terça-feira, 18 de junho de 2019

A China não é um inimigo


David Chan* | opinião

Depois de os Estados Unidos terem posto um fim às tréguas da atual guerra ao anunciarem a imposição de tarifas sobre produtos importados, a 11º sessão de diálogo entre os dois países terminou sem qualquer sucesso. E, no passado dia 1 de junho, a China decidiu também impor tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos como resposta, deixando a situação entre os dois países num estado ainda mais extremo. Esta mudança na relação tem gerado graves consequências, primeiramente a nível económico. É cada vez mais evidente o nível de alto risco e imprevisibilidade que os mercados de capital carregam. É por isso também interessante ler um recente artigo publicado pela CNN com o título "A China não é a raiz dos nossos problemas financeiros, mas sim a ganância empresarial". E essa é a verdade, a China não é nenhum inimigo, é apenas um país que, através da educação, comércio internacional, investimento em infraestruturas e tecnologias, está a tentar melhorar a qualidade de vida da população. Está a fazer o que qualquer outro país com historial de pobreza, ou que já esteve um pouco atrás de outras potências, faria. Porém estas tentativas de impedir o desenvolvimento da China, executadas pelo Governo de Trump poderão ser desastrosas para os EUA e para o resto do mundo.

O artigo salienta que, ao longo de vários anos, as relações comerciais sino-americanas têm sido mutuamente benéficas, todavia, devido ao aumento da eficiência da produção e baixos custos de mão-de-obra chinesa, a China representa um rival impossível de bater para alguns produtores americanos, algo comum na competição de mercado. Em vez de culpar a China, os EUA deveriam aumentar os impostos sobre as empresas americanas que lucram com esta situação, e utilizar esses fundos para ajudar algumas famílias, criar novas infraestruturas e novos empregos. É preciso reconhecer que a China sofreu algumas adversidades políticas e económicas durante muito tempo, estando agora a tentar recuperar o tempo perdido. No espaço de 40 anos a economia chinesa cresceu a alta velocidade, mas os resultados de mais de um século de pobreza e crise ainda estão presentes. Os líderes chineses querem apenas melhorar o país, e por isso não estão mais dispostos a vergar-se perante os EUA ou outras nações do ocidente.

A China é neste momento a segunda maior economia do mundo, porém ainda está num processo de recuperação da pobreza anterior. No ano de 1980, o PIB chinês per capita era apenas 2,5 por cento do norte-americano, e agora em 2018 subiu para 15,3 por cento. A estratégia de desenvolvimento da China é semelhante à que países como o Japão, Coreia do Sul e Singapura experienciaram anteriormente. De uma perspetiva económica, o que a China está a fazer não difere em nada do que outros países fizeram no passado.

* Editor Senior

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