Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Governo português considera não
ser necessária a declaração de emergência climática, tal como solicitado pelo
Bloco de Esquerda, até porque já fizemos mais do que os outros. Voltando a
apontar o dedo aos outros, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente,
referiu que os países que já declararam o estado de emergência "não
fizeram nada a partir daí", tratando-se de "um passo simbólico".
Recorde-se que milhões de
estudantes fizeram greve às aulas e membros de grupos de activistas como os
pertencentes ao "Extinction Rebellion" chamaram a atenção, bloqueando
estradas, pontes e por aí fora. Subsequentemente, Reino Unido e Irlanda
declararam o Estado de Emergência Climática.
A atitude do Governo português
não destoa daquela de outros países que julgam que já fizeram o suficiente
apenas porque alegadamente fizeram mais do que os outros, como se planeta
pudesse ele próprio ser dividido e nós, por termos alegadamente feito mais do
que os outros, estivéssemos a salvo. Como se agora pudéssemos descansar.
É verdade que o Estado de
Emergência Climática é simbólico, mas chama a atenção para o maior problema com
que a humanidade se depara, aquele que nos levará à extinção. É também verdade
que o referido Estado de Emergência não pode deixar de ser acompanhado por
acções concretas. Porém, cantar vitória por se considerar que já se fez muito é
simplesmente absurdo. Nesta questão, muito continua a ser insuficiente. E são
os mais jovens a perceber a verdadeira emergência e a lutar para que o pior não
se torne o novo normal, para que a irreversibilidade não determine a realidade.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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