu advogado, Berardo admitiu que foram os bancos que o abordaram para
adquirir ações no BCP.
"Em 2005 o depoente vem a
ser abordado pelas várias instituições de crédito que lhe vêm propor linhas de
crédito para aquisição de ações em condições concorrenciais", segundo a
declaração inicial, lida hoje pelo advogado de Berardo, André Luiz Gomes.
"Eram até ao final de 2005 o
BCP e o BES, e a partir de janeiro de 2006 o banco Santander Totta começou a
financiar nas mesmas exatas condições", disse.
Joe Berardo afirmou que
"nunca" participou num "assalto figurado" ao BCP.
"Como é público e notório,
as instituições que represento reforçaram a sua posição no poder então vigente,
presidido por Paulo Teixeira Pinto", leu André Luiz Gomes na declaração.
Nas repostas aos deputados, Joe
Berardo está constantemente a consultar o seu advogado. Houve mesmo um momento
em que Berardo ia fazer considerações sobre os trabalhos da comissão, mas
recuou após intervenção de André Luiz Gomes.
"Eu acho que esta
comissão... bem, é melhor não dizer nada", afirmou Berardo, após
intervenção do advogado.
Segundo a auditoria da EY à
gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2000 e 2015, o banco público
tinha neste ano uma exposição a Joe Berardo e à Metalgest, empresa do seu
universo, na ordem dos 321 milhões de euros.
Jornal de Notícias | Foto: António
Cotrim/Lusa
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