David Chan* | opinião
Depois de os Estados Unidos terem
posto um fim às tréguas da atual guerra ao anunciarem a imposição de tarifas
sobre produtos importados, a 11º sessão de diálogo entre os dois países
terminou sem qualquer sucesso. E, no passado dia 1 de junho, a China decidiu
também impor tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos como
resposta, deixando a situação entre os dois países num estado ainda mais
extremo. Esta mudança na relação tem gerado graves consequências, primeiramente
a nível económico. É cada vez mais evidente o nível de alto risco e
imprevisibilidade que os mercados de capital carregam. É por isso também
interessante ler um recente artigo publicado pela CNN com o título "A
China não é a raiz dos nossos problemas financeiros, mas sim a ganância empresarial".
E essa é a verdade, a China não é nenhum inimigo, é apenas um país que, através
da educação, comércio internacional, investimento em infraestruturas e
tecnologias, está a tentar melhorar a qualidade de vida da população. Está a
fazer o que qualquer outro país com historial de pobreza, ou que já esteve um
pouco atrás de outras potências, faria. Porém estas tentativas de impedir o
desenvolvimento da China, executadas pelo Governo de Trump poderão ser
desastrosas para os EUA e para o resto do mundo.
O artigo salienta que, ao longo
de vários anos, as relações comerciais sino-americanas têm sido mutuamente
benéficas, todavia, devido ao aumento da eficiência da produção e baixos custos
de mão-de-obra chinesa, a China representa um rival impossível de bater para
alguns produtores americanos, algo comum na competição de mercado. Em vez de
culpar a China, os EUA deveriam aumentar os impostos sobre as empresas
americanas que lucram com esta situação, e utilizar esses fundos para ajudar
algumas famílias, criar novas infraestruturas e novos empregos. É preciso
reconhecer que a China sofreu algumas adversidades políticas e económicas
durante muito tempo, estando agora a tentar recuperar o tempo perdido. No
espaço de 40 anos a economia chinesa cresceu a alta velocidade, mas os
resultados de mais de um século de pobreza e crise ainda estão presentes. Os
líderes chineses querem apenas melhorar o país, e por isso não estão mais
dispostos a vergar-se perante os EUA ou outras nações do ocidente.
A China é neste momento a segunda
maior economia do mundo, porém ainda está num processo de recuperação da
pobreza anterior. No ano de 1980, o PIB chinês per capita era apenas 2,5 por
cento do norte-americano, e agora em 2018 subiu para 15,3 por cento. A
estratégia de desenvolvimento da China é semelhante à que países como o Japão,
Coreia do Sul e Singapura experienciaram anteriormente. De uma perspetiva
económica, o que a China está a fazer não difere em nada do que outros países fizeram
no passado.
* Editor Senior
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