Díli, 09 jun (Lusa) -- A
Fretilin, maior partido no parlamento timorense, deliberou este fim de semana
continuar a ser uma força da oposição, reafirmando o seu empenho na defesa do
Fundo Petrolífero, a principal fonte de receitas do orçamento nacional.
O partido analisou a atual
situação em Timor-Leste numa reunião longa, este fim de semana, do seu Comité
Central, referindo em comunicado o "impasse institucional e de
confrontação inaceitável" que se vive no país.
A tensão entre a coligação do
Governo e a Presidência da República tem marcado o debate político, dominando o
debate parlamentar nas últimas semanas.
Em comunicado, e quando se debate
o futuro do VIII Governo Constitucional, a Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin) reafirma "a sua posição como Partido da oposição
durante o mandato corrente".
Reafirmando que "continuará
a fazer todos os esforços para garantir a soberania e o Estado de direito
democrático", o partido explica que vai "continuar a defender o fundo
soberano e a opor-se a delapidação do mesmo, em prol do bem-estar da nação e do
povo".
Uma posição que mostrou quanto
contestou a decisão do executivo recorrer ao Fundo Petrolífero para comprar uma
posição maioritária no consórcio do Greater Sunrise, primeiro passo numa
estratégia de desenvolvimento da costa sul do país -- que inclui um gasoduto
para Timor-Leste e que custará até 12 mil milhões de dólares.
Afirmando que vai "procurar
encontrar medidas estruturantes de estado e políticas globais para o desenvolvimento
nacional", a Fretilin refere que vai "exigir o debate em relação aos
investimentos na costa Sul, de forma a limar as diferenças", mandatando o
secretário-geral, Mari Alkatiri a "dialogar com as outras forças políticas
no país, em particular com os líderes nacionais".
A reunião do Comité Central da
Fretilin decorreu numa altura em que em Timor-Leste se continua a debater uma
possível remodelação no Governo, no intuito de colmatar o facto de que pelo
menos nove membros do executivo, indigitados pelo primeiro-ministro, Taur Matan
Ruak, continuam sem ser nomeados pelo Presidente da República.
Uma situação que deixou
enfraquecida no Governo a posição do Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT), o maior dos três partidos da coligação do executivo, a
Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), de onde são oriundos a maioria dos
nove membros.
Nos últimos meses têm-se sucedido
noticias na imprensa sobre essa possível mudança no executivo, incluindo com a
eventual inclusão de membros dos dois partidos do VII Governo, o executivo
anterior, o Partido Democrático (PD) e a Fretilin.
Fonte do Comité Central da
Fretilin admitiu à Lusa que alguns membros do partido -- de um grupo que chegou
a ser apelidado como "os reformistas" - chegaram a considerar a
possibilidade de vir a integrar um Governo "politicamente mais
amplo", caso houvesse convites nesse sentido.
ASP // EL
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